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Inseminação artificial: A importância de treinar e retreinar os inseminadores

Inseminação artificial: A importância de treinar e retreinar os inseminadores

Texto: Flávia Fontes

Foto: Genes Diffusion

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Muitos podem considerar que inseminar vacas é como andar de bicicleta - uma vez aprendido, nunca se esquece. Entretanto, resultados de treinamentos com inseminadores mostram uma grande porcentagem de falhas no local de deposição do sêmen, o que pode comprometer o resultado da inseminação artificial (IA) e, consequentemente, os índices reprodutivos do rebanho.

Introdução

O treinamento e retreinamento periódico de funcionários é essencial em qualquer atividade, incluindo a pecuária leiteira. Isso implica que os funcionários sejam capazes de aprender novos conceitos e mudar antigos comportamentos. Outro objetivo dos treinamentos é renovar o interesse e a motivação.

Muitas vezes, os funcionários podem se mostrar resistentes aos treinamentos, pois já estão exercendo determinada atividade por um longo período de tempo e acreditam que já sabem tudo o que precisam sobre ela. No caso específico da IA, resultados de treinamentos mostram uma grande porcentagem de falhas no local de deposição do sêmen, mesmo para inseminadores que exercem essa função há muitos anos.

 

Local de deposição do sêmen na IA

A Figura 1 apresenta os principais locais de deposição do sêmen na IA.

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Na monta natural, o touro deposita muitos milhões de espermatozóides na vagina da vaca, e a cérvix funciona como um grande filtro, reduzindo o número de espermatozóides que alcançarão o útero para aproximadamente 1% do total.

No início da década de 1960, dois importantes estudos, utilizando sêmen congelado mostraram, de forma conclusiva, que, na IA, a deposição de sêmen no corpo uterino trazia melhores resultados que a deposição na cérvix, método que vinha sendo usado até então, e permitia a utilização de um número consideravelmente reduzido de espermatozóides por dose. Ou seja, cruzar a barreira cervical se tornou um grande passo para aumentar as taxas de concepção.

Entretanto, essa mudança representou um grande desafio para os inseminadores. Um estudo feito no início da década de 1980 mostrou que vaqueiros e inseminadores profissionais estavam igualmente inaptos a realizar a IA no corpo uterino. Apenas 228 das 586 tentativas alcançaram sucesso, representando 39% do total.

Trabalhos posteriores compararam a eficiência da IA quando o sêmen era depositado no corpo ou nos cornos uterinos. Apesar de alguns resultados contraditórios, os pesquisadores concluíram que a deposição nos cornos uterinos pode favorecer a sobrevivência e o transporte espermático quando o sêmen utilizado é de baixa qualidade ou quando o ambiente uterino não está completamente saudável. Como essa técnica exige palpação ovariana para determinar o lado do folículo ovulatório, e essa palpação pode provocar ruptura folicular e outras consequências negativas, a recomendação é que seja utilizada apenas nas situações descritas acima.

 

Por que o retreinamento é tãonecessário?

Um artigo publicado na Hoard’s Dairyman mostrou a importância do retreinamento periódico de inseminadores. O autor cita um trabalho, no qual os pesquisadores utilizaram peças de frigorífico e vacas vivas para avaliar a eficiência dos inseminadores em depositar o sêmen no corpo do útero. Os resultados, que podem ser observados na Tabela 1, são alarmantes. Em apenas 24% das tentativas, o sêmen foi depositado no corpo do útero, demonstrando uma clara necessidade de retreinamento dos inseminadores. As práticas com peças de frigorífico foram repetidas a cada 2 ou 3 meses durante 1 ano e os resultados apresentaram melhora de 80 a 85% como pode ser visto na Tabela 1.

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Posteriormente, cada técnico inseminou 4 vacas, que tiveram seu trato reprodutivo avaliado após abate. Os resultados são apresentados na Tabela 2. Os resultados foram discutidos entre os participantes do treinamento, que perceberam sua importância e solicitaram a continuação das práticas com vacas vivas.

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Os dados demonstraram que melhores resultados podem ser alcançados por alguns indivíduos. Invariavelmente, os técnicos que obtiveram os melhores resultados, posteriormente, em seus locais de trabalho, foram aqueles que conseguiram depositar o sêmen no corpo do útero durante o treinamento. Além disso, todo o grupo reportou melhorias na fertilidade das vacas inseminadas por eles durante os anos que se seguiram a esse e outros treinamentos que participaram.

Uma observação muito interessante, feita pelo autor, foi a mudança de atitude desse grupo de técnicos. Antes do retreinamento, eles imputavam continuamente as baixas taxas de concepção à qualidade do sêmen, a falhas de manejo das vacas e a outros problemas comuns dos rebanhos. Após o treinamento, as falhas reprodutivas passaram a ser motivo de auto-avaliação.

 

Conclusões

Não é possível predizer o futuro e o que mudará em relação aos métodos de inseminação artificial. Mas, quanto melhor os inseminadores entenderem a biologia reprodutiva das vacas, por meio de treinamentos e retreinamentos periódicos, melhores serão as taxas de concepção e de eficiência reprodutiva nos rebanhos leiteiros.

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