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Clínica do Leite

Como está a situação da CCS do leite brasileiro?

Como está a situação da CCS do leite brasileiro?

Texto: Equipe Leite Integral, com informações da Clínica do Leite

 

Na primeira edição da série Mapa da Qualidade, realizada pela Clínica do Leite, foi apresentada a situação da mastite, a partir de mais de 6 milhões de resultados de CCS de amostras de tanques, obtidos nos últimos 10 anos. Confira, na entrevista a seguir, os resultados desta primeira publicação.

 

A Clínica do Leite, organização vinculada ao Departamento de Zootecnia da ESALQ-USP, divulgou a primeira edição da série Mapa da Qualidade. Esta iniciativa tem por objetivo apresentar um diagnóstico da qualidade do leite nas regiões atendidas pela Clínica do Leite.

Na primeira edição, foi apresentada a situação da mastite, a partir de mais de 6 milhões de resultados de CCS de amostras de tanques, obtidos nos últimos 10 anos.

A equipe da Leite Integral conversou com os autores deste trabalho da Clínica do Leite, que comentaram os resultados desta primeira publicação.

Segundo Paulo F. Machado, Coordenador da Clínica do Leite e um dos autores do trabalho, “os resultados são muito interessantes e mostram claramente que não conseguimos avançar no controle de mastite nestes anos. Além disso, os resultados de CCS são altos, indicando que cerca de 50% dos animais estão infectados”.

Laerte D. Cassoli, Gerente Técnico e Pesquisador da Clínica do Leite, também autor do trabalho, ressaltou que “a mastite é, sem dúvida alguma, um dos maiores desafios para a cadeia. Monitorar a CCS nos rebanhos para conhecer a situação atual e a sua evolução, é o primeiro passo para que se possa avançar no controle da doença”.

 

De onde vêm os dados utilizados neste trabalho?

Clínica do Leite - Os dados utilizados na elaboração deste diagnóstico são provenientes de um grande número de indústrias processadoras, distribuídas em importantes regiões produtoras de leite, submetidas a diferentes serviços de inspeção, com e sem programas de valorização da qualidade e de diferentes tamanhos. Isso faz com que as informações apresentadas nesta série sejam representativas e permitam um diagnóstico preciso da situação atual da mastite nos rebanhos destas regiões. Para se ter uma ideia, em 2015, 446 indústrias enviaram amostras para a Clínica do Leite, sendo que 14% delas adotam algum tipo de remuneração em função da qualidade (Programa de Valorização da Qualidade - PVQ). O aumento do número de indústrias atendidas ao longo dos dez anos (Figura 1) refletiu diretamente no número de produtores monitorados. Em 2006 eram 17.275 produtores e, em 2015, esse número chegou a 44.703.

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Quais os resultados para a CCS no ano de 2015?

Clínica do Leite - Considerando os 44 mil produtores monitorados no ano de 2015, as médias aritmética e geométrica foram de 595 mil cels/ml e 400 mil cels/ml, respectivamente. Isso indica que os rebanhos médios apresentam uma prevalência de cerca de 50%, ou seja, de cada duas vacas ordenhadas, uma está com mastite. Além disso, estes rebanhos estão perdendo, na média, 6% em produção de leite, além de eventuais perdas relacionadas à remuneração pela qualidade que expliquem as diferenças regionais. Avaliando por estado, o RJ é o que apresenta valor médio mais elevado (537 mil cels/ml), enquanto que no MS o valor não ultrapassa 260 mil cels/ml. Já os estados de MG, PR e SP, apresentam valores intermediários, com médias entre 365 e 443 mil, como mostra a Tabela 1.

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Em uma distribuição dos produtores por faixa de CCS, observa-se que, abaixo de 200 mil cels/ml, existem 6 mil produtores (14% do total) mostrando que é possível controlar a mastite, obtendo-se a produção máxima dos animais. Por outro lado, mais de 6 mil produtores estão em situação crítica, com CCS acima de 800 mil cels/ml, indicando prevalência de 70% de mastite e perda de produção superior a 8%. A grande maioria dos produtores, cerca de 25 mil, produzem leite com CCS entre 200 e 600 mil cels/ml (58% do total), o que explica média geométrica de CCS ao redor de 400 mil cels/ml para os 44 mil produtores em 2015. Considerando os limites legais previstos na Instrução Normativa 62 do MAPA (que estipula que a média geométrica dos últimos três meses deve ser menor que 500 mil cels/ml para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste), 62% dos produtores estão produzindo leite com CCS dentro dos limites em 2015. Se utilizarmos o limite de 400 mil cels/ml, que passará a vigorar em 2018, seriam apenas 49% dos produtores conformes.

Ainda, em função da produção de leite diária, foram compilados dados de 32 mil fazendas em que a indústria informou o volume de leite entregue em 2015. Para cada faixa de produção, foi calculada a média geométrica de CCS. Os dados mostram que fazendas maiores possuem CCS mais elevada, indicando maior prevalência de mastite.

Por exemplo, fazendas com produção de até 100 litros/dia, possuem CCS média de 309 mil cels/ml, enquanto que fazendas acima de 1.000 litros, uma CCS de 542 mil cels/ml.

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Como se mostra a evolução da CCS nos últimos anos?

Clínica do Leite – Quando analisamos as médias aritmética e geométrica durante a série histórica de 2006 a 2016, fica evidente que existe uma variação sazonal da CCS. A média aritmética varia entre 400 e 650 mil cels/ml, enquanto que a geométrica fica entre 280 e 450 mil cels/ml, entre as estações de chuva e seca. Percebemos também que houve um aumento dos valores médios nos últimos 2 anos.

No estudo também foi monitorada a evolução da CCS média em 1.949 rebanhos submetidos a um programa de valorização da qualidade (PVQ), por quatro anos consecutivos (2012 a 2015). Observamos que, mesmo para este grupo de produtores, também houve piora do cenário, com valores médios aumentando de 325 para 425 mil cels/mL, entre 2012 e 2015. Tal fato mostra que a variação no preço do leite, seja em função de bonificação ou penalização, não foi capaz de promover mudanças de atitude e comportamento nos produtores.

 

Considerações finais

De acordo com os resultados de CCS encontrados no estudo, os autores afirmam que a mastite é um problema e que traz sérios prejuízos a produtores e indústrias. “Não foi observada qualquer melhora nos últimos anos, mostrando que é necessário mudar a forma como estamos tratando o problema de mastite. Caso contrário, continuaremos com os mesmos resultados, ano após ano”, enfatiza o gerente Laerte Cassoli.

Segundo Paulo Machado, “este trabalho de diagnóstico de qualidade do leite é um dos componentes básicos para que possamos cumprir a nossa missão, que é ajudar a pecuária de leite a melhorar a produtividade e a qualidade do leite, através de conceitos de gestão pela qualidade total”. E ressaltou: “Sem dados e informação, não é possível identificar os problemas e agir para corrigi-los”.

 

Para ver o conteúdo completo do Mapa da Qualidade acesse: www.clinicadoleite.com.br

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