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Sustentabilidade

SUSTENTABILIDADE AMPLA

O PDPL avaliou a aderência dos produtores de leite aos pilares das Boas Práticas Agropecuárias, considerando o conceito de sustentabilidade, que abrange não apenas aspectos ambientais, mas também sociais e econômicos.

SUSTENTABILIDADE AMPLA

O conceito de sustentabilidade ganha cada vez mais espaço nas ações de marketing e na geração de valor para os consumidores. É importante entender que esse conceito não se restringe apenas a ações ambientais, mas envolve também outros pilares, como social e econômico. E a informação correta é importante para desenvolver iniciativas que realmente contribuam para o bem-estar de todos. 

Informação e apoio contínuos

 O Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira (PDPL) se preocupa em oferecer apoio contínuo aos produtores e em promover práticas agropecuárias responsáveis. Há três anos, vem monitorando os produtores atendidos por seu programa de Boas Práticas Agropecuárias (BPAs). Para isso, foi elaborado um questionário de 91 perguntas, cujo objetivo é diagnosticar a situação das fazendas assistidas e sugerir adequações. Essa avaliação pode ser resumida em 14 pilares que são fundamentais para que ações possam ser tomadas para melhorar as práticas agropecuárias. São eles: 

1. Manejo sanitário;
2. Capacitação de trabalhadores;
3. Manejo alimentar;
4. Manejo racional e bem-estar animal;
5. Manejo de recursos hídricos;
6. Controle integrado de pragas;
7. Manejo de resíduos;
8. Estocagem de produtos químicos;
9. Manejo de ordenha;
10. Manejo de pós-ordenha;
11. Refrigeração e estocagem de leite;
12. Risco de contaminantes;
13. Controle zootécnico;
14. Controle financeiro.

O PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA PECUÁRIA LEITEIRA (PDPL) SE PREOCUPA EM OFERECER APOIO CONTÍNUO AOS PRODUTORES E EM PROMOVER PRÁTICAS AGROPECUÁRIAS RESPONSÁVEIS

A porcentagem de fazendas em conformidade com as BPAs foi obtida por meio das respostas individuais a cada pergunta que compunha o subitem. Embora todas as 30 fazendas avaliadas tenham apresentado mais de 60% de conformidade com as BPAs, alguns fatores limitaram a obtenção de melhores resultados. Entre os resultados com maior impacto positivo estão: manejo sanitário, manejo racional e bem-estar animal, manejo de ordenha e pósordenha, controle zootécnico e controle financeiro, com mais de 90% dos produtores atendendo-os integralmente. Já os itens com maior número de pendências em suas ações são o manejo dos recursos hídricos e o manejo de resíduos, com cerca de 50% dos produtores não conformes.


 
Dentre os aspectos mais positivos encontrados nas fazendas analisadas está o bem-estar animal.

O perfil das fazendas analisadas

1. Manejo de recursos hídricos 

O manejo dos recursos hídricos é essencial para a sustentabilidade na pecuária leiteira e, para isso, o entendimento do conceito de pegada hídrica passa a ser condição fundamental. Segundo Palhares (2018), a pegada hídrica pode ser dividida em verde (evapotranspirada das culturas agrícolas), azul (consumida de fontes superficiais e subterrâneas) e cinza (utilizada na diluição de efluentes). É importante destacar que uma vaca em lactação consome de 40L a 120L/água/dia e para a limpeza das instalações são necessários cerca de 25L/m2 de área de limpeza, de acordo com dados da CCPR-MG (2004). Nesse pilar, foram feitas avaliações, conforme Figura 1.

A Pegada Hídrica é um importante indicador do uso de água doce nos diferentes setores da economia. Por meio dessa medida, é possível avaliar tanto o consumo direto quanto o indireto de água em todas as etapas da produção, desde o fornecimento de matérias-primas até a produção final.

 

Apesar de mais da metade das propriedades rurais acompanhadas pelo PDPL ainda não adotarem métodos de armazenamento de água pluvial, como barragens, a importância da gestão adequada dos recursos hídricos na pecuária leiteira é inegável. Por isso, é fundamental que essas propriedades façam avaliações periódicas da qualidade da água para garantir a sustentabilidade do sistema.

 2. Manejo de Resíduos 

A Norma Regulamentadora nº 31 (NR 31) (BRASIL, 2005) determina que “os resíduos provenientes dos processos produtivos devem ser eliminados dos locais de trabalho, segundo métodos e procedimentos adequados que não provoquem contaminação ambiental”. Nesse pilar, foram realizadas avaliações, conforme Figura 2. 

 

Nas fazendas analisadas, os dejetos bovinos têm destino final adequado: são levados para áreas de cultivo. Cerca de 60% das propriedades realizam a raspagem diária do esterco sólido e sua distribuição; o restante usa esterqueiras e os disponibiliza por meio de tanque tipo chorumeira ou fertirrigação. Contudo, alguns tanques de armazenamento têm dimensões e posicionamento inadequados. O principal desafio é demonstrar que investir em sistemas eficazes trará retorno financeiro, além de ser um compromisso social e ambiental. Uma vaca produz cerca de 45 Kg de dejetos por dia, portanto, uma fazenda com 50 vacas produz cerca de 822 toneladas de esterco por ano e 123 toneladas de produção de esterco em matéria seca (MS), considerando-se um teor de 15% MS no dejeto.
A Tabela 1 apresenta dados que revelam a monetização dos nutrientes presentes no esterco. Como se pode observar, os valores são bastante expressivos, representando uma economia de R$ 44.023,75 em adubo químico por ano.

 

Sustentabilidade social 

Outro item muito importante quando se trata de sustentabilidade é o pilar social. Para identificar o principal gargalo das propriedades assistidas, está sendo realizado o programa Leite Plus (parceria do grupo Agroplus com o PDPL), que consiste em um questionário baseado nas seguintes legislações: NR 31, NR 16, NR 15 e CLT. Esse checklist pode ser resumido em três grandes áreas: socioambiental, construções rurais e manejo.
No item “manejo”, destaca-se a segurança alimentar na produção de leite, sendo um dos pontos com maior porcentagem de atendimento à legislação, acima de 95%. Por outro lado, na área socioambiental e de construções rurais, há muito a ser feito. Esse diagnóstico busca entender as relações trabalhistas, como contrato, carteira assinada, folgas, ausência de trabalho infantil, e vai além, avaliando insalubridade, periculosidade, entre outros itens. 


 
É essencial realizar a gestão de resíduos, como a utilização do tanque tipo chorumeira, para evitar impactos ambientais

A gestão socioambiental tem enfrentado desafios críticos nas fazendas analisadas, como a falta de registros e arquivamento de documentos em relação à gestão de risco e saúde no ambiente de trabalho. Na área das construções rurais, identificou-se a necessidade de ajustes no barracão de máquinas e no depósito de agroquímicos para garantir maior segurança aos equipamentos, pessoas e conservação dos produtos e máquinas. 

Com o objetivo de compreender o impacto ambiental da atividade leiteira, foram realizadas medições do inventário de carbono em 24 fazendas assistidas no período de 2022 a março de 2023, utilizando a planilha do Programa Brasileiro GHG Protocol. 

Os resultados mostraram grandes oscilações e como tentativa de encontrar um padrão para essas diferenças, os dados foram subdivididos em dois grupos, quanto à emissão. Assim, foi possível observar uma diferença de quase 100% entre a emissão de CO2 equivalente dos grupos, com os valores de 0,72 Kg de CO2eq/L de leite para o grupo com menor emissão e 1,33 Kg de CO2eq/L de leite para o grupo com maior emissão, como mostrado na Tabela 2. Além disso, o inventário de carbono por vaca em lactação foi estimado em 6.832,8 Kg de CO2.

 

Sem dúvida, a sustentabilidade ambiental e econômica estão longe de serem antagônicas, como os dados da Tabela 2 claramente indicam. Da comparação entre os grupos destaca-se que o grupo de menor emissão apresentou maior produtividade por vaca (24,01 x 15,15 L/VL/dia) e maior produção por área (17.439,76 x 5.685,10). Naturalmente, o primeiro obteve resultados econômicos muito superiores, como margem líquida por litro de leite de R$ 0,58 x R$ 0,32 e taxa de retorno do capital com terra de 23,17% x 9,16%, o que signifi ca mais do que o dobro de retorno. Esses dados reforçam a teoria de que eficiência e sustentabilidade caminham lado a lado. 

Breve resumo

Durante a jornada do PDPL na busca de entender a real situação dos produtores atendidos e auxiliá-los com soluções eficientes técnica e economicamente, pode-se inferir que: 

• Ainda há muita desinformação sobre o tema, tanto por parte dos produtores quanto dos consultores; 

• Há muito a ser feito no pilar social, como garantir carteira assinada, folga semanal, monitoramento do uso de EPIs, atenção à periculosidade de algumas tarefas e insalubridade. Esses aspectos merecem mais atenção, pois podem ser pontos críticos para a falta de mão de obra qualificada no meio rural; 

• Existem muitas oportunidades para monetizar ou economizar com ações sustentáveis. Por isso, o consultor deve se esforçar em demonstrar o custo benefício das medidas propostas para convencer o produtor a adotá-las; 

• Fazendas mais eficientes são mais sustentáveis. Portanto, o caminho para a sustentabilidade na atividade leiteira passa por dois pontos fundamentais: conhecimento e eficiência.


O CAMINHO PARA A SUSTENTABILIDADE NA ATIVIDADE LEITEIRA PASSA POR DOIS PONTOS FUNDAMENTAIS: CONHECIMENTO E EFICIÊNCIA



MARCUS VINICIUS CASTRO MOREIRA - Médico Veterinário e Coordenador Técnico do PDPL
TOMAZ DE PAULA MELO - Zootecnista do PDPL

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