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Pastagens

Recuperação de pastagens degradadas - Parte II

Recuperação de pastagens degradadas - Parte II

Texto: Ricardo A. Reis, Márcio Pedreira, Andreia L. Moreira

Na primeira parte desse artigo, apresentada na edição de julho, abordamos os fatores condicionantes da degradação e fertilidade do solo, bem como o manejo das pastagens. Nessa edição, o enfoque serão os aspectos relacionados ao sucesso na formação das pastagens, os indicativos de degradação e as técnicas para recuperação e renovação.

 

1. Formação da pastagem

O primeiro aspecto condicionante da persistência das pastagens é a sua formação. Uma área com formação inicial deficiente, com elevada porcentagem de falhas e com presença de invasoras, certamente, terá seu processo de degradação acelerado.

O primeiro passo é a escolha da espécie forrageira a ser implantada, devendo-se considerar que plantas que são introduzidas em locais inadequados à sua adaptação não serão persistentes no sistema de produção. Esta fase deve ser precedida de um diagnóstico da área e, posteriormente, deve-se escolher a espécie forrageira mais adaptada para aquela situação. Nesse momento, aspectos de topografia, clima, fertilidade e características físicas de solo devem ser apreciados.

Uma vez selecionada a espécie forrageira, os cuidados devem ser voltados para a formação de uma área uniforme. Para tanto, é necessário conhecer a qualidade da semente e a taxa de semeadura, que deve ser calculada de acordo com o valor cultural da semente.

O preparo do solo é de suma importância, principalmente quando se considera o tamanho das sementes das gramíneas forrageiras. Sementes pequenas terão dificuldade de germinação quando semeadas em profundidade superior a 2,5 cm, considerando-se, neste caso, valores entre 0,5 e 1,5 cm como ideais. Para sementes maiores, como as espécies do gênero Brachiaria, esta profundidade deve ser de 3,5 a 6,5 cm.

O uso de rolo compactador também é imprescindível ao sucesso da implantação da pastagem, uma vez que esta operação permite maior contato solo-semente, favorecendo maior germinação de plantas por área.

Aliadas a estes fatores, a calagem e as adubações de correção devem ser feitas de acordo com o diagnóstico da fertilidade do solo para favorecer a germinação e crescimento inicial das plântulas.

 

2. Indicativos de degradação das pastagens

A degradação das pastagens, em seus estágios mais avançados, caracteriza-se pela modificação na dinâmica da comunidade vegetal, quando, então, as espécies desejáveis cedem lugar a outras de menor ou quase nenhum valor forrageiro, e pelo declínio na produtividade de forragem, com reflexos na produção animal.

O quadro evolutivo do processo de degradação de uma pastagem tem como seqüência cumulativa:

- Diminuição na produção e qualidade da forragem;

- Diminuição na cobertura do solo e no recrutamento de plantas novas na pastagem;

- Aparecimento de espécies invasoras, com processos de competição, e erosão pela ação da chuva; e

- Grande proporção de invasoras e colonização da área por espécies nativas, além de processos erosivos acelerados.

A tabela 1 apresenta a definição dos graus de degradação (fato qualitativo) da pastagem e sua vinculação com a perda da produtividade da pastagem (fator quantitativo). Parâmetros fisiológicos e bioquímicos ligados ao sistema radicular das plantas forrageiras também foram investigados para uso como ferramenta no diagnóstico do grau de degradação da pastagem. Há que se considerar que estes parâmetros nem sempre permitiram discriminar a condição da planta, enquanto as variáveis ligadas à pastagem como um todo têm caráter mais prático e objetivo.

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Dos vários conceitos emitidos sobre o processo de degradação da pastagem, depreendem-se a sua caracterização e suas implicações (conseqüências). A degradação da pastagem é definida como “o processo evolutivo da perda de vigor, da produtividade e da capacidade de recuperação natural para sustentar os níveis de produção e qualidade exigida pelos animais, assim como o de superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e invasoras, culminando com a degradação avançada dos recursos naturais, em razão de manejos inadequados”.

A degradação pode ser constatada com a redução na produção e no valor nutritivo da forragem, mesmo em épocas favoráveis ao crescimento.

Os sinais da degradação de pastagens são visíveis ou não, sendo muito difícil determinar a primeira causa deste processo, a qual provoca uma reação em cadeia. A queda na produção de massa verde é o principal fator da redução na produtividade. Outros fatores são pouco perceptíveis, como a morte da fauna do solo e a compactação.

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3. Recuperação e renovação de pastagens

A escolha da técnica de recuperação mais adequada depende do diagnóstico sobre a real situação da pastagem degradada e da disponibilidade de recursos tecnológicos. A frequência de plantas invasoras, a densidade de plantas forrageiras e o percentual de cobertura de solo pelas plantas desejáveis são parâmetros que podem ser utilizados para avaliação e escolha do método adequado de recuperação ou de renovação de uma pastagem.

Entende-se por recuperação a aplicação de práticas culturais e/ou agronômicas, visando ao restabelecimento da cobertura do solo e do vigor das plantas forrageiras existentes na pastagem, como adubações de manutenção, vedação de piquetes, controle de invasores, sobressemeadura da espécie existente ou de outras e, até mesmo, a simples alteração do manejo empregado. Já a renovação é considerada como o restabelecimento de plantas forrageiras em uma área onde não é possível praticar a recuperação da vegetação existente. Dessa forma, a área degradada é utilizada para formação de uma nova pastagem, com a utilização da mesma espécie ou outra mais produtiva ou mais resistente às condições edafoclimáticas.

As principais causas de degradação de pastagens e as possíveis estratégias para recuperá-las estão relacionadas na Tabela 2.

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A degradação pode ocorrer devido a erros de manejo da pastagem, que conduzem à grande ocorrência de plantas invasoras e à baixa produção de forragem. Porém, a forrageira está adaptada às condições edafoclimáticas locais e, eventualmente, o stand possui uma boa densidade de plantas desejáveis. Nesse caso, talvez, o controle químico das plantas invasoras, associado à adubação, possa recuperar a produção de biomassa, sem a necessidade da utilização de máquinas para o preparo do solo.

A retirada dos animais da área é importante para permitir o descanso da pastagem até a completa recuperação das plantas forrageiras. Para a recuperação de uma pastagem degradada de Brachiaria brizantha cv. Marandu (30 a 50% de plantas invasoras) em um latossolo amarelo de baixa fertilidade da região de Porto Velho, pesquisadores testaram diferentes doses de nitrogênio (0, 50 e 100 kg de N/ha) e de fósforo (0, 50 e 100 kg de P2O5/ha). A dose de 100 kg de P2O5/ha e a de 50 kg de N/ha reduziram significativamente a participação de invasoras e incrementaram a produção de massa seca e teores de fósforo na forragem, em relação à pastagem não recuperada. Indubitavelmente, a utilização de métodos de controle de plantas invasoras, em conjunto com a adubação, pode contribuir para diminuição da competição interespecífica (luz, água, nutrientes), principalmente na fase inicial de revigoramento das plantas forrageiras na pastagem.

Quando a densidade de plantas está muito baixa – menos de 25% da área com plantas forrageiras, havendo regiões sem cobertura e com acentuada compactação do solo – o uso de tratamentos físico-mecânicos do solo pode ser uma alternativa, em conjunto com a ressemeadura e novo estabelecimento, seja da mesma ou de outra espécie forrageira.

Em solos de tabuleiros costeiros do extremo sul da Bahia, pesquisadores testaram várias formas de tratamentos físico-mecânicos e de fertilização na recuperação de pastagens de Brachiaria decumbens. Esses autores observaram que a simples aração, aração mais gradagem, cultivador, queima, queima mais gradagem e queima mais cultivador não foram eficazes na recuperação da pastagem. A fertilização, notadamente a fosfatada, foi imprescindível ao retorno da produtividade e eliminação das invasoras. Nesse experimento, não houve a ressemeadura, contando-se apenas com o potencial do banco de sementes. Quando a planta já possui um sistema radicular mais desenvolvido, a adubação nitrogenada é necessária para o rápido crescimento da parte aérea.

Um trabalho de pesquisa estudou os efeitos de formas de recuperação de uma pastagem degradada de Brachiaria decumbens (gradagem, calcário na superfície, calcário incorporado, calcário na superfície mais fertilização com macro e micronutrientes e calcário incorporado mais fertilização) e concluiu que, para o sistema radicular e biomassa microbiana, o último tratamento foi o melhor, refletindo-se em maior massa e profundidade das raízes. Na Figura 1, podem-se observar os resultados dos tratamentos testados nesse estudo, durante dois anos agrícolas (sete cortes no período de outubro a julho), sobre a produção média de massa seca de Brachiaria decumbens.

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Alguns estudos mostram que a gradagem aumenta a produção de massa seca, porém esse resultado não se repete em todas as pesquisas. A influência da aplicação de fertilizantes é nítida, favorecendo o aporte de minerais necessários ao desenvolvimento e produção das plantas forrageiras, que recobriram o solo.

Os custos envolvidos nas operações de recuperação ou renovação variam conforme a situação de degradação, necessidade de mecanização e correção da fertilidade do solo. Para renovação de uma área de pastagem, sem o uso de rotação ou consorciação de culturas, os custos podem variar de US$280,00 a US$360,00/ha,  enquanto que, na recuperação com mecanização e também sem uso de consorciação,  podem ser bem menores, variando de US$60,00 a US$220,00, a depender do estágio de degradação e fertilidade do solo. 

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