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Genética

Por que algumas características são mais fáceis de serem selecionadas?

Por que algumas características são mais fáceis de serem selecionadas?

 Texto: Manuela Gama

 As características de interesse para um criador apresentam um componente genético e um componente ambiental, e quando selecionadas, apresentam respostas diferentes. Do ponto de vista do animal, os valores genéticos são fundamentais para a escolha daqueles que serão os pais da próxima geração. E do ponto de vista da característica?

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 As características de interesse econômico na produção de leite apresentam respostas diferentes quando selecionadas. A produção de leite, por exemplo, é o resultado da soma do potencial genético da vaca com o efeito do ambiente onde ela foi criada. Considera-se como ambiente a parte nutricional, o manejo, o clima, possíveis estresses pelos quais o animal foi submetido e condições sanitárias. De acordo com a teoria do Melhoramento Genético Animal, o ambiente é definido como todos os aspectos que podem interferir no desempenho animal, com exceção de fatores de origem genética.

As características de interesse para um criador apresentam, portanto, um componente genético e um componente ambiental. A maioria das características que representam retorno econômico resultam da expressão dos efeitos individuais de grande quantidade de genes, cada um com pequeno efeito, mas que quando somados, resultarão no fenótipo (desempenho) que pode ser medido. Isso que dizer que, para a característica produção de leite, por exemplo, inúmeros genes são responsáveis pela quantidade final de leite que a vaca produz.

O componente genético é a parcela que pode ser transmitida para a geração seguinte, sendo, portanto, a parcela de interesse no melhoramento genético animal. Para “separar” (estimar) esses dois componentes, modelos estatísticos e programas computacionais específicos são utilizados. Após a organização das informações provenientes das fazendas (o que nós, melhoristas, chamamos de “consistência dos dados”) e da definição do melhor modelo estatístico para a análise e da escolha do programa que será utilizado para realização das análises, os valores genéticos de cada animal são estimados, para as características de interesse.

Do ponto de vista do animal, os valores genéticos são fundamentais para a escolha daqueles que serão os pais da próxima geração. E do ponto de vista da característica?

 

Objetivos de seleção e herdabilidade das características

É importante que cada propriedade defina os objetivos de seleção e as características devem ser melhoradas (características que trarão maiores retornos para o sistema de produção). Esse ponto é fundamental e deve receber a atenção devida. A realidade dentro de cada sistema de produção (localização da fazenda, forma de pagamento pelo leite, material genético disponível, disponibilidade de investimentos, entre tantos outros pontos), determina onde agir e a melhor forma de atingir as características de interesse. Os objetivos de seleção são as metas almejadas, já os critérios de seleção são as características que serão utilizadas para a escolha dos animais que serão pais da próxima geração. Um bom exemplo disso pode ser descrito da seguinte forma: o objetivo de seleção de uma propriedade é o aumento do valor recebido pelo leite e, para que isso ocorra, o critério de seleção escolhido foi o aumento da porcentagem de proteína e gordura presente no leite.

As características mensuráveis apresentam uma propriedade chamada herdabilidade, que mede a influência da variação genética em relação à variação total de uma característica em uma população. Trocando em miúdos, mostra o quanto da variação total da característica tem influência genética, na população estudada. Ou seja, quanto poderemos interferir na dada característica, a partir da escolha de reprodutores.

Para definir os planos de ação do melhoramento genético, a herdabilidade da característica a ser melhorada é um parâmetro que deve ser conhecido. Normalmente, a herdabilidade é estimada por programas estatísticos, que estimam valores genéticos. Mesmo sendo uma propriedade específica de cada rebanho, a literatura traz diversos valores de herdabilidade que podem servir como base.

A herdabilidade pode variar de 0 a 1, sendo que o valor próximo a 0 indica que as características serão pouco influenciadas pela genética. Valores mais elevados indicam características com maior influência genética. Quanto maior a herdabilidade, maior será a resposta à seleção e mais fácil será atingir o objetivo do sistema de produção. Portanto, se for possível escolher critérios de seleção que apresentem maior herdabilidade, pode-se esperar um melhor resultado do programa de melhoramento genético.

Cada característica apresenta a sua herdabilidade. Essa variação de herdabilidades é que confere a variação nas respostas à seleção. Quanto maior a herdabilidade, mais rápido é o resultado da seleção e do melhoramento, sendo a recíproca verdadeira. Na tabela 1 é possível ver algumas herdabilidades da literatura, para ilustrar a diferença entre elas.

 

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Vale ressaltar que algumas características de extrema importância apresentam baixa herdabilidade, como é o caso das características reprodutivas. Embora isso represente uma dificuldade para os sistemas, é importante manter um trabalho de seleção dos animais geneticamente superiores para tais características, uma vez que elas são fundamentais para o sucesso da produção, mesmo que o progresso seja lento. 

Com base no valor da herdabilidade e na intensidade de seleção aplicada, pode-se estimar a taxa de progresso genético do rebanho ao longo das gerações. Essa taxa de progresso é chamada de tendência genética e, se avaliada periodicamente, permite verificar a eficiência do programa de melhoramento genético utilizado.

Avaliações, ajustes e determinação de novas metas devem ser realizadas para que haja um constante e efetivo melhoramento do rebanho, com maior retorno econômico ao produtor.

 

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