Especial: Como a sanidade, o manejo e a nutrição da bezerra podem afetar parâmetros como idade ao 1º parto e produção de leite

A saúde, o manejo e a nutrição das bezerras podem impactar sua produção futura de leite e longevidade produtiva no rebanho. Vários trabalhos de pesquisa têm mostrado a alta correlação entre vários fatores, principalmente relacionados às instalações e à pessoa responsável pelo cuidado das bezerras, e a ocorrência de problemas de saúde. A relação direta entre os problemas de saúde e vários índices zootécnicos também tem sido evidenciada em muitos estudos.

Alguns trabalhos de pesquisa têm mostrado uma alta correlação entre problemas respiratórias das bezerras e seu desempenho no futuro. Um deles mostrou que, bezerras que nunca tiveram doenças respiratórias têm duas vezes mais chance de chegarem vivas ao primeiro parto e de parirem 6 meses mais cedo que aquelas que apresentaram o problema. 

Outro trabalho mostrou que bezerras que foram medicadas contra pneumonia durante os 3 primeiros meses de vida tiveram 2,5 vezes mais chance de morrer após os 90 dias de vida que aquelas que não ficaram doentes. O mesmo estudo mostrou que bezerras tratadas contra diarréias apresentaram 2,9 vezes mais chance de parirem pela primeira vez após os 30 meses de idade.

Dados do National Dairy Heifer Evaluation Project, projeto conduzido durante 18 meses em 18 fazendas da Pensilvânia, EUA, avaliando 686 bezerras, mostraram quais e como os fatores de manejo podem afetar a produção de leite na primeira lactação. Um resumo dos resultados pode ser visto na Figura 1.

O aumento de 1 unidade no escore de dificuldade de parto (escala de 1 a 3, sendo 1 parto normal e 3 parto muito difícil) reduziu a produção futura de leite da bezerra, na primeira lactação (305 dias), em 195kg de leite. A produção de proteína também foi afetada pela dificuldade de parto.

O consumo de matéria seca (MS) no momento do desaleitamento apresentou correlação positiva com a produção de leite, proteína e gordura na primeira lactação. Nesse caso, para cada 1Kg de aumento no consumo de MS foi observado um aumento de 286,7 kg de leite na primeira lactação, o que parece estar relacionado ao peso vivo no momento do desaleitamento.

A saúde das bezerras, determinada pelo número de dias que as mesmas apresentaram diarréia ou tosse durante os 4 primeiros meses de vida, apresentou um efeito negativo significativo sobre a produção de leite, proteína e gordura na primeira lactação.

A idade e peso ao primeiro parto mostraram efeito significativo sobre a produção de leite na primeira lactação. Como pode ser visto na Figura 2, um peso ao parto entre 590 e 625kg é considerado o ideal para maximizar a produção de leite na primeira lactação, sendo que para cada redução de 45kg (abaixo dos 590kg) observa-se uma redução de 204kg de leite na primeira lactação.

Esses dados mostram a necessidade de um adequado manejo sanitário e nutricional das bezerras para assegurar a maximização de sua produção futura de leite. •