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VACA “DE PISTA” OU VACA PARA LEITE?

Muitas pessoas ainda pensam que para selecionar animais “de pista” precisam abrir mão da produção de leite. Saiba que uma coisa leva a outra e o que devemos procurar sempre são animais longevos e produtivos.

VACA “DE PISTA” OU VACA PARA LEITE?

Quem nunca ouviu um produtor, com um catálogo de touros para inseminação nas mãos, dizer: “Não quero touro “de pista”, quero touro para leite”. Por muito tempo essa “escolha” esteve muito presente no campo, não só entre os produtores, mas também entre muitos técnicos.
Vamos tentar entender melhor o que significa uma vaca “de pista”. Em primeiro lugar, é importante esclarecer que, diferentemente do que muitos pensam, os juízes em uma exposição não avaliam apenas a beleza da vaca, como suas manchas e o brilho do pelo. Na verdade, há uma série de características técnicas que são avaliadas para determinar a qualidade e o potencial de um animal para reprodução e produção de leite.

 A técnica de classificação linear, também chamada de seleção para tipo ou registro seletivo nas raças leiteiras, consiste em avaliar individualmente os animais por meio de medidas de conformação, comparando-as com um padrão de tipo ideal estabelecido para a raça em questão. 

 Avaliação técnica 

 Há muitos fundamentos por trás de um julgamento. Atualmente, a maioria das características fenotípicas avaliadas têm uma função específica. Por exemplo:

• Conjunto de pernas e patas: essa avaliação leva em conta a capacidade do animal de caminhar sobre seus aprumos, distribuir o peso de forma uniforme sobre as solas dos cascos, entre outros aspectos; 

• Úbere: para produzir muito leite, o tamanho do úbere não é o único fator importante. Os tetos devem estar bem posicionados para facilitar a drenagem do leite e permitir a realização do pré e pós-dipping, evitando a contaminação dos esfíncteres. O ligamento central também deve ser forte o suficiente para sustentar todo o peso da glândula mamária por um longo período; 

• Garupa: uma garupa larga o sufi ciente é importante para facilitar o parto do bezerro, e nunca deve ser invertida (com ísquios mais altos que os ílios), pois isso pode levar a problemas de saúde, como urovagina, endometrite e subfertilidade. Esses são apenas alguns exemplos de que tudo tem um propósito e, no final de uma avaliação morfológica, a ideia é selecionar animais mais produtivos e longevos. Grande parte dos produtores que perguntamos ‘qual é a sua melhor vaca?’ respondem que é aquela que produz mais leite. No entanto, nem sempre é a melhor escolha. A melhor vaca é aquela que apresenta boa produção de leite (não necessariamente a maior), sem problemas reprodutivos, cascos ou mastite, etc. 

As pesquisas revelam 

Alguns estudos têm corroborado a ideia de que devemos selecionar animais “de pista” para termos animais produzindo mais e por mais tempo na fazenda. Em 2005, a Nederlands Rundvee Syndicaat - NRS publicou um estudo em que um grupo de vacas foi pontuado de acordo com sua morfologia e, a partir disso, avaliou-se a taxa de descarte ao longo dos anos. No Gráfico 1, fica claro que as vacas mais bem pontuadas apresentaram menor taxa de descarte ou seja, permaneceram no rebanho por mais tempo.

 Recentemente, dados divulgados pela Holstein Association USA, coletados ao longo de quase 20 anos e com mais de 1 milhão de vacas, mostraram que vacas com melhor conformação funcional vivem mais tempo e produzem mais leite. No estudo, as vacas foram classificadas por meio do tipo linear e pontuadas numa escala que variava de 50 (pontuação baixa) a 89 (pontuação excelente). Posteriormente, foram divididas em quatro grupos, com o mesmo número de vacas em cada um. 

Grupo 1 – vacas de 50 a 76 pontos 

Grupo 2 – vacas de 77 a 79 pontos 

Grupo 3 – vacas de 80 a 81 pontos 

Grupo 4 – vacas de 82 a 89 pontos 

No Gráfico 2 temos a produção de leite com correção energética (ECM) na primeira lactação em 305 dias (em Libras).

  No Gráfico 3 temos a produção total ao longo da vida, também com correção energética e em 305 dias (em Libras).
*Diferença de 13.389 Libras (6.079Kg) entre o primeiro e o quarto grupo.

Essa maior produção ao longo da vida mostra que, além da produção mais elevada, as melhores vacas “de pista” produziram por mais tempo. É exatamente essa a ideia: selecionar animais produtivos e longevos.

O tamanho do úbere não é o único fator relevante para indicar a capacidade de produção de leite

Seleção dos animais 

A seleção de touros para inseminação e fêmeas que permanecerão no rebanho deve levar em consideração não apenas o potencial produtivo, mas também as características lineares. Isso nos ajudará a selecionar animais que terão uma maior longevidade produtiva.
Diante disso, quando alguém diz que não quer vaca “de pista”, está dizendo, em outras palavras, que não quer um animal longevo. A avaliação morfológica dos animais, a escolha criteriosa de touros para inseminação e o uso de ferramentas tecnológicas, como a genômica, auxiliam não somente na seleção de animais mais produtivos, mas, principalmente, vacas que se reproduzem bem, têm bons aprumos, boa saúde e boa eficiência alimentar. Esses são os animais que deixarão maior lucro para o produtor no final das contas.

A SELEÇÃO DE TOUROS PARA INSEMINAÇÃO E FÊMEAS QUE PERMANECERÃO NO REBANHO DEVE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO NÃO APENAS O POTENCIAL PRODUTIVO, MAS TAMBÉM AS CARACTERÍSTICAS LINEARES  



ANDRÉ NAVARRO LOBATO Médico Veterinário – Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira - PDPL


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