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Dúvida Cruel

Hidratação oral ou endovenosa para bezerras doentes? Como escolher entre uma ou outra?

Dúvida Cruel

Edição #94 - Janeiro/2017

Dúvida cruel

Hidratação oral ou endovenosa para bezerras doentes? Como escolher entre uma ou outra?

 A fluidoterapia, seja com fluidos orais ou endovenosos, sempre foi um dos meus aspectos favoritos da prática veterinária, porque o resultado do tratamento é, geralmente, muito gratificante. Dois sinais clínicos importantes que usamos para a tomada dessa decisão são:

1) Se a bezerra com diarreia está deitada ou se é capaz de ficar de pé

2) Se tem reflexo de sucção

A primeira decisão a ser tomada é se os fluidos endovenosos são ou não necessários. A rapidez nessa escolha pode fazer uma enorme diferença nos casos graves, além de poupar tempo, esforços e gastos desnecessários.

As bezerras que não conseguem ficar de pé estão, em geral, mais desidratadas e requerem uma terapia mais intensiva. O reflexo de sucção também é um importante indicador de gravidade. Quanto menor (mais ácido) o pH corporal da bezerra, mais fraco se torna o reflexo de sucção.

As bezerras que permanecem de pé, com um forte reflexo de sucção, são boas candidatas à hidratação oral e, geralmente, se recuperam sem a intervenção endovenosa.

Dúvida Cruel2.png (428 KB)

Existem vários produtos comerciais para hidratação oral de bezerras. Nossa recomendação é que  sejam bem misturados com água e contenham um composto alcalinizador, que não seja o bicarbonato, como citrato ou acetato. É muito importante ler o rótulo e seguir todas as recomendações. Os produtos não devem ser misturados no leite ou sucedâneo, a menos que essa seja a recomendação expressa do fabricante. Questões mais específicas sobre protocolos de tratamento devem ser desenvolvidas pelo (a)  veterinário (a) responsável pelo rebanho.

 Quando as bezerras estão deitadas e incapazes de se levantar, com um reflexo de sucção fraco ou ausente, os fluidos endovenosos, provavelmente, serão necessários. Além de não conseguirem beber na mamadeira, estes animais podem não absorver os fluidos orais administrados por sonda esofágica, devido à pouca motilidade estomacal e intestinal.

 No geral, uma bezerra em decúbito, sem reflexo de sucção, deve receber entre 1 e 5 litros de soro endovenoso durante várias horas. Pequenos volumes de fluidos (menos de 1 litro) podem ser aplicados com apenas uma agulha, mas quantidades maiores poderão demandar a fixação de um cateter, que é mais seguro e permanece no lugar mesmo se a bezerra se mover. Existem vários tipos e comprimentos de cateteres. A fixação e uso dos mesmos deverá ser aperfeiçoada com treinamentos e muita prática.

 Às vezes, as bezerras podem estar tão desidratadas que encontrar uma veia pode ser um grande desafio. Nesses casos, pode-se colocar o animal em um fardo de palha e dobrar seu pescoço em direção ao flanco, ou enrolar uma toalha em volta do pescoço para fazer a veia jugular saltar. Tosquiar a área onde o cateter será inserido, pode facilitar a fixação, além de manter o local mais limpo.

 Nos treinamentos de fixação de cateter, usamos a regra das "duas tentativas". Se a pessoa falhar nas duas primeiras tentativas, peça para outra pessoa tentar, para evitar lesões na veia ou em outras estruturas importantes do pescoço. Mesmo a pessoa mais experiente pode ter problemas em um dia específico, especialmente se ela passar algum tempo sem praticar.

Por: Keith Poulsen

School of Veterinary Medicine, University of Wisconsin

Republicação autorizada da edição de 16 de Outubro de 2016 da Hoard's Dairyman. Copyright by the W.D. Hoard and Sons Company, Fort Atkinson, Wisconsin, USA

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