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Aconteceu, O leite no mundo

Especialistas respondem quais serão as pautas da pecuária leiteira em 2024

Quais serão as principais pautas da pecuária leiteira em 2024? Para responder a essa pergunta, consultamos um time de especialistas que conhece muito sobre o setor.

Especialistas respondem quais serão as pautas da pecuária leiteira em 2024

A palavra “pauta” remete a linhas retas que orientam a escrita. Pode também estar associada ao espaço no qual as notas se tornam música. Ainda, “pauta” pode estar relacionada à enumeração minuciosa de ideias, uma espécie de lista de assuntos importantes. Agarrada à preposição, ganha ares de expressão: “em pauta”. Assim, em dupla, assume o sentido de “aquilo que está sendo falado”.
A Revista Leite Integral assumiu o compromisso de ouvir profissionais que são referência nos diversos segmentos da cadeia produtiva do leite, buscando compreender as expectativas para o ano que se inicia. Desejamos contribuir para a narrativa do setor, cientes de que a trajetória nem sempre será linear. Mas o progresso se cria a partir da convergência dos esforços para a resolução de temáticas comuns. E sucesso é o que desejamos para a pecuária leiteira em 2024.

 

Rodrigo de Almeida
Professor Associado do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Paraná (UFPR)


“Na minha modesta revisão, a pauta para 2024 está centrada na produção de sólidos do leite. Observo que essa é uma tendência crescente e irreversível na adoção de sistemas de pagamento baseados na qualidade do leite. Acredito que os produtores de leite no Brasil serão cada vez mais bonificados pela qualidade composicional, evidenciada pelos altos teores de gordura e proteína do leite, além da qualidade microbiológica do leite, representada pela baixa CCS e pela baixa CPP. No desafio de conciliar a alta produtividade de alguns rebanhos com os altos teores de gordura e proteína do leite, destaco a importância de adotar boas práticas nutricionais. A formulação com quantidades crescentes de forragens de qualidade na dieta e a inclusão correta, mas não excessiva, de amido degradável são cruciais para assegurar a saúde ruminal e otimizar a síntese de proteína microbiana. Na busca por altos sólidos no leite, também é fundamental que os produtores escolham touros com avaliações positivas para gordura e proteína, reconhecendo o papel relevante da genética na produção de leite de qualidade. Em resumo, para 2024 e para os anos seguintes, enfatizo que a produção de leite não se limitará apenas à quantidade de leite produzido; será essencial focar na produção de leite de qualidade, com elevados teores de sólidos.”

 

Mauricio Coelho
Sócio-proprietário do Grupo Cabo Verde

“Acredito que, em 2024, o setor leiteiro continuará enfrentando grandes desafios, especialmente porque encerramos 2023 com o maior índice de importação de leite da história recente. Houve entrada de grande volume de leite no Brasil vindo da Argentina, do Uruguai e do Paraguai, o que se revelou problemático, já que a produção nacional cobria tranquilamente a demanda. A entrada desse volume excedente de leite no país desestabilizou a cadeia produtiva, resultando na queda vertiginosa dos preços ao produtor, para níveis muito abaixo do custo de produção. Portanto, em 2024, enfrentaremos um desafio imenso, especialmente os produtores profissionalizados que investiram na atividade e precisarão trabalhar arduamente para reequilibrar seus negócios. Não tenho dúvida de que essa tarefa será árdua. A produção de leite no Brasil vem apresentando queda e deverá continuar com essa tendência enquanto os preços permanecerem abaixo do custo de produção. É fundamental encontrar estratégias eficazes para reverter esse cenário e assegurar a sustentabilidade do setor no longo prazo. Verdadeiramente, 2024 será de reestruturação, momento em que precisamos abordar o negócio de forma integral. É fundamental unir as forças e as partes envolvidas, incluindo os produtores, as indústrias de processamento e o governo, responsável pela regulamentação da cadeia, na busca de uma solução concreta para o setor.”

 

Timotheo Silveira
Superintendente da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (ABCBRH)


“O que aprendemos em 2023 com a flutuação de preços e as influências externas proporcionou valiosas lições ao mercado. Acredito que as perspectivas para o futuro estão centradas no avanço sustentável da pecuária leiteira, com foco primordial na adoção de tecnologias inovadoras que impulsionem a eficiência, a sustentabilidade e a excelência na gestão interna. A questão crucial da mão de obra no campo será abordada por meio de iniciativas voltadas para a criação de condições atrativas, visando à retenção de profissionais qualificados. O aprimoramento genético, com ênfase em raças especializadas, ocupará posição central, buscando maximizar a produtividade e reduzir os custos. Simultaneamente, ganhará importância a comunicação transparente e eficaz com os consumidores. O compromisso com práticas ambientalmente responsáveis e com o bem-estar animal estabelecerá conexão mais estreita entre a produção leiteira e as expectativas da sociedade. Essa abordagem proativa fortalecerá a confiança do consumidor e solidificará a posição da pecuária leiteira como atividade comprometida com os mais elevados padrões de qualidade e responsabilidade.”

 

Alexandre Toloi
Gerente de Sistemas de Ordenha Voluntária da DeLaval

“A pecuária leiteira no Brasil tem passado por significativas mudanças nos últimos 15 anos. Para 2024, prevemos o crescimento nos sistemas de monitoramento do comportamento animal. Isso inclui o controle da atividade, do tempo de descanso, da alimentação, da ingestão de água e das interações sociais. Além disso, haverá avanços na identificação do status reprodutivo, utilizando a dosagem de progesterona no leite; e no monitoramento da sanidade do úbere, por meio dos indicadores de atenção. Também se espera a predição de riscos de doenças metabólicas pós-parto. Todos esses dados podem ser coletados de maneira não intrusiva durante o processo de ordenha e no dia a dia dos sistemas de produção. Essas inovações proporcionarão aos produtores informações de alta precisão e qualidade para embasar suas decisões e implementar práticas preventivas. Nas propriedades que já adotam algumas dessas tecnologias, observa-se uma rotina mais tranquila, com animais mais felizes e produtivos. Esse conjunto de informações, quando comparado com as fazendas ao redor do mundo, oferecerá aos usuários das tecnologias dados em tempo real para aprimorar a tomada de decisão. A inteligência artificial desempenha papel fundamental nesse cenário, facilitando a gestão diária das fazendas, promovendo o bem-estar animal (BEA) e preparando sucessores alinhados com a produção sustentável de alimentos.”

 

André Luis Grando Pratto
Gerente de Produto da Agener Saúde Animal

“Em 2023, o setor leiteiro brasileiro navegou por um mar de desafios, enfrentando flutuações significativas tanto no valor pago aos produtores quanto nos custos de produção. Contudo, a perspectiva para 2024 é de otimismo, com projeções de melhorias nos preços e na margem de lucro. No próximo ano, o foco permanece na ampliação da produtividade, da qualidade, da rentabilidade e da eficiência. A ênfase recai sobre a inovação tecnológica e a gestão eficaz, elementos-chave para o sucesso do setor. Fatores como bem-estar animal, higiene, qualificação da mão de obra, sanidade, gerenciamento de informações, nutrição e reprodução continuarão sendo vitais para impulsionar a produção. Esses fatores estão conectados de forma direta ou indireta, tornando-se alicerce e parte integrante para a contínua implementação de programas como ESG e sustentabilidade. O setor leiteiro brasileiro tem todas as razões para aguardar 2024 com entusiasmo e confiança.”

 

Heloise Duarte
Head de Inovação da FairFood

“Aspectos relacionados ao clima, ao meio ambiente, ao bem-estar animal e à saudabilidade dos alimentos de origem animal já afetam o mercado e despertam no consumidor a necessidade de conhecer a origem dos produtos. As tendências apontam que essa demanda vai aumentar tanto em termos de volume como em termos de abrangência e de confiabilidade das informações. Atender a essas demandas é papel fundamental das certificações, que fazem chegar aos compradores o que eles desejam – com transparência, segurança, rastreabilidade e sustentabilidade. Para isso, os padrões de certificação têm evoluído com o apoio da tecnologia e de forma muito rápida, especialmente para suprir a necessidade das pessoas por uma visão mais amigável e completa da cadeia de produção, desde a fazenda até as gôndolas; o que é muito importante como agenda positiva da produção de proteína animal. A certificação dos alimentos desempenha e desempenhará, cada vez mais, um papel vital na construção da confiança do consumidor e na promoção de escolhas alimentares mais conscientes.”

 

João Victor Rocha
Consultor da Bioma Consultoria

“Tivemos, em 2023, um ano de grandes desafios e aprendizados. Não temos dúvida de que iniciamos 2024 mais fortes. Ano passado, ficou evidente que sistemas de produção mais eficientes conseguem passar por momentos de crise sofrendo menos impacto. Essa eficiência está pautada na utilização correta dos recursos empregados na produção de leite, como: máquinas, benfeitorias, terra, animais, mão de obra e crédito. A otimização desses recursos será o norte para 2024. Como diretrizes da porteira para dentro, devemos focar em investimentos que gerem retorno rápido, diluição de custos e melhor aproveitamento das estruturas existentes, bem como manter a atenção constante em bons índices zootécnicos aliados à boa gestão de rotinas e processos. O objetivo é buscar sempre uma produção com sustentabilidade, de acordo com os princípios ambientais, sociais e de governança. Da porteira para fora, devemos focar na compra estratégica de insumos e no bom relacionamento com os fornecedores, com a indústria e principalmente com o mercado consumidor, pois historicamente, em anos de eleição, temos uma tendência de incremento na renda dos brasileiros, favorecendo a demanda por produtos lácteos.”

 

Gilson Sebastião Dias Júnior
Gestor Técnico de Bovinos de Leite da Agroceres Multimix

“O cenário futuro da cadeia leiteira é de grande nebulosidade no que diz respeito ao preço do leite e dos insumos. O que podemos fazer é trabalhar para dentro da porteira, proporcionando bem-estar aos animais, desenvolvendo bom manejo e oferecendo dieta de qualidade para que esses animais possam expressar o máximo potencial genético. Dessa forma, é possível diluir os custos internos da fazenda. Uma dica que damos aos produtores é fazer o agrupamento dos animais conforme o grau de produtividade e trabalhar com dietas específicas. Portanto, a palavra é: eficiência.”


ADRIANA VIEIRA FERREIRA – Equipe Revista Leite Integral












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