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Manejo

Comportamento e bem-estar de bezerras: Algumas considerações importantes

Comportamento e bem-estar de bezerras: Algumas considerações importantes

Fernando Borderas - University of British Columbia, Canadá

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Introdução

A OIE, à partir de 2010, adotou o bem-estar animal como missão, desenvolvendo padrões interna-cionais para facilitar o comércio entre países.

Segundo evidências científicas, o bem-estar é alcançado quando o animal apresenta as seguintes características:

- saúde

- nutrição adequada

- capacidade de expressar seu comportamento normal

- ausência de dor, medo e estresse

Uma votação feita na Califórnia em 2008 mostrou a dimensão do interesse da população pelo bem-estar animal. Dentre as questões - casamento gay, Barack Obama, hospitais infantis e bem-estar animal - esta última foi a que despertou o maior interesse da população, com 2/3 dos votos.  Como resultado da votação, ficou proibido o uso de gaiolas em bateria para frangos, baias maternidade para porcas gestantes e baias indivi-duais para bezerros.

O interesse público com o bem-estar animal está gerando uma grande demanda por pesquisas nas áreas de comportamento e conforto, e mudando a forma de manejo dos rebanhos em todo o mundo.  Observa-se uma maior preocupação com as questões éticas associadas ao tratamento de enfermidades e procedimentos como descorna e castração, por exemplo.

O comportamento e as “emoções” dos animais, como dor, medo e estresse, são agora objeto de estudo, visando estabelecer sua correlação com o conforto e a ocorrência de doenças. Por outro lado,  a tendência mundial é de aumento da produtividade, com redução de mão-de-obra (automatização), ou seja, teremos menos pessoas, com menos tempo, para observar os animais, demandando maior eficiência.

 

Devemos criar os bezerros em grupos?

Os bezerros são animais sociais e precisam de espaço para expressar seus comportamentos naturais.  Dados de pesquisa indicam que os bezerros apresentam maior consumo e, consequentemente, maior crescimento quando são criados em pequenos grupos.

Algumas preocupações importantes relativas ao agrupamento incluem a perda de observação individual dos animais e o aumento na incidência de enfermidades.  Nesse sentido, o uso de alimentadores automáticos (calf  feeder), constitui-se em um meio de propiciar a criação em grupos, possibilitando a avaliação do comportamento alimentar como indicativo de estresse e doenças.

Como vantagens ao produtor, o sitema automático propicia a redução da mão-de-obra necessária no bezerreiro, além de fornecer os registros de consumo individual dos bezerros.  Para os animais, os principais benefícios são a distribuição do aleitamento ao longo do dia, favorecendo a digestão e absorção dos nutrientes, e a mamada em um teto, mais próxima do comportamento natural.

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Comportamento como indicativo de enfermidades

As mudanças no comportamento normal são os principais indicativos de enfermidades. 

Em trabalho realizado por nossa equipe em 2008, comparou-se o comportamento alimentar de bezerros recebendo 4 ou 12 litros de leite/dia. Observou-se que as enfermidades não reduziram o consumo de leite dos animais que recebiam apenas 4 litros/dia (Figura 1).  O consumo foi afetado apenas no grupo alimentado com 12 litros/dia.

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O mesmo comportamento foi observado em relação ao número de visitas ao alimentador automático.  A redução no número de visitas, em bezerros enfermos,  foi observada apenas no grupo que recebia 12 litros de leite/dia (Figura 2).

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Essas observações indicam que o fornecimento de leite em grandes quantidades (20 a 25% do peso vivo do bezerro), ou à vontade, aumenta a eficiência do calf feeder na avaliação do comportamento alimentar como indicativo de enfermidades.

Uma alta frequencia de visitas ao alimentador é um sinal de fome e reduz a eficiência de utilização do mesmo, pois a maior parte dessas visitas será não re-compensada, ou seja, sem leite disponível (Tabela 1). 

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Assim, a melhor prática recomendada para a criação automatizada é o fornecimento de leite ou sucedâneo na base de 20 a 25% do peso vivo do bezerro, nos 30 primeiros dias de vida.

Com relação às mamadas cruzadas, comportamento muito comum quando as bezerras são criadas em grupo, é possível reduzir significativamente sua ocorrência,  disponibilizando tetos de borracha ao longo da instalação. A “mamada” em um teto vazio após o consumo de leite, além de aumenta os níveis sanguíneos de insulina e colecistoquinina (CCK), como pode ser visto na Figura 3, aumenta a saciedade, reduzindo a ocorrência de mamada cruzada (Figura 4).

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Conclusões

O bem-estar está no foco das organizações mundiais de comércio e da opinião pública, demandando a adoção de práticas de manejo que aumentem o conforto e reduzam o estresse dos animais.

A utilização de alimentadores automáticos propicia a expressão do comportamento natural dos bezerros.  A perda de individualidade e potencial aumento na ocorrência de enfermidades podem ser compensadas pelo fornecimento de registros de comportamento que auxiliam na detecção precoce de doenças. 

A detecção de alterações comportamentais indicativas de doenças, em bezerros criados no sistema automático, depende da quantidade de leite fornecida. •

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