INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL SEM SEGREDO

A Inseminação Artificial (IA) é a técnica de biotecnologia reprodutiva mais utilizada na pecuária, capaz de proporcionar avanços reprodutivos, genéticos, produtivos e econômicos. Apesar de ser adotada na rotina de muitas fazendas, os resultados obtidos são extremamente variáveis. Essa variabilidade pode ser atribuída a diversos fatores, o que leva a questões como: Por que determinados rebanhos apresentam elevadas taxas de concepção com a IA enquanto outros não? Quais são os motivos que explicam essas diferenças?

Como obter bons resultados? 

Para obter bons resultados na IA nas fazendas leiteiras é importante entender que a efi cácia da técnica está diretamente relacionada com o sucesso reprodutivo do rebanho como um todo. Em outras palavras, para que a IA funcione adequadamente, todos os pilares da reprodução devem estar em ordem. E o que afeta a reprodução? Praticamente tudo na fazenda, desde nutrição, manejo alimentar, conforto, estresse térmico, sanidade, saúde do úbere, qualidade dos manejos e instalações e, até mesmo, a presença de ectoparasitas como carrapatos e moscas. A lista de fatores é interminável.
Diante disso, é crucial que os produtores de leite ofereçam condições ideais para atender às necessidades básicas dos animais. Somente assim, poderão exigir bons resultados na IA e, consequentemente, na reprodução.

Em geral, o botijão de nitrogênio é composto por seis canecos, cada um contendo de 8 a 10 racks com capacidade para armazenar cerca de 10 palhetas médias (5 na parte superior e 5 na parte inferior) ou cerca de 20 palhetas fi nas (10 em cima e 10 embaixo). Com isso, a maioria dos botijões é capaz de armazenar até 1.200 doses de palhetas fi nas ou 600 doses de palhetas médias.

Quais são os cuidados necessários para garantir o sucesso da IA? 

Reiterando o que foi mencionado anteriormente, a IA é um dos aspectos que influencia diretamente o sucesso reprodutivo do rebanho e, portanto, requer cuidados específicos. A organização e a higiene são cruciais no processo de IA e englobam diversos cuidados, como o manejo adequado do botijão de sêmen, o tempo de descongelamento correto, a preparação cuidadosa do animal e a limpeza dos materiais utilizados após a realização da IA. Como esses cuidados podem ser resumidos?

 a) Manejo do botijão e do sêmen
É importante garantir que os botijões usados para o transporte e armazenamento das palhetas de sêmen estejam em boas condições. Eles devem ser mantidos em ambiente seco e fechado, e o nível de nitrogênio deve ser verificado periodicamente. É recomendado trabalhar com nível mínimo de nitrogênio acima de 20 cm. É fundamental que as doses de sêmens dos touros escolhidos para a IA sejam provenientes de centrais certificadas que atestem a qualidade em cada partida, assegurando a biossegurança do material e evitando variações na fertilidade. 

b) Descongelamento do sêmen
Ao manipular a caneca que contém o sêmen a ser utilizado na IA , é importante limitar até a borda isolante interna do botijão, removendo as palhetas da rack com o auxílio de uma pinça adequada. Isso evita o aumento de temperatura nas doses que não serão utilizadas naquele momento.

 
O manejo apropriado do botijão de sêmen, o tempo adequado de descongelamento, a cuidadosa preparação do animal e a limpeza dos materiais utilizados são fundamentais para o alcance de bons resultados na IA.

Uma sugestão é identificar as canecas com esparadrapos nas hastes externas nomeando os touros e/ou a raça que cada uma contém para facilitar a busca pelo material e evitar remover palhetas desnecessariamente, o que expõe o sêmen ao meio ambiente e pode reduzir sua fertilidade. A verificação da temperatura da água de descongelamento é outra etapa importante: a temperatura ideal é entre 35°C e 37°C e deve ser mantida constantemente nessa faixa. Deve-se sempre dar preferência aos descongeladores automáticos.
Recomenda-se padronizar o tempo de descongelamento em 30 segundos para palhetas médias e em 20 segundos para palhetas finas. Em seguida, é importante secar cuidadosamente a palheta com papel toalha limpo antes de cortar a ponta em corte reto, utilizando cortador específico. É fundamental evitar o corte em bisel (diagonal), pois isso pode fazer com que a palheta se solte da bainha, permitindo o refluxo do sêmen e reduzindo as chances de sucesso da inseminação.

c) Preparação do animal
Com a matriz devidamente contida, é importante higienizar a região da vulva com água e/ou papel toalha para evitar a contaminação do aparelho reprodutivo da fêmea bovina. Ao inserir o aplicador, é recomendado utilizar uma angulação próxima a 45° para facilitar o seu direcionamento e evitar lesões.

d) Após a realização da IA
Após a IA, é essencial limpar todo o material utilizado com álcool, especialmente o êmbolo do aplicador que entra em contato com o material do interior da palheta. Em seguida, o material deve ser armazenado na caixa de inseminador para proteção contra sujidades. A higiene em todo o processo, desde a retirada do sêmen do botijão até a limpeza da vaca, é fundamental para o sucesso da técnica, bem como para evitar problemas de saúde para o trabalhador, para o animal e para a qualidade do sêmen.

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Em resumo A IA bem implementada e estruturada pode trazer grandes benefícios para a fazenda. Para que isso aconteça, é preciso cumprir algumas condições básicas de reprodução, como garantir que as vacas sejam bem alimentadas, e estejam saudáveis e confortáveis. Além disso, é importante adotar premissas de organização e higiene antes, durante e após a inseminação.

  A IA BEM IMPLEMENTADA E ESTRUTURADA PODE TRAZER GRANDES BENEFÍCIOS PARA A FAZENDA 

BRUNO GUIMARÃES - Médico Veterinário e Técnico Equipe Leite Rehagro