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Micotoxinas em vacas leiteiras: o papel do rúmen

Equipe Adisseo – Manejo de Micotoxinas

Micotoxinas em vacas leiteiras: o papel do rúmen

1. O rúmen protege as vacas leiteiras contra as micotoxinas... só em parte. 

As micotoxinas são metabólitos tóxicos produzidos por fungos que podem se desenvolver em grãos e forrageiras. As mais conhecidas e talvez mais temidas na produção leiteira são as aflatoxinas, especialmente a aflatoxina B1 (AFB1). Quando ingerida pelas vacas, a AFB1 se transforma metabolicamente em aflatoxina M1 (AFM1) no fígado, metabólito conhecido por ser hepatotóxico e carcinogênico. A AFM1 pode passar para o leite e, neste caso, pode causar importantes problemas de saúde pública e perdas diretas para os produtores. 

Mas as aflatoxinas não são o único grupo de micotoxinas objeto de preocupação. Outras seis famílias principais de micotoxinas já foram identificadas: Ocratoxina, Zearalenona, dois grupos de Tricoteceno (incluindo o Desoxinivalenol (DON) e a toxina T-2), Fumonisinas e Alcaloides de Ergot. Naturalmente os ruminantes são parcialmente protegidos contra algumas micotoxinas pela capacidade da microbiota ruminal de produzir enzimas capazes de desintoxicar alguns desses metabólitos. Porém, a maioria das micotoxinas continua sendo fonte de grande preocupação para a saúde e o desempenho das vacas. A Figura 1 mostra os principais tipos de micotoxinas, a sensibilidade das vacas leiteiras e os principais órgãos ou sistemas afetados.

 

A gravidade dos sintomas varia em função de diversos fatores, como as práticas de manejo, idade, sexo, espécie, estado nutricional e de saúde e, sobretudo, a natureza, a concentração e a duração da exposição às micotoxinas. Se ingeridas altas doses, pode-se observar a ocorrência de micotoxicose aguda com sintomas severos. Com doses mais baixas e moderadas, os sintomas são em geral subclínicos, podendo ser facilmente confundidos com outros distúrbios. No entanto, as micotoxinas podem ter efeitos prejudiciais mesmo em doses pequenas e exposição constante, especialmente na função ruminal, imunidade, desempenho reprodutivo e claudicação. Sabe-se também que algumas micotoxinas, como o DON e a T-2, diminuem a produção e a gordura do leite quando ingeridas por um período prolongado. Um fato interessante é que a microbiota do rúmen consegue degradar o DON num metabólito menos tóxico. Entretanto, o DON pode afetar a microbiota, gerando um efeito negativo sobre o desempenho observado ao longo do tempo de exposição. Dessa forma, a saúde e a estabilidade do rúmen devem estar no centro de toda estratégia para redução dos problemas envolvendo micotoxinas em ruminantes. 

2. A contaminação natural por micotoxinas afeta o desempenho e a resistência de vacas leiteiras  

 A Dra. Nancy Whitehouse, Professora Livre Docente da Universidade de New Hampshire (EUA) realizou um teste in vivo para verificar o efeito da contaminação natural de micotoxinas no desempenho e nos parâmetros sanguíneos de vacas leiteiras. Foram utilizadas 24 vacas da raça Holandesa num teste de blocos casualizados com réplicas e duração de 6 semanas. Foram testados três tratamentos: dieta controle negativo (NC), dieta controle positivo com elevada exposição natural a micotoxinas (PC) e dieta PC com adição de 30 g/d do inativador de micotoxinas Unike Plus (UP) da Adisseo. A dieta NC continha 653, 290 e 2,013 ppb, enquanto a dieta PC continha 1,054, 628 e 4,771 ppb de Fumonisinas, Zearalenona e DON, respectivamente.

Curiosamente, a produção não foi afetada pelas micotoxinas imediatamente após o início do consumo da dieta contaminada. Foram necessárias quatro semanas até ser observada uma diminuição na produção de leite ou no ECM (leite corrigido para energia). A Figura 2 apresenta o desempenho das vacas leiteiras seis semanas pós-administração dos tratamentos. A produção de leite, o ECM e o DMI (consumo de matéria seca) diminuíram 8,5, 2,2 e 3,3%, respectivamente, entre os 2 grupos controle. A adição do inativador de micotoxinas conseguiu reduzir os efeitos das micotoxinas nesses três parâmetros. 

 

3. A perda de desempenho pode estar relacionada a mudanças na microbiota ruminal  

 Neste experimento, o fluido ruminal foi coletado e os parâmetros de ácidos graxos testados para verificar os efeitos das micotoxinas e do inativador de micotoxinas no rúmen de vacas. A ingestão de micotoxinas por seis semanas afetou o perfil e a produção de ácidos graxos voláteis (VFA). A produção de butirato, isobutirato e isovalerato diminuiu no tratamento PC em comparação ao NC, conforme mostrado na Tabela 1. O butirato é um nutriente lipogênico que contribui para a síntese de ácidos graxos de cadeia longa no organismo e/ou no leite. O isovalerato está associado à síntese de proteína microbiana, e sua diminuição pode ser devida a uma redução da população de bactérias celulolíticas. Esses resultados mostram que as micotoxinas podem alterar a microbiota ruminal e afetar o seu funcionamento, comprometendo a produção de ácidos graxos. Contudo, a diminuição do butirato, isovalerato e isobutirato foi compensada com a adição de Unike Plus à dieta.

 

Para entender melhor o efeito do inativador de micotoxinas na função ruminal, foi conduzido outro experimento in vitro no CERN (Centro de Expertise e Pesquisa em Nutrição Animal da Adisseo na França). Na avaliação das consequências no rúmen foi adotada uma abordagem de duas etapas, tanto no teste in vivo como in vitro. Foram utilizadas quatro vacas Holandesas não lactantes, com fístula no rúmen, como doadoras do fluido ruminal. Um inóculo, contendo 800 mg de ração, foi considerado o controle para todas as vacas, e outro foi suplementado com a mesma dieta e 96 mg de Unike Plus (UP), mas não foram adicionadas micotoxinas à ração. Os resultados desse estudo apresentados na Tabela 2 confirmam a capacidade do inativador de micotoxinas modular a microbiota ruminal e, portanto, a produção de ácidos graxos. Tanto o teste in vivo como in vitro mostraram a capacidade de Unike Plus contribuir sempre para a produção ideal de ácidos graxos pela microflora ruminal. Além disso, o teste realizado no CERN mostrou aumento do propionato e do valerato no tratamento UP. O propionato é de grande importância, por ser um nutriente glicogênico com impacto direto na produção de lactose e de leite. 

 

Conclusão 

Sabe-se que a microbiota ruminal de vacas leiteiras contém espécies capazes de produzir enzimas que degradam algumas micotoxinas. Porém, no campo da pecuária ainda é preciso reconhecer o fato de as micotoxinas também conseguirem afetar o funcionamento e a eubiose do rúmen. Através destes experimentos foi comprovado que Unike Plus é capaz de reduzir os efeitos das micotoxinas no desempenho, na imunidade e nos parâmetros do rúmen das vacas. Por ser uma solução com diferentes mecanismos de ação, os efeitos do Unike Plus não estão limitados a sua alta capacidade de adsorver diversas micotoxinas. Parte do modo de ação de Unike Plus implica no aumento natural da microbiota ruminal e da produção de enzimas degradantes de micotoxinas. Reforçar essa bioinativação endógena é uma maneira de aproveitar melhor os mecanismos naturais de proteção dos animais e representa uma estratégia importante dentre os recursos para obter bons resultados no manejo de micotoxinas e na produção em geral.  



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