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Fazendas

Fazenda São Caetano - Morrinhos/GO

Fazenda  São Caetano - Morrinhos/GO

Texto: Flávia Fontes

Nos primeiros minutos de conversa, no escritório da fazenda, já ficou claro que seria impossível contar a história da Fazenda São Caetano, sem falar da trajetória de seu proprietário, José Renato Chiari. Ao longo da visita, torna-se também evidente outro ponto que, sem dúvida, é um dos grandes diferenciais do projeto – a união perfeita entre teoria e prática. Ao final, fica a certeza de que o bom uso das tecnologias disponíveis, o profissionalismo e a preocupação com o bem-estar animal são os pilares desse bem-sucedido projeto de produção de leite.

 

Um pouco de história

Filho de uma professora primária e de um pequeno produtor rural, José Renato nasceu em Analândia, interior de São Paulo, onde viveu até o seu ingresso no curso de Medicina Veterinária, na UNESP de Jaboticabal/SP.

Ao ingressar na universidade, em suas próprias palavras, “apaixonou-se pela tecnologia”, principalmente por perceber o quanto poderia ser feito pelo pequeno produtor, no qual as informações não chegavam.

Formou-se em 1984, e seu primeiro emprego foi na área de reprodução equina, em uma fazenda em São Carlos/SP. “Naquele tempo deviam existir no Brasil uns cinco veterinários que se dedicavam a esse mercado. Percebi que essa era uma grande oportunidade”, conta.

Em 1986 começou a trabalhar como autônomo, prestando consultoria em várias fazendas no interior de São Paulo, inclusive a Agrindus que, segundo ele, foi a sua grande escola. E, de forma pioneira no Brasil, no ano 1987, criou em parceria com dois colegas, um modelo de consultoria com equipe multidisciplinar, a SAMVET (Serviço de Assistência Veterinária), que atendia as maiores fazendas produtoras de leite da época. Também de forma pioneira, trouxe para o Brasil a tecnologia do “embrião terapêutico”.

Em 2001, soube, pelo irmão, que já vivia no Estado de Goiás, que havia uma fazenda à venda, no município de Morrinhos. Segundo ele, foi “amor à primeira vista” e, assim, deixou a SAMVET, ficando apenas com a área de embriões, e iniciou sua história como produtor de leite, na Fazenda São Caetano. Segundo ele, foi um recomeço do zero, pois não tinha clientes e nem ao menos era conhecido na região.

Durante nossa conversa, José Renato cita trechos de palestras, resultados de trabalhos científicos e títulos de livros, deixando clara a sua busca constante pelo conhecimento técnico, e até uma pequena frustração pela falta de tempo para se dedicar mais à assistência. Ainda assim, é considerado uma referência para vários produtores da região.

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O sistema de produção

Em função de uma parceria com a Agrindus, começou a montar um banco de embriões da raça Girolando e, aproveitando as facilidades advindas da agricultura forte da região, iniciou o projeto de produção de leite na Fazenda São Caetano.

Ainda nessa fase inicial, começou a estudar o modelo de produção em pastagem irrigada sob pivô, com suplementação de concentrado, mas segundo ele “custou a criar coragem”. Acabou por começar, em 2006, com um projeto de dois pivôs de 17,7ha/cada, com centro móvel. A meta inicial era uma produção próxima a 105 litros de leite/ha/dia; número que se mostrou muito fácil de ser alcançado logo no início do projeto.

O grande desafio, segundo ele, é competir com a agricultura -  ter números que tornem o leite competitivo frente a outras culturas”, enfatiza. Nesse ponto da conversa, foi inevitável perguntar o por quê da opção pelo leite, uma atividade tão complexa, já que a família tem tanta tradição na agricultura. Segundo ele, além da inegável paixão pela atividade, o sistema tem alcançado números surpreendentes, superando a média das outras culturas como batata, cebola, tomate e milho de semente. Atualmente, são produzidos 140 litros/ha/dia, com suplementação de concentrado, totalizando mais de 50.000 litros/ha/ano, sem computar o repasse feito com novilhas e vacas secas.

Bebedouros e sombras móveis são os grandes diferenciais do sistema, pois além de evitar sub ou super pastejo em partes do piquete, proporcionam um grande conforto aos animais. Não bastasse a disponibilidade e facilidade de acesso, a água é de altíssima qualidade, sendo trocada duas vezes ao dia.

Ainda como forma de aumentar o bem-estar dos animais, o pivô é dotado de aspersores de água que aumentam enormemente o conforto térmico dos animais, o que pôde ser comprovado em nossa visita quando, ao meio-dia, com temperatura próxima aos 35oC, várias vacas estavam pastejando.

O sistema é dotado de um corredor central e dois laterais, minimizando o acúmulo de barro nos períodos chuvosos.

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Segundo José Renato, “mesmo com a irrigação, o inverno é o período de maior desafio, em função da redução do fotoperíodo, diminuindo a produção da pastagem, e da ausência dos besouros que incorporam as fezes, reduzindo o consumo das vacas.

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O futuro

O projeto imediato, nos próximos 6 a 12 meses, é chegar a 8000 litros/leite/dia. Em seguida, será feita uma avaliação da implantação de um confinamento ou ampliação da área de pastagem irrigada. Segundo ele, a tendência mais forte é ampliar a área de pivô, pois os números indicam uma receita três vezes superior por litro de leite em relação ao free stall, em função do baixo número (100 vacas) confinadas.

 

A sucessão

Contrariando a realidade do meio rural, que é de abandono da atividade pelas gerações futuras, a sucessão já está muito bem planejada na família, com vários futuros veterinários e agrônomos a caminho. 

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