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Fazendas

Fazenda Morada do Sol - Bambuí/MG

Fazenda Morada do Sol - Bambuí/MG

Ana Paula Menegatti

Médica Veterinária

 A gestão de pessoas é o coração de qualquer empresa, e um imenso desafio para aqueles que desejam conduzir a atividade leiteira como tal. Contratar um bom funcionário é só o primeiro, embora decisivo, passo. É preciso muito mais! É preciso treinar, monitorar, corrigir, motivar, reconhecer e, muitas vezes, demitir. Isto está longe de ser algo fácil ou instintivo. Exige conhecimento, planejamento e verificações periódicas. Mas, acima de tudo, exige foco. A gestão de pessoas da Fazenda Morada do Sol, em Bambuí/MG, reúne todas essas características, e impressiona pela sua eficiência.

 

Um pouco de história

A história da Fazenda Morada do Sol começou em 1973, quando João Cezar Gatti adquiriu suas primeiras terras no município de Bambuí/MG. “Meu pai dormia no carro, quando estava formando os pastos da fazenda. Não tinha nada por aqui”, começou a nos contar João Carlos Gatti, filho de João Cezar e atual administrador da fazenda. Durante quase 40 anos, para atender às necessidades de diversificação dos investimentos, atingir novos desafios de crescimento e valorização profissional, e com o intuito de realizar o desejo de um convívio mais próximo à natureza, novas áreas foram sendo adquiridas. Atualmente, a fazenda tem 430 hectares, sendo 300 ha destinados à agricultura, 100 ha para o leite e 30 ha para reserva e APP’s. O leite não foi a primeira opção de João Cezar, que começou suas atividades pelo plantio de arroz. Em 1977, deu início à pecuária leiteira, quando iniciou a formação das pastagens, com o capim colonião, e, pouco a pouco, a construção das benfeitorias. Ainda em 1977, João Cezar adquiriu mais alguns alqueires para plantar café, fazendo a 1ª colheita três anos mais tarde.

Daí para frente, manteve a lavoura e, paralelamente, a criação de gado leiteiro foi iniciada, acompanhada do plantio de milho para alimentação dos animais.

“É bom lembrar que a produção leiteira, associada ao cultivo do café, faz com que a produtividade de grãos seja alta, já que o esterco bovino é jogado, sistematicamente, uma vez ao ano, nos pés da lavoura”, comenta João Carlos.

João Carlos Gatti teve um contato muito próximo com a fazenda até seus 17 anos, quando se mudou para Belo Horizonte e se tornou um executivo de sucesso na área de TI, levando uma vida urbana e morando em várias capitais do país. Por volta de 2007, seu pai, João Cezar Gatti, demonstrou um certo desânimo em continuar tocando o negócio, e começou a pensar em vender ou arrendar suas terras. João Carlos não pensou duas vezes, e se propôs trabalhar para o pai e assumir a administração da propriedade. Assim, iniciou-se um processo de sucessão na fazenda, e foram definidas novas estratégias de negócio, focando todos os investimentos no melhoramento técnico da atividade e na produção de alimentos (milho e soja). Foi uma mudança radical, pois João Carlos vivia em outro meio. Mas, com a ajuda de bons técnicos, participando de cursos, simpósios, dias de campo, e contando sempre com a experiência do pai, ele foi aprendendo mais sobre o manejo e a administração de uma fazenda leiteira. João Carlos logo percebeu a necessidade de investimento e, paulatinamente, à medida que ia evoluindo seu conhecimento e ganhando a confiança do pai, começou a tomar decisões estratégicas para melhorias da propriedade.

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O Sistema de produção

 

A opção pelo Free Stall

A Fazenda Morada do Sol passou por vários sistemas de produção, sempre optando por dar o próximo passo quando chegava no limite do anterior. O primeiro modelo utilizado foi de pastejo rotacionado. "Na época, com 180 vacas, era um sistema fantástico. Mas, o aumento do número de animais inviabilizou-o", conta João Carlos.

Com isso, passaram a alimentar os animais no cocho, e usar os piquetes apenas como áreas de descanso, o que gerou um salto de 20% na produtividade, chegando a uma produção de 8 mil litros/dia. Mas, um novo gargalo apareceu na época das águas, quando a produção caiu para 3.000 litros, em função dos sérios problemas de manejo, especialmente excesso de barro nos piquetes.

Além disso, o número de animais havia crescido muito, chegando a 300 vacas. A solução, naquele momento, foi vender alguns animais.

"Além do barro, a rotatividade de mão de obra era altíssima. Todo dia tinha um ou dois funcionários pedindo demissão. Eram muitos os problemas sanitários, especialmente os quadros de mastite, além de altas taxas de mortalidade, tanto de vacas quanto de bezerras", conta João Carlos.

Tentando minimizar um pouco os problemas, uma medida paliativa foi implementar estação de monta, fazendo com que 70% do rebanho parisse entre os meses de fevereiro a maio. Esta medida agravou ainda mais a disparidade de produção entre as chuvas e a seca. Outras medidas foram tentadas, como a construção de um corredor concretado até a chegada na ordenha, pista de trato coberta, bebedouros próximos para evitar que o animal caminhasse, piquetes divididos para revezar o gado, evitando formação de barro (piquetões).

Todas elas melhoravam um pouco a situação mas, nem de longe, resolviam o problema do barro. Os problemas sanitários, a falta de padronização na produção, a dificuldade de se fazer um planejamento financeiro e, principalmente, a percepção de que não estavam explorando todo o potencial genético dos animais, por falta de condições ideais de instalações e conforto, motivaram, mais uma vez, a mudança do sistema.

Em 2010, iniciou-se a construção de um sistema de confinamento para as vacas em lactação e uma nova ordenha. E, em agosto de 2014, construíram um Free Stall. Naquela época, o rebanho tinha cerca de 400 vacas, sendo 270 a 330 em lactação. Atualmente, são 354 vacas em lactação, com uma produção de 10.200 litros/dia, entregue para a Itambé. Para o próximo ano, estão estudando a construção de outro Free Stall, pois hoje têm 100 vacas em lactação fora do galpão. Eles não descartam a possibilidade de construírem um Compost Barn, mas tudo indica que manterão a opção pelo Free Stall, inclusive para manter o manejo padronizado.

"Não existe um sistema de produção melhor que o outro. Cada sistema se adequa a uma situação específica de cada propriedade", afirma João Carlos.

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Separação da areia

A fazenda conta com um sistema de separação que permite o reaproveitamento de cerca de 80% da areia usada nas camas. A separação da areia surgiu como uma necessidade, pois começou a chegar na propriedade com muitas pedras e sujidades, o que gerou problemas de casco. Em um primeiro momento, começaram a peneirá-la manualmente, mas estava ficando muito caro. Por isso, desenvolveram um sistema mais eficiente de separação.

Com o sistema de separação, já faz quatro meses que não compram mais areia, e pelos cálculos de João Carlos têm estoque para os próximos 2 anos.

"Uma carreta de areia comprada custa R$ 1.800,00, e o custo total da reciclagem da mesma quantidade é de R$ 300,00", explica João Carlos.

 

Conforto térmico

A ventilação é acionada quando a temperatura interna do galpão atinge 21ºC, e funciona até que a mesma caia para valores inferiores a esse. Já a aspersão, inicia-se a cada 4 minutos de ventilação, liberando 1 minuto de água. Enquanto estiver acima de 21ºC, as vacas estarão tomando banho.

 

Produção de alimentos e nutrição

Dos 300 hectares destinados à agricultura, 290 ha são utilizados na produção de milho. Desses, mais ou menos 40 ha são usados para reposição do estoque de silagem. Do restante, metade é utilizada para produção de grão úmido, grão seco, e o excedente vai para venda.

A soja, até três anos atrás, era plantada para rotação de cultura, mas como o maquinário ficou muito obsoleto, optaram por não fazer mais, até que possam investir em máquinas melhores. Na entressafra, plantam aveia ou outro tipo de cultura, buscando melhorar a qualidade do solo. "A aveia tem dado resultados muito bons, pois temos conseguido aproveitar as sementes, substituindo parte do milho", explica João Carlos. A silagem de aveia tem sido utilizada, substituindo 40% da silagem de milho, sendo excelente fonte de fibra longa. A fazenda tem tido bons resultados com a aveia na época da safrinha, além de ser uma excelente palhada para melhorar a matéria orgânica do solo.

A base da alimentação das vacas em lactação é silagem de milho, silagem de aveia, grão úmido, grão seco moído, polpa cítrica, caroço de algodão, soja, soja protegida, núcleo mineral, bicarbonato e ureia. A dieta é fornecida em seis tratos e, no mínimo 3 vezes ao dia, a comida é empurrada para perto das vacas para estimular o consumo. A separação de lotes baseia-se na produção, DEL e tamanho dos animais, que são divididos em: primíparas menores, primíparas maiores, multíparas menores, multíparas maiores. A dieta é única, com exceção do pré-parto, variando apenas a quantidade fornecida. Realiza-se a avaliação de escore de cocho, aceitando-se uma sobra em torno de 5%. Se faltar ou se passar, vão sendo feito os ajustes. A sobra é oferecida à recria mais nova.

 

Secagem e período de transição

A secagem das vacas é feita 60 dias antes da data prevista para o parto, utilizando dois protocolos, com base na CCS do animal. Se a CCS está acima de 250.000 cél/ml, é utilizado um tratamento com princípio ativo mais “forte”. Caso contrário, utiliza-se um tratamento menos oneroso. Os casos de mastite em novilhas são tratados individualmente.

As vacas secas, de 60 a 30 dias pré-parto, são mantidas em um piquete com pista de trato. De 30 dias pré-parto ao parto, são mantidas próximas ao Free Stall, recebendo dieta aniônica. As vacas recém paridas são todas levadas para dentro do galpão. Os partos não são assistidos. Durante o dia, os funcionários monitoram as vacas pré-parto, várias vezes ao dia, trazendo-as para um local mais próximo do Free Stall quando entram em trabalho de parto. A rotina do pós-parto contempla drench para todas as vacas. Caso apresentem retenção de placenta, metrite ou qualquer outro problema, faz-se o tratamento indicado pelo veterinário. Atualmente, a fazenda enfrenta um grave problema no pós-parto, com altos índices de retenção, metrite, cetose e hipocalcemia. “A gente está buscando a causa, tentando descobrir onde é a falha, pois os supervisores falam que está tudo bem, estão seguindo o check list, mas o aumento nas enfermidades não condiz. Estamos pesquisando possíveis causas, revendo o manejo da maternidade”, afirma João Carlos. No novo galpão, João Carlos conta que tem planos de separar uma parte da instalação para fazer um pós-parto assistido.

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Manejo das bezerras

A maior parte das bezerras é criada em bezerreiro tropical (sistema argentino) até o desaleitamento, embora ainda existam algumas casinhas na propriedade.

As bezerras são pesadas semanalmente, até os 90 dias, para controlar a quantidade de leite que será disponibilizada a elas. Até completarem 30 dias, ingerem 10% do peso vivo em leite; depois dos 30 dias passam a receber 5% do peso vivo. A quantidade de concentrado é aumentada gradativamente até chegar em 2kg/bezerra/dia. A partir dos 60 dias, as bezerras passam a receber silagem de aveia ou milho, e o concentrado continua sendo fornecido à vontade.

Aos 90 kg, ocorre o desaleitamento, independente da idade. Normalmente, as bezerras estão em torno de 70 dias, mas permanecem no bezerreiro até completarem 90 dias. Os animais têm que sair do bezerreiro com as metas de peso, consumo e sanidade atingidas, de acordo com o check list. Nessa fase, o objetivo principal é o peso. A meta estipulada é de 102 kg aos 90 dias mas, atualmente, têm atingido 120 kg nessa idade, ultrapassando-a.

Após a saída do bezerreiro, vão para os chamados piquetes de transição, divididas de acordo com o peso, onde alimentam-se da sobra das vacas em lactação. Após os 90 dias, as bezerras e novilhas são pesadas todos os meses, para que a divisão em lotes seja feita de forma bem homogênea. O número de animais por lote varia de acordo com a área disponível (tamanho do piquete) ou número de animais que se encontram na mesma fase.

Como há grande procura de machos na região, a fazenda tem feito a venda. O valor é de R$ 250,00 multiplicado pelo número de meses do animal.

 

Reprodução

Há 30 anos a fazenda não compra animais. A maior parte da reprodução é feita por IA, utilizando sêmen sexado nas novilhas. Durante dois anos, a fazenda passou por sérios problemas na reprodução, mas que foram sanados no ano passado. João Carlos afirma que os problemas foram ocasionados por falta de um responsável pelo setor, pois tinham protocolos, inseminação com IATF, observação de cio natural, mas não tinham a pessoa certa no lugar certo. “Foi só colocar uma pessoa capacitada que as coisas foram se resolvendo”, afirma João Carlos. Hoje, já sentem uma melhora nos resultados, com índices bem animadores. Para o próximo ano, já estão planejando um programa intensivo de reprodução, incluindo o uso de FIV. Os embriões serão aspirados do próprio rebanho. Para planejar os acasalamentos, João Carlos montou uma planilha, na qual entram todos os touros de todas as Centrais. As características relevantes para a fazenda são pontuadas, para que os pesos de cada uma delas sejam quantificados, de acordo com os objetivos do programa de melhoramento da propriedade.

 

Ordenha e qualidade do leite

A fazenda realiza 3 ordenhas por dia, em sala com linha média e 18 conjuntos. A qualidade do leite é prioridade absoluta. Antes de cair no tanque, ele passa por um trocador de calor, que consegue reduzir sua temperatura em 2°C. Com isso, quando a ordenha termina, o leite já está gelado. Os funcionários recebem uma participação por qualidade. “Eles têm uma participação sobre a qualidade. Isso reflete nas férias e no 13° salário. É uma sociedade que eu ofereci para eles. Quanto mais variável fosse o salário, mais consciência eu conseguia colocar na cabeça deles, de que o resultado do trabalho é refletido no salário. Isso é pra todo mundo. Todo empresário tem isso. Por que o funcionário não pode ter? Dessa forma, conseguimos manter o salário fixo durante uns dois anos, deixar ele um pouco menor e, ao invés de dar um aumento salarial na época do reajuste, eu dou essas premiações”, comenta João Carlos.

 

Sanidade

Uma das principais causas de descarte involuntário na propriedade é a sanidade. A média de permanência de uma vaca no rebanho é de 2 lactações. Os principais problemas de saúde, atualmente, são: casco, 32%; retenção de placenta,12%; hipocalcemia clínica; cetose; pneumonia, 13%; diarreia, 8%; tristeza, 5%; além de alguns acidentes, como escorregões.

Todos os dias, os animais passam pelo pedilúvio, alternando entre sulfato de cobre e sulfato de cobre com formol. O casqueamento passou a ser feito com maior frequência e, em breve, deve se tornar semanal.

 

Manejo de dejetos e meio ambiente

A fazenda trabalha de forma bastante consciente as questões de responsabilidade ambiental, especialmente em relação a água. Não se utiliza flushing na limpeza do Free Stall, que é feita a seco, com scrapers para remoção de dejetos. A fazenda tem sistemas de tratamento de resíduos e de captação de água da chuva. A quantidade de dejeto produzida durante um ano é utilizada em uma área de 20 hectares, por meio da fertirrigação, que representa uma economia em torno de 9 mil reais.

 

Controle de custos

A fazenda emprega um rigoroso controle de custos, sendo essa uma das características mais fortes da administração de João Carlos. Segundo ele, 48% do custo total da propriedade vem da alimentação do rebanho, sendo: 18,7% concentrado proteico; 12,17% concentrado energético; 4,9% minerais; 11,5% forragens.

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Gestão de pessoas

João Carlos sabe a importância da valorização das pessoas e, ao invés de encarar a mão de obra como problema, prefere considerá-la como a grande solução, ficando claro que este é o grande diferencial da fazenda.

A qualidade da gestão de pessoas foi percebida desde a primeira frase que nos foi dita pelo gerente, Sr. Evandro: “vivemos uma fase muito tranquila de mão de obra”. Ao longo do dia, fomos entendo o porquê.

Hoje, a fazenda é fonte de renda e oferece oportunidades de trabalho para muita gente. As produções de leite e grãos de qualidade atendem às necessidades dos proprietários, funcionários e da comunidade bambuiense.

A administração da fazenda encontra-se em constante crescimento, definindo metas, investindo em estrutura, tecnologia e aprimoramento, com programas de capacitação para os funcionários, para que possam alcançar a tão desejada posição entre as melhores empresas do agronegócio da região. Os proprietários transmitem e praticam, com clareza, a missão e os valores importantes para a fazenda. Dessa forma, os funcionários são munidos com a visão de futuro, e sabem exatamente onde querem chegar. O compromisso é, então, firmado, de uma forma que engaja, motiva e os envolve no negócio.

A missão, visão e valores está escrita no muro principal da fazenda, pintada em grandes letras para que possa ser lida por todos:

Nossa Missão

Desenvolver-nos como pessoas, capacitar-nos como profissionais e valorizar-nos como ser humano, para bem do próximo e das nossas famílias.

Nossa Visão

Estarmos entre as melhores empresas de agronegócios para se trabalhar.

Nossos Valores

Honestidade, Responsabilidade, Profissionalismo, Respeito, Educação, Trabalho em Equipe, Consciência Ecológica e Fraternidade.

 “Depois que a missão, a visão e os valores da empresa foram definidos e apresentados aos funcionários, ficou mais fácil manter uma equipe coesa, com os mesmos princípios, pois, naturalmente, aquele que não se enquadra não se sente confortável e pede para sair. Até mesmo a equipe não o acolhe da mesma forma. Não é por ser um mau profissional, e sim porque o seu perfil não se enquadra. A equipe está muito alinhada com os nossos valores. Pessoas que se enquadram só fortalecem a cultura da empresa”, explica João Carlos.

Segundo João Carlos, a equipe como um todo amadureceu. "Hoje, fazemos reuniões periódicas com todos os funcionários. Estão todos bastante animados, sabem conversar e têm um nível de maturidade muito bom", afirma.

A fazenda é setorizada, e cada setor tem um supervisor, cuja função é dar condições para que os funcionários possam produzir melhor, e orientá-los, caso alguma coisa saia do planejado. São feitas avaliações semanais, os check lists, nos quais a rotina é descrita, e o supervisor verifica se está sendo seguida.

Uma vez por semana, o supervisor conversa, individualmente, com cada funcionário, avaliando seu desempenho. Itens como forma de executar a tarefa, interesse na execução, padronização, se ocorreu algum problema, qual foi e como foi resolvido, iniciativa, desenvolvimento, dentre outros, são observados, sistematicamente. Essa avaliação é repassada ao gerente geral e ao João Carlos, que verificam se está tudo dentro do esperado ou se há necessidade de algum suporte ou treinamento. João Carlos afirma que “a grande vantagem do check list é manter-se atento às rotinas, sem deixar nenhum detalhe passar, sendo lembrado toda semana do que precisa ser feito”. A fazenda usa 7 check lists. Um para cada setor. João Carlos conta que fez uma especialização em gestão de pessoas no Rehagro, e implementou muitos conceitos na propriedade, aos quais ele atribui o sucesso no amadurecimento das relações interpessoais de sua equipe. “Antes, a gente se desgastava demais. Acabava que o nosso trabalho era muito mais em função de gestão de pessoas do que do negócio em si”, explica.

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João Carlos ressalta como é importante entender as individualidades de cada funcionário e conhecer as próprias limitações e dificuldades em lidar com as pessoas. “Esse é um conceito que precisa ser passado para todos, para que eles também possam exercer um pouco disso, todo dia, com o próprio colega”, afirma ele. Entre os anos 2011 a 2013, fizeram pesquisas sócio-organizacionais, aplicaram os questionários, trabalharam os pontos relevantes e, a partir do momento que investiram em pessoas, perceberam uma mudança na mentalidade dos funcionários. Todos passaram a falar a mesma língua, respeitando a cultura da empresa, e isso é transmitido, até mesmo, para os novos funcionários, que sentem um clima diferente e se enquadram com facilidade. A fazenda conta hoje com 17 funcionários no leite, incluindo ordenha, trato, bezerreiro, limpeza, sanidade e o veterinário, que é contratado em tempo integral. O gerente de pecuária e agricultura, e o setor administrativo, têm os custos rateados com a agricultura. Os lançamentos dos dados zootécnicos são feitos pelos supervisores de cada setor, utilizado o software Ideagri.

 

O futuro

As metas de curto prazo da propriedade são a construção do 2º galpão de Free Stall. “É na crise que não podemos parar de investir, temos que melhorar a estrutura, porque quando ela passar, se você estiver estruturado, é a hora de ganhar dinheiro”, pondera João Carlos. No médio prazo, o objetivo é continuar melhorando os índices, para a propriedade alcançar resultados cada vez melhores. “Melhorar cada vez mais! Como trabalhamos sobre resultado, temos meta. A tendência é que as metas fiquem cada vez mais apertadas, e a equipe precisa estar preparada para melhorar". No longo prazo, existe um projeto de industrializar o leite, tipo A, ou produzir um queijo fino. “Para isso, precisamos amadurecer muito a ideia e estudar o mercado” afirma João Carlos.

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Sucessão

A primeira sucessão da propriedade, de João Cezar Gatti para João Carlos, vem sendo extremamente bem-sucedida. João Carlos tem dois filhos, Maria Clara, de 9 anos e João Lucas, de 6. Eles foram criados na fazenda até três anos atrás, quando se mudaram para Belo Horizonte, em função dos estudos. Como crianças, eles gostam muito de passar finais de semana, férias e feriados na fazenda, mas João Carlos acha cedo para dizer se haverá ou não uma terceira geração assumindo o negócio.

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