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Sanidade

Papilomatose bovina: como prevenir este problema

Papilomatose bovina: como prevenir este problema

 

Texto: Bernardo Barbosa Rocha, Vania Maria de Oliveira

 Além do aspecto desagradável aos olhos, os papilomas são incômodos para os animais, provocando estresse e, consequentemente, queda na produção de leite e carne. Nos bovinos, a doença acomete principalmente animais jovens, mas todas as idades podem ser afetadas. Com tratamento pouco efetivo, medidas de prevenção e controle são fundamentais.

 

 A papilomatose é uma doença causada por um vírus pertencente à família Papovaviridae, gênero Papillomavirus. Caracteriza-se pela formação de papilomas que se assemelham a tumores na pele e mucosa dos bovinos. Nestes, a doença acomete principalmente animais jovens, mas todas as idades podem ser afetadas. A doença acomete também diversas espécies de animais domésticos como ovinos, caprinos, equinos e cães.

Os papilomas (verrugas) são espécies de tumores, na maioria das vezes circulares, que ocorrem principalmente na epiderme (camada mais externa da pele). São tumores benignos, de tamanhos, cores e formas variadas. Os tumores apresentam superfícies pontiagudas, lisas, ásperas ou rugosas, chegando até a assemelhar-se ao aspecto de uma couve-flor.

Localizam-se com maior frequência na cabeça, ao redor dos olhos, pescoço, barbela, úberes, tetos e pênis. Além do aspecto desagradável aos olhos, são incômodos para os animais, provocando estresse e, consequentemente, queda na produção de leite e carne, predispondo a ocorrência de infecções bacterianas secundárias e miíases (bicheiras), danificando o couro dos animais acometidos.

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Papilomas localizados na região da face

As lesões causadas pelo vírus distinguem-se tanto na forma, quanto na localização, com predileção para algumas áreas nos bovinos. Segundo a localização, são distinguidas três formas distintas mais frequentes:

  • A papilomatose cutânea fungiforme: endêmica, observada mais frequentemente em bezerros ou bovinos jovens, acometendo, preferencialmente, a região da cabeça, pescoço e barbela. Este tipo de papiloma é facilmente arrancado, provocando sangramento do local.
  • A papilomatose filiforme: espalhada pelo corpo do animal, sendo que as regiões de perna e abdômen, incluindo o úbere, são as áreas mais afetadas; este tipo de papiloma é de difícil retirada cirúrgica, e é mais frequentemente observado em animais adultos.
  • A papilomatose plana: acomete o úbere (tetos), podendo também ser retirada com certa facilidade, sendo observada em adultos.

Ainda, temos casos isolados da forma genital que afeta os bovinos jovens e da visceral (rara), esporádica, acometendo a região da faringe, esôfago, pré-estômagos e bexiga urinária.

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Prevalência e disseminação

A doença ocorre em todos os países de pecuária de leite ou de corte, apresentando maior frequência nos de climas mais quentes. No Brasil sua ocorrência é comum em todo o país, especialmente em determinadas regiões, como nos estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná e Rondônia, onde foi verificada alta incidência da doença, principalmente nos últimos anos. Os fatores responsáveis por este aumento ainda não foram confirmados, mas acredita-se que o comércio de bovinos, tanto de leite quanto de corte, aumentou muito no período, e pode ter contribuído para disseminar esta doença contagiosa.

A papilomatose é de fácil disseminação, sendo transmitida do contato direto de animais sadios com infectados, principalmente quando o animal apresenta ferimentos ou lesões na pele. Também pelo contato indireto com instalações, cercas, troncos, baias, moirões; com agulhas e seringas contaminadas (comuns na época de vacinação ou de tuberculinização); instrumentos de descorna ou castração contaminados; teteiras de ordenhadeira mecânica ou mãos dos ordenhadores, quando os papilomas localizam-se no úbere e tetos, e durante o coito (cobertura), quando se localizam nos órgãos genitais (o contato físico direto entre epitélios, durante a monta, pode tornar-se porta de entrada do vírus). Foi comprovado que picadas de carrapatos ou de outros insetos hematófagos, contribuem para que os bovinos sejam afetados pela papilomatose.


Controle e prevenção

A melhor forma de se evitar a entrada da doença no rebanho é não comprar animais com papilomas, pois uma vez instalada no rebanho, o foco de contaminação dificilmente o deixará. Porém, a primeira providência a ser tomada, quando detectada a presença de algum animal com papilomas, é separá-lo do restante do plantel e combater os papilomas deste animal.

Para evitar a disseminação da papilomatose é importante utilizar material descartável ou esterilizar bem o material empregado na vacinação (agulhas e seringas), na tuberculinização, descorna ou castração e as instalações. Os desinfetantes à base de formol ou soda cáustica são recomendados para auxiliar no controle desta doença. Aconselha-se, ainda, a desinfecção das mãos do ordenhador, com soluções à base de cloro ou iodo, após a ordenha de alguma vaca com papilomas nos tetos. Estas vacas devem, de preferência, ser ordenhadas por último.

Controlar carrapatos e moscas que se alimentam de sangue dos bovinos é uma maneira importante de prevenir a doença. Enfim, em qualquer atividade que envolva todos os animais do rebanho, os doentes devem sempre ser manejados por último.

Como prevenção, a melhor solução está na intensificação dos controles gerais da propriedade. Animais que se coçam no mesmo cocho ou deitam na mesma cama, hábitos comuns entre os animais, representam algumas das situações mais propícias para a disseminação. É por isso que as regiões de maior incidência situam-se no pescoço, barbelas, cabeça, tetos e pênis. Quanto maior o contato com o foco de infecção, mais o vírus terá condições de se espalhar-se.

 

Tratamento

Por se tratar de uma virose, não existe antiviral ou receita milagrosa para o tratamento dos animais contaminados. A mutação dos vírus causadores da doença não permite o desenvolvimento de um medicamento capaz de resolver todos os tipos de verrugas.

Normalmente, recomenda-se a remoção dos tumores, que é traumática, e o uso de vacinas autógenas, isto é, preparadas com tecidos dos papilomas do próprio rebanho que receberá a vacina. Porém, em ambos os casos, os resultados apresentam inúmeras variações, mesmo quando realizados em animais de um mesmo rebanho. A remoção cirúrgica muitas vezes é empregada; porém, sendo um processo traumático, só deverá ser realizado em animais que possuam pequena quantidade de papilomas.

 

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Remoção cirúrgica do papiloma

 A autovacina, técnica mais empregada no controle da papilomatose, é específica para cada rebanho, por ser preparada a partir de papilomas de animais do próprio rebanho infectado. Este produto apresenta ação curativa (com índices satisfatórios de cura instáveis). Portanto, deve-se evitar o tratamento preventivo com este produto. A vacina é mais eficaz quando se faz repetidas aplicações, mas esta depende da fase em que as lesões se encontram. Nos rebanhos onde existem animais com papilomas, o ideal é que sejam associadas práticas corretas de manejo, como isolamento dos animais doentes e adoção de medidas higiênicas, tanto nas instalações, quanto no material empregado para vacinar, mochar, castrar ou medicar os animais.

Os produtos injetáveis à base de clorobutanol atuam sobre alguns tipos de papiloma e, algumas vezes, quando associados com outros tratamentos, principalmente medicamentos imunoestimulantes (ajudam o sistema de defesa a reagir contra a infecção), apresentam melhor resultado.

A autocura, isto é, a regressão espontânea da doença, poderá ocorrer com determinados tipos de papiloma, quando o animal apresenta seu sistema de defesa reagindo bem, ou seja, quando recebe bom manejo, é criado em ambientes não estressantes e recebe uma boa alimentação. 

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