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Manejo, Sanidade

Falhas no manejo podem ser a principal porta de entrada para a papilomatose no rebanho

Você sabia que as falhas no manejo podem ser a principal porta de entrada para a papilomatose em seu rebanho?

Falhas no manejo podem ser a principal porta de entrada para a papilomatose no rebanho

A papilomatose, conhecida também como verruga ou figueira, é uma enfermidade frequente e desafiadora, que afeta rebanhos em diversas regiões do país, causando prejuízos significativos. Trata-se de uma doença infectocontagiosa de elevada prevalência, frequentemente ligada a controles higiênico-sanitários ineficientes no manejo dos animais.

O que é papilomatose? 

A papilomatose é causada por um vírus da família Papillomaviridae e está diretamente relacionada à imunidade dos animais. Embora seja mais comum em animais jovens durante períodos de desafio imunológico, como troca de dentição, desaleitamento ou deficiência nutricional, também pode acometer animais adultos. Nos casos de vacas em lactação, as lesões podem surgir na glândula mamária e nas extremidades dos tetos, gerando impactos na produção. 

Como ocorre a transmissão? 

A transmissão da doença pode ocorrer de forma direta, por contato entre animais, ou indireta, por meio de vetores como moscas e carrapatos. Além disso, equipamentos contaminados com sangue — utilizados em práticas de manejo, como marcação, cortes ou vacinação —, assim como cochos de alimentação e bebedouros compartilhados, podem atuar como fontes de contaminação. Animais infectados no rebanho frequentemente servem como reservatórios do vírus, perpetuando a doença. 

Controle da doença 

Quando se trata de controle, a prevenção é sempre mais eficaz do que o tratamento, especialmente porque os métodos terapêuticos nem sempre apresentam os resultados esperados. A implementação de práticas de bem-estar animal é fundamental para reduzir os efeitos do estresse em fases de desafio imunológico. Isso inclui a criação de ambientes que atendam às necessidades dos animais, com ventilação adequada, fornecimento de água fresca e de qualidade, enriquecimento ambiental e controle eficaz de vetores.


Lesões características de papilomatose ao redor do olho de uma bezerra. A prevenção e o manejo adequado são fundamentais para evitar a propagação dessa doença no rebanho 


Desde as fases iniciais de criação dos animais jovens — frequentemente os mais afetados pela papilomatose — é essencial ajustar as práticas de manejo visando à prevenção. No período inicial dos lactentes, ao introduzir grãos e volumosos, é necessário priorizar a adaptação do rúmen como câmara de fermentação. Isso garante o rápido e máximo desenvolvimento da capacidade digestiva, utilizando forragens e alimentos de qualidade. Assim, a transição alimentar ocorrerá de maneira mais tranquila, minimizando a perda de peso e o estresse causado pelas mudanças na dieta. 

Os ruminantes são particularmente vulneráveis a alterações bruscas na dieta, um dos fatores mais desafiadores na bovinocultura leiteira, especialmente em períodos críticos como o desaleitamento, trocas dentárias e parição, tanto em primíparas quanto em vacas adultas. Após minimizar os desafios nutricionais e assegurar a saúde por meio de vacinas e controle de endo e ectoparasitas, é essencial também considerar as condições do ambiente em que os animais vivem. Um ambiente limpo, livre de umidade e infestações de insetos, é indispensável. Além disso, o convívio social adequado, em grupos onde os animais possam expressar seu comportamento natural e desenvolver seu potencial produtivo, é crucial.

Animais jovens que convivem com os mais velhos em condições de dominância tendem a apresentar dificuldades para acessar alimentos, sombra, proteção contra chuvas ou frio, e água fresca. O exercício físico e a possibilidade de expressão comportamental espontânea também são importantes para reduzir o estresse. Por isso, o uso de piquetes abertos e a separação em categorias por idade são práticas essenciais no manejo de animais jovens. Com a implementação de medidas preventivas adequadas, o controle do surgimento de papilomas torna-se mais fácil. Em casos de animais infectados, a separação é a medida mais indicada para evitar a propagação da doença no rebanho.  

OS RUMINANTES SÃO PARTICULARMENTE VULNERÁVEIS A ALTERAÇÕES BRUSCAS NA DIETA, UM DOS FATORES MAIS DESAFIADORES NA BOVINOCULTURA LEITEIRA



Hidratação adequada e higiene no fornecimento de água contribuem para prevenir a propagação de doenças como a papilomatose 

Tratamento

Em casos leves, os papilomas podem desaparecer espontaneamente. No entanto, em situações persistentes ou mais graves, pode ser necessário recorrer a tratamentos medicamentosos. Esses tratamentos frequentemente incluem fórmulas comerciais à base de clorobutanol, mas os resultados podem ser limitados, principalmente devido à imunossupressão dos animais. Em casos de verrugas extensas, a remoção cirúrgica combinada com a cauterização — seja por nitrato de prata ou térmica — são alternativas viáveis. A auto-hemoterapia também pode apresentar bons resultados em infecções leves. Esse método consiste em retirar 20 ml de sangue venoso do animal e aplicá-lo via intramuscular na região do glúteo, no mesmo animal. É essencial garantir a execução de práticas higiênicas adequadas durante o processo e utilizar exclusivamente o sangue do próprio doador. Essa técnica estimula o sistema imunológico do animal, promovendo a regressão dos papilomas. Nos casos mais graves, que envolvem lesões extensas e debilitantes em diversos animais da propriedade, a produção de uma vacina autógena, sob orientação de um Médico Veterinário, pode ser uma excelente alternativa.

Para isso, realiza-se por excisão cirúrgica, a coleta de cerca de 10 g de papilomas por dose a ser produzida, com envio das amostras refrigeradas a um laboratório especializado para a fabricação da vacina. 

Conclusão 

Por se tratar de uma patologia diretamente relacionada à imunidade celular do rebanho, é fundamental avaliar tanto os animais acometidos quanto as possíveis causas de seu surgimento. Na maioria das vezes, o problema está associado a falhas no manejo, o que pode gerar diversas perdas, como redução no consumo de alimentos, falhas reprodutivas, menor ganho de peso, além de aumentar a suscetibilidade a outras patologias e ao desenvolvimento de miíases como consequência. Contar com a orientação de um profissional, como um médico veterinário ou zootecnista, é essencial para definir estratégias eficazes de tratamento e controle da papilomatose, bem como para ajustar as práticas de manejo e melhorar as condições de criação. 

CONTAR COM A ORIENTAÇÃO DE UM PROFISSIONAL, COMO UM MÉDICO VETERINÁRIO OU ZOOTECNISTA, É ESSENCIAL PARA DEFINIR ESTRATÉGIAS EFICAZES DE TRATAMENTO E CONTROLE DA PAPILOMATOSE, BEM COMO PARA AJUSTAR AS PRÁTICAS DE MANEJO E MELHORAR AS CONDIÇÕES DE CRIAÇÃO

LILIAN MÜLLER - Médica Veterinária e conselheira suplente do CFMV

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Autor

LILIAN MÜLLER

LILIAN MÜLLER


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