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Tradição e inovação: conheça a história da Agropecuária Petter /Fazenda Vilanova/RS

A Agropecuária Petter, em Fazenda Vilanova/RS, é exemplo da força de uma família na construção de um negócio próspero, que une tradição, inovação e dedicação na produção leiteira.

Tradição e inovação: conheça a história da Agropecuária Petter /Fazenda Vilanova/RS

Famílias numerosas frequentemente evocam imagens de reuniões ruidosas e um tanto caóticas, com a cozinha se destacando como o epicentro da animação. Contudo, o encontro com a família Petter apresentou uma variação notável dessa cena: a recepção foi calorosa, porém organizada, as vozes se elevavam em harmonia, cada uma respeitando seu momento, sem pressa ou interrupções. Esse equilíbrio entre ordem e calor familiar reflete-se vividamente na condução da Agropecuária Petter, situada em Fazenda Vilanova/RS. Sob a administração exclusiva do casal Celso e Anelise Petter, auxiliados pelos seus filhos Beatriz, Sabrina e Bruno, a gestão da propriedade revela um modelo de eficiência e simplicidade, fato que espelha a dinâmica de sua unidade familiar.

Trabalho em família

A Agropecuária Petter é, decididamente, um empreendimento onde os laços familiares e a vocação profissional se entrelaçam de maneira inseparável. Mais do que simplesmente ter todos os membros da família engajados na produção, a proximidade é tão literal quanto simbólica: a residência dos pais de Celso Petter, Sr. Angelico e Sra. Ilasia Petter, por exemplo, está localizada exatamente em frente à sua, evidenciando a profunda conexão entre as gerações e seu compromisso compartilhado com a pecuária leiteira.

O início desse projeto familiar se deu com a compra, pela avó de Celso, de duas vacas leiteiras, cuja linhagem genética apurada serviu como pilar para uma jornada coletiva que viria a unir várias gerações sob um mesmo propósito. A decisão cuidadosa por animais da raça Holandês delineou o trajeto rumo ao sucesso. “Sendo o primogênito, herdei de meus pais e avós o conhecimento necessário para lidar com a pecuária leiteira. É com imenso orgulho que vejo meus filhos seguindo os mesmos passos, imbuídos da mesma paixão que define nossa família”, reflete Celso.

Transformada pelo zelo e pelo trabalho incansável, a Agropecuária Petter possui um rebanho de 400 animais, compreendendo 319 fêmeas e 67 machos, todos sob os cuidados atentos e amorosos de sua família. “Cada membro da família administra um setor específico da fazenda. O cuidado com o bezerreiro, por exemplo, fica a cargo de minha esposa, Anelise”, conta Celso, entre sorrisos que ressoam na cozinha, coração da casa, onde o acolhimento e as risadas da família se mesclam à rotina de seus dias.



O bezerreiro da Anelise


Anelise Petter tem orgulho da criação dos bezerros machos, cuja venda contribui para cobrir os custos com silagem na fazenda

O setor de criação de bezerros na Agropecuária Petter, meticulosamente administrado por Anelise Petter e sob a consultoria do Médico Veterinário Eduardo Silveira da Silveira, transformou radicalmente a produção de bezerros machos para corte na fazenda. Essa iniciativa, lançada há dez anos, consolidou-se como fonte de receita tanto lucrativa quanto sustentável.

Sob o modelo de manejo implementado, os bezerros machos são criados para abate aos 13 ou 14 meses de idade, com peso aproximado de 550 kg. Esse processo é conduzido em instalações separadas das vacas, exigindo abordagens específicas tanto para a alimentação quanto para os cuidados sanitários. "Nossa estratégia envolve cuidados especiais para assegurar o bem-estar e o desenvolvimento ótimo dos animais", detalha Anelise.

Atualmente, a criação de bezerros machos para corte corresponde a 5% da produção total da fazenda, resultante da criação anual de aproximadamente 60 animais. Esses bezerros contribuem com cerca de 30% dos custos totais de alimentação da fazenda, ressaltando a eficácia econômica desta estratégia produtiva.

Eduardo enfatiza a importância de uma análise criteriosa sobre a viabilidade financeira da utilização dessa estratégia, como a realizada na Agropecuária Petter. A silagem, componente primordial da dieta, é crucial no cálculo de custos, especialmente em áreas de alta produtividade onde os custos de alimentação se mostram favoráveis. O consultor também observa que, embora o tamanho da propriedade possa influenciar a adoção desse sistema, a eficiência e organização da mão de obra são determinantes para o sucesso.

Desde o nascimento, os bezerros recebem atenção detalhada, iniciando pela permanência com a mãe por algumas horas, seguida pela transferência para casinhas individuais que promovem o começo de vida saudável. A colostragem, vital para o desenvolvimento inicial, é rigorosamente administrada por ao menos três dias, auxiliada pela utilização do colostrômetro. Após o bezerro dobrar seu peso inicial — típico por volta dos dois meses — inicia-se o processo de desaleitamento. Esse processo gradual transita do leite para a ração, introduzida desde o nascimento, e forragem fina, disponibilizada a partir das três semanas de vida.



As novilhas da Beatriz


Beatriz Petter divide com a família várias tarefas na fazenda e se especializou no setor de reprodução.

Beatriz Petter, que recentemente assumiu responsabilidades maiores na fazenda, compartilha sua conexão profunda com o lugar. “Cresci aqui, entre os animais, e naturalmente comecei a envolver-me com o setor de reprodução, observando e cuidando dos detalhes necessários para o bem-estar e a produtividade dos animais”, diz ela.

A Agropecuária Petter se distingue por seu manejo familiar e atinge resultados expressivos sem depender de mão de obra externa. “A sensibilidade e a atenção individual que dedicamos aos animais são incomuns no Brasil e constituem a essência do nosso sucesso”, observa Eduardo. Ele enfatiza que, apesar das tecnologias disponíveis, a observação direta e atenta do cio dos animais é insubstituível, sendo fundamental para a gestão reprodutiva eficaz e para manter a saúde e a fertilidade do rebanho.

“Temos a compreensão de que as tecnologias disponíveis para reprodução, apesar de avançadas, não conseguem substituir a importância da observação direta do cio. Esse entendimento se tornou o grande legado da fazenda, em especial sob a supervisão cuidadosa de Beatriz”, enfatiza Eduardo. E continua: “Não é que exista uma oposição às técnicas de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) ou às novas tecnologias em si, mas uma crença de que elas não devem eclipsar o valor e a necessidade da observação natural do cio. A detecção natural do cio oferece insights cruciais sobre a nutrição e o manejo reprodutivo dos animais, elementos que se perdem quando a dependência em IATF se torna excessiva”.

Um estudo realizado recentemente nos Estados Unidos revelou que fazendas que utilizam IATF para mais de 60% de suas inseminações estão experienciando a diminuição na fertilidade das vacas. Esse declínio pode estar ligado à falta de observação direta do cio, já que muitos deixaram de lado essa prática essencial. A hipótese é que a suplementação excessiva de progesterona, necessária para o protocolo de IATF, possa impactar negativamente a qualidade da ovulação, reduzindo o tempo de exposição ao reflexo de monta e diminuindo a duração dos períodos de manifestação de estro.

Nesse contexto, Beatriz entende o valor da observação e do manejo tradicional, como também ressalta a importância do conforto, da ambiência e da nutrição adequada para os animais. Esse enfoque permite que a fazenda opere em um ritmo que respeita os ciclos naturais dos animais.

“Cinco anos atrás, aproximadamente 35% dos animais na fazenda eram inseminados utilizando IATF. No último ano, esse percentual diminuiu para 12%, evidenciando esforço consciente de melhorar a eficiência reprodutiva por meios naturais”, explica Eduardo.

Esse declínio no uso da IATF não resultou em queda na performance reprodutiva; pelo contrário, os índices reprodutivos têm melhorado. A introdução sistemática de suplementos de Ômega 3 e Ômega 6 na dieta dos animais tem melhorado a qualidade da ovulação e, por extensão, os resultados reprodutivos.


A sala de ordenha da Sabrina



Na Agropecuária Petter, a sala de ordenha opera com 10 conjuntos. A rotina de ordenha envolve duas sessões diárias, às 5h e às 17h, cada uma com duração aproximada de duas horas. Durante a ordenha, cuidado especial é dedicado pela Sabrina para garantir que cada vaca seja monitorada de perto para sinais de desconforto ou saúde comprometida.

Os resultados positivos são comemorados pela família. Além da qualidade da nutrição, destacam a importância do conforto e do manejo sanitário, especialmente em relação à prevenção da mastite. “Uma mudança significativa implementada na fazenda foi a substituição dos colchões de borracha por camas de areia há três anos, o que coincidiu com uma melhoria notável nos índices de saúde do rebanho”, explica Celso. A Contagem de Células Somáticas (CCS) —indicador-chave da qualidade do leite e da saúde da glândula mamária — reduziu dramaticamente de uma média anual de 317 em 2019 para 128 em 2021, primeiro ano após a introdução das camas de areia, números que evidenciam o impacto positivo dessa mudança no bem-estar das vacas e na qualidade do leite produzido.


O consultor da Agropecuária Petter, Eduardo Silveira da Silveira, enfatiza a nutrição de alta qualidade, o conforto e o manejo sanitário como fundamentais na prevenção da mastite

Uma mudança significativa implementada na fazenda foi a substituição dos colchões de borracha por camas de areia há três anos, o que coincidiu com uma melhoria notável nos índices de saúde do rebanho.

O futuro é do Bruno


Muitas coisas emocionam Celso Petter profundamente: a família reunida em torno da mesa, o rebanho saudável, o leite como principal fonte de renda. Mas nada o faz vibrar mais do que ver suas filhas Beatriz e Sabrina, e seu filho caçula, Bruno, aprendendo e se dedicando à atividade leiteira.

Prova da confiança no futuro, são os mais recentes investimentos. “Em 2020, construímos o galpão de Free Stall para acomodar 160 animais, e rapidamente alcançamos sua capacidade máxima, graças ao sucesso excepcional de nossa reprodução. Esse êxito contínuo na reprodução nos levou a uma situação em que precisamos comercializar parte dos animais, visto que não é viável mantê-los todos na propriedade. Essa necessidade gerou novos desafios, particularmente no que se refere à gestão da mão de obra e à logística, pressionando os recursos e a capacidade da nossa equipe familiar”, compartilha Celso.

A estratégia de crescimento da fazenda é marcada pela prudência, com investimentos feitos a partir dos rendimentos próprios da atividade leiteira, sem recorrer a financiamentos externos. “Nossa operação é sustentada exclusivamente pela produção de leite,” Celso esclarece. Essa abordagem enfatiza a sustentabilidade financeira e a autonomia do negócio, apesar dos desafios inerentes a tal abordagem.

A família Petter também se beneficia da consultoria de Eduardo Silveira da Silveira, cujos insights são vitais para manter a excelência operacional. Um novo objetivo, motivado por essa parceria estratégica, é o desenvolvimento de uma agroindústria com marca própria, especialmente focada na produção de leite A2. “Identificamos que temos um número significativo de vacas produtoras de leite A2 e vemos uma grande oportunidade neste segmento, dado o crescente interesse do mercado por produtos derivados desse tipo de leite.”

Aos 14 anos, Bruno escuta atento a conversa, os planos para o futuro e sonha aprender com as irmãs e com os pais o ofício. A força da Agropecuária Petter se multiplica na intensidade da doação de cada membro da família. Juntos, se tornam uma potência na produção e na idealização do futuro. A única consequência dessa unidade e dedicação? A impossibilidade de planejar férias em família!


O sucesso da reprodução é evidenciado pelo crescimento vigoroso do rebanho, o que destaca a eficácia e dedicação da fazenda na gestão da genética e no bem-estar animal







Adriana Vieira Ferreira - Equipe Revista Leite Integral 


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