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Entrevista com João Cruz Reis - Secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais

Entrevista com João Cruz Reis - Secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais

Um homem que começa uma conversa profissional, dizendo que está com saudades da filhinha de 2 anos, de quem está longe há 7 dias, é, certamente, muito especial.

Com o avançar da entrevista, fica claro que todos os elogios que já ouvi sobre ele ainda são poucos, frente ao excelente trabalho que vem desenvolvendo como Secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, tanto que foi eleito Presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado de Agricultura. Estou falando do Dr. João Cruz Reis, Engenheiro Agrônomo, formado pela Universidade Federal de Viçosa, mestre e doutor em Genética e Melhoramento, pela mesma instituição.

Antes de assumir a Secretaria, João atuava como Fiscal Federal Agropecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, exercendo a chefia da Assessoria de Gestão Estratégica.

Há pouco mais de um ano e meio à frente da Secretaria, João já foi responsável por grandes mudanças no cenário do setor agropecuário do Estado de Minas. Competência à parte, acredito que seu grande legado será a agregação de pessoas e instituições para fazer com que as coisas, de fato, aconteçam e façam a diferença no longo prazo.

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Revista Leite Integral: O Minas Pecuária é um dos programas lançados na sua gestão. Quais foram seus principais objetivos ao desenhá-lo?

João Cruz Reis: O Minas Pecuária é um grande reconhecimento de que a pecuária é um dos pilares da economia de Minas, que tem o segundo maior rebanho bovino do país, o maior número de vacas ordenhadas e é o Estado maior produtor de leite do Brasil. Ainda assim, não existia uma ação concatenada entre governo, as empresas vinculadas à Secretaria e os demais parceiros da cadeia pecuária. Quando começamos a desenhar o programa, partimos do princípio de que só o governo não faria a diferença em uma política de longo prazo. Era preciso envolver parceiros do Governo e da iniciativa privada. Por isso, o lema do Minas Leite é "Aliança para a competitividade nos Gerais". É uma aliança, porque reconhecemos que existem parceiros fazendo trabalhos brilhantes, que precisam estar dentro do raio de ação da Secretaria, até para não haver sobreposição. Trouxemos o Sebrae, que tem o Educampo, a Faemg, a Ocemg, o Silemg, fazendo uma grande aliança para o desenvolvimento da pecuária. A competitividade, vem da nossa clara percepção de que estamos perdendo para os outros Estados que competem conosco na produção de leite. Os Estados do Sul - Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - têm apresentado, nos últimos anos, resultados de produtividade muito superiores aos nossos. E o "Gerais" vem do fato de a pecuária não acontecer nas minas, e sim, nos campos gerais. Tentamos envelopar as ações da Secretaria que estavam indo bem, mas que precisavam de organização. Por exemplo, o Pró-Genética e o Pró-Fêmeas, são boas iniciativas do Estado de Minas, que estão sendo difundidas para outros Estados, inclusive com treinamento para técnicos de extensão desses locais. Mas, estes programas não tinham uma visão de métrica de políticas públicas. O Minas Pecuária veio com metas de desempenho do poder público, como número de animais comercializados, percentual de inseminação, metas de segurança e defesa sanitária e revitalização total do programa do queijo artesanal. A grande ideia do Minas Pecuária é olhar a cadeia de ponta a ponta, e estamos avançando, apesar de todas as dificuldades do ponto de vista econômico. Colocamos metas de revitalização de campos experimentais da Epamig, usando recursos da Fapemig, que entendeu que isso era importante para que as pesquisas em pecuária fossem mantidas. Todas essas eram ações dispersas que estamos conseguindo concatenar, e os resultados estão começando a aparecer.

 

RLI: Fale um pouco mais sobre os resultados que já podem ser percebidos em função das ações que vêm sendo feitas na pecuária leiteira do Estado.

JCR: Tivemos um avanço muito grande na parceria institucional com o Silemg (Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais). Como um dos resultados dessa parceria, assinamos um convênio com a Secretaria de Educação para que nos próximos 3 anos tenhamos um concurso estadual de redação nas escolas da rede pública com o tema "leite". E quem vai patrocinar a premiação é o próprio Silemg. Ampliamos muito também a relação institucional da Secretaria com as Associações de Criadores e, com isso, temos conseguido aproximar os programas de melhoramento genético com a realidade da extensão rural pública do Estado. Por exemplo, o Programa de Melhoramento do Gir Leiteiro e do Girolando não "conversavam" com o Balde Cheio, nem com o Educampo e nem com o Minas Leite. Estes programas atendem propriedades que possuem gestão eficiente, inclusive financeira, e, por isso, têm uma chance muito maior de permanecer na atividade e ter os resultados genéticos das filhas, até o final da primeira lactação, para avaliar os programas de melhoramento. Por isso, é tão importante que esses programas e as associações sejam parceiros, e a Secretaria vem fazendo essa aproximação e intermediação. Também estamos fazendo uma aproximação com as instituições de crédito. Enfim, estamos fazendo com que a Secretaria seja um aproximador e catalisador de parcerias entre as diversas instituições envolvidas com a pecuária. Pensar que sozinhos vamos conseguir fazer as coisas acontecerem é ufanismo, pois o Estado não tem toda esta capacidade, seja orçamentária ou de pessoal, por isso estamos fazendo as pontes, ligando os elos da cadeia.

 

RLI: O que mudou na Epamig e Emater desde o início da sua gestão?

JCR: A grande mudança foi a aproximação das vinculadas com a Secretaria. Estas instituições tinham, praticamente, vida própria, e agora, com o apoio do Governo, pudemos montar equipes fantásticas na direção das mesmas, aumentando muito a lealdade e o trabalho integrado. Além disso, estamos conseguindo fazer com que, por meio das vinculadas, as políticas públicas que desenhamos de fato aconteçam. Na Emater, que é a nossa grande força de extensão e assistência técnica, estamos estimulando a qualificação dos técnicos agrícolas, por meio de promoções para aqueles que fizerem curso superior nas áreas de veterinária, zootecnia e agronomia. Além disso, estamos conseguindo destravar um concurso público, que era uma reivindicação antiga da instituição. Na Epamig, conseguimos trazer pesquisadores para os cargos de diretoria, o que não acontecia há muitos anos, e que muda toda a realidade da instituição, já que o entendimento com o corpo técnico é muito maior.

 

RLI: Como está a relação da Secretaria com o Governo Federal?

JCR: Apesar do momento de turbulência política, nossa relação com o Governo Federal foi, é e continuará sendo boa, porque não há como pensar em políticas públicas estaduais sem o amparo federal, em função da necessidade de recursos. Uma coisa que facilita é que fui eleito presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado de Agricultura. Com isso, quando o Blairo Maggi assumiu o Ministério da Agricultura, por exemplo, eu fui recebido três dias depois para apresentar algumas pautas. Além disso, temos uma relação extraordinária com o Ministério da Agricultura.

 

RLI: Sabemos que a sua intermediação foi fundamental para trazer a Megaleite 2016 para Belo Horizonte, e fazer dela um sucesso absoluto de crítica e de público. A edição de 2017 será realizada, novamente, em BH?

JCR: A edição deste ano da Megaleite foi, realmente, espetacular. O clima aconchegante, na minha

opinião, foi o melhor da feira. Belo Horizonte recebeu a Megaleite com um carinho enorme. A qualquer hora do dia que você fosse ao parque via movimento de pessoas assistindo aos julgamentos, fazendo negócios ou passeando com suas famílias. E foi isso que fez a exposição ser tão especial. Mas, a decisão de mantê-la ou não em BH cabe à diretoria da Associação dos Criadores de Gado Girolando, e existem outras cidades (Uberaba/MG, Lins/SP e Brasília/DF) candidatas a sediar o evento. Eu acredito que se a promessa do Governador Fernando Pimentel, de revitalizar o Parque da Gameleira, se concretizar, e os processos licitatórios para as obras correrem dentro da normalidade, BH tem tudo para sediar a próxima Megaleite. E nosso desejo é que ela venha para BH em um contexto maior, como uma grande feira do setor, com um evento técnico científico de pecuária leiteira dentro da programação, uma feira da indústria laticinista, além da exposição e julgamento das raças de bovinos leiteiros. Eu acho que, com isso, conseguiríamos parar o Brasil por uma semana para olhar para Belo Horizonte e para Minas Gerais, mostrando que somos os maiores produtores de leite do Brasil e queremos continuar sendo.

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RLI: O que você gostaria que fosse seu grande legado à frente da Secretaria de Agricultura?

JCR: Eu estou tendo a oportunidade da minha vida e, por isso, tenho que me esforçar mais que todo mundo. Tenho trabalhado muito com alguns princípios, que são os mesmos desde que assumi. Primeiro, é que o produtor rural saiba que a Secretaria é a casa dele. Para isso, mesmo em assuntos que não são da nossa competência, eu procuro ser um interlocutor, um porta-voz das aflições dos produtores rurais dentro do Governo do Estado. Eles sempre terão aqui um

parceiro, que sabe onde o "calo aperta". Outra marca que quero deixar é nessa relação da Secretaria com suas vinculadas, onde tenho tentado mostrar qual é o papel delas e também, com muito respeito e parceria, sendo um porta-voz de suas reivindicações, procurando os encaminhamentos possíveis.

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