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Reprodução

Inseminação artificial

A inseminação artificial tem se tornado cada vez mais rotineira, mas nem por isso devemos deixar de prestar atenção em cada uma de suas etapas.

Inseminação artificial

“Os pequenos detalhes são vitais. São eles que fazem as coisas grandes acontecerem”. Esta frase, dita por John Wooden, vitorioso técnico de basquete dos Estados Unidos, não seria também verdade em relação a tudo o que acontece no dia a dia de uma fazenda leiteira? Basta pensar em todas as pequenas partes de um sistema de ordenha ou de qualquer outro equipamento que utilizamos no processo de obtenção do “alimento natural mais perfeito que temos: o leite”.

Vamos relembrar alguns detalhes que devem ser revisados e inspecionados, rotineiramente, para obtermos sucesso no programa de Inseminação Artificial (IA).

ADMINISTRAÇÃO DE PRODUTOS

É importante termos tempo para conversar com todos os envolvidos no manejo reprodutivo sobre as diferenças entre os hormônios utilizados para a sincronização do ciclo estral. O GnRH (hormônio liberador das gonadotropinas), por exemplo, induz a ovulação, enquanto a função da PGF (prostaglandina F2α) é a regressão do corpo lúteo, para que o estro e a ovulação possam ocorrer.

Para aplicar as injeções, a região deve estar sempre limpa. Os produtos não devem ser administrados, por exemplo, em áreas do corpo sujas de esterco ou barro. Para que o medicamento seja depositado de forma profunda na musculatura, sem haver retorno, é recomendado que as agulhas tenham, no máximo, 1,2 mm de diâmetro (canhão cor-de-rosa) e 4 cm de comprimento.

É fundamental utilizar a dose correta, de acordo com a bula do medicamento. A maioria dos produtos à base de GnRH tem 50 µg/mL (a dose padrão de 100 µg está em 2 mL). Devemos estar atentos, pois produtos de diferentes laboratórios podem ter concentrações variáveis e, portanto, pode ser necessário ajustar o volume para utilização da dosagem correta. Para a PFG, a consulta à bula também é essencial: dependendo da base do medicamento, o volume pode ser de 2 ou 5 mL.

Como o volume por animal é geralmente pequeno (por exemplo, 1 mL), fica ainda mais evidente a necessidade de se utilizar uma agulha de tamanho correto, para que a injeção ocorra de forma profunda na musculatura.

ROTINA DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

Os botijões contendo as palhetas de sêmen devem ser estocados em um pallet para evitar o contato direto com o chão. Outra dica é realizar, frequentemente, a limpeza e reposição da água do equipamento utilizado para descongelamento do sêmen.

VETERINÁRIOS E CONSULTORES DEVEM SER ENVOLVIDOS NA CONDUÇÃO OU ORGANIZAÇÃO DE CURSOS DE RECICLAGEM PARA A EQUIPE RESPONSÁVEL PELAS INSEMINAÇÕES. UMA PRÁTICA ÚTIL NOS TREINAMENTOS É A OBTENÇÃO DE TRATOS REPRODUTIVOS DE FÊMEAS BOVINAS EM ABATEDOUROS, PARA QUE SE FAÇA UMA REVISÃO DA ANATOMIA E LOCAL DE DEPOSIÇÃO DO SÊMEN

No início da rotina de IA, devemos sempre checar a temperatura da água utilizada para o descongelamento, com um termômetro convencional. Cartões medidores de temperatura podem não ter precisão suficiente. Alguns degeladores de sêmen disponíveis no mercado possuem um termômetro acoplado.

Nos procedimentos de procura e retirada da palheta do botijão, a caneca só deve ser levantada até 5 a 7 cm abaixo da abertura do tanque. Mesmo com esse cuidado, aquelas que não serão retiradas acabam sendo expostas a temperaturas mais altas e, por isso, a elevação da caneca deve durar poucos segundos. O descongelamento do sêmen deve ser feito de acordo com a recomendação do fornecedor. Em caso de dúvidas, realize o procedimento a 35°C por 45 segundos.

O cortador de palhetas é o equipamento adequado para retirar a ponta selada da mesma, de modo a permitir o melhor ajuste ao aplicador. Se utilizar tesouras, corte 6 cm abaixo da ponta selada em um ângulo de 90o . Existem equipamentos próprios para manutenção da temperatura em 35o C, até o momento da inseminação, já dentro do aplicador. É recomendado utilizar também a camisa sanitária plástica para proteger o aplicador e a ponta da palheta até que a cérvix seja atravessada e o bico do aplicador esteja no local de deposição do sêmen (no corpo do útero). Nesse ponto, é preciso cuidado para não retirar o aplicador do corpo do útero antes de pressionar o êmbolo até o fim.

Outro passo importante é aquecer o aplicador antes da colocação da bainha e da palheta, para evitar que os espermatozoides recém-descongelados sofram choque térmico. Essa etapa é mais crítica nos meses frios, mas também pode ser um problema em dias frescos, porque o sêmen pode esfriar muito rápido para atingir o equilíbrio com a temperatura ambiente.

Uma dica importante é não descongelar muitas palhetas ao mesmo tempo. A regra geral seria retirar do botijão apenas as palhetas que podem ser usadas em 10 a 15 minutos. A colocação de várias delas no descongelador favorece a aderência entre elas, prevenindo o descongelamento rápido e uniforme. Vale lembrar que o degelo apropriado e ágil é essencial para a sobrevivência dos espermatozoides. Mesmo com o procedimento correto, a taxa de sobrevivência é de 65%.

Após a rotina de inseminação, os aplicadores devem ser lavados com água e sabão, enxaguados até a retirada de todo o produto de limpeza e guardados bem secos.

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RECICLAGEM

Veterinários e consultores devem ser envolvidos na condução ou organização de cursos de reciclagem para a equipe responsável pelas inseminações. Uma prática útil nos treinamentos é a obtenção de tratos reprodutivos de fêmeas bovinas em abatedouros, para que se faça uma revisão da anatomia e local de deposição do sêmen.

Outro recurso que podemos utilizar é o Youtube. Palavras-chave como “bovine A.I. tutorials” (tutorial, IA, bovinos, dicas, passo a passo) permitem encontrar vídeos que podem ser usados para reciclagem do treinamento. Alguns são melhores que outros, mas a maioria tem boas dicas para discussões dentro da fazenda.

Você deve avaliar constantemente se o seu melhor inseminador está realizando a maioria das inseminações. Os dados da sua fazenda podem ser usados para avaliar quem está obtendo os melhores resultados, mas tome cuidado para não fazer comparações injustas. Por exemplo: não compare os resultados do inseminador das novilhas com o das vacas em lactação, ou do colaborador que realizou a primeira IA pós-parto com aquele que é responsável pelos cios de retorno. Precisamos sempre inspecionar a rotina, ou seja, devemos avaliar o impacto das mudanças e como elas estão sendo conduzidas, para que toda a equipe esteja em sintonia.

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Foto: Avalie o resultado por inseminador, mas seja justo ao comparar aqueles que inseminam grupos diferentes

Ouça os colaboradores da sua equipe: eles podem ter sugestões para melhorar a eficiência e as condições de trabalho. Citando J. W. Marriott (magnata da rede hoteleira): “Se você cuidar dos seus colaboradores, eles irão cuidar bem dos seus clientes - ou das suas vacas - e o seu negócio vai tomar conta dele mesmo”. A revisão da rotina de trabalho, dos detalhes e das ações relacionadas ao manejo reprodutivo de vacas e novilhas pode melhorar a taxa de prenhez do seu rebanho.

JEFF STEVENSON Kansas State University Republicação autorizada da edição de 10 de fevereiro de 2018 da Hoard’s Dairyman. Copyright by the W. D. Hoard and Sons Company, Fort Atkinson, Wisconsin, USA 


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