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Mantendo as bezerras recém-nascidas vivas e saudáveis

Mantendo as bezerras recém-nascidas vivas e saudáveis

Texto: James Drackley

Todo produtor de leite sabe que bezerras recém-nascidas estão sujeitas a doenças que podem rapidamente se transformar em situações de risco para a vida desses animais. De acordo com um estudo recente conduzido nos EUA (National Animal Health Monitoring System - NAHMS, 2010), as mortes antes do desaleitamento representam, em média, 7,8% do total de bezerros nascidos vivos.

Em contraste com as fazendas leiteiras, doenças e morte de bezerros de corte, criados com suas mães, são muito menos frequentes. Por que isso ocorre? Provavelmente, os dois principais motivos são uma melhor nutrição e o ambiente limpo, não-confinado, das pastagens. Os bezerros de corte podem mamar sempre que tiverem fome, e o consumo total de leite é muito superior àquele oferecido às bezerras nas fazendas leiteiras.

Doenças neonatais podem causar grandes prejuízos, mesmo quando não levam à morte da bezerra. Um grande número de trabalhos científicos tem mostrado que bezerras que tiveram doenças respiratórias, por exemplo, não se desenvolvem adequadamente, produzem menos leite quando se tornam vacas, e não permanecem no rebanho tanto tempo quanto aquelas que não ficaram doentes. O impacto econômico das doenças neonatais é, portanto, muito maior que os custos imediatos com tratamentos.

Com uma média de mortalidade de 7,8% de todos os bezerros que nascem vivos, é claro que existe uma grande variação entre as fazendas dos EUA. As fazendas que adotam as melhores práticas de criação têm taxas de mortalidade inferiores a 1%, enquanto aquelas com manejo inadequado podem perder 15% dos animais. Por que ocorre tanta diferença? Que fatores são responsáveis por essa grande variação na morbidade e mortalidade de bezerros? O que podemos fazer a esse respeito?

 

Causas de doenças

Os dados do NAHMS mostram que as diarréias respondem por 56,5% das mortes de bezerros, sendo consideradas  a principal causa de mortalidade pré-desaleitamento. As doenças respiratórias são responsáveis por 22,5% das mortes, e as infeções de umbigo por outros 1,6%. Esses dados deixam claro que as infecções gastrointestinais são o maior desafio na criação de bezerras recém-nascidas. Por outro lado, as doenças respiratórias se tornam a principal causa de morte após o desaleitamento, respondendo por 46,5% de todas as mortes. É preciso salientar, entretanto, que apenas 1,8% das novilhas morrem após o desaleitamento (NAHMS, 2010).

Os dados do NAHMS indicam ainda que 23,9% de todas as bezerras nascidas vivas sofrem, pelo menos, um episódio de diarréia durante o período de aleitamento, e que aproximadamente 3/4 dessas (17,9% do total de nascidas vivas) são tratadas com antibióticos. As doenças respiratórias afetam 12,4% dos animais, e quase a totalidade dessses (11,4%) são tratados com antibióticos.

Esses dados mostram que a fase de aleitamento é o período de maior risco para doenças e mortes de bezerras, mas essa situação pode ser mudada. A Dairy Calf and Heifer Association estabeleceu os “Padrões de Ouro” para a criação de bezerras (http://www.calfandheifer.org/?page=GoldStandards), indicando que a mortalidade deve ser menor que 5%, e a morbidade inferior a 10%.

 

O que podemos fazer?

As melhores fazendas, em termos de baixas perdas por mortalidade e baixos índices de doenças, claramente, dão grande atenção a todos os aspectos da criação de bezerras. Os pontos mais importantes, nos quais melhorias sempre podem ser feitas, são a colostragem e a ambiência.

O colostro é a chave do suscesso de qualquer programa de criação de bezerras. O colostro verdadeiro, proveniente da primeira ordenha após o parto, fornece os anticorpos essenciais (imunoglogulinas) que as bezerras necessitam para se defender contra os patógenos invasores. Mas, o colostro fornece muito mais que apenas imunoglobulinas, incluindo um grande número de outros compostos antimicrobianos e nutrientes essenciais para a transição nutricional que a bezerra passa quando deixa de ser alimentada pelos nutrientes que chegam ao útero materno e precisa sobreviver no ambiente externo. As recomendações para fornecimento de colostro são muito simples: ofereça o máximo possível, no menor tempo após o nascimento, e mantenha o mesmo livre de contaminações em todas as etapas, da coleta ao fornecimento.

O ideal, é que a bezerra consuma, pelo menos, 3 litros de colostro na primeira hora após o nascimento, seguidos de outros 2 a 3 litros nas próximas 8 a 12 horas. A qualidade do colostro (em termos de quantidade de imunoglobulinas) pode ser determinada por meio de um colostrômetro, e o primeiro fornecimento deve ser apenas de colostro verdadeiro (primeira ordenha), avaliado como de boa qualidade.

Nos últimos anos, tem sido relatado que muitos dos problemas das bezerras recém-nascidas têm relação com a contaminação do colostro, em função da inadequada sanitização do úbere, das mãos do ordenhador e dos utensílios de coleta e estocagem. O úbere da vaca deve ser higienizado e os tetos sanitizados antes da ordenha. O equipamento de ordenha ou as mãos do ordenhador devem estar limpos, e os recipientes nos quais o colostro será coletado, estocado e fornecido (mamadeiras) devem ser lavados, sanitizados e secos antes de cada uso. O colostro deve ser fornecido ou refrigerado imediatamente após a ordenha, à fim de prevenir o rápido crescimento de microrganismos contaminantes. Falhas em qualquer um desses passos podem propiciar o fornecimento de uma “sopa de bactérias” para as bezerras, exatamente no momento em que elas se encontram mais vulneráveis.

O manejo ambiental é outro ponto chave para a saúde das bezerras. Isso signifca manter os animais em ambientes com boa qualidade do ar, controle de extremos de temperatura e proteção contra o sol nos períodos quentes do dia. Se a criação é feita em locais fechados, a ventilação deve ser adequada, para permitir a troca de ar, sem submeter os animais a extremos de temperatura e umidade. Água limpa, fresca e de boa qualidade deve estar disponível para todas as bezerras, todas as horas do dia, todos os dias do ano.

Nos próximos artigos, trataremos de mais detalhes relacionados ao manejo do colostro e outros pontos críticos de manejo, como a nutrição antes e após o desaleitamento. A redução das perdas por doenças e mortalidade de bezerras são essenciais para aumentar, tanto em curto, quanto em longo prazo, a rentalibilidade dos sistemas de produção de leite.

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