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Sustentabilidade

Inovações em estratégias alimentares impulsionam os resultados econômicos na pecuária leiteira

Esta matéria é a primeira de duas, originadas da dissertação intitulada “Uso de silagem de grão úmido/reidratado de milho sobre indicadores técnicos e econômicos em bovinos de leite”, defendida na Universidade Federal de Lavras. O trabalho cumpriu os requisitos do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Produção Animal e é de autoria de Gustavo Graciano Mundim, que atua como consultor do Projeto Educampo, do Sebrae.

Inovações em estratégias alimentares impulsionam os resultados econômicos na pecuária leiteira

Mundim mantém vínculo direto e empático com os produtores de leite. A principal motivação por trás de seu estudo é fornecer orientações para uma gestão eficaz, capaz de promover sustentabilidade econômica e melhoria nos resultados zootécnicos na atividade leiteira.

Neste primeiro artigo, discute-se a busca por eficiência na pecuária leiteira, que passa obrigatoriamente pela revisão criteriosa do setor alimentar, uma vez que representa um dos principais custos de produção. A inovação em estratégias alimentares, seja pela adoção de insumos mais acessíveis, seja pela otimização da eficácia nutricional, emerge como caminho promissor para melhorar os indicadores econômicos da atividade.


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O potencial transformador dos subprodutos



Para reduzir custos e melhorar a nutrição do rebanho leiteiro, deve-se considerar a utilização de subprodutos da agricultura e da indústria


A valorização de subprodutos da agricultura e da indústria representa avanço significativo na redução de custos e no aprimoramento nutricional para o rebanho leiteiro. A adoção desses insumos, muitas vezes negligenciados, oferece oportunidade única de repensar as práticas alimentares, contribuindo para a sustentabilidade econômica e ambiental da produção leiteira.

Subprodutos como o caroço de algodão, a polpa cítrica, o farelo de algodão, e resíduos da indústria cervejeira, entre outros, mostram-se não apenas como alternativas viáveis para substituir insumos tradicionais, mas em alguns casos, promovem a melhoria do desempenho produtivo e reprodutivo do rebanho. A introdução desses elementos na dieta dos animais, seja como substitutos totais ou parciais, demonstra ser medida eficaz para otimizar a eficiência da produção sem comprometer a qualidade ou a quantidade do leite produzido.

Estudos no campo da nutrição animal revelam que a substituição de componentes convencionais da dieta, como o milho e o farelo de soja, por subprodutos específicos, pode resultar em economias significativas para o produtor, sem afetar adversamente o desempenho dos animais. Em alguns casos, a integração de novos ingredientes na alimentação do rebanho leiteiro é capaz de sustentar os níveis de produção existentes e até impulsioná-los, graças à melhoria na ingestão de nutrientes e à eficiência alimentar.

Um desses estudos revela que a substituição do milho pela polpa cítrica peletizada em dietas para animais que produzem em média 20 litros de leite diários não afeta a produção leiteira, configurando-se como decisão estritamente econômica. Similarmente, o uso de caroço de algodão, em substituição aos farelos de soja e milho, pode ser economicamente viável sem afetar negativamente a performance reprodutiva e produtiva das vacas.

Além disso, pesquisas indicam que, em dietas baseadas em palma forrageira, a inclusão de caroço de algodão substituindo a silagem de sorgo e o farelo de soja resulta em melhorias significativas no desempenho produtivo das vacas. Benefícios semelhantes foram identificados ao substituir parcialmente o farelo de soja por farelo de soja tostado e resíduo seco de destilaria (DDG), observando aumento no consumo de matéria seca (MS) e tendência de aumento na produção de leite. Outro importante resultado de estudo, em que se avaliou a substituição parcial de farelo de soja em dietas de vacas da raça Holandês em lactação, por farelo de soja tostado e DDG, identificou aumento no consumo MS e tendência de aumento na produção de leite.

A estratégia das compras de insumos

No cenário da produção leiteira, um dos aspectos críticos que influencia diretamente a lucratividade é a gestão eficaz dos custos com insumos. Diante das oscilações habituais nos preços desses recursos, adotar estratégias de compras inteligentes se apresenta como ferramenta valiosa para minimizar despesas. A variação regional dos preços, influenciada por fatores como produção local e demanda, aponta para a necessidade de abordagem adaptativa e bem informada nas decisões de compra.

Observar e agir conforme as tendências de mercado é fundamental. O padrão histórico dos preços de insumos-chave como o milho revela períodos do ano em que os custos tendem a ser mais baixos, especialmente nos meses correspondentes à safra na região Centro-Oeste, onde a produção atinge seu pico (Gráfico 1).



O farelo de soja, na série histórica trimestral, apresentou valores menores nos dois semestres iniciais do ano (Gráfico 2). A análise dos preços históricos do milho revela tendência constante, com valores mais acessíveis registrados nos trimestres centrais de cada ano (Gráfico 3), padrão recorrente que encontra explicação na intensificação da colheita de safrinha na região Centro-Oeste do Brasil durante esses meses. A elevada produção nesse período promove aumento na oferta do grão, facilitando o escoamento para outras regiões do país. Tal dinâmica sazonal oferece aos produtores leiteiros uma janela de oportunidade para planejar suas compras de forma estratégica, visando aproveitar os momentos de menor custo e otimizar seus gastos com alimentação do rebanho. Esse ciclo, bem compreendido, permite gestão mais eficiente dos recursos, potencializando a rentabilidade do negócio leiteiro ao longo do ano.

Observar e agir conforme as tendências de mercado é fundamental. O padrão histórico dos preços de insumos-chave como o milho revela períodos do ano em que os custos tendem a ser mais baixos, especialmente nos meses correspondentes à safra na região Centro-Oeste, onde a produção atinge seu pico

O relatório do Educampo/Sebrae MG ilustra como a compra programada desses insumos (Gráfico 4), alinhada à sua disponibilidade e preço, pode economizar recursos e também garantir o suprimento constante necessário para a manutenção da produção. As propriedades com rentabilidade superior trabalharam com maior volume de compra de milho nos trimestres de melhor preço histórico.

Em especial, a prática de estabelecer contratos de compra para o farelo de soja ao longo do ano permite distribuição mais equilibrada dos custos e do estoque, otimizando o fluxo de caixa e a gestão de recursos.



Um dos desafios para a implementação eficaz de compras estratégicas é a capacidade de armazenamento na propriedade. A possibilidade de armazenar grandes volumes de insumos, como o milho, pode ser diferencial, oferecendo vantagens como a conservação do valor nutricional e a redução de perdas. O milho grão ensilado emerge como solução inovadora, permitindo o armazenamento prolongado com qualidade, ao mesmo tempo em que minimiza as perdas por fatores externos como transporte, comercialização, insetos e roedores.

A conquista da eficiência produtiva 

A elevação da produtividade, quando gerenciada adequadamente, resulta na diluição de custos na atividade leiteira. Essa otimização pode ser alcançada tanto pelo aumento do número de animais em lactação quanto pela elevação da produção individual por animal. Ambas as estratégias contribuem para a diluição dos custos fixos e variáveis, melhorando assim a margem líquida por unidade de produto para o produtor, conforme destacado pela Plataforma Educampo/Sebrae MG (2022). Os dados analisados (Gráficos 5 e 6) ressaltam a correlação positiva entre o incremento de produtividade e o aprimoramento da margem líquida.


A elevação da produtividade, quando gerenciada adequadamente, resulta na diluição de custos na atividade leiteira. Essa otimização pode ser alcançada tanto pelo aumento do número de animais em lactação quanto pela elevação da produção individual por animal.

A análise dos dados coletados indica que tanto as propriedades que aumentaram quanto as que reduziram seu volume de produção conseguiram elevar suas margens líquidas unitárias. Notavelmente, o grupo que ampliou a produção de leite apresentou acréscimo de eficiência produtiva mais significativo, com incremento nos custos de produção relativamente menor em comparação ao grupo que reduziu sua produção.

Dentro desse contexto, a otimização do uso de insumos alimentares, como o milho, emerge como fator importante. Estudos apontam que o processo de reidratação e ensilagem do milho, por exemplo, pode melhorar significativamente a eficiência alimentar em vacas da raça Holandês, elevando a proporção entre a produção de leite e o consumo de MS. Ademais, a digestibilidade do amido, influenciada pelo método de armazenamento do milho, desempenha papel crucial na dieta das vacas leiteiras. Aumentar a eficiência na utilização do amido pode ter impactos diretos na produtividade leiteira, uma vez que a melhor digestibilidade do amido favorece a eficiência alimentar e o aumento na produção de leite.

Para refletir

A busca pela eficiência produtiva na pecuária leiteira abrange uma série de estratégias, desde a gestão eficaz do rebanho até a otimização da nutrição animal. Adotar práticas que melhorem a produção individual dos animais e a eficiência na utilização de insumos alimentares são passos cruciais para diluir custos e ampliar as margens de lucro, consolidando a sustentabilidade e a competitividade da atividade leiteira.






GUSTAVO GRACIANO MUNDIM - Consultor Sebrae Educampo
SARAH LAGUNA CONCEIÇÃO MEIRELLES - Professora de Melhoramento Genético Animal, Universidade Federal de Lavras (UFLA)

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