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Fazendas

Agropecuária Paraíso do Jersey - Hidrolândia/GO

Agropecuária Paraíso do Jersey - Hidrolândia/GO

Segundo um estudo realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), empreendedores de sucesso possuem várias das 10 características abaixo:

1. Busca de Oportunidades e Iniciativa

2. Persistência

3. Correr Riscos Calculados

4. Exigência de Qualidade e Eficiência

5. Comprometimento

6. Busca de Informações

7. Estabelecimento de Metas

8. Planejamento e Monitoramento Sistemáticos

9. Persuasão e Rede de Contatos

10. Independência e Autoconfiança

Paulo Eduardo de Lima, proprietário da Agropecuária Paraíso do Jersey, possui todas!

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história da Agropecuária Paraíso do Jersey começou em uma empresa de transporte de perecíveis, especialmente frangos de corte. Não está entendendo nada, né? Calma, que eu vou explicar! A empresa Luma, de propriedade de Paulo Eduardo Lima, estava consolidada no estado de Goiás, transportando e comercializando, principalmente, frango resfriado. “O mercado de comercialização de frango resfriado exige escala, pois a margem é baixa”, explica Paulo. Buscando uma forma de verticalizar a atividade, o empresário começou a visitar avicultores do Paraná, onde conheceu os “galpões inteligentes” para criação de frango de corte. Decidiu que construiria alguns desses, produziria seus próprios frangos e terceirizaria o abate.

Com isso em mente, passou mais ou menos um ano visitando mais de 150 fazendas, em todas as regiões do estado de Goiás, à procura de um local para iniciar a nova atividade.

O local escolhido foi uma propriedade no município de Hidrolândia, a apenas 35km de Goiânia.

Escritura passada, Paulo buscou uma consultoria para construir os galpões. Tamanha foi sua surpresa, quando o técnico, ao final do dia, lhe informou que a propriedade não poderia criar frangos, pois não tinha água e energia que suportassem galpões de avicultura. Informou, ainda, que o investimento para corrigir isso não seria financeiramente viável. A pergunta óbvia de Paulo foi: “O que vou fazer com esta fazenda?".

A opção pela atividade leiteira veio, segundo Paulo, por um atrativo forte. “Era a atividade que tinha mais choro, mais choradeira, porém era a que menos quebrava. Era a atividade com menos inadimplentes no banco”, explicou entre risos.

Após se decidir pelo leite, Paulo visitou muitas propriedades em todo o Brasil. “Fui a fazendas de 120 a 4.000 litros de leite. Notei que o que faltava ali era gestão", conta ele.

Desde o início do projeto, contratou o veterinário Jefferson Ruela para auxiliá-lo. Juntos, fizeram todo o estudo inicial e tomaram as decisões para começar a atividade. A raça escolhida foi a Jersey, e o sistema de produção foi o semi-confinamento. “Cometi meu primeiro grande erro: eu comecei direto pela genética. Queria ter gado bom, queria a melhor vaca. Trouxe 92 novilhas, adaptei em Goiás, mas não tinha estrutura. Quando elas começaram a parir, iniciou-se o período das chuvas, e foi um "Deus nos acuda" na fazenda: vaca atolando, vaca morrendo, bezerras nasciam e morriam. Aí eu lembrei: poxa, se eu detectei que está faltando gestão, eu já comecei errado”, conta Paulo.

Para a situação extrema, ele tomou uma atitude também extrema. Chamou o Jefferson que, com o passar dos anos, além de veterinário se tornou um grande amigo, e perguntou: “Como é que eu vou tirar leite de 200 vacas num barro desses? Não tem como!”. Mandou parar tudo, secou todas as vacas e decidiu que precisava confiná-las.

O dilema foi que, depois de visitar muitas propriedades, tinha claro na cabeça que não queria fazer um free stall. “Nunca fui adepto do free stall pois, para mim, é uma máquina de destruir vacas", conta.

Tudo isso se passou em 2011 e, nesta época, começou-se a se falar em composto, o Compost Barn. Paulo começou a estudar e visitar compostos no Brasil, já que, em Goiás, não tinha nenhum. Na volta, tinha definido que construiria um na fazenda. Até o Jefferson, que estava com ele nas visitas, interrompeu a construção de seu segundo free stall para também fazer um composto.

Mas, Paulo foi cauteloso. "O sistema era muito novo, ninguém em Goiás conhecia. Havia muita informação desencontrada. Muitas pessoas me diziam que isso não funcionaria, e havia a informação de que a Holanda não comprava leite produzido em composto", explica. Assim, optou por inovar, mas de forma conservadora, e construiu toda a estrutura de esgoto para suportar um free stall com 3 filas de camas. Se o composto desse errado, ele colocaria concreto por cima e teria um free stall convencional. Foi um investimento maior, mas ele se sentiu mais seguro com esta decisão. O custo por vaca alojada foi de R$ 4.000,00.

Em 2012, quando o composto ficou pronto, optaram por usar a palha de arroz, mesmo sabendo que não era a melhor opção, porque a maravalha era cara e difícil de encontrar na região. Colocaram as vacas na cama e o desastre começou. “A vaca caía de manhã e de tarde estava morta”, conta Paulo. Quando a sétima vaca morreu, Paulo chamou o veterinário Luiz Einar Sune, que foi para a fazenda e necropsiou um animal que tinha acabado de morrer. Inicialmente, pensaram que ela estava comendo a palha da cama, mas logo viram que o fígado não estava com aspecto normal. Foi quando lembraram que haviam aberto um silo novo, de duas safras anteriores. Fizeram análise da silagem e descobriram que as mortes foram devidas à presença de toxina na silagem. Esse foi o primeiro e maior problema que tiveram, e o último silo de trincheira usado na fazenda.

Com o passar do tempo, foram aprendendo a manejar o composto no dia a dia, sempre ouvindo muito o Sr. Divino, gerente da fazenda, chamado de “Homem-Vaca”. Segundo Paulo, "o Sr. Divino é aquele profissional que não tem estudo, mas ele bate o olho numa vaca e enxerga. Ele tem muita sensibilidade para olhar as coisas na fazenda e enxergar de verdade”, explica.

As falhas também foram sendo corrigidas ao longo do tempo. Por exemplo, um dia Paulo percebeu que a cama não estava sendo virada diariamente. Descobriu que só quando ele estava na fazenda os funcionários engatavam e desengatavam o trator. Como é realmente difícil mudar os implementos, optou por comprar um trator usado, que fica sempre engatado com o aerador e pronto para usar. Com isso, a cama passou a ser aerada diariamente.

Situações como estas foram acontecendo esporadicamente. Mas, paralelo a isso, os dados começaram a aparecer, e eles viram que estavam no caminho certo.

O segundo composto da propriedade foi construído em 2014. “Nessa época, até vendedor de homeopatia era especialista em composto. Falavam muitas bobagens em palestras. Havia sentido na pele o que eles estavam falando, porque o composto só funciona se você tiver uma equipe muito profissional, e esse é um grande gargalo na atividade", desabafa Paulo.

A fazenda passou a ser referência em composto. "Muitos fazendeiros visitaram a propriedade para conhecer o sistema. Também estavam desesperados por causa do barro do período chuvoso. Já estávamos indo para o segundo ciclo de compostagem, e os números de reprodução, casco e controle de carrapato estavam cada vez melhores. Temos que colocar as vacas no pasto para elas pegarem carrapato e passarem imunidade para os bezerros, mas com uma ou duas semanas já estão limpas de novo, sem usar medicamento. Os cascos crescem e precisamos casquear. A mastite diminui muito, mas não acaba”, conta Paulo.

“Meu maior erro foi ter começado com semi-confinamento. Deveria ter ido para o Compost Barn desde o início”, afirma Paulo.

A partir de 2017, a fazenda iniciará um trabalho de melhoramento genético, pois é quando todas as obras de infraestrutura estarão finalizadas. "Eu prefiro vaca funcional, o meu negócio é leite. Quero dar um passo de cada vez", afirma.

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O sistema de produção

A área total da fazenda é de 111 hectares, sendo 50 ha destinados à lavoura, 37 ha de instalações e pastagens e 20% de reserva legal.

Atualmente, a fazenda tem 270 vacas adultas, sendo que 209 estão alojadas nos dois galpões de composto - um destinado às vacas Jersey e o outro para as Girolando, Holandesas e Pardo Suíças. O objetivo é ter 110 vacas Jerseys e 110 Pardo Suíças.

O manejo é conduzido por 6 funcionários no leite e 1 na lavoura. Mas, no período da ensilagem, são contratados outros 6 empregados temporários.

A fazenda tem, hoje, “média de curral” de 17,10 kg de leite/vaca/dia. Paulo considera média de curral todo o rebanho, incluindo “aquela vaca de 2 peitos que dá 7 kg”. A média diária de produção atual é de 4.180 kg, obtida em duas ordenhas.

A opção pelo Jersey veio do inconformismo de Paulo com relação às políticas de pagamento adotadas pela indústria láctea. “Nunca concordei com a situação de não saber o preço do leite. O laticínio pedia gordura e sólidos, mas não informava o preço que seria pago. Então, eu invisto num caroço de algodão, por exemplo, sem saber o que eu vou receber? Decidi não ficar na mão da indústria, e montei um pequeno laticínio. O leite do Jersey para o laticínio é diferente. Anteriormente, quando eu decidi pela raça, a questão foram os sólidos e ter um animal menor, com um custo mais baixo de mantença. Ela produz menos, mas gasta menos. E a parte reprodutiva do Jersey é algo fenomenal. Ela emprenha só de ver a palhetinha (risos). Então, eu somei a parte reprodutiva, sólidos e custo com o animal, fiz as minhas contas e optei pelo Jersey”, explica Paulo.

Atualmente, o laticínio compra leite de outras 8 fazendas, e produz queijo muçarela, muçarela fatiada, provolone, provolone bolinha, queijo parmesão ralado, iogurte bandeja, garrafa e barriga mole; manteiga e creme de leite fresco. A venda é feita na grande Goiânia.

A opção pelo Pardo Suíço veio de sua maior resistência ao calor. "É um animal que sente menos que o Girolando e o Holandês, é melhor na reprodução, e seu leite tem muita proteína. Além disso, um tourinho Pardo Suíço é vendido, em Goiás, entre R$ 4.000 e R$ 5.000, para o pessoal que tem Nelore e quer melhorar o leite da vacada”, explica Paulo.

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Manejo da cama

Como explicado anteriormente, o uso da palha de arroz foi uma decisão econômica. “Um caminhão de maravalha, colocado na fazenda, custa em torno de R$ 4.000 a R$ 4.500. Um caminhão de palha de arroz custa R$ 280,00. O consumo de palha é maior, mas posso usar muito mais, que não chegará aos R$ 4.000”, explica Paulo.

A aeração com subsolador é feita 2 vezes ao dia: de manhã e ao final do dia, na hora em que está sendo feita a ordenha.

A enxada rotativa é usada de 1 a 3 vezes por semana, com o objetivo de quebrar os torrões que se formam com a mistura de palha e fezes.

Segundo Paulo, "a cama é um ser biológico a mais na propriedade". Por isso, o manejo tem que seguir uma rotina diária e observações constantes. Se o clima está muito úmido, mais palha de arroz é adicionada à cama. Por outro lado, já houve situações de muita secura, provocando lacrimejamento nas vacas, e optou-se por jogar água com a esterqueira.

A fazenda não adota um padrão fixo de tempo para trocar a cama. "Quando o trator estiver quase encostando nos ventiladores, sabemos que está na hora de trocar. A cama profunda é composta, e fica pronta, só manejamos os 30cm superiores. E quando colocamos palha nova, sempre misturamos com a antiga, pois as vacas não tentam comer se estiver misturada com esterco", explica Paulo.

Na fazenda, as camas têm sido trocadas, em média, a cada 10 meses. Cada retirada, nos dois barracões, rende, aproximadamente, 680 toneladas, que são utilizadas nas lavouras de milho da propriedade.

Enquanto esta reportagem era feita, durante todo o tempo que estávamos no composto, menos de 10% das vacas estavam de pé, um índice que demonstra que a cama está adequada. "O composto precisa ser homogêneo, ou todas as vacas vão ficar no lugar mais confortável para elas", explica Paulo.

Além disso, as vacas estavam limpas. Se a palha estivesse grudada no pelo, indicaria que a cama estava úmida demais. Se isso acontecer, é necessário verificar os ventiladores e a quantidade de palha.

Segundo Paulo, quando as vacas entraram no Compost, houve um aumento de 4,8 litros/vaca/dia. Agora, a produção está estável, pois ele considera que já atingiu a produção máxima possível com a genética atual.

Para dimensionar a quantidade de ventiladores necessária, foi usado um aparelho para calcular túnel de vento, que é rotineiramente usado na avicultura. A medida buscada é de 3 metros por segundo a 10 cm da cama. Usando este aparelho, que custou R$ 28,00, a fazenda economizou 20 ventiladores que estavam no projeto inicial.

Uma experiência traumática, e que pode servir de alerta para outros produtores, ocorreu com as bezerras. Uma remessa de palha veio infestada de pulgas, que se espalharam entre os animais e em todo o ambiente. Foi necessário usar veneno, que causou intoxicação de algumas bezerras. Desde então, a palha para as bezerras vem direto do descascador para o caminhão. Nunca mais a fazenda utilizou palha armazenada. No caso das vacas, não há esse problema, pois as pulgas são eliminadas rapidamente por causa da cama.

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Nutrição

Há cinco anos, a fazenda produz toda a silagem de milho consumida, em uma área de 50 hectares. Segundo Paulo, “o produtor tem que tirar os sócios ocultos da fazenda ou a atividade não se sustenta”. Todos os equipamentos necessários são próprios e foram comprados usados.

A dieta é composta por silagem de milho, farelo de soja, feno e núcleo mineral aberto (misturado na fazenda). Como fonte energética, as opções são milho, gérmen ou sorgo, cuja escolha é baseada no custo de oportunidade, sob orientação do nutricionista Luis Einar. Quando ocorre a troca de grãos, a adaptação é feita gradativamente, gastando-se 7 dias para fazer a troca completa.

A fazenda vai começar a comprar soja grão, para extrusão, com o objetivo de produzir farelo de soja e biodiesel. “O meu consumo de farelo de soja no ano, sem nenhuma venda, vai me dar 27 mil litros de óleo diesel, que eu vou usar tanto na fazenda quanto na transportadora", explica Paulo. Além disso, o farelo de soja extrusado a frio tem, em média, 4-5% a mais de gordura, o que diminui a necessidade de amido na dieta, aliviando o rúmen dos animais.

Toda a silagem da propriedade é armazenada em "bags" (bolsões). “Todo mundo vem cá e olha os galpões, mas é ali (nos silos) que está o pulo do gato. O goiano não sabe fazer silo. Mas, quando você vai em Minas, que é onde se fazem os silos mais perfeitos, há 15-20% de perdas. Uma perda de 20%, para um consumo de 4.000 toneladas/ano, é muito alta. Nos bolsões, a perda é de 1%. Só isso já justifica o sistema. E ainda tem a qualidade do alimento. O silo de trincheira tem, no mínimo, 8 metros, então, no meu caso, eu nunca ia conseguir tirar os 15cm por dia. A bag tem diâmetro de 1,30m, portanto usamos diariamente 65cm", explica Paulo.

Dez dias antes de abrir uma nova bag, é feita uma análise bromatológica, ainda que seja do mesmo corte. Isso garante a qualidade e gera as informações necessárias para o nutricionista manter o nível de garantia e a homogeneidade da dieta na pista de alimentação.

Em cada um dos galpões, as vacas são divididas em cinco lotes: pré-parto, pós-parto e lotes 1, 2 e 3, de acordo com a produção. A diferença da dieta entre os lotes é apenas a quantidade, com exceção da aniônica.

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Criação de bezerras

As bezerras recebem o colostro ordenhado da própria mãe, mas a fazenda já comprou equipamentos e congelador para começar a avaliação da qualidade e para montar um banco de colostro. São fornecidos de 2 a 5 litros nas primeiras 12 horas de vida, de acordo com a capacidade de ingestão da bezerra, iniciando, no máximo, 2 horas após o parto.

Até 2014, as bezerras eram mantidas em casinhas individuais. Atualmente, permanecem nesse tipo de abrigo apenas nos 2 primeiros dias de vida, sendo, posteriormente, transferidas para um barracão com cama de palha de arroz, onde são criadas até os 30 dias.

As bezerras recebem, inicialmente, 4 litros de leite por dia, divididos em 2 fornecimentos. Quando conseguem ingerir 200g, 400g e 600g de concentrado por dia, passam a receber 3, 2 e 1 litro de leite/dia, respectivamente, até os 30 dias de idade, quando, em sua maioria, são desaleitadas. "Se a bezerra sentir muito, voltamos com o leite", explica Paulo. Água, concentrado e feno ficam à disposição durante todo o período de aleitamento.

Em 2014, nasceram 93 fêmeas, das quais 39 morreram de diarreia, pneumonia, tristeza ou infeção de umbigo, totalizando 41% de mortalidade. Já em 2015, com a mudança de instalação, das casinhas para o barracão, o índice caiu para 4,5%, de um total de 89 fêmeas nascidas.

Quando as bezerras são transferidas do barracão para a casinha, recebem meia dose de Imidocarb, para prevenção da tristeza parasitária.

Todos os machinhos são mantidos em casinhas individuais, até os 30 dias, quando passam a ser criados junto com as fêmeas. Um tourinho Jersey é vendido por R$ 2.500 a R$ 3.000,00.

Após o desaleitamento, as bezerras são mantidas em piquetes coletivos, onde recebem concentrado e silagem. "Se alguma bezerra sentir, ela volta para o barracão onde esteve nos primeiros 30 dias de vida", explica Paulo.

A mudança de piquete é feita por peso, não por idade, já que a propriedade trabalha com animais de raças e tamanhos muito diferentes.

Uma novilha, até o primeiro parto, custa, aproximadamente, R$ 3.000,00, mas a fazenda não as vende por menos de R$ 4.500,00.

 

Reprodução

O momento de inseminar as novilhas é definido pelo peso, variando, de acordo com cada raça, de 240 a 340kg. A idade à primeira inseminação ocorre entre os 13 e os 16 meses.

As falhas de observação do cio são compensadas pela eficiência do inseminador, o Sr. Divino. Gasta-se, em média, 3 doses de sêmen por prenhez.

 

Período seco e pré-parto

As vacas são secas 60 dias antes da data prevista para o parto, quando aplica-se antibiótico preventivo e selante em todos os animais, inclusive nas novilhas.

De 60 a 30 dias pré-parto, permanecem em piquetes, com o objetivo de terem contato com carrapatos, retornando para o composto 30 dias antes de parir. Segundo Paulo, a transferência do lote pré-parto para o galpão diminuiu muito os problemas de parto.

Mas, nem tudo foram flores. "Quando o lote pré-parto foi transferido para o composto, quisemos deixar a cama nova e, por isso, trocamos a palha. As bezerras nasciam, caíam na cama, aspiravam a palha e morriam. Perdemos quatro animais assim, até entender que a cama tinha que ser a mesma do restante do galpão, ou seja, palha com esterco", conta Paulo.

Apenas os partos que ocorrem durante o dia são assistidos.

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Gestão

Nesse quesito, Paulo é muito firme e direto. “Se você tirar um leitinho, fizer um negocinho, vai sair quebrado. Eu acho que o leite é a melhor atividade do agronegócio, desde que tocada por produtores de leite, não tiradores de leite. E quem não se profissionalizar ao extremo, está fora. Não vai sobreviver. Existem produtores que não sabem quanto custa a mão de obra. Trabalho todo mundo tem. Dor de cabeça todo mundo tem. Tem gente que não consegue calcular a taxa de retorno", afirma.

Sobre a mão de obra, ele acredita que a valorização seja o melhor caminho. "Valorizem a mão de obra! A minha média de salário aqui, pra você ter uma ideia, é R$ 3.469,00. O Sr. Divino ganha R$ 9.000,00. Todos são registrados, todos batem ponto", afirma.

 

Metas

A principal meta de curto prazo é terminar a estrutura física da fazenda. No médio prazo, Paulo quer passar a média de produção de 15,94kg para 19kg vaca/dia, chegando a 25kg vaca/dia. "Aí depende de genética, mas eu não vou comprar vaca de 9 mil reais. Mesmo que leve sete gerações", afirma Paulo.

 

Sucessão

Paulo e Ana Lúcia Lima Santos têm dois filhos, a Ana Paula e o Gabriel. "A Ana Paula pretende fazer administração, e talvez busque outros ares. Já com o Gabriel, a sucessão está garantida. Ele está fazendo Agronomia, e me pediu emprego no primeiro semestre da faculdade. Desde então, vai todos os sábados na fazenda e trabalha muito. É o responsável por várias melhorias na propriedade. A lavoura é 100% responsabilidade dele, que trata a propriedade, realmente, como um negócio", conta Paulo.

 

Flávia Fontes

DSc. Nutrição Animal

Editora da Revista Leite Integral

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Comentários

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    21/03/2024 17:29:47 - MOIZES JUSTO DE CARVALHO:

    BOA TARDE. ACHEI MUITO INTERESSANTE ESSA ENTREVISTA. GOSTARIA DE CONHECE-LO E ESTAR FAZENDA UMA VISITA NA FAZENDA

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