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Leite de búfalas faz sucesso no litoral cearense

Leite de búfalas faz sucesso no litoral cearense

A produção de leite de búfalas tem sido uma atividade cada vez mais presente nas fazendas brasileiras.

Muitas delas já buscam melhorar a eficiência técnica e econômica de seu sistema produtivo, através da profissionalização da atividade, investindo em animais de maior aptidão produtiva e aplicando conceitos de manejo intensivo de pastagens. Esse é o caso da fazenda Laguna, no município de Paracuru, região litorânea do Estado do Ceará.

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A produção de leite de búfalas tem sido uma atividade cada vez mais presente nas fazendas brasileiras. De grande importância para os países asiáticos, como Índia, Paquistão, China e Nepal, a atividade cresce também na Europa, onde muitos produtores, principalmente os italianos, exploram a qualidade do leite de búfala para a produção de produtos como a muçarela e iogurte, aproveitando-se de uma matéria-prima singular, principalmente devido ao seu alto teor de sólidos de leite (normalmente acima de 17%), que confere qualidade e rendimento industrial diferenciado para os produtos oriundos desse tipo de leite.

É comum encontrar teores de gordura e proteína superiores a 7% e 4%, respectivamente, no leite de búfala (Quadro 1). No Brasil, a produção do leite de búfala tem crescido em volume e importância. Dados do MAPA (2010) dão conta de que existem no país mais de 1,2 milhão de cabeças de bubalinos, a maior parte delas (68%) localizadas na região norte do país. A produção de leite de origem bubalina só perde em importância para a produção de leite de vacas, e muitas fazendas já buscam melhorar a eficiência de seu sistema produtivo, profissionalizando a atividade, investindo em animais de maior aptidão produtiva e aplicando conceitos de manejo intensivo de pastagens, com o objetivo de aumentar a eficiência técnica e econômica da atividade. Esse é o caso da fazenda Laguna, no município de Paracuru, região litorânea do Estado do Ceará.

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O proprietário da Fazenda Laguna é um paulista que, há 43 anos, trocou o litoral paulista pelo cearense. Nelson Bernardes Prado chegou ao nordeste vendendo máquinas agrícolas e, em seguida, migrou para o ramo da siderurgia e mineração, até se encontrar com a atividade pecuária, momento em que adquiriu a Fazenda Laguna no município de Paracuru, no litoral oeste do Ceará.

Nos dez primeiros anos o produtor produziu leite de vacas; porém, com dificuldades para a obtenção de resultados econômicos que o empolgassem, veio a frustração, fazendo com que o empresário buscasse outras alternativas mais adequadas para a realidade da região e que fossem capazes de viabilizar economicamente a Fazenda Laguna. Com uma administração pragmática, o produtor buscava direcionar a atuação da fazenda para uma atividade diferenciada, que atendesse algum nicho de mercado, ciente de que, independentemente da atividade escolhida, o foco seria sempre na geração de renda com a maximização do lucro, como ele mesmo diz: “aqui na Laguna nada de paixão, somos guiados pelos resultados!”.

Firmado nesse pilar, em 1992 a fazenda trocou as vacas de leite por animais pouco conhecidos na região: as búfalas. Esse animal, tido como exótico e de baixa produção, logo se adaptou às condições locais. O produtor já conhecia a criação de búfalas desde 1984, graças a um primo, criador do interior do Estado de São Paulo, que trabalhava com esse tipo de animal e o incentivou a levar os animais para o Nordeste. Para conhecer a espécie e verificar sua adaptação na região, inicialmente foram comprados alguns bubalinos sem raça definida. Apesar dos resultados serem animadores, uma vez que os primeiros animais adquiridos chegaram um pouco debilitados e rapidamente se recuperaram, o produtor ainda não se convenceu da viabilidade econômica do negócio, por achar os custos de manutenção dos animais altos demais para aquela situação. Um pouco decepcionado com o desempenho econômico dos animais daquela primeira aquisição, o produtor optou pela venda desse lote com a intenção de recomeçar com animais de maior potencial produtivo. Nessa nova compra, outros 32 bubalinos foram adquiridos e o produtor passou a acompanhar mais de perto o desempenho do rebanho.

“A partir daí me entusiasmei”, relembra o produtor. Com os resultados positivos, o produtor decidiu aumentar e qualificar ainda mais o rebanho e, para isso, decidiu adquirir, no interior de São Paulo, animais do renomado criador Wanderley Bernardes, da Fazenda Paineiras da Ingaí, referência na produção de bubalinos no Brasil, onde foram compradas outras 20 fêmeas e dois machos. “Tive que vender três matrizes bovinas para pagar uma búfala na época”, afirma o produtor. “ Resolvi apostar, vendi a casa que tinha e investi na aquisição de mais animais” explica.

Foi a partir dessa época que o rebanho de bubalinos passou a se expandir até chegar aos atuais 471 animais mantidos nos 205 hectares da fazenda Laguna.

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Uma escolha acertada

Todos os animais da propriedade são da raça Murrah, sendo que todo plantel é registrado na Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB). A quebra de mitos e tabus sempre esteve presente no trabalho da Fazenda Laguna com os bubalinos; era comum a percepção de que estes animais não iriam se adaptar à região litorânea, que só viviam dentro de água e que não tinham capacidade produtiva para um adequado desempenho econômico.

Com um rigoroso processo de seleção realizado ao longo dos anos, os resultados foram aparecendo e a evolução dos dados zootécnicos mostra que a decisão pela troca dos bovinos por bubalinos foi a mais correta nesse caso; animais ditos exóticos e pouco eficientes se tornaram muito produtivos, como podemos observar no desempenho de produção das búfalas da fazenda descrito no Quadro 2.

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No início de 2014, o Sr. Nelson recebeu a visita de um grande produtor de búfalas do Mato Grosso do Sul, o Dr. André Caleffi, que indicou o trabalho técnico da Cooperideal, que por vários anos havia acompanhado sua Fazenda em Bandeirantes, no Mato Grosso do Sul. Por coincidência, o técnico que atuava no MS hoje trabalha no estado do Ceará e, assim, a Cooperideal foi contratada para a atuar no acompanhamento da Fazenda Laguna através do trabalho do Agrônomo Mário Barbosa Filho.

Em agosto de 2014 teve início o trabalho de estabelecimento do sistema intensivo de produção da fazenda. Inicialmente foi dada atenção total à fertilidade do solo, que por ser extremamente arenoso (praticamente areia de praia), apresentava um baixíssimo nível de fertilidade e baixa capacidade de retenção dos nutrientes aplicados. Numa área de 4 ha, onde anteriormente já havia sido estabelecido capim Napier, foi planejada a implantação de um sistema de irrigação após a recuperação da fertilidade da área, e esse sistema foi dividido em 25 piquetes. Essa área passou a ser manejada adequadamente, recebendo adubações diárias com ureia e cloreto de potássio em cobertura. Com o parcelamento das adubações e acúmulo de matéria orgânica nas camadas superficiais do solo, características próprias do sistema de pastejo rotacionado, a área foi produzindo cada vez mais forragem, fato que aumentava o nível de confiança de todos os colaboradores envolvidos no trabalho.

Terminado o primeiro ano, esse sistema rotacionado havia suportado 30 búfalas de mais de 600 kg de peso vivo em pastejo (equivalente a uma lotação superior a 10 UA/ha) durante todo o ano; para os animais mantidos nesse sistema de pastejo não foi necessária a suplementação de alimento volumoso no cocho. Com base nesse bom resultado obtido, a Fazenda Laguna decidiu, no segundo ano, investir em um segundo módulo de pastejo, também de 4 ha, totalizando os 8 ha de pastejo intensificado existentes na propriedade, que abrigam hoje 50% do plantel de búfalas em lactação da fazenda. Além da diminuição da mão de obra, uma vez que os animais mantidos em pastejo não recebem suplementação com alimento volumoso no cocho, o excelente manejo destas pastagens intensificadas disponibilizam diariamente para cada búfala 12 kg de MS de forragem de ótima qualidade, contribuindo para a diminuição no fornecimento de alimento concentrado para o rebanho (atualmente se usa para os animais mantidos nos sistemas de pastejo intensificado 37,5% menos concentrado do que se usava anteriormente), sem que houvesse diminuição da produção de leite desses lotes de animais (animais que antes consumiam 8 kg de concentrado/dia, agora estão consumindo 5 kg).

Num momento onde os preços dos grãos estão elevados, consegue-se uma economia considerável dentro do processo produtivo, considerando que o mercado atualmente está muito retraído e cada vez mais competitivo.

O sistema de produção da Fazenda Laguna é baseado no uso intensivo de pastagens, e para os animais que não estão em pastejo no período da seca ou que não estão em pastejo nas áreas irrigadas, é fornecido cana-de-açúcar e capim Napier picado como alimento volumoso no cocho. O leite produzido garante a confecção de aproximadamente 13.000 kg/produtos/mês, que são processados na queijaria construída dentro da própria Fazenda Laguna, onde se produz queijo frescal, ricota, requeijão e coalhada.

Objetivando sempre a melhoria do desempenho zootécnico e econômico do rebanho, a Fazenda Laguna já está se planejando para estabelecer o terceiro sistema de pastejo intensificado e irrigado, e já projeta também manter em pastejo em 2017 todos os animais em lactação da fazenda, buscando, dessa forma, otimizar o trabalho e reduzir os custos do sistema de produção de leite da propriedade, garantindo assim competitividade aos produtos da queijaria da fazenda! Os bons resultados da atividade na fazenda contagiam a todos, inclusive aos filhos do produtor, que cada vez mais se interessam pelo negócio, garantindo a longevidade da atividade iniciada pelo pai.

Com objetivos claros, a Fazenda Laguna segue em frente, produzindo leite de qualidade, produtos nobres, promovendo desenvolvimento, trabalho e renda no belo litoral Cearense!

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