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Nossa História - Conheça a Fazenda São Sebastião da Vargem

CIRO VILELA DE SIQUEIRA: Tradição e Raça! - Revista Leite Integral Ano 3 - Número 14 - Abril/Maio 2008

Nossa História - Conheça a Fazenda São Sebastião da Vargem

Em uma manhã ensolarada e quente de outubro de 2007, visitamos a Fazenda São Sebastião da Vargem, localizada em São Gonçalo do Sapucaí, sul de Minas Gerais, visita está sem prévio aviso, para que a rotina que encontrássemos fosse a mesma realizada dia a dia.

No escritório da fazenda encontramos o Sr. Ciro Vilela de Siqueira, às voltas com os afazeres diários de fazendeiro. Depois juntou-se a nós seu filho, Marcelo, e o genro, José Francisco, o Tito. Estava formada a trinca que administra os negócios desta família: leite, corte, café, milho, tomate e outras atividades de menor vulto no sistema de produção, como a criação de cavalos Mangalarga Marchador.

 

A FAZENDA


Em 1837 o bisavô do Sr. Ciro, Sr.João Baptista de Siqueira adquiriu a fazenda em sociedade com o cunhado Manoel de Souza Meirelles. Depois a mesma foi vendida ao filho, Cel. Alberto de Souza Siqueira, em 1906. Em 1940 mais uma venda e mais uma vez de pai para filho, sendo o comprador o Sr. José Meirelles de Siqueira, pai do Sr. Ciro que enfim a recebeu em herança, após o falecimento do pai, ocorrido há 51 anos.

"Tocamos em sociedade, até que em 1975 dividimos o patrimônio entre seis irmãos e irmãs”, conta Sr. Ciro.

AS FAZENDAS

Hoje o sistema de produção conta com aproximadamente 2.500 hectares próprios e arrendados. Compõem o sistema, além da Fazenda São Sebastião da Vargem, as fazendas Bela Vista, Cascata, Santa Adelaide e dos Macacos.

A produção, oriunda de um imenso volume de trabalho, impressiona, sendo apresentados na tabela abaixo os principais negócios:

 

Evolução da produção de leite:


PIONEIRISMO E DIVERSIFICAÇÃO

Pioneirismo é a palavra que melhor define a atuação desta família há várias gerações. Para se ter uma ideia, foi o avô do Sr. Ciro, Cel. Alberto Siqueira, um dos fundadores do Banco Itaú e da indústria de cimentos do mesmo nome.

Seu pai foi um dos fundadores da Santa Casa de Misericórdia, Asilo e estrada de ferro de São Gonçalo do Sapucaí. Na fazenda, são inúmeras as ações pioneiras, que marcam a história da agropecuária da região e do Brasil:


Fábrica de rações na fazenda, granelização do leite e da ração, transferência de embriões, produção de grão úmido e armazenamento de milho grão em bags foram outras atividades pioneiras.

A diversificação veio como forma de atravessar as seguidas crises do leite. Primeiro veio o gado de corte, depois o milho e a lavoura de tomate.

"Bezerro de corte tem que ser bom, pois assim o giro é rápido", ensina o Sr. Ciro. Confinando desde a década de 1990, abate cerca de 500 bois por ano, em sistema montado na fazenda Cascata, município de Turvolândia.

O milho, atividade antiga na propriedade, era destinado exclusivamente à produção de silagem. Hoje os 300 hectares plantados em sistema de plantio direto servem à esta atividade, à produção de concentrados para todas as categorias animais arraçoadas e ainda sobra alguma coisa para vender.

Já a lavoura de tomate, mais recente introdução, é feita em parceria com os “meeiros”. “Eu achava que produzir leite dava muito trabalho até o dia e que resolvi plantar tomates”, diz Marcelo.
O café é por conta do Tito, que se sente aliviado com o recente final da colheita, mas preocupado com a grande inesperada seca que assola a região de julho.

"Nunca vi uma seca assim por aqui. Estamos preocupados com a safra do ano que vem".
Mas a percepção da seca, mais uma vez mostra o lado arrojado do grupo. A fazenda já tem milho plantado, com irrigação, para antecipar a produção de silagem e garantir a produtividade do rebanho.

FÉ NO LEITE E NA GENÉTICA 


Berço da inseminação artificial do Brasil, São Gonçalo do Sapucaí contou nas décadas de 1960 a 1980 com a Cooperativa Sul Mineira de Inseminação Artificial, de qual Sr. Ciro Siqueira foi presidente.

Era um empreendimento que contava com o apoio do Ministério da Agricultura e que, além de coletar e congelar sêmen, formava a mão de obra para inseminação artificial que se iniciava no Brasil e em toda a América Latina.

 

Inseminando suas vacas desde aquela época, Sr. Ciro jamais deixou de utilizar sêmen de touros provados e com acasalamentos dirigidos. Hoje as novilhas recebem sêmen sexado e retornou a atividade de transferência de embriões.

As famílias das vacas SSV impressionavam, pois raramente temos a oportunidade de visitar uma fazenda e conhecer três e até quatro gerações de uma grande família de vacas.

A quantidade e qualidade do rebanho são explícitas. Basta uma visita ao freestall para verificar a afirmação acima.

"O leite é uma vocação que nasceu comigo. Meu avô não gostava da atividade e dizia que bom era café e boi. Leite só para minha avó fazer biscoito", brinca Sr.Ciro.

E que vocação!

Em meio a mais uma das grandes crises da pecuária de leite do Brasil, Sr. Ciro e Marcelo toma uma decisão ousada: construir um freestall para 140 vacas.

"Não tínhamos mais condições de produzir. As vacas sofriam muito no verão, com doenças como a mastite, problemas de casco, queda na produção e aumento nos custos. Estava insuportável manter estas vacas no barro", dizem em consonância.

Foi um grande investimento e muitas adaptações em materiais reciclados, aproveitados e mais uma vez, inovados. A estrutura é toda de madeira, eucaliptos da própria fazenda. A água para consumo do freestall é armazenada em tanque de caminhão adaptado e assim permite o uso do sistema de flushing para limpeza do piso e as telhas de barro, além da estética, proporciona um conforto térmico excelente para as vacas alojadas. Ficou muito bom.

VACA TEM QUE TER CONFORTO

A primeira imagem que nos chamou a atenção ao chegarmos à fazenda foi o cuidado do senhor Joaquim, encarregado da limpeza geral das instalações, com as vacas.

 

Numa manhã quente da primavera, ele estava "banhando" as vacas antes das mesmas seguirem para ordenha. "Elas ficam mais tranquilas. Está fazendo muito calor", sentencia.

No corredor de acesso à sala de ordenha mais uma inovação: um chuveiro de cano preto furado as pernas de água sobre as vacas. Sombrite na sala de espera e ventiladores na sala de ordenha completam o aparato.

GRANDES VACAS, GRANDES NEGÓCIOS

Há muitos anos as vacas SSV formam a base de rebanhos por este Brasil afora, além de serem Fontes seguras para o sucesso em pistas e torneios leiteiros.

Na década de 1970 foram realizados alguns torneios na região, todos vencidos por animais SSV. Nas duas edições da exposição de São Gonçalo do Sapucaí, Ciro sagrou-se Melhor Criador e Melhor Expositor, concorrendo com renomados rebanhos. Outras muitas pistas foram conquistadas por seus animais, dentre os quais Pecadora, Suzi e Carmell são alguns nomes marcantes.

Pecadora, lembro Sr. Ciro, foi a vaca que projetou na pecuária de leite. Vendida para criador da cidade de sete Lagoas, por "dois Volks Wagen zero quilômetros", foi premiada naquela cidade ao produzir, em torneio leiteiro, 58 kg de leite, enfim da década de 1960. Naquela época, residia em São Gonçalo do Sapucaí o veterinário João Floriano Casagrande, baluarte da inseminação artificial brasileira, que então incentivou Ciro a entrar definitivamente no mercado de gado puro.

Em 1999 Marcelo decidiu participar do torneio leiteiro Miss Leite B, em São Paulo. Porém a vaca Suzi teve problemas durante o evento, perdendo ponto de volta a fazenda e recuperada produziu 91 litros de leite em um dia.

Em 2007 o primeiro grande negócio veio em leilão virtual, quando a vaca SSV Carmel foi arrematada por um criador de Russas, Ceará, por R$19.370, 00. Carmel é uma girolanda F1, filha de vaca POI Blackstar e de touro Modelo, da raça gir. Na data do leilão, em junho, já estava com prenhez confirmada e produzindo 42 l de leite por dia, alojada no freestall e em ordenha sem bezerro.

UMA EQUIPE DE SUCESSO

Com a consciência de que nada se constrói sozinho, o grupo conta com uma bela equipe em todas as atividades. São mais de 100 pessoas envolvidas direta e indiretamente na produção das fazendas.

MUITO TRABALHO E MUITO PRAZER

O trabalho é árduo e diário. Fazenda não fecha nunca, mas a recompensa passa quase que despercebida no saudável contato com a natureza, na amizade sincera entre as famílias de uma pequena cidade do interior, na liberdade em que se criam os filhos, geração após geração, nas cavalgadas, mesmo que há trabalho, e até no cafezinho.

De lá ninguém sai sem beber um café cujos grãos são guardados inteiros, crus, à sombra, por mais de cinco anos. Só então é processado (descascado, torrado e moído) e levado para a cozinha da sede centenária, de onde exalam aroma adocicado e confere um paladar ímpar, mas uma peculiaridade dessa fazenda tão especial.



Eduardo Valias Vargas. - Médico Veterinário - CRMV-MG 5644

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Comentários

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  • Image usuário

    09/04/2024 18:03:25 - Valdecir Valentim:

    Parabéns Marcelo pelo seu belo trabalho vc e sua equipe e vendo tudo isso fico muito feliz .vc e um guerreiro e de sucesso sempre meu amigo.em breve vou está morando em SGSe aí vou fazer uma visita .pra vc desejo cada vez mais e mais sucesso e que Deus abençoe sempre sua vida 🙏.