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Geral, Gestão

A estrutura do rebanho pode influenciar a lucratividade na pecuária leiteira?

A atividade leiteira demanda significativos investimentos em terras, benfeitorias, maquinários e rebanho. Assim, a eficiência na administração desses recursos é fundamental para o sucesso do empreendimento rural.

A estrutura do rebanho pode influenciar a lucratividade na pecuária leiteira?

Na prática

Estudos conduzidos pelo Departamento de Inteligência da Labor Rural indicam que as fazendas com os melhores desempenhos econômicos em 2023 destinaram 32% de seu capital ao rebanho, superados apenas pelos investimentos em terras. Esse dado é ilustrado no Gráfico 1, que mostra a distribuição do capital nas fazendas mais rentáveis.



A ênfase no capital investido em animais é justificada pelo fato de que, em fazendas leiteiras, são as vacas que geram receita. No entanto, não basta apenas alta proporção de capital imobilizado em animais para garantir a boa capacidade de geração de renda. Fatores como rebanho formado por vacas improdutivas, baixa persistência de lactação ou recria represada podem comprometer a eficiência econômica. Isso se assemelha a uma família onde apenas uma pequena parte contribui financeiramente, o que geralmente não é suficiente para cobrir as despesas de todos.

Por isso, é fundamental avaliar a estrutura do rebanho, especialmente o percentual de vacas em lactação em relação ao total de animais. Afinal, apenas as vacas produzindo leite contribuem significativamente para a receita, enquanto as demais categorias geram custos.

De olho nos indicadores

O desempenho do indicador que mede a proporção de vacas em lactação em relação ao total de animais do rebanho é fortemente influenciado por práticas de gerenciamento do rebanho implementadas na propriedade. O manejo reprodutivo, a seleção criteriosa de fêmeas para cria e recria e a efetiva pressão de seleção para a reposição de animais, entre outras estratégias técnicas são essenciais para a rotina da propriedade leiteira. A eficiência de tais práticas pode ser exemplificada pela redução da idade ao primeiro parto das novilhas, medida que não apenas eleva esse indicador, mas também reflete diretamente na maior eficácia operacional da fazenda.

O valor de referência para fazendas com rebanhos ainda não estabilizados (ou em fase de expansão) é de no mínimo 42% de vacas em lactação em relação ao total do rebanho. Para ilustrar como a composição do rebanho afeta o desempenho econômico das fazendas leiteiras, o Departamento de Inteligência da Labor Rural classificou as propriedades monitoradas em três categorias, com base na proporção de vacas em lactação no rebanho: Grupo 1 (até 35%), Grupo 2 (mais de 35% e menos de 42%), e Grupo 3 (mais de 42%). A análise detalhada (Gráfico 2), que incluiu a avaliação da margem líquida— o saldo final para o produtor após todos os custos operacionais, depreciação e remuneração da mão de obra familiar — revelou correlação positiva: quanto maior a proporção de vacas em lactação, maior é a probabilidade de obter margem líquida positiva.

É FUNDAMENTAL AVALIAR A ESTRUTURA DO REBANHO, ESPECIALMENTE O PERCENTUAL DE VACAS EM LACTAÇÃO EM RELAÇÃO AO TOTAL DE ANIMAIS. AFINAL, APENAS AS VACAS PRODUZINDO LEITE CONTRIBUEM SIGNIFICATIVAMENTE PARA A RECEITA, ENQUANTO AS DEMAIS CATEGORIAS GERAM CUSTOS


A chave para a produção leiteira sustentável e rentável reside na estrutura e no manejo do rebanho

O DESEMPENHO DO INDICADOR QUE MEDE A PROPORÇÃO DE VACAS EM LACTAÇÃO EM RELAÇÃO AO TOTAL DE ANIMAIS DO REBANHO É FORTEMENTE INFLUENCIADO POR PRÁTICAS DE GERENCIAMENTO DO REBANHO IMPLEMENTADAS NA PROPRIEDADE



Dentre as propriedades em que até 35% dos animais são vacas em lactação, 64% alcançaram margem liquida positiva. Por sua vez, das fazendas com mais de 42% do rebanho composto por vacas em lactação, 85% obtiveram margem liquida positiva. Operar com margem líquida positiva é fundamental para garantir a sustentabilidade econômica do negócio a médio e longo prazo.

Uso da terra

Começamos essa conversa mencionando que o capital investido em animais é superado apenas pelo investimento em terras. Portanto, a gestão eficaz do uso da terra é igualmente vital para o sucesso financeiro do produtor de leite. A Tabela 1 revela que o indicador de vacas em lactação em relação ao total do rebanho exerce impacto positivo também sobre a eficiência do uso da terra. A maior proporção de vacas em lactação está diretamente relacionada ao aumento na produção de leite por hectare e, consequentemente, à margem líquida superior por hectare utilizado. Isso não apenas otimiza o rendimento da área disponível, mas também eleva a competitividade da produção leiteira em comparação à outras atividades.



A análise evidencia que as fazendas com a maior porcentagem de margem líquida positiva são aquelas com a maior proporção de vacas em lactação. Esse dado ressalta a relevância da estrutura de rebanho bem planejada no desempenho econômico das propriedades. Ao comparar os diferentes grupos de fazendas, percebe-se que o incremento na proporção de vacas em lactação em relação ao total do rebanho, mantendo constantes os custos operacionais totais, está associado ao acréscimo significativo na margem líquida por hectare.

Gestão estratégica

O sucesso econômico na pecuária leiteira depende das estratégias de gestão adotadas e das condições particulares de cada fazenda, exigindo abordagem atenta e baseada em conhecimento técnico para assegurar resultados positivos. Porém, antes de proceder com quaisquer investimentos, é essencial conduzir avaliação minuciosa do modelo de negócio em vigor na fazenda. Tal avaliação deve considerar a alocação de capital, composição e estruturação do rebanho, aspectos técnicos e gerenciais, e definir metas alcançáveis a curto, médio e longo prazo.




PABLO FREITAS PAGLIOTO - Médico Veterinário e Consultor da Labor Rural


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