Edição 158
FLÁVIA FONTES
MÃE FICA
“Mãe é quem fica. Depois que todos vão. Depois que
a luz apaga. Depois que todos dormem. Mãe fica. Às
vezes não fica em presença física. Mas mãe sempre fica.
Uma vez que você tenha um filho, nunca mais seu coração
estará inteiramente onde você estiver. Uma parte sempre
fica. Fica neles. Se eles comeram. Se dormiram na hora certa.
Se brincaram como deveriam. Se a professora da escola é gentil. Se
o amiguinho parou de bater. Se o pai lembrou de dar o remédio.
Mãe fica. Fica entalada no escorregador do espaço kids, pra brincar com a
cria. Fica espremida no canto da cama de madrugada, pra certificar que a
tosse melhorou. Fica com o resto da comida do filho, pra não perder mais
tempo cozinhando. É quando a gente fica que nasce a mãe. Na presença
inteira. No olhar atento. Nos braços que embalam. No colo que acolhe.
Mãe é quem fica. Quando o chão some sob os pés. Quando todo mundo vai
embora. Quando as certezas se desfazem. Mãe fica.
Mãe é a teimosia do amor, que insiste em permanecer e ocupar todos os
cantos. É caminho de cura. Nada jamais será mais transformador do que
amar um filho. E nada jamais será mais fortalecedor que ser amado por
uma mãe.
É porque a mãe fica, que o filho vai. E no filho que vai, sempre fica um
pouco da mãe: em um jeito peculiar de dobrar as roupas. Na mania de
empilhar a louça só do lado esquerdo da pia. No hábito de sempre avisar
que está entrando no banho. Na compaixão pelos outros. No olhar sensível.
Na força pra lutar. No coração do filho, mãe fica”.
Com essa belíssima imagem da mãe Fernanda e sua filha Maria quero
homenagear todas as mães da pecuária leiteira.
Boa leitura e até a próxima.