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Comportamento

Claudicação em fazendas leiteiras dos Estados Unidos e Colúmbia Britânica

Claudicação em fazendas leiteiras dos Estados Unidos e Colúmbia Britânica

Texto: Nina Von Keyserlingk

Produtores gastam milhões de dólares na construção de galpões para confinamento de vacas leiteiras, com o objetivo de proporcionar um ambiente confortável para esses animais. Contudo, estas instalações nem sempre funcionam bem do ponto de vista da vaca. Se mal construídas e com manutenção inadequada podem causar lesões nos animais e aumentar o risco de problemas de casco e claudicação. As lesões de casco são consideradas hoje como um dos problemas mais importantes nos rebanhos leiteiros com relação à produtividade e ao bem estar. Assim, um trabalho de pesquisa foi desenvolvido por nosso grupo, na University of British Columbia (UBC), para definir melhores práticas de manejo visando reduzir a ocorrência de problemas de casco.

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O Programa de Bem-Estar Animal da UBC, no Canadá, desenvolvido em parceria com os principais representantes da indústria de laticínios da Colúmbia Britânica (em fazendas neste país) e com a Novus International Inc. (St. Charles, MO, em fazendas dos EUA), definiu algumas medidas de referência relacionadas ao conforto das vacas, como, por exemplo, escore de claudicação e lesões de perna, bem como de projetos de instalações e de gestão, incluindo dimensões dos galpões, manejo adequado das camas e densidade de confinamento.

Os pesquisadores visitaram 121 propriedades leiteiras em toda a América do Norte. Os resultados deste relatório de pesquisa descrevem uma comparação entre 42 fazendas da Colúmbia Britânica (CB), 39 fazendas da Califórnia (CA) e 40 fazendas no Nordeste dos EUA (Nova York, Vermont e Pensilvânia; NE). Cada fazenda foi visitada duas vezes, com um intervalo médio de 3 a 5 dias entre as visitas. Os mesmos pesquisadores, devidamente treinados, realizaram as observações em todos os animais e as aferições das instalação em todas as fazendas leiteiras das três regiões avaliadas. Um grupo de vacas de alta produção, composto principalmente por multíparas, foi avaliado em cada fazenda. O objetivo principal desta análise era mostrar aos produtores de leite dados de sua própria fazenda, em comparação com as médias de outras propriedades de sua região, para que eles pudessem identificar as áreas de sucesso e aquelas onde ainda eram necessários trabalhos de melhoria. A cada produtor foi fornecido um relatório confidencial que poderia ser usado, de preferência em conjunto com a sua equipe da fazenda, veterinário, técnico responsável por casquear as vacas e o nutricionista, para desenvolver soluções sob medida para a sua propriedade.

Um total de 17.887 vacas foram avaliadas neste estudo, sendo classificadas da seguinte forma: sem claudicação (escore de locomoção inferior a 3 em uma escala de 1 a 5);  claudicação clínica (locomoção com escore de 3 ou maior, mas menor que 4); ou com claudicação severa (escore de locomoção de 4 ou 5). As três regiões apresentaram variação nas taxas de prevalência de claudicação. Claudicação clínica foi detectada, em média, em 28% dos animais na CB, 31% em CA, e 55% em NE (Figura 1); e a prevalência de claudicação severa foi observada, em média, em 7% das vacas avaliadas em CB, 4% em CA, e 8% no NE. Uma observação importante, dentro de cada região avaliada, foi que a ocorrência de claudicação variou muito, com algumas fazendas apresentando taxas muito baixas, enquanto em outras mais da metade das vacas avaliadas apresentavam claudicação clínica. Os resultados mostram a importância da divulgação de melhores práticas, quando se trata de prevenção de problemas de casco, principalmente dentro de uma região onde os produtores compartilham oportunidades e problemas semelhantes.

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Um segundo objetivo desse trabalho de pesquisa foi identificar tipos de instalações, de manejo e de gestão que levam a taxas mais baixas de claudicação nas propriedades leiteiras. Diferenças na incidência de problemas de casco podem ser explicadas, em parte, pela forma na qual os galpões de confinamento são construídos e manejados, mas esses fatores variam entre as regiões, devido às diferenças de cultura, técnicas de construção, disponibilidade de materiais e tipo de cama usado. Isso significa que os fatores associados à claudicação também variam entre as regiões. Por exemplo, na CB verificou-se que a prevalência média de claudicação severa (escore de locomoção de 4 ou 5) foi maior em fazendas nas quais utilizavam-se colchões (9%), do que naquelas onde as vacas eram mantidas em camas profundas (4%), com 8 a 10 cm de cobertura, independente do tipo de material utilizado na cama (areia, serragem, etc). Diferenças nos fatores associados à claudicação também foram encontrados entre NE e CA. No NE, onde muitas fazendas utilizam colchões com pequena espessura, a ocorrência de claudicação foi reduzida pela metade naquelas que utilizam camas profundas ou que possibilitam o acesso das vacas ao pasto. Em CA, todas as fazendas usam galpões com camas, e quase todas as fazendas possibilitam acesso ao pasto. Provavelmente, por causa dessas condições, as taxas de claudicação foram muito menores em CA do que em NE. Em CA, a claudicação foi menor em fazendas nas quais as instalações de confinamento foram mantidas limpas (ou seja, com pouco acúmulo de fezes) e naquelas que utilizavam borracha no caminho que leva à sala de ordenha. Estes resultados mostram que, quando um fator limitante é solucionado (por exemplo, quando se muda de colchões para camas profundas) novos fatores podem ser identificados (como os benefícios do revestimento de borracha). Nas duas regiões, CA e NE, observamos que as grandes fazendas leiteiras tiveram menores taxas de claudicação. Acreditamos que esse efeito positivo deveu-se a uma gestão mais profissionalizada nas fazendas de grande porte, incluindo a disponibilidade de pessoal especializado, responsável pela observação de claudicação e saúde dos cascos. Mais pesquisas são necessárias para relacionar fatores de gerenciamento a este efeito positivo do tamanho do rebanho.

O controle de problemas de casco requer esforço e habilidade. A maioria das pessoas com experiência pode identificar os animais que estão com claudicação severa, contudo a identificação de vacas com claudicação clínica requer treino, muito parecido com o de avaliação de escore de condição corporal.

Uma das informações práticas mais importantes do nosso trabalho é quanto valor os produtores podem ganhar ao obter informações objetivas para suas fazendas. Mais produtores e trabalhadores rurais precisam tornar-se competentes em avaliação de escore de claudicação, pois não se pode gerenciar claudicação a menos que se possa medi-la, e a rotina de definição de escore de locomoção permite que você faça isso.

 

Conclusões

Resumindo, em todas as regiões, as fazendas que usam boas práticas de manejo e instalações com camas adequadas apresentaram menos casos de claudicação. Programas de boas práticas de manejo, como o que foi aqui descrito, permitem que produtores possam comparar os dados de suas fazendas com as médias de outras dentro de sua região. Os produtores podem utilizar estes dados, juntamente com as recomendações descritas aqui e em outros lugares, para desenvolver soluções sob medida para problemas de casco em suas propriedades. Vemos que soluções customizadas são essenciais diante dos diferentes desafios e oportunidades enfrentados pelas diversas fazendas.

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