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Fatores que afetam os custos de reposição do rebanho

Fatores que afetam os  custos de reposição do  rebanho

Texto: Flávia Fontes

As novilhas de reposição representam a continuidade e o futuro de todos os rebanhos leiteiros. Mas, como a criação desses animais exige um alto investimento, é necessário que se examine com cuidado os fatores que podem afetar os custos de reposição.

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Introdução

Muitos fatores de manejo influenciam os custos de criação de novilhas de reposição, sendo que alguns deles podem ter um grande impacto nesses custos, como o número de animais requeridos para manter o tamanho do rebanho, e a idade ao primeiro parto das novilhas.

Um rebanho leiteiro pode ser dividido em dois componentes principais: o rebanho de produção, incluindo as vacas secas, e o rebanho de reposição, representado pelas bezerras e novilhas. A interação entre estes componentes determina o número de animais de reposição que devem ser criados para entrar futuramente no rebanho de produção, sendo crítica para o entendimento da dinâmica do rebanho e de como essa dinâmica pode afetar os custos da reposição.

Dentro do rebanho de produção, os fatores que influenciam o número de animais de reposição incluem as taxas de descarte voluntário e involuntário, o intervalo entre partos (IEP), e a taxa de nascidos vivos. No rebanho de reposição, esses fatores incluem as taxas de mortalidade de bezerras e novilhas, a idade ao primeiro parto, a eficiência reprodutiva e os descartes involuntários de novilhas.

Poucos trabalhos de pesquisa avaliaram os impactos econômicos desses fatores sobre os custos de reposição. Mas, para se ter uma ideia, um grupo de pesquisadores avaliou os impactos da taxa de mortalidade de bezerras nas 5 primeiras semanas de vida sobre a lucratividade da criação, assumindo que as mesmas seriam vendidas ao final desse período. Esses pesquisadores concluíram que uma taxa de 20% de mortalidade reduziu a lucratividade da operação em 38% quando comparada com uma mortalidade zero.

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Fatores que afetam os custos de criação de novilhas de reposição

Dados de pesquisa apontam que a criação de novilhas é o segundo maior custo de uma fazenda leiteira, ficando atrás apenas da nutrição. As informações geradas por essa pesquisa podem ser usadas pelos produtores para analisar os seus custos de reposição.

Os custos totais de criação de novilhas de reposição estão relacionados a dois fatores principais:

1) custos associados diretamente ao desenvolvimento das novilhas

2) número de novilhas sendo criadas.

Os custos diretos envolvem alimentação, mão-de-obra para o manejo, reprodução, cuidados sanitários, instalações e todos os outros itens diretamente relacionados à criação dos animais. Esses custos são dependentes da taxa de crescimento das novilhas; animais com rápido crescimento apresentam um maior custo diário de alimentação, pois necessitam de uma dieta com maior concentração de ingredientes. Entretanto, esse maior custo diário com alimentação é suplantado  por um menor custo alimentar total, já que esses animais permanecerão menos tempo no rebanho de reposição. Outros custos, como a mão-de-obra e cuidados sanitários, também são reduzidos quando os animais saem mais rapidamente do rebanho de reposição. O oposto ocorre para novilhas que parem com idade avançada; os custos alimentares diários são menores, mas os custos totais são maiores.

O número de novilhas que serão criadas é determinado pela taxa de reposição, afetando diretamente os custos de criação, uma vez que, quanto maior a taxa de reposição, maior o número de novilhas que deverá ser criado. Para manter o tamanho do rebanho de produção, sem a compra de novilhas de reposição, o produtor poderá ter que reduzir as taxas de descarte voluntário e involuntário de vacas, o que poderá gerar prejuízos se animais de baixa produção ou com problemas de saúde ou de reprodução forem mantidos no rebanho.

A Tabela 1 apresenta uma média dos custos da reposição de um rebanho americano de 100 vacas, assumindo uma idade ao primeiro parto de 25 meses, e um intervalo entre partos de 13 meses, para várias taxas de reposição (TR) e mortalidade pré-desaleitamento (MPD).

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Para uma taxa de reposição de 25% e uma mortalidade pré-desmama de 10%, os custos da reposição foram de US$32,344. À medida que a taxa de reposição aumentou de 15 para 40%, mantendo a MDP em 10% , os custos da reposição aumentaram até a taxa de reposição de 30%; a partir desse ponto, os custos permaneceram constantes em US$34,018, porque o produtor precisou criar todas as novilhas e não teve escolha na decisão de descartar algumas delas.

Nas taxas de reposição de 15 e 20%, novilhas extras estavam disponíveis, possibilitando ao produtor selecionar aquelas necessárias para manter o tamanho do rebanho (Tabela 2). O equilíbrio foi alcançado quando a mortalidade foi de 15%. Nesse ponto, o número de novilhas sendo criadas foi aproximadamente igual ao número de animais descartados do rebanho de produção. Quando a taxa de reposição atingiu 25%, o rebanho de produção passou de um excesso a uma escassez de novilhas para reposição, sendo necessária a compra de animais para manter o tamanho do rebanho. Quando a taxa de reposição foi superior a 25%, e a mortalidade pré-desmama foi maior que 15%, o número de novilhas criadas também foi menor que o requerido para manter o tamanho do rebanho (Tabela 2).

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A MPD maior que 20% reduziu os custos da reposição porque menos animais foram criados, mas essa redução é irreal, pois não está computando a possível necessidade de compra de animais para manter o tamanho do rebanho.

A Tabela 2 apresenta os efeitos do intervalo entre partos (IEP) sobre o déficit de novilhas de reposição, considerando uma idade ao primeiro parto (IPP) de 25 meses e diferentes taxas de descarte e de mortalidade de bezerras.

Por exemplo, aumentando o IEP de 13 para 15 ou 17 meses, com uma TD de 25% e uma TMB de 10%, observa-se um déficit de 2 (15 meses de IEP) e 5 (17 meses de IEP) novilhas por ano. Esse déficit aumenta os custos de reposição, uma vez que o produtor precisará comprar esse número de animais para manter o tamanho do rebanho.

A idade ao primeiro parto (IPP) também afeta os custos de reposição, como pode ser visto na Figura 1. Por exemplo, utilizando uma IPP de 25 meses, uma TMB de 10%, um IEP de 13 meses e uma TD de 25%, a redução da IPP de 25 para 21 meses leva a uma queda nos custos de reposição entre 4 e 18%. Um efeito similar, mas contrário, é observado quando aumenta-se a IPP de 25 para 29 meses, representando aumentos de 4 a 14% nos custos da reposição.

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Os efeitos da IPP no déficit anual de novilhas para reposição pode ser visto na Tabela 3. Por exemplo, uma IPP de 21 meses, TD de 25% e TMB de 20% resulta em um déficit de 1 novilha. Já com uma IPP de 29 meses, mantendo a mesma TD e TMB, o déficit passa a ser de 3 novilhas.

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Conclusões

Vários fatores de manejo afetam, em maior ou menor magnitude, os custos de reposição de um rebanho leiteiro. Dentre os mais expressivos destacam-se a taxa de reposição, a mortalidade de bezerras, a idade ao primeiro parto, as taxas de descarte voluntário e involuntário, e o intervalo entre partos. Uma análise desses fatores e dos impactos econômicos dos mesmos sobre os custos de reposição é essencial para assegurar a lucratividade da atividade leiteira.

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