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Manejo

Terapia de flutuação para vacas em decúbito

Terapia de flutuação para vacas em decúbito

Texto: Marina Von Keyserlingk

 Um recente estudo da University of British Columbia pesquisou uma opção de tratamento para vacas “caídas”: a terapia de flutuação. Este método consiste em mover a vaca para um tanque com água aquecida, de forma que o empuxo ajude a vaca a ficar em pé. A água quente proporciona um efeito terapêutico adicional sobre os músculos e nervos.

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 Oferecer cuidados especiais para vacas em decúbito é um papel crucial do produtor de leite moderno. Casos de falta de cuidado, ou assistência precária, podem prejudicar tanto a vaca quanto a reputação da indústria leiteira. Oferecer bons tratos pode demandar tempo e mão de obra intensiva. Os produtores devem escolher entre tratamentos disponíveis, como realocar a vaca nas baias de hospital, que tipos de cuidados oferecer, e quando abandonar o tratamento e eutanasiar a vaca, quando o mesmo não foi efetivo.

Infelizmente, há pouca pesquisa abordando as melhores práticas de manejo e tratamento para vacas em decúbito, fazendo com que produtores e veterinários atuem de acordo às suas experiências pessoais.

Vacas que estão incapacitadas ou não querem ficar de pé, permanecendo em decúbito por mais de 12 horas, são normalmente chamadas de vacas “caídas”. Esta condição ocorre, tipicamente, decorrente de uma causa primária como hipocalcemia (febre do leite), lesão ou trauma durante o parto. Falta de movimento nas horas seguintes ao parto pode causar problemas adicionais, incluindo danos isquêmicos nos músculos pélvicos e nervos, que impossibilitam a vaca de se levantar. O dano secundário pode ser fatal, e os produtores reconhecem que dar suporte às vacas pode prevenir estes danos e ajudar na sua recuperação.

Os produtores de leite usam uma série de ferramentas para ajudar as vacas se levantarem e permanecerem em pé, incluindo alças na garupa e peitoral, levantadas por guincho ou trator, suportes e bolsas de ar. Estes métodos têm desvantagens: as alças na garupa estão associadas à necrose por pressão nos ossos do quadril, e os suportes e bolsas de ar podem aumentar a pressão nos órgãos abdominais e no diafragma, comprometendo a respiração. Um recente estudo da University of British Columbia investigou uma outra opção: a terapia de flutuação. Este método consiste em mover a vaca para um tanque com água aquecida. A ideia é usar o empuxo (força que, na água, atua contra a gravidade) para apoiar o corpo da vaca de modo uniforme e ajudá-la a ficar em pé. A água quente proporciona um efeito terapêutico adicional sobre os músculos e nervos danificados durante o período prolongado que permaneceu deitada antes do tratamento. Os objetivos deste estudo foram identificar quais vacas são mais propícias a se beneficiarem deste tratamento, e descrever outros fatores que contribuem para uma recuperação bem sucedida de vacas caídas.

Produtores de leite da parte mais baixa do Vale Fraser, região da Colúmbia Britânica, foram convidados para participar de um estudo, relatando sempre que identificarem uma vaca em decúbito. Um total de 34 vacas leiteiras foram inscritas no estudo. Antes do tratamento, um médico veterinário realizou um exame físico detalhado. Vacas em alerta, que permaneceram em decúbito esternal, com disposição para comer e mostrando iniciativa para levantar, foram incluídas no estudo. Informações gerais sobre cada vaca foram gravadas, incluindo seu histórico médico e a quantidade de vezes que ela mostrou sintomas antes do tratamento. Nós também avaliamos a “assistência” à vaca caída usando uma combinação de cinco fatores: acomodação cuidadosa, uso de uma baia de hospital separada, com cama profunda e saca, acesso à água e comida e reposicionamento regular.

As vacas inscritas no estudo foram colocadas sobre um tapete de borracha e arrastadas até dentro do tanque. O tanque foi preenchido com 2.400 litros de água previamente aquecida. As vacas “flutuaram” (de tal forma que puderam ficar confortavelmente sobre os quatro membros) por uma média de 8 horas, durante as quais elas tiveram acesso à comida e água de bebida. As vacas que não conseguiram ficar confortavelmente sobre seus quatro membros durante a flutuação, ou que não mostraram nenhuma iniciativa de se alimentar, foram indicadas para eutanásia. Doze horas depois do tratamento de flutuação, o veterinário reavaliou a condição das vacas. Nos casos em que foi observada a melhora da vaca, tornando-se um caso não-ambulatorial nas horas que se seguiram, foi recomendado um tratamento adicional.

A qualidade da assistência oferecida às vacas caídas enquanto estiveram em decúbito teve um efeito profundo sobre o resultado do tratamento. Cerca de 70% das vacas que receberam bons cuidados recuperaram-se depois de submetidas à terapia de flutuação. Em contraste, quase 90% das vacas que receberam poucos ou maus cuidados não conseguiram se recuperar após os tratamentos.

O tempo entre o primeiro momento em que as vacas deitaram e o início do tratamento de flutuação, também foi crucial. Vacas que ficaram deitadas por 24 horas ou menos antes do tratamento tiveram maior chance de recuperação após a terapia de flutuação (Gráfico 1). De fato, as chances da terapia de flutuação resultar em recuperação das vacas caídas declinaram após cada hora de atraso no início do tratamento. Vacas em decúbito por 48 horas tiveram 50% de chance de recuperação, sendo que os melhores resultados foram para vacas tratadas dentro das 12 horas iniciais ao decúbito.

Quanto maior o tempo em decúbito, maior o risco de compressão secundária. Este dano pode afetar, principalmente, os grandes músculos dos membros pélvicos, que normalmente estão posicionados sob o corpo da vaca.

Concluindo, as chances de recuperação foram maiores quando a terapia de flutuação começou rapidamente, e as vacas receberam os devidos cuidados enquanto estiveram em decúbito, incluindo reposicionamento cuidadoso, cama confortável, acesso à comida e água. Aconselhamos os produtores a manterem protocolos de procedimentos, para cuidar e tratar adequadamente das vacas, e um planejamento de ações, que irá ajudar a tomar a decisão final, seja o tratamento ou a eutanásia.

 

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