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Escola de capatazes: Quando a capacitação faz a diferença

Escola de capatazes: Quando a capacitação faz a diferença

Texto: Escola de Capatazes

A Escola de Capatazes é um programa de extensão universitária vinculado à Universidade Estadual de Londrina, no Paraná. O objetivo do projeto é treinar vaqueiros, peões, retireiros e outros funcionários que atuam em fazendas de produção de leite, visando o aumento da produtividade.

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Da teoria à prática

Desde 2010, vários profissionais que lidam com bovinos leiteiros estão sendo treinados pela Escola de Capatazes, um programa de extensão universitária nascido na região norte do Estado do Paraná, vinculado à Universidade Estadual de Londrina.

O surgimento do projeto deu-se em função da necessidade de treinar os encarregados da lida diária dos animais, já que alguns possuem experiência, mas não detêm o conhecimento, como explica o médico veterinário e professor Wilmar Marçal, idealizador e coordenador do programa.

Extensionista por natureza, o professor Marçal, em 32 anos de profissão, percebeu que havia uma distância muito grande entre a ciência e o empirismo, e que diminuir esse hiato seria fundamental para aumentar a produtividade leiteira. “Quando estamos em uma Universidade e trabalhamos com alunos, por vezes nos esquecemos que é muito importante reconhecer as limitações da mão de obra rural e formar uma corrente de disseminação do conhecimento, fazendo com que as melhorias educacionais, proporcionadas pelo ensino técnico e qualificado, também chegue aos vaqueiros, peões, retireiros e toda pessoa que atua no cotidiano de uma propriedade rural de exploração leiteira”, destaca o professor.

Assim, dentro do contexto pedagógico e profissional, o professor Marçal vai estimulando seus alunos e estagiários a diminuir, cada vez mais, a distância entre o saber e o fazer, ou seja, o médico veterinário recém-formado tem muito a ensinar aos capatazes, mas também tem muito a aprender com a experiência dos mesmos.    

 

Balde cheio de leite

O professor Marçal explica que, durante os ensinamentos práticos que repassa aos seus alunos e capatazes, leva em consideração dois aspectos fundamentais no eixo profissional: o primeiro é transmitir segurança nas ações práticas, por mais simples que sejam, como por exemplo, um curativo no casco das vacas. Quando bem feito, o período de recuperação diminui e o encarregado fica mais motivado e seguro para atuar em outras situações. Outro aspecto sempre suscitado pelo professor é o fato de ensinar os encarregados a serem também empreendedores. “Toda pessoa que atua na lida do gado leiteiro precisa se sentir incluída na cadeia produtiva”, afirma. Isto significa que todos são importantes para melhorar o desempenho dos animais e a renda da fazenda. Sentir-se útil e participante é fundamental nos dias de hoje, pois seja no empreendimento familiar ou empresarial sempre deve-se buscar a sustentabilidade do agronegócio e permitir a fixação e a manutenção do homem no campo.

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Os cursos

O professor Marçal enfatiza que todas as atividades são eminentemente práticas e sempre realizadas em propriedades rurais que detenham instalações específicas para os treinamentos, após prévia seleção loco-regional. Sindicatos Rurais e Associações de Produtores de Leite são também motivados a incentivar seus funcionários a participar dos treinamentos. As escolas agrícolas foram igualmente incluídas nessa dinâmica extensionista, pois possuem estruturas físicas adequadas e muitos dos jovens que se formam nessas escolas exercerão suas atividades profissionais na pecuária de leite. Segundo o professor, os ensinamentos vão atrás dos interessados, ou seja, basta haver uma propriedade rural com condições, vacas leiteiras e gente interessada em aprender, que o professor se desloca e ministra os treinamentos, sendo que cada módulo prático dura quatro horas de atividades.

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Orientação individualizada com pensamento no coletivo

Como se estivesse pegando nas mãos de cada participante, o professor Marçal tem uma metodologia toda especial com ênfase humanística motivadora. As atividades se iniciam com breve exposição teórica - para maior interação humana, a fim de todos se conhecerem -, e descontraindo os participantes para evitar a silenciosa competição entre eles. Além disso, possibilita-se, durante o relacionamento inicial, evitar as barreiras virtuais entre o homem prático do campo versus a ciência e conhecimento do médico veterinário. Os participantes sempre são estimulados a lidar, de forma abrangente e holística nas propriedades rurais, opinando sobre meio ambiente, zelos e cuidados gerais, incluindo aspectos de conforto de vacas leiteiras.

 

Bem-estar animal: o diferencial

Os aspectos do comportamento e bem-estar de bovinos são demonstrados aos participantes, o que permite, em cada edição prática, o mínimo estresse dos animais, já que não é permitido gritar, bater, cutucar ou executar qualquer forma de abordagem com violência, inclusive durante a contenção dos bovinos. Inicialmente, os capatazes inscritos recebem noções de higiene e profilaxia gerais, além de demonstrações de aspectos do comportamento de vacas leiteiras frente à interpelação do homem, respeitando-se o campo de visão dos bovinos, o que permite menor risco de acidentes tanto para os animais quanto para o próprio homem. Em seguida, demonstram-se tópicos práticos de primeiros socorros, com condutas de hidratação oral e sistêmica, além do atendimento causado por acidentes ofídicos. Também são abordados treinamentos relativos à aplicação de vacinas, medicamentos e curativos. Um módulo especial refere-se ao preparo de bovinos para feiras e exposições agropecuárias. Os alunos e/ou capatazes recebem informações preventivas que possibilitam evitar indigestões, traumas, mastite, distocias, reações alérgicas e outras indesejáveis enfermidades peculiares que podem ocorrer nas vacas leiteiras nesse tipo de evento, conforme explicado pelo professor Marçal.

 

A “farmacinha veterinária”

Os participantes dos treinamentos aprendem também a compor uma “farmacinha veterinária”, mantendo na propriedade os medicamentos imprescindíveis, sem estoque de produtos que possam ter a validade expirada precocemente. Além disso, as prescrições são descritas em quadros de aviso com letras bem visíveis, pois em algumas propriedades rurais há encarregados com dificuldade de leitura. Durante esse treinamento, o professor também esclarece tópicos de antissepsia e assepsia dos próprios capatazes e o quanto essa higiene é importante no manuseio dos animais, já que as mãos de um ordenhador também podem carregar microorganismos patogênicos que causam doenças nas vacas.

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Controle residual: consciência ecológica

O professor Marçal destaca também que todo material de enfermagem utilizado é descartável e individual, evitando-se que agulhas e seringas possam carregar enfermidades a outros animais. O professor estimula os participantes a praticar os controles de resíduos rurais. Ao final de cada procedimento realizado, os funcionários são motivados a promover a correta destinação do lixo e resíduos gerados. Ainda no aspecto ambiental, o professor simula situações onde a água poderia faltar e o que isto acarretaria na vida dos capatazes e seus familiares, despertando em cada um deles a necessidade da preservação dos mananciais hídricos existentes nas respectivas fazendas.

 

Resultados já alcançados

A Escola de Capatazes, que conta com a participação de doze estudantes de Medicina Veterinária, já foi desenvolvida e apresentada em quatro Sindicatos Rurais Patronais, 15 Colégios Agrícolas do Paraná e três no estado de São Paulo. Foram ministradas diferentes palestras para 2133 pessoas no total, além da realização de oito cursos práticos para capatazes e nove cursos práticos para alunos dos colégios agrícolas, com quatro horas de duração cada, em ambos estados.

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