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Sanidade

A cetose pode derrubar a reprodução

A cetose pode derrubar a reprodução

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Em nossa mais recente reunião do Conselho de Reprodução do Gado de Leite, Stephen LeBlanc, da Universidade de Guelph, fez uma excelente apresentação, destacando a importância de monitorar a cetose de vacas em transição.

A cetose ocorre quando as concentrações sanguíneas de corpos cetônicos (ácido beta hidroxibutírico ou BHBA, acetona e acetoacetato) estão elevadas. O aumento dos corpos cetônicos ocorre quando o fígado é incapaz de oxidar completamente ou "queimar" os ácidos

graxos que são liberados das reservas corporais de gordura. Nas vacas leiteiras, isso ocorre no início da lactação, quando ela mobiliza gordura para sustentar a produção de leite, em função de sua ingestão alimentar inadequada.

A cetose clínica apresenta sinais visíveis, incluindo diminuição na produção de leite, queda na ingestão de matéria seca, fezes ressecadas e perda rápida de condição corporal. A cetose clínica pode ocorrer isoladamente ou concomitante com outras doenças. Por exemplo, vacas com deslocamento de abomaso, comumente, têm cetose. O momento do diagnóstico da doença não coincide, necessariamente, com o seu aparecimento.

Por exemplo, a cetose subclínica geralmente precede o diagnóstico de um deslocamento de abomaso.

Vacas com cetose clínica apresentam, tipicamente, concentração de BHBA no sangue superior a 2,5 mmol/L, mas isso é variável, e não existe limite claro na ocorrência dos sinais clínicos. A cetose clínica, na melhor das hipóteses, representa a "ponta do iceberg", porque muitas vacas podem ter cetose subclínica, que é uma condição sem sinais físicos evidentes, mas na qual as concentrações de cetonas no sangue estão acima do limite. Dependendo do resultado em questão e do estágio de lactação, o limiar para cetose subclínica equivale a concentração de BHBA no sangue maior do que 1,1-1,4 mmol/L.

 

Prevalência da doença

Vários estudos indicam que, em média, mais de 40% das vacas apresentam cetose, pelo menos uma vez, durante as duas primeiras semanas após o parto. Mesmo em rebanhos muito bem manejados, 10% de incidência é comum.

A cetose subclínica apresenta prevalência na faixa de 15 a 20% na maioria dos rebanhos. Dependendo da gravidade e do momento do seu início, a cetose pode reduzir a produção de leite no início da lactação. Além disso, a ocorrência de cetose subclínica (BHBA maior do que 1,2 a 1,4 mmol/L), durante a primeira ou segunda semanas após o parto, está associada com:

  • Três a oito vezes maior risco de deslocamento de abomaso;
  • Três vezes maior risco de metrite, quando o nível de BHBA durante a 1ª semana é maior que 1,2 mmol/L;
  • Quatro a seis vezes maior risco de cetose clínica;
  • Maior probabilidade de endometrite subclínica durante a 4ª semana de lactação;
  • Aumento da duração e severidade dos quadros, mas não da incidência, de mastite;
  • 1,8 vezes maior probabilidade de descarte antes dos 60 dias de lactação.

 

Queda da eficiência reprodutiva

A cetose está associada com capacidade reprodutiva reduzida, o que estende seu impacto por um período de tempo mais longo do que muitos imaginam. A saúde, durante as semanas antes e após o parto, influencia características reprodutivas por, pelo menos, dois meses depois. Vacas que apresentaram cetose durante as duas primeiras semanas de lactação tiveram probabilidade reduzida de prenhez à primeira inseminação.

 

Cetose subclínica (BHBA sérico superior a 1,0 -1,4 mmol/L) durante o início da lactação está associada a:

  • 3 vezes maior risco de metrite;
  • 1,4 vezes maior risco de endometrite (inflamação do útero baseada na citologia) aos 35 dias de lactação;
  • cerca de 1,5 vezes maior risco adicional de estarem anovulares (não cíclicas) aos

63 dias de lactação;

  • redução da taxa de prenhez à primeira I.A.

 

O diagnóstico pode ajudar

Exames precisos, práticos e econômicos, estão disponíveis para detectar cetose no sangue, leite ou urina (ver tabela) ao pé da vaca. A maioria dos rebanhos se beneficiaria de uma rotina de rastreio da cetose e de um programa de tratamento administrado uma ou duas vezes por semana.

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Existem poucas práticas de manejo ou intervenções que podem impedir, especificamente, a ocorrência de cetose.

Uma grande parte da variação controlável está nos níveis do rebanho ou da gestão, incluindo espaço de cama e disponibilidade de alimentos, movimento e agrupamento, redução de calor, qualidade do alimento, consistência da TMR, acesso à água e, onde aprovado por lei, o uso de cápsulas de monensina de liberação controlada (Rumensin).

As vacas com cetose devem ser tratadas com propilenoglicol, uma vez por dia, durante três a cinco dias, e depois novamente testadas no dia após o último tratamento.

Conclusões de vários estudos para o tratamento de cetose indicam que:

  • Se o BHBA no sangue for superior ou igual a 1,2, mas menor do que 2,4 mmol/L, trata-se com propilenoglicol durante três dias.
  • Se o BHBA no sangue for superior a 2,4 mmol/L, trata-se com propilenoglicol durante cinco dias.
  • Se o BHBA no sangue for superior a 1,2 mmol/L e a glicose for inferior a 2,2 mmol/L, incluir também o tratamento com Catosal (BayerDVM; fonte de vitamina B12 e de fósforo), por três dias, a qualquer uma das recomendações anteriores de fornecimento de propilenoglicol.

Práticas de manejo, geralmente recomendadas para vacas leiteiras em transição, podem contribuir para a prevenção de cetose e para um melhor desempenho reprodutivo. Felizmente, essas "doenças de transição", tais como a cetose, são, em grande parte, interrelacionadas – reduzindo a incidência e gravidade de uma doença, geralmente, reduz-se a incidência e severidade de outras.

 

Republicação autorizada da edição de 10 de Setembro de 2016 da Hoard's Dairyman. Copyright by the W.D. Hoard and Sons Company, Fort Atkinson, Wisconsin, USA.

Jeff Stevenson - Kansas State University, EUA

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