União de sucesso: conheça a história da Fazenda Irmãos Strobel/Condor/RS

O que faz o sucesso de uma união? É impossível elaborar uma resposta definitiva, como um conjunto de regras ou passos a serem seguidos. No entanto, é possível perceber que tanto as relações pessoais quanto as de negócios, quando balizadas por valores como respeito, dedicação, empatia e amor, têm mais chances de obter sucesso. Esse parece ser o caso da Fazenda Irmãos Strobel, em Condor/RS. 

Por décadas e décadas

A história da Fazenda Irmãos Strobel começa com um presente de casamento: uma vaca leiteira mestiça. Esse animal simbolizou o início de uma jornada de dedicação e amor. Nos anos 1960, em Condor/RS, o casal Geraldo e Iloni Strobel, pais de Margareth e de mais 5 filhos, fundou as bases do que se tornaria uma próspera fazenda leiteira; e, mais do que isso, do Grupo Strobel, um aglomerado de negócios relacionados ao agro. 

Inicialmente, a vaca fornecia leite apenas para a subsistência da família e dos trabalhadores. Com o tempo, outros animais foram adquiridos, e a necessidade de uma ordenha balde ao pé se fez presente. No início dos anos 1970, foi implementada a ordenha mecânica e a comercialização do leite. “Meu pai era um homem destemido e visionário. Em 1976, a cooperativa da região fez uma importação de vacas do Uruguai. Sete dessas vacas ficaram encalhadas, ninguém as queria. Meu pai, com sua coragem habitual, decidiu ficar com elas. Essas vacas tinham uma melhor genética”, explica Margareth Strobel.

Com 24 anos de casados, Margareth Strobel e Diogo Vincensi mesclam diariamente dedicação à família e à pecuária leiteira.  

Com o avanço da agricultura na propriedade, os subprodutos da lavoura passaram a ser utilizados na alimentação das vacas, resultando em maior e melhor produção. Nos anos 1980, a fazenda deu um grande passo ao construir a primeira sala de ordenha do tipo espinha de peixe, duplo 4. Esse avanço permitiu a suplementação das vacas durante a ordenha e marcou o início do controle leiteiro e da inseminação artificial, que já era praticada desde os anos 1970.

A década de 1990 trouxe uma expansão significativa. A sala de ordenha foi ampliada para uma estrutura duplo 6. “Nessa época”, conta Margareth, “o preço do leite B subiu significativamente, e meu pai aproveitou a oportunidade para expandir o negócio. Ele sempre buscou aumentar a produção de maneira ousada. Desde então, nossos animais passaram a ser exclusivamente da raça Holandês. Hoje, nossa seleção é feita com base em critérios rigorosos, com objetivo de obter animais com excelentes características”.

Nos anos 2000, outra expansão da ordenha. Com estrutura duplo 9 e uma pequena dose de informatização, esse sistema perdurou por 10 anos. Um pequeno galpão foi construído, mas a alimentação das vacas ainda era predominantemente à base de pasto, com pouca suplementação. “Foi neste momento que eu cheguei na família”, diz, bem-humorado, Diogo Vincensi, marido de Margareth, que divide com ela a gestão da fazenda. “A coragem do meu pai continuou a influenciar nossas escolhas”, diz Margareth. “Eu também encontrei um parceiro corajoso e que adora tecnologia. Juntos formamos um bom casamento: na vida a dois e na pecuária leiteira. Nossa vida pessoal e nossa vida profissional se misturaram; estamos casados há 24 anos. Muitas pessoas nos perguntam se é desafiador conviver tantas horas por dia. Para nós, é gratificante. Sentimos que um completa o outro.” Diogo acrescenta: “Eu sou mais voltado para a inovação, buscando novas tecnologias, enquanto a Nica (apelido de infância da Margareth) é muito segura, sempre dando um passo à frente, segurando as pontas. Nossa parceria tem sido fundamental para o sucesso da fazenda, mostrando que um bom casamento, seja na vida pessoal, seja nos negócios, pode levar a grandes conquistas”.

A união faz a força

Movidos por objetivos claros, Margareth e Diogo combinam segurança e inovação, pontos fundamentais para a criação de um ambiente propício para que os animais expressem todo o potencial genético. Um dos investimentos mais robustos foi a construção, em 2010, do primeiro galpão de Free Stall para acomodar 400 animais. “Já construímos mais um galpão para acomodar mais 400 vacas”, atualiza Diogo. “E continuamos melhorando e adequando as instalações antigas.”

Atualmente, a Fazenda Irmãos Strobel realiza todos os investimentos com recursos gerados pela produção de leite. “Não contamos com recursos financeiros externos ou da agricultura; tudo é cuidadosamente planejado. Confiamos em consultores especializados em diversas áreas para garantir o sucesso do nosso empreendimento”, explica Margareth.

São muitas as frentes que garantem o sucesso do negócio leiteiro. Por esse motivo, na propriedade, o casal conta com o trabalho de excelentes profissionais, em várias áreas: qualidade do leite, reprodução, nutrição, gestão de pessoas e financeira.

“Na área de nutrição, contamos com a consultoria de Giovani Noro, Account Manager da dsm-firmenich, que nos auxilia na otimização da alimentação das vacas, garantindo uma produção de leite de alta qualidade”, afirma Diogo. “Trata-se de um trabalho de orientação sobre as melhores práticas e suplementos alimentares, fundamentais para manter a saúde e a produtividade do rebanho.” 

Giovani Noro, Account Manager da dsm-firmenich, trabalha lado a lado com Margareth Strobel e Diogo Vincensi para alinhar a nutrição com as necessidades específicas do rebanho.

Um dos destaques dessa relação foi o desenvolvimento de produtos específicos para as nossas necessidades dentro da propriedade. “Um diferencial da parceria com a dsm-firmenich é a formulação personalizada do nosso núcleo de alimentação. Eles criam um produto que atende exatamente às nossas necessidades. Se nossas vacas precisam de determinados nutrientes, a empresa providencia. Isso é fundamental, pois um mineral ou núcleo pronto para vacas de alta produção muitas vezes não atende aos níveis necessários”, pontua Margareth. “Estamos muito satisfeitos com a consultoria na parte nutricional”, relata Diogo. “Conseguimos alinhar a nossa visão de integração entre a nutrição do rebanho e a produção de leite. Por exemplo, recentemente introduzimos colina, metionina protegida, betacaroteno e biotransformador de micotoxinas, no núcleo de alimentação de vacas no pós-parto imediato e no pré-parto. Os resultados foram surpreendentes. Já nos lotes de alta produção, são utilizados a amilase, a metionina protegida e o biotransformador de micotoxinas. É fundamental ter quem nos desafia e nos mostra caminhos para melhorar nosso dia a dia e, principalmente, a saúde das vacas".

NÃO CONTAMOS COM RECURSOS FINANCEIROS EXTERNOS OU DA AGRICULTURA; TUDO É CUIDADOSAMENTE PLANEJADO. CONFIAMOS EM CONSULTORES ESPECIALIZADOS EM DIVERSAS ÁREAS PARA GARANTIR O SUCESSO DO NOSSO EMPREENDIMENTO

Para Giovani, uma prática que tem sido muito eficaz é o uso de subprodutos na alimentação das vacas, o que reduz custos. Ele destaca que os ruminantes são grandes recicladores dos subprodutos da indústria alimentícia humana, tornando as dietas mais econômicas e seguras. “Um exemplo prático é a introdução do farelo de canola na dieta que fizemos no ano passado. Apesar de alguma resistência inicial, o farelo de canola reduziu o custo diário de alimentação por vaca em cerca de 2 a 3 reais. Com o aumento da oferta, a expectativa é usá-lo durante todo o ano, a fim de aumentar a produção e diminuir os custos.” 

O bom relacionamento com o consultor é outra vertente que contribui para os bons resultados. Margareth enfatiza: “Além dos produtos, é essencial destacar a pessoa do Giovanni. Ele é mais do que um nutricionista dedicado; ele veste a camisa da nossa fazenda. O relacionamento e a confiança que temos nele são fundamentais. Não importa a marca da empresa se não houver confiança no nutricionista”.

A dieta do rebanho é formulada a partir de uma estratégia nutricional inovadora, que contribui para aumentar a eficiência produtiva e reduzir custos. 

Os 24 anos de casamento de Margareth e Diogo com a Fazenda Irmãos Strobel foram marcados pelo apoio constante e pela colaboração de muitos profissionais que contribuíram para o crescimento e o desenvolvimento do negócio. “Embora seja difícil mencionar todos, reconhecer a ajuda recebida ao longo dos anos é essencial para o nosso sucesso. Precisamos valorizar o apoio e manter a mente aberta para aprender continuamente”, finaliza Margareth.

Via de mão dupla

Investir na gestão de pessoas é algo altamente recomendado por Margareth e Diogo. A necessidade de consultoria na área de gestão de pessoas surgiu de problemas muito comuns na atividade leiteira; em particular, a dificuldade de gerenciar os horários dos funcionários, considerando a complexa legislação e a necessária interação diária das pessoas com os animais.

Com um sistema de bonificações que valoriza produtividade, assiduidade e bom relacionamento, a fazenda não só cumpre com a legislação, mas também fomenta o compromisso mútuo para o sucesso contínuo.

 

“Atualmente, há um esforço para ir além da conformidade legal”, comenta Diogo. “Buscamos entender as necessidades pessoais dos funcionários, promovendo um ambiente onde eles possam entregar o melhor desempenho possível. Esse entendimento e a sensação de pertencimento são cruciais para melhorar o comprometimento e reduzir ausências no trabalho.”

A implementação de um plano de bonificação baseado em produtividade ganha relevância na busca dos resultados. Na Fazenda Irmãos Strobel existem três tipos de bonificações: produtividade, assiduidade e relacionamento com colegas. Diogo explica: “Todo mês é feita uma avaliação individual, verificando se os critérios foram atendidos. Quem atinge as metas recebe um bônus, enquanto aqueles que não conseguem são chamados para um feedback construtivo, visando melhorar seu desempenho. Esse sistema tem mostrado resultados positivos. Os funcionários que inicialmente receberam esses feedbacks, melhoraram suas entregas no mês seguinte. Isso demonstra a importância de um bom relacionamento e de uma comunicação aberta, entendendo que a colaboração é uma via de mão dupla. O objetivo é fazer com que os funcionários se comprometam e se sintam parte integral do sucesso da fazenda”.

Cuidados com as bezerras

“A atenção dedicada às bezerras é essencial. Elas representam o futuro da fazenda.” Essa frase de Margareth resume a total dedicação a esse setor. “Durante muito tempo, mesmo com instalações precárias, conseguimos bons índices. No entanto, com o aumento do número de animais, investimentos se tornaram necessários, e os resultados foram impressionantes”. Um dos maiores investimentos feitos foi a introdução do amamentador automático. “Inicialmente, houve receio de que tratar as bezerras de forma coletiva fosse um retrocesso, mas, com cuidados apropriados, o sistema mostrou-se extremamente eficaz, além de reduzir a demanda por mão de obra.”

O manejo das bezerras é meticuloso. Começa com a colostragem imediata após o nascimento, procedimento no qual a bezerra recebe 10% do seu peso vivo em colostro. Após quatro a seis horas, uma segunda dose de colostro é administrada. "Nos primeiros 15 dias as bezerras ficam em baias individuais, até aprenderam a mamar." Quando estão aptas e saudáveis, são transferidas para o agrupamento coletivo, com o amamentador automático, onde permanecem até os 100 dias de vida, recebendo ração e feno e sendo acomodadas em camas de serragem.

O desaleitamento ocorre em torno de 78 a 80 dias de vida ou 100 quilos. Margareth explica: “O ganho médio diário de peso dos animais nessa fase é de aproximadamente 900 gramas, com peso médio ao desaleitamento de 120 quilos. Mantemos um foco constante na saúde, pois sabemos que bezerras saudáveis se tornam vacas mais produtivas e longevas”.

Depois de saírem das instalações iniciais, as bezerras são transferidas para um novo galpão com cama de serragem, onde ficam por cerca de 180 dias. Em seguida, são movidas para piquetes, onde começam a receber uma dieta mista de ração e feno, até a inseminação. A suplementação é mantida até o parto, quando elas recebem uma dieta específica. Uma vez que se aproximam do parto, as vacas são movidas para o galpão de Compost Barn e, depois do parto, seguem para os galpões de Free Stall, onde continuam sua vida produtiva.

A revolução da ordenha

Em 2011, após extensas pesquisas e visitas a diversas fazendas no Brasil e no exterior, a decisão de mudar o sistema de ordenha foi tomada. “A realidade anterior, com sala de ordenha em espinha de peixe e um fosso apertado, causava desconforto tanto para os funcionários quanto para as vacas”, explica Diogo. Pensando no bem-estar de todos, o modelo escolhido foi a ordenha rotatória side by side, com 80 postos. "Esse modelo, no qual o ordenhador se posiciona no posterior da vaca, mostrou-se altamente eficiente e confortável. Permite que o operador se mova livremente, sem a pressão dos animais. As vacas ficam tão à vontade que algumas dormem em cima da plataforma durante a ordenha. Às vezes, temos de acordá-las para que saiam da rotatória.

AS VACAS FICAM TÃO À VONTADE QUE ALGUMAS DORMEM EM CIMA DA PLATAFORMA DURANTE A ORDENHA. ÀS VEZES, TEMOS DE ACORDÁ-LAS PARA QUE SAIAM DA ROTATÓRIA!

Sonhando juntos

“Os sonhos são muitos”, diz Margareth. “Até no nosso banner de entrada está escrito: ‘Se não tivermos sonhos, o negócio acaba’. É fundamental sempre almejar algo. Buscamos a estabilidade, mas também queremos melhorar continuamente. Planejamos investir em outras áreas, como a venda de genética, e aprimorar nossos índices na fazenda”.

Os proprietários planejam e executam melhorias com recursos próprios, reafirmando seu compromisso com a qualidade e o sucesso sustentável do negócio.

Para a nova geração, que é muito visual, a fazenda precisa estar mais organizada e atraente. “Um amigo sempre diz: bota tinta nessa fazenda!”, relata Margareth. “Investir no visual é essencial para atrair e manter o interesse da nova geração. Nossas filhas, Daniela e Dominique, estão se preparando para assumir responsabilidades na fazenda. Daniela está estudando Relações Internacionais e tem interesse na parte administrativa, enquanto Dominique, com 15 anos, é apaixonada por cavalos, mas já entende a importância das vacas para a sustentabilidade da fazenda. A fazenda precisa ser um lugar onde elas queiram ficar. Recentemente, realizamos um sonho com a aquisição de um novo equipamento autopropelido, o que trouxe muita satisfação. Melhorar as estradas, as instalações e garantir o bem-estar das vacas são parte dos nossos objetivos diários.” 

Pode-se dizer que o segredo de um bom casamento também se aplica a um bom negócio: ser transparente, saber ouvir o outro, sonhar juntos e dividir conquistas e desafios. “Brigar também faz parte, pois discutir ideias é essencial para o crescimento”, conclui Margareth. Assim, as relações pessoais e profissionais se misturam, criando uma missão de vida. E isso é capaz de manter o sonho vivo. 

PODE-SE DIZER QUE O SEGREDO DE UM BOM CASAMENTO TAMBÉM SE APLICA A UM BOM NEGÓCIO: SER TRANSPARENTE, SABER OUVIR O OUTRO, SONHAR JUNTOS E DIVIDIR CONQUISTAS E DESAFIOS

ADRIANA VIERIRA FERREIRA - Equipe Revista Leite Integral