Este site utiliza cookies

Salvamos dados da sua visita para melhorar nossos serviços e personalizar sua experiência. Ao continuar, você concorda com nossa Política de Privacidade, incluindo a política de cookie.

Novo RLI
x
ExitBanner
Genética

Visão do Presente

Visão do Presente

Texto: Eduardo de Oliveira Lopes

 

Gerencialmente, temos que estar sempre atentos ao surgimento de novas ferramentas que possam ser efetivamente úteis para nossas práticas diárias, por criar facilidades operacionais, por aumentar a eficiência técnica, por melhorar o retorno econômico ou, finalmente, por nos proporcionar maior conforto.

Não necessariamente, ferramentas novas irão gerar o retorno esperado ou, em algumas vezes, nem irão gerar retorno. Mas, com certeza, este não é o caso do desenvolvimento das avaliações genômicas.

Nossa visão de criador e produtor de leite é de que as avaliações genômicas são, a partir de “ontem”, uma importante conquista tecnológica para a pecuária leiteira. Não só importante mas, com absoluta certeza, "um marco consistente" na trajetória histórica que a atividade vai desenhando ao longo da existência humana. "Um marco" em função do aumento na velocidade do ganho genético nos rebanhos leiteiros em todo o mundo e em todas as raças.

Mas, é importante que nós produtores tenhamos uma visão clara de como funciona esta ferramenta e de como ela poderá ser utilizada. Se indagarmos a comunidade do agronegócio leite do Brasil com as seguintes perguntas:

Você conhece as provas genômicas?

Como você tem utilizado estas provas?

A resposta, quando positiva, irá se restringir à utilização das provas genômicas pela aquisição de touros genômicos, divulgados e comercializados por empresas de genética animal, comumente chamadas de centrais de inseminação. No entanto, o potencial de utilização e a amplitude desta ferramenta é infinitamente maior.

É sobre esta visão mais abrangente que vamos dissertar, descrevendo o que estamos fazendo na Poitara Genética, em Barbacena, Minas Gerais, e como utilizamos esta ferramenta em nosso dia a dia.

O principal objetivo da Poitara Genética é se tornar uma das principais referências do mercado de leite do Brasil, como fonte segura de material genético para rebanhos Holandeses e Girolando. Para conseguirmos alcançar este status, é fundamental que tenhamos grande acuidade em nossa seleção. Acuidade no sentido de termos um grande nível de acerto em nossas decisões de seleção.

Para se ter acuidade em uma seleção, o “PRIMEIRO PASSO” é definir os objetivos da seleção. No nosso caso, o objetivo primário é consolidar um rebanho com muito equilíbrio fenotípico, portanto, com PTA's para Tipo, Pernas e Pés e Sistema Mamário elevados. É fundamental que o produtor tenha muito bem definido quais são os objetivos de seu sistema de produção para traçar um plano de ganho genético para o rebanho. A não definição clara e convicta destes objetivos acarreta danos expressivos de médio prazo, provocando grandes perdas econômicas.

O “SEGUNDO PASSO”, naturalmente, é a seleção das doadoras que serão a base de multiplicação genética. No nosso caso, esta seleção foi baseada na avaliação fenotípica das doadoras e de toda sua progênie. Procuramos pedigrees profundos, com várias gerações de vacas classificadas Muito Boas, MB, ou Excelente, EX. Em nossa seleção original não dispúnhamos das avaliações genômicas das doadoras, tínhamos somente suas genealogias.

Uma vez definidos os objetivos e selecionadas suas doadoras, o TERCEIRO PASSO é a multiplicação deste material genético, com acasalamentos adequados no sentido de produzir fêmeas que realmente expressem, fenotipicamente, o que você deseja para um animal que compõe o seu rebanho. É importante lembrar que acasalamentos mal direcionados podem contribuir com a degradação de seu material genético.

Para a POITARA GENÉTICA alcançar seus objetivos, é fundamental que ela acerte em suas decisões, que ela tenha realmente “ACUIDADE”. Aí é que entra a força das provas genômicas. As provas genômicas, efetivamente, aumentam nossa acuidade, nossa capacidade de acertar.

Afirmei anteriormente que nossa seleção original de doadoras foi feita sem a informação das provas genômicas. No entanto, hoje dispomos das avaliações genômicas de 100% de nossos animais, machos e fêmeas, como pode ser observado na Figura 1.

 

Figura01_Avaliaa??o_Genomica_Media_Animais_Poitara.jpg (726 KB)

Observando o linear médio de nossos animais, machos e fêmeas, podemos constatar que nosso índice de acerto foi bastante elevado, em função da média altíssima apresentada pelas avaliações genômicas dos produtos nascidos e do grande equilíbrio das diversas características fenotípicas, o que demonstra que a análise das famílias das doadoras, com pedigrees profundos, se configura uma excelente ferramenta em sua seleção genética. Ao observarmos os detalhes da avaliação linear genômica média de nossas matrizes, podemos observar que as médias dos compostos são muito altos, PTA Tipo (2,60), PTA Úbere (1,87), PTA Pernas e pés (1,76) e que determinadas características, focos de nossa seleção, também são muito diferenciadas, tais altura de úbere posterior (3,17) e inserção de úbere anterior (2,79).

Mesmo com médias altas nas diversas características da avaliação linear, é natural que a gente tenha uma grande variação individual para algumas características. É nesta hora que as avaliações genômicas começam a fazer grande diferença para nosso trabalho. De posse das avaliações genômicas individuais, podemos aumentar tremendamente nossa “ACUIDADE”, nosso índice de acerto na seleção dos animais que efetivamente iremos multiplicar. Nas Figuras 2 e 3, podemos observar como dois animais que compõe nosso rebanho apresentam lineares totalmente distintos. A Amanda (Figura 2) apresenta linear extremamente equilibrado com destaques para seus PTA’s para Tipo (3,81), Sistema Mamário (3,21), Pernas e Pés (3,40), e altura de úbere posterior (4,76), consolidando-se, efetivamente, como uma de nossas possíveis doadoras, multiplicadora de genética. A Adriana (Figura 3), por sua vez, não apresenta o mesmo equilíbrio em suas avaliações lineares genômicas, com evidentes restrições em importantes características, como composto de pernas e pés (- 0,05) e profundidade de úbere (- 0,11), posicionando-se como um animal que não contempla as exigências mínimas para fazer parte de nosso processo de seleção e multiplicação genética. Naturalmente, a análise com este nível de acuidade só é possível de posse das avaliações genômicas.

Figura02_Avaliaa??o_Genomica_Amanda.jpg (691 KB)

Foto01_Amanda.jpg (943 KB) 

Figura03_Avaliaa??o_Genomica_Adriana.jpg (695 KB)

 

Foto02_Adriana.jpg (944 KB)

 

Lembrando que características do sistema mamário só poderão ser avaliadas após o primeiro parto, com as avaliações genômicas torna-se possível a avaliação precoce de suas fêmeas, minimizando o investimento desnecessário em animais geneticamente inferiores.

As avaliações genômicas podem “condenar” alguns animais dentro de sua seleção genética como também, de forma não menos importante, podem “salvar” material genético diferenciado dentro de seu rebanho, evitando o descarte de animais que, por problemas ambientais, não tenham expressado seu potencial mas, que de fato contenham material genético altamente diferenciado para os objetivos de sua seleção, evidenciados em sua avaliação genômica.

Como nós já temos definidos de forma muito clara quais são nossos objetivos de seleção, com a ajuda das avaliações genômicas, o primeiro e o segundo passo em busca de nossos objetivos já estão garantidos. Portanto, dentro do mesmo raciocínio, ao utilizarmos as avaliações genômicas de nossas fêmeas, estaremos realizando acasalamentos com muito maior segurança. Podemos selecionar touros de forma muito mais específica para cada animal. Naturalmente, o linear dos touros holandeses utilizados em nossos acasalamentos são minuciosamente avaliados para que eles possam contribuir no sentido da manutenção das qualidades observadas nas provas genômicas de nossas fêmeas e da correção de suas possíveis deficiências.

Na Poitara Genética, estamos considerando as avaliações genômicas não somente para realizarmos os acasalamentos com os touros holandeses mas, também, com os touros Gir Leiteiro, para a produção de animais F1, meio sangue. Por exemplo, ao utilizarmos touros Gir Leiteiro que transmitem muita força, mas que tendem a produzir animais mais grosseiros, com menor caracterização leiteira, direcionamos os acasalamentos a animais com genomas com grande diferencial positivo para caracterização leiteira. Ao utilizarmos algum reprodutor de destaque em diversas características, mas que transmita características indesejáveis para pernas e pés, direcionamos os acasalamentos para as fêmeas que apresentem PTA para pernas e pés elevados.

As avaliações genômicas nos permitem utilizar com maior segurança touros que são extremamente melhoradores para determinadas características que desejamos selecionar, a despeito de algumas limitações que eles possam apresentar em suas avaliações.

Naturalmente, estes acasalamentos serão muito mais ricos quando utilizamos Holandês com Holandês, em função da grande riqueza de detalhes da prova dos touros Holandeses, como pode ser observado na Figura 4. No entanto, mesmo que as provas dos touros Gir Leiteiro ainda sejam menos ricas em detalhes, já nos fornecem informações suficientes para realizarmos nossos acasalamentos.

 Figura04_Avaliaa??o_Genomica_Atthos.jpg (699 KB)

Foto03_Atthos.jpg (959 KB)

O objetivo desse artigo foi dar uma visão do presente por uma razão bastante óbvia: as provas genômicas já são uma realidade, já estão disponíveis; não demandam aquisição de novos conhecimentos técnicos e nem gerenciais, por parte de nós produtores; não demandam mudanças de infraestrutura e nem grandes investimentos. São uma realidade presente e não o futuro. As provas genômicas não nasceram hoje, possuem maturidade suficiente para que a gente possa utilizá-las de forma segura. Não espere para entender o presente somente no futuro.

 

        

 

Compartilhar:


Comentários

Enviar comentário


Artigos Relacionados