Este site utiliza cookies

Salvamos dados da sua visita para melhorar nossos serviços e personalizar sua experiência. Ao continuar, você concorda com nossa Política de Privacidade, incluindo a política de cookie.

Novo RLI
x
ExitBanner
Qualidade do Leite

Paradigmas do controle da mastite e redução da CCS

Paradigmas do controle da mastite e redução da CCS

Texto: Henrique Zaparoli Marques, Laerte Dagher Cassoli, Larissa Nazareth

 A mastite ainda permanece como um dos maiores desafios da produção leiteira no Brasil. A doença caracteriza-se pelo seu caráter multifatorial, o que dificulta seu controle e prevenção. Portanto, é necessário reunir esforços multidisciplinares para resolver de vez a situação da mastite no Brasil, assim como foi feito em outros países que tiveram sucesso no controle da doença.

 Captura de tela 2016-09-27 a?s 11.33.21.png (526 KB)

Não é novidade que a mastite é um dos principais problemas na produção de leite no Brasil. De fato, o tema tem se tornado cada vez mais frequente ao longo dos anos e muitas iniciativas para contornar a doença surgiram nos diversos âmbitos da cadeia, envolvendo programas de educação do produtor, legislações, acompanhamento técnico, melhorias tecnológicas, pagamento por qualidade e muitos outros.

Apesar desse cenário, ao analisarmos a evolução da CCS média do tanque percebemos que não houve nenhuma melhoria significativa. Mesmo entre aqueles produtores que recebem em função do programa de pagamento por qualidade, em que, supostamente, os mesmos se sentiriam incentivados a melhorar a qualidade do seu leite, não houve melhoria ao longo dos anos. A partir de Julho deste ano, está prevista a alteração do limite máximo de CCS para 400 mil, e neste caso, teríamos cerca de 50% dos rebanhos não conformes.

Da mesma forma, ao avaliarmos indicadores provenientes de rebanhos que realizam monitoramento mensal da CCS dos seus animais, observa-se que tanto a prevalência (% de animais considerados infectados), quanto a incidência de novos casos, continuam estáveis nos últimos 4 anos.

Isso ressalta que a mastite ainda permanece como um dos maiores desafios da produção leiteira no Brasil, e que a doença caracteriza-se pelo seu caráter multifatorial, o que dificulta seu controle e prevenção. Portanto, é necessário reunir esforços multidisciplinares para resolver de vez a situação da mastite no Brasil, assim como foi feito em outros países que tiveram sucesso no controle da doença.

 Captura de tela 2016-09-27 a?s 11.33.17.png (25 KB)

 

Fatores de risco

Os principais fatores de risco associados à mastite são: os patógenos, as características das vacas/rebanho, a ordenha, o nível de limpeza do ambiente, o estado operativo do equipamento de ordenha e também o fator humano (NYMAN, 2007).

O produtor é ponto fundamental a ser estudado quando falamos da influência do fator humano sobre a mastite. Por exemplo, diversas práticas de prevenção de mastite já estão bem estabelecidas na literatura, entretanto, como as práticas serão implementadas na propriedade, depende da atitude do produtor rural e de sua competência em relação à gestão da produção e à qualidade. Além do produtor, merece grande importância o indivíduo que lida diariamente com os animais, que são os ordenhadores. A forma como a interação homem-animal ocorre pode influenciar a produção de leite, assim como a incidência de mastite. (BARKEMA et al., 1999; BREUER et al., 2000).

Em um recente estudo conduzido na Holanda, foi perguntado aos produtores se eles tinham intenção de reduzir a CCS do tanque e, não surpreendentemente, 92% dos produtores responderam positivamente. Entretanto, apenas 12% deles estavam, de fato, despendendo esforços para reduzir a CCS.

Isso é explicado pela psicologia social como uma disfunção cognitiva, ou seja, uma diferença significativa entre o que um indivíduo pensa e como ele age. Esse fenômeno já foi muito estudado em outras áreas e, segundo esses pesquisadores, é o elo que está faltando nos programas de controle de mastite. Para que esses programas tenham sucesso é necessário entender a cabeça do produtor de leite, suas necessidades e comportamentos, e criar ações que realmente levem a mudanças de comportamento.

Em termos práticos, é necessário que os esforços políticos (legislação e limites de qualidade), de educação (treinamentos, conscientização e instrução), econômicos (programas de pagamento por qualidade) e tecnológicos (novas práticas de manejo, ferramentas e métodos) voltem-se para um único propósito: mudar o comportamento do produtor de leite.

Esse será um dentre muitos outros tema do III Workshop de Mastite que será realizado nos dias 19 e 20 de Maio em Pirassununga, SP. Para mais informações acesse: www.workshopdemastite.com.br.

 

Compartilhar:


Comentários

Enviar comentário


Artigos Relacionados