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Viajar é preciso

São muitas as razões pelas quais viajar é importante para todo mundo, e não seria diferente para quem produz leite ou é técnico do setor.

Viajar é preciso

Edição #95 - Fevereiro/2017

VIAJAR É PRECISO

Não precisa ser pra muito longe, mas precisa sair! Porque sair é, muitas vezes, a melhor forma de se encontrar, por mais estranho que isso possa parecer. Porque viajar nos torna mais humildes, ao nos mostrar que o mundo é muito maior que a nossa fazenda, e muito mais complexo. Porque viajar traz o novo, que é a melhor forma de se inspirar e desenvolver a criatividade para enfrentar desafios e crescer. Porque viajar te faz conhecer muitas pessoas interessantes, que você nunca encontraria se não saísse da sua propriedade. Porque viajar é uma ótima forma de provar que você pode ir muito mais longe do que imagina, tanto na vida pessoal quanto profissional.

São muitas as razões pelas quais viajar é importante para todo mundo, e não seria diferente para quem produz leite ou é técnico do setor. É claro que não é fácil sair da fazenda, mas o esforço vale a pena, pois se aprende aquilo que nenhum livro ensina - a vivência.

Muitas empresas do setor organizam viagens técnicas, nacionais e internacionais, que são excelentes oportunidades para conhecer fazendas e pessoas, participar de exposições e congressos, além de se divertir um pouco, afinal ninguém é de ferro!

EXPANDINDO HORIZONTES

Para Saul Hatem, Gerente de Marketing, da Bayer Saúde Animal, “o principal objetivo é realizar o intercâmbio de informações, ampliando o network, bem como promover a interação entre os participantes. Julgamos muito importante, e até um compromisso nosso como Companhia, oferecer atualizações e levar o conhecimento às pessoas ligadas à pecuária, seja um estudante, produtor, cliente, parceiro ou acadêmico. O maior ganho é, posteriormente, utilizar estas pessoas que participam de eventos assim, como propagadores do conhecimento obtido em seus meios, afirma ele. Segundo Rodrigo Costa, Gerente de Leite, da DSM/ Tortuga, “o objetivo dessas viagens é expandir a capacidade crítica dos clientes e buscar soluções e respostas, visitando modernos sistemas de produção. Já levamos mais de 70 pessoas nas viagens, entre produtores e técnicos.”

Nelson Eduardo Ziehlsdorff, Diretor-Presidente da Semex, sempre busca formar um grupo de pessoas com interesses e informações que agreguem a troca de experiências durante as viagens. “As fazendas selecionadas para visitação são sempre de performance superior e com algum destaque seja em nutrição, manejo, gestão, reprodução, genética, entre outros, o que facilita e tira muitas dúvidas dos criadores que acompanham a viagem, pois sempre buscamos atender às expectativas e necessidades das pessoas que contemplam o grupo”, explica.

TRAZENDO NA BAGAGEM

Quem já participou de alguma viagem, sempre traz na bagagem informações preciosas, capazes de solucionar algum problema, melhorar o manejo ou a gestão de suas propriedades.

É o caso da Maria Antonieta Guazzelli, da Agropecuária Rex, em Boa Esperança/MG. “A cada projeto novo ou problema que temos não economizamos sapato. Vamos andar e ver o que nossos colegas fizeram, aprender com eles para desenharemos a melhor solução. Para definir a nossa nova sala de ordenha, andamos durante um ano, dentro e fora do Brasil, para buscarmos a solução mais adequada ao nosso negócio”, afirma. Ela acredita que as viagens técnicas são essenciais para o negócio. “Trazem um crescimento profissional enorme, pois temos acesso ao aprendizado prático, real, concreto, que se chama experiência dos nossos colegas. São uma grande oportunidade de conhecer novas técnicas, manejos diferentes, equipamentos e, principalmente, novas ideias! Nesta troca de experiência, aprendemos o que funciona, o que não funciona, como fazer dar certo, quais resultados vêm sendo obtidos, e tudo isto vivenciado, acompanhado”, afirma.

Para Marcelo Rigueira, da Poitara Genética, em Matosinhos/MG, as viagens são uma ferramenta de aprendizado e atualização. “EUA e Canadá são países que estão muito a frente dos demais em vários aspectos referentes ao negócio leite; desde tecnologia, investimento em pesquisa, genética, controles leiteiros, classificações, e até mesmo na forma de comercialização do leite. Isto tudo me mostrou o quanto tenho a evoluir dentro da atividade, sempre levando em conta a realidade brasileira, mas nunca esquecendo os conceitos básicos do negócio”, afirma ele. Além de fazendas, Marcelo também visita exposições no Brasil e fora dele. Segundo ele, as exposições mais importantes do mundo são a World Dairy Expo, em Madison/EUA, e a Royal Winter Fair, em Toronto/Canadá.

Para os técnicos, visitar outras propriedades é também uma forma importante de se atualizar profissionalmente. Régis José de Carvalho, Médico Veterinário, acredita que as viagens técnicas proporcionam um curso intensivo de alguns dias, no qual se discute sobre toda a cadeia de produção do leite, a cada propriedade visitada. “Existe uma troca de experiência profissional entre os participantes, em que cada um dá sua opinião sobre todos os assuntos, levando a um aprendizado imenso”, afirma. Régis conta que já trouxe muitas informações relacionadas à nutrição, que deram excelentes resultados.

Essa é também a opinião de outro técnico, o Médico Veterinário, Valdir Chioga Júnior. “Sempre que tenho oportunidade também gosto de visitar propriedades no Brasil, trocar experiências com outros técnicos e conhecer desafios de outras regiões, tanto via empresas comerciais, quanto nas oportunidades que tenho trabalhando como consultor. Além de tentar ensinar algo para as fazendas por onde passo, sempre trago na “bagagem” novos conhecimentos pessoais e profissionais”, afirma ele. Sérgio Soriano, Gestor de Pecuária da Fazenda Colorado, em Araras/SP, e Embaixador Leite Integral, acha que as viagens técnicas são muito importantes, pois contribuem para o desenvolvimento de qualquer empresa ou técnico. Porém, faz uma ressalva: “a mente tem que estar aberta a aprender sempre. Muitas vezes, pessoas que nos acompanham parecem ir nos lugares procurar problemas ou defeitos, e aí perde a enorme chance de aprender e trazer conhecimento para a sua equipe. Eu participo sempre que possível de eventos deste tipo, o que tem nos ajudado muito a não viver dentro de nossas bolhas e a implementar muitas coisas importantes para nossa fazenda.”

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Fernando Bracht, Médico Veterinário, pensa que tanto o produtor, quanto o técnico que não saem muito da fazenda em que trabalham, ficam bastante operacionais e não têm tempo de evoluir na mesma intensidade que pessoas que vão a congressos e viagens técnicas. “Nestes eventos, nós vemos temas novos e também tecnologias que podemos trazer para nossa rotina, implementando-as em alguma fazenda, como se fosse um plano piloto, e a partir desta expandir para as outras,” explica. Ele procura trazer no mínimo uma situação técnica nova de cada viagem, que deve ser colocada em prática dentro de alguma fazenda, conforme a sua realidade.

Eduardo Xavier, da Granja 4 Irmãos, em Rio Grande/RS, também tenta participar de todas as viagens para as quais é convidado pelas empresas parceiras da fazenda. “De todas as viagens que fiz, eu consegui trazer informações e ideias a serem implantadas no nosso projeto. Além disso, conseguimos comparar se nosso trabalho está de acordo com os melhores projetos de países de ponta no leite, visto que as fazendas selecionadas sempre são de referência”, afirma ele. Eduardo nos contou que em uma viagem ao Canadá, feita em 2013, com a Semex, fez uma mesma pergunta a todos os técnicos e produtores das fazendas visitadas: Sei que trabalham com genética de ponta, mas na opinião de vocês, qual o touro que realmente consideram que “paga ou pagará a conta”? Todos responderam o mesmo touro, “Manifold”. “Usei esse touro desde então, e no ano de 2016 ele se tornou um dos touros milionários, referência da central.”

Maria Antonieta também tem um fato marcante de uma viagem para contar. “Na última viagem que fiz, em 2016, com a Alta Genetics, visitamos uma fazenda que tinha 5.000 vacas em lactação. Ao conhecer a estrutura da maternidade, vimos que, nos últimos 5 anos a taxa de natimorto é de apenas 1,8%. Tecnologia? Instalações diferenciadas? Veterinários 24 horas e 7 dias por semana? Nada disso! Manejo simples, responsável e executado por pessoas engajadas. E com aproveitamento de 100% dos erros: a cada natimorto é feita uma discussão para verificar o que pode ser melhorado”, conta ela.

APRENDENDO COM AS DIFERENÇAS

Mesmo que as realidades visitadas sejam muito diferentes das nossas, é possível aprender e adaptar os conhecimentos para a nossa realidade. O Médico Veterinário Valdir Chiogna acredita que “sempre conseguimos aprender algo, mesmo em condições que, à primeira vista, sejam muito diferentes da nossa. Podemos adaptar ou mesmo abrir nossa mente, criando novas alternativas para velhas preocupações.” Marcelo Junqueira, Médico Veterinário, também ressalta a importância desse intercâmbio, tanto no Brasil quanto no exterior. “Apesar de ser outra realidade, sempre há a possibilidade de se incorporar algum procedimento, perfis genéticos mais buscados e modelos de instalações ao nosso dia a dia, além da troca de culturas e amizades que acontece nesses eventos e deve ser aproveitada,” afirma.

Mas, o contrário também vale. É importante ter em mente que nem tudo que funciona para um produtor, pode funcionar para você. Vários fatores influenciam o sistema, como clima, raça e genética dos animais, alimentação disponível, recursos financeiros, mão de obra e por aí vai. O objetivo não é copiar, e sim aprender com os modelos que funcionam na prática.

FAZENDO AMIGOS

Mas, os ganhos de uma viagem vão muito além do conhecimento técnico e troca de experiências. Todo mundo que vai a uma viagem acaba fazendo boas amizades. “Um ponto que achamos extremamente positivo, é a descontração que uma viagem proporciona. Sair da rotina, pensar um pouco “fora do quadrado”, conhecer pessoas e lugares novos, e depois retornar com novas ideias é, sem dúvida nenhuma, um ganho muito grande”, afirma Saul Hatem. Essa é também a opinião de Maria Antonieta. “Do ponto de vista pessoal, ganhamos muitos amigos a cada viagem, estabelecemos novos relacionamentos, novas portas para a troca de experiências, novas pessoas a nos apoiarem e também nos criticarem. Tenho certeza de que as decisões mais acertadas que tomamos foram baseadas neste ambiente que as viagens nos trazem”, afirma ela.

GUARDANDO LEMBRANÇAS

As viagens também reservam surpresas e boas lembranças. Sergio Soriano conta que quando estavam desenhando o projeto de ventilação cruzada da Colorado, agendaram uma visita para os EUA, e só ficaram sabendo que seria feriado lá quando já estavam viajando. “Imaginei que seria uma dificuldade chegar lá e ser recebido por um americano em pleno feriado. Para complicar ainda mais a situação, a pessoa que nos receberia havia fraturado a perna e estava de muletas há 10 dias. Nossa chegada ao Kansas tinha tudo para ser um fiasco. Mas, para nossa enorme surpresa, quem nos aguardava no aeroporto era nada menos que John Smith que, com sua muleta e perna fraturada nos levou até a universidade, mostrou tudo e apresentou todos os dados que tinha levantado de nossa região sobre clima, fazendo todas as suas colocações de forma muito bem embasada. E como se não bastasse, ainda nos levou para jantar em um restaurante típico da região. Hoje, sempre que ouço falarem algo negativo dos americanos, conto a minha história, e lembro com saudades dessa lição de profissionalismo, em um mundo tão competitivo”, conta ele.

Deu vontade de planejar a próxima viagem, né?! Então, não perca nenhuma oportunidade de sair por aí, pois “a vida é um livro, e quem não viaja lê apenas a primeira página.”

CECÍLIA SUCASAS 
MARIA THEREZA REZENDE 
FLÁVIA FONTES 
Editoras da Revista Leite Integral

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