dsm-firmenich apresenta: a inflamação em vacas de leite pode estar tirando seu lucro. Saiba como solucionar!

Por muitos anos, o principal foco das pesquisas mundiais foi o rúmen, pois, naturalmente, ele é o que mais distingue os ruminantes dos outros animais, permitindo-lhes digerir fibras e sendo o maior gerador de energia e, muitas vezes, de proteína. Esses animais dependem, assim, diretamente da fermentação bacteriana para suprir suas necessidades nutricionais diárias.

Recentemente, com a mudança de foco das pesquisas, foi descoberto que os intestinos delgado e grosso também desempenham papéis de grande importância. No intestino grosso, por exemplo, também ocorre a fermentação bacteriana dos nutrientes que escaparam dos órgãos anteriores. Em vacas de alta produção e alta taxa de passagem, até 20% da energia pode ser derivada dessa fermentação.

O intestino delgado, por sua vez, recebe várias enzimas digestivas e absorve a maioria dos nutrientes não absorvidos no rúmen, como os ácidos graxos voláteis (AGVs), além de proteínas, boa parte dos minerais e vitaminas, e a glicose gerada pela digestão química no abomaso. Seu funcionamento ótimo, e não apenas normal, é essencial tanto para ruminantes quanto para monogástricos, como porcos, galinhas e humanos

Intestino: um órgão de defesa

O intestino é o órgão com maior concentração de anticorpos do organismo, cerca de 70%, tornando-se fundamental na defesa contra infecções e diferentes tipos de doenças. Sob condições de má digestão, quantidades excessivas de nutrientes ficam disponíveis, permitindo que bactérias patogênicas se multipliquem rapidamente no trato digestivo, o que pode resultar facilmente em desequilíbrios entéricos. Diversos fatores, como o estresse calórico, transição de dieta, acidose, cetose, presença de micotoxinas na dieta, entre outros, podem desencadear um desequilíbrio no sistema gastrointestinal.

 Quando há desequilíbrio na barreira intestinal, ocorre um aumento na permeabilidade, permitindo a entrada de endotoxinas no animal, o que desencadeia uma resposta imunológica que inclui processos infl amatórios. A infl amação é uma resposta natural do corpo a lesões e infecções; no entanto, processos crônicos resultam em efeitos prejudiciais à saúde, produtividade e longevidade. Em vacas leiteiras, a inflamação crônica prolongada tem um custo energético alto, o que leva à redução na produção de leite e à piora na reprodução, impactando negativamente os resultados financeiros do produtor.

O potencial dos compostos fitogênicos, prebióticos e minerais na saúde gastrointestinal

Recentemente, compostos fitogênicos têm sido objeto de estudo por suas propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes, antimicrobianas e de suporte imunológico. Esses compostos são substâncias de origem vegetal que podem incluir plantas inteiras, ervas e especiarias em pó, além de óleos essenciais específicos. Estudos que avaliaram aditivos fitogênicos na dieta de vacas em lactação com alto teor de concentrado demonstram sucesso na prevenção de mudanças na composição da microbiota e na redução de metabólitos prejudiciais à saúde dos animais (Neubauer et al., 2018; Rivera-Chacon et al., 2022). 

Esses compostos também mostraram capacidade de amenizar a acidose (Kroger et al., 2017) e reduzir a concentração de endotoxinas (lipopolissacarideos) em até 43% (Humer et al., 2018).

Outra classe também muito estudada são dos prebióticos, mais precisamente leveduras mortas autolisadas que com diferentes compostos consegue modular a flora intestinal, alterar a resposta imune inata (e.g. monócitos), tanto em velocidade quanto em eficácia, e reduzem os efeitos deletérios da inflamação. 

Os minerais desempenham funções essenciais na saúde gastrointestinal dos ruminantes. Por exemplo, o zinco regula proteínas das junções estreitas (tight junctions) e melhora o sistema imunológico, atuando como antioxidante e/ou aumentando a expressão de substâncias antimicrobianas, como as β-defensinas. O manganês e o cobre também têm ação comprovada nas junções estreitas e na resposta imunológica (Zhang et al., 2020; Lin et al., 2020). O cromo, por sua vez, é fundamental na redução do cortisol, o que mitiga os efeitos do estresse térmico, sendo um dos principais benefícios a diminuição da permeabilidade intestinal (leaky gut). Em um estudo, a suplementação com Cromo Tortuga reduziu o cortisol em 19% (Sousa et al., 2020). 

Victus Digest™: inovação para a saúde gastrointestinal Com base nos benefícios descritos, a dsm-firmenich desenvolveu um produto único para melhorar a saúde gastrointestinal e geral das vacas: o Victus Digest™. Esse produto é composto pelo Digestarom Dairy, composto fitogênico para rebanho leiteiro da dsm-fimenich, por minerais Tortuga e por leveduras autolisadas. 

O Victus Digest™ foi recentemente testado em duas pesquisas realizadas no Brasil, com resultados surpreendentes. A primeira pesquisa, realizada em parceria com o Laboratório de Pesquisa em Bovinos de Leite na FMVZ/USP, teve seus resultados apresentados na reunião do ADSA, na Flórida. Neste estudo, foram avaliados os efeitos de três tratamentos: a) Monensina; b) Digestarom® Dairy; c) Victus Digest™, no desempenho produtivo e saúde das vacas. 

Os dados da Figura 1 mostram os resultados comparando monensina e Victus Digest™, com todas as vacas recebendo uma dieta basal com 25% de amido, composta por silagem de milho, farelo de soja, grão de soja, polpa cítrica, DDG, e milho moído.

OS MINERAIS DESEMPENHAM FUNÇÕES ESSENCIAIS NA SAÚDE GASTROINTESTINAL DOS RUMINANTES

As vacas suplementadas com Victus Digest™ produziram 1,5 kg a mais de leite corrigido para gordura (3,5%) consumindo 1,2 kg a menos de dieta, em comparação às vacas que receberam monensina, resultando em uma efi ciência alimentar 8,8% superior. Além disso, o Victus Digest™ reduziu a contagem de células somáticas de 467.000 para 176.000 células/ml, abaixo do limite de 200.000 células/ml, considerado o ponto de corte para mastite subclínica. O produto também reduziu processos inflamatórios, avaliados pela diminuição do biomarcador haptoglobina, além de reduzir a enzima aspartato aminotransferase, indicador de melhor funcionamento hepático (Poletti et al., 2024).

Figura 1. Consumo de dieta total, produção de leite corrigido para gordura de vacas suplementadas com monensina ou Victus Digest Fonte: adaptado de Poletti et al., 2024.  

Interessante também que o Victus Digest™ afetou diretamente o metabolismo de proteína no rúmen, reduzindo nitrogênio ureico e aumentando produção de proteína microbiana, conforme Figura 2. 

Figura 2. Proteína microbiana e CCS (Log) em vacas suplementadas com monensina ou Victus Digest.

A segunda pesquisa foi realizada em parceria com o grupo de pesquisa da Universidade Federal de Lavras, com o objetivo de avaliar os efeitos do Victus Digest™ na saúde gastrointestinal de vacas que receberam uma dieta com alto teor de amido (30% de amido). Além da alta concentração de amido, esse estudo incluiu um desafio experimental de retirada da dieta por 12 horas, com o intuito de induzir a acidose, condição que também provoca alterações no intestino.

Os resultados demonstraram um maior consumo das vacas alimentadas com Victus Digest™ (Figura 3), um fator desejável, especialmente durante o desafio de pico de consumo. Houve também um aumento na produção de leite corrigido para gordura (900ml), maior tempo de ruminação (em minutos por dia) e, consequentemente, maior produção de sólidos. Esse estudo contou com uma avaliação específica da integridade intestinal utilizando a técnica do Cromo EDTA, que é usada como medida direta da permeabilidade intestinal por não ser degradado por bactérias. Os resultados mostraram menores concentrações numéricas e a tendência de menor concentração de Cr com a suplementação de Digestarom 4 horas após a infusão, o que signifi ca uma melhora na barreira intestinal com a suplementação de Victus Digest™. Os resultados foram apresentados na Reunião da Sociedade Brasileira de Zootecnia, em Cuiabá (Carvalho et al., 2024).  

Figura 3. Consumo de dieta total, produção de leite corrigido para gordura e permeabilidade intestinal de vacas suplementadas sem aditivos (controle) ou Victus Digest

Fonte: adaptado de Carvalho et al., 2024

Proteção e saúde do trato gastrointestinal 

Os resultados dos estudos comprovam que o Victus Digest™ é uma ferramenta eficaz na proteção do trato gastrointestinal, promovendo a redução dos processos inflamatórios e, consequentemente, melhorando a saúde, a produtividade e a longevidade das vacas. 

O Victus Digest™ é uma inovação exclusiva que causa impacto na saúde do rebanho, especialmente na integridade do intestino, além de contribuir para a lucratividade do pecuarista produtor de leite.

O Victus Digest™ também demonstrou ser efi caz na melhoria da permeabilidade intestinal, combatendo diretamente os efeitos nocivos da síndrome do intestino permeável, conhecida como leaky gut. Por isso, deve ser utilizado como um aditivo preventivo, atuando como um verdadeiro seguro-saúde para o rebanho leiteiro, além de proporcionar ganhos em saúde (e.g. CCS), produtividade e longevidade  

Autores

CRISTINA SIMÕES CORTINHAS - Supervisora de Inovações e Ciência Aplicada Ruminantes dsm-firmenich

MARCELO GROSSI MACHADO - Gerente Leite Latam dsm-firmenich