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Fazendas, Gestão

FAZENDA RAR: EMPREENDEDORISMO SOB TODOS OS ÂNGULOS

A Fazenda RAR, localizada em Vacaria/RS, traz em seu DNA a força empreendedora e o legado de seu fundador, produzindo leite de qualidade que resulta em um produto final de excelência: o legítimo queijo Grana.

FAZENDA RAR: EMPREENDEDORISMO SOB TODOS OS ÂNGULOS

O que vem primeiro: o leite ou o queijo? Na Fazenda RAR, os queijos do tipo Grana chegaram muito antes da produção de leite. Essa inversão da lógica foi o resultado da ousadia e visão empreendedora daquele que deu início ao grupo que leva a marca de seu nome e seu legado, o Sr. Raul Anselmo Randon.

Mas antes de tudo, veio a maçã 

Os grandes braços do Grupo Randon requerem um pouco de história para serem compreendidos, já que contêm a força empreendedora marcada pela vida e legado do saudoso Sr. Raul Anselmo Randon. Quem nos ajuda a contá-la é Ângelo Lacerda Serrano, Médico Veterinário e Gerente da Fazenda RAR há 16 anos. “Vou tentar ser o mais fiel possível à versão dos fatos”, promete ele.  

 Vista aérea da Fazenda RAR 

"Seu Raul Randon comprou essa fazenda em Vacaria, região dos Campos de Cima da Serra Gaúcha, em 1976. Ele foi um pioneiro na região ao plantar maçãs. Naquela época, ninguém conhecia, ninguém cultivava maçãs ainda. A maçã era toda importada para consumo no Brasil. Nessa época, a fazenda tinha apenas cavalos Puro-sangue e algumas vacas usadas para a produção de leite destinado ao pessoal da fazenda, apenas para consumo interno", explica ele.
Na década de 1990, um amigo sugeriu que Seu Raul criasse um laticínio de queijo italiano na fazenda. A princípio, relutou, pois sabia que muitos laticínios estavam falindo. Esse amigo o convenceu a visitar um laticínio na Itália, que foi a inspiração para o negócio. Inicialmente, o Sr. Raul passou a importar o queijo, como uma espécie de teste para o mercado brasileiro. Com o sucesso das vendas, a construção do laticínio na Fazenda RAR foi iniciada. A RAR é a única empresa fora da região produtora de queijo Grana na Itália que tem permissão para produzir esse tipo de queijo. “Seu Raul comprou o direito de produzir o queijo Grana de um consórcio produtor na Itália e importou algumas vacas da raça Holandês dos Estados Unidos para começar a produção de leite”, conta Ângelo. A notícia do avião que chegou com as vacas importadas ganhou destaque na imprensa local e internacional. “Imagina só a curiosidade das pessoas ao saberem de um carregamento de 65 vacas Holandês prenhes chegando ao Aeroporto Internacional de Porto Alegre em um voo proveniente dos Estados Unidos”.

  Queijo Grana produzido na Fazenda RAR

Genética apurada 

A chegada dos animais deu início a mais um capítulo da história da fazenda. As vacas Holandês cumpriram as exigências da produção do queijo - um leite com gordura branca, que não colore a massa do queijo. “Construíram um galpão de madeira, o primeiro galpão de Free Stall, que existe até hoje e tem mais de trinta anos” explica Ângelo. “A expansão do projeto deu início em 2007 e, atualmente, além do galpão inicial temos mais quatro galpões, mais modernos e construídos em concreto”, completa. Os galpões de Free Stall abrigam 1.400 animais em lactação e a capacidade de alojamento total é de 1.750 animais. “Nossa expectativa é encher esses galpões sem comprar nenhum animal. Em meados de 2026, esperamos ter plena produção aqui na fazenda com esses 1.750 animais em lactação”.

 Animais da RAR se destacam pela genética apurada

Há cerca de cinco anos, a fazenda iniciou o projeto de expansão do seu rebanho. Para isso, decidiram fazer a coleta de embriões das doadoras da própria fazenda e utilizá-los em receptoras de corte, que também são do grupo. Dessa forma, as vacas de corte parem as bezerras Holandês que são incorporadas ao rebanho da fazenda.
“Antigamente, a seleção das doadoras era feita com base em seus pedigrees. Era um processo subjetivo, onde considerávamos o fenótipo, a aparência da vaca, e a produção de leite. Com a disponibilidade da ferramenta genômica no Brasil, começamos a aplicar essa técnica nos animais já selecionados por pedigree.  A partir daí, passamos a incorporar animais no nosso rebanho com base em seus genomas, desde que atendessem aos parâmetros definidos por nós como interessantes. Com essa abordagem, conseguimos fazer uma seleção mais precisa e objetiva dos animais, garantindo a qualidade e a produtividade do nosso rebanho”, explica Ângelo.
“Uma fazenda que possui o tamanho da RAR tem espaço para a implementação de diversas inovações. Eles realizavam as coletas de material genético em volumes menores e frequência trimestral, portanto, os funcionários já estavam acostumados a incluir essa atividade em suas rotinas”, comenta Eduardo Montemezzo, Consultor Técnico Comercial da Ouro Fino que, em parceria com a Neogen, é o responsável pelas coletas de DNA na Fazenda RAR. A ferramenta genômica tem contribuído para acelerar o processo de melhoramento genético na fazenda. Com a adoção desses processos, a acurácia aumentou de 35% para 70%. “Saímos da subjetividade e passamos a nos basear nos números”. Essa evolução já dura três anos e as primeiras bezerras vindas da separação com o genoma estão começando a parir agora.

A FERRAMENTA GENÔMICA TEM CONTRIBUÍDO PARA ACELERAR O PROCESSO DE MELHORAMENTO GENÉTICO NA FAZENDA


 Galpões de Free Stal

“Com a utilização dessa ferramenta genômica como ferramenta de seleção, a fazenda percebeu um aumento no volume de leite, além de um aumento na porcentagem de gordura e proteína, que é o grande foco da fazenda. A fazenda passou a olhar para a vida produtiva, saúde e taxa de reprodução das vacas, o que antes não era mensurável com base apenas no pedigree”. Embora a evolução não seja rápida, já que a geração das vacas é um processo demorado, a fazenda separa doadoras, coleta embriões e espera pelo menos três anos para ver os resultados. A evolução genética por ano de nascimento do rebanho RAR pode ser vista por meio dos animais avaliados pelo Igenity Select, conforme Gráfico 1. Nota-se que as fêmeas nascidas em 2022 apresentam um potencial genético superior nas características de Gordura (%) e Proteína (%) em comparação com as fêmeas nascidas em 2021. Essas são características-chave para a sustentabilidade do sistema de produção da RAR, o que indica que a fazenda está aprimorando atributos importantes para o sucesso do negócio. 

COM A UTILIZAÇÃO DESSA FERRAMENTA GENÔMICA PARA A SELEÇÃO, A FAZENDA PERCEBEU UM AUMENTO NO VOLUME DE LEITE E NA PORCENTAGEM DE GORDURA E PROTEÍNA, QUE É O GRANDE FOCO DA FAZENDA

 Vacas Holandês confinadas 


Quem explica o processo de utilização da ferramenta genômica na Fazenda RAR é Vanessa Rockembach, Executiva de Contas da Neogen: “A Neogen recebe regularmente amostras de DNA dos animais em seu laboratório no Brasil. Graças a essa proximidade, a empresa é capaz de fornecer resultados rapidamente por meio de sua plataforma online. Com isso, o produtor pode criar seu próprio índice de seleção e ter mais controle sobre o processo. À medida que a empresa aprimora seus processos, como é o caso da RAR, pode operar de forma mais autônoma usando as informações da plataforma. Os acasalamentos são feitos com base nas características desejáveis dos animais, levando em consideração as doadoras de embrião, as receptoras de embrião e de sêmen, e apenas a genética dos melhores animais é replicada”.


 Plataforma de gerenciamento da ferramenta genômica 

  Os acasalamentos são realizados a partir das características desejáveis

De acordo com Ângelo, a ferramenta genômica entra na conta de investimentos da fazenda porque é uma ferramenta “que nos dá a possibilidade de fazer escolhas mais assertivas do que quando a seleção era feita apenas visualmente ou com base no pedigree.  O teste genômico é uma ferramenta valiosa que nos ajuda a acertar mais na escolha de animais, o que é crucial em um negócio que leva muito tempo para gerar novos animais. Quanto mais assertividade tivermos, melhor será para nós, pois só saberemos que erramos após termos falhado. Perdemos muita qualidade na escolha quando não usamos essa ferramenta, e agora não podemos mais dar um passo para trás e voltar para a seleção visual ou com base no pedigree”. 

O ciclo da produção 

A Fazenda RAR conta com um setor dedicado exclusivamente à maternidade, que inclui tanto a fase pré-parto, que ocorre cerca de 30 dias antes do nascimento do animal, quanto a própria maternidade, onde ocorre o parto em si e o bezerreiro, onde os animais permanecem até atingirem cerca de 80-90 dias de idade, até que estejam prontos para serem transferidos para a próxima fase do ciclo de vida. Cada um dos três subsetores tem equipes de funcionários trabalhando em três turnos diferentes para garantir que os animais recebam os cuidados e atenção necessários em todas as fases de desenvolvimento.

 Ciclo produtivo 


O responsável pelo setor realiza uma série de procedimentos essenciais para garantir bem-estar dos animais, incluindo a identificação da bezerra e a colostragem. Essa última é feita até uma hora após o nascimento e repetida após oito horas. Todo esse cuidado inicial é fundamental para garantir um bom desenvolvimento das bezerras. Depois disso, o animal é transferido para o bezerreiro, onde outra equipe assume a responsabilidade de cuidar dos animais até o desaleitamento. Na sequência, cada bezerra é acomodada em uma casinha individual com cama de palha de trigo, além de ter água e ração à vontade desde o primeiro dia. Durante os primeiros 70 dias de vida, a bezerra é alimentada com leite. Posteriormente, aos 80 ou 90 dias, o animal é transferido para o setor de recria. 

Durante os primeiros seis meses de vida, são mantidos em lotes com cerca de 25 a 30 animais. Somente aqueles entre seis meses e um ano permanecem no pasto. Com um ano ou treze meses, os animais são transferidos para um lote maior, o lote de inseminação, em um galpão com espaço adequado para cada animal, mas sem as divisórias de cama. Quando o animal é diagnosticado como prenhe, segue para outro lote. Cerca de 25 dias antes do parto, os animais são levados para um setor de pré-parto. Após o parto, quando alojados em outro setor, os pelos do úbere são removidos e a cauda é tosada antes da ordenha.
O animal permanece no circuito de ordenha até cerca de 60 dias antes do próximo parto, quando é transferido de volta para o pré-parto e o processo se repete. Na fazenda, são realizadas três ordenhas diárias, com início nos intervalos de 7h30, 15h30 e 23h30. Trata-se de uma ordenha rotatória com 50 postos. Cada turno é composto por um grupo de trabalho, que inclui ordenhadores, tratadores e responsáveis pela limpeza das instalações.

 TODO O CUIDADO INICIAL É FUNDAMENTAL PARA GARANTIR UM BOM DESENVOLVIMENTO DAS BEZERRAS

 Ordenha rotatória com 50 postos

No final, tudo vira queijo 

Todas as estratégias nutricionais e de infraestrutura foram adotadas com o objetivo de produzir o leite adequado para a fabricação do queijo tipo Grana. “Para garantir o bem-estar e conforto, os animais são confinados desde o pré-parto até a lactação. Durante o período de produção, os animais não podem consumir alimentos que contenham clorofila ativa, já que isso afeta a cor da gordura do leite. Em vez disso, a alimentação do rebanho é composta de silagem, pré-secado ou feno, que ajudam a inativar a clorofila.”, explica Ângelo. 

As vacas permanecem no circuito da ordenha até 60 dias antes do próximo parto 

A produção de queijo na RAR acontece dentro da mesma área da fazenda, cerca de quinhentos metros do laticínio. O leite produzido no local passa por um sistema de resfriamento instantâneo e é armazenado em tanques isotérmicos de 20 mil litros, sendo que cada turno possui um tanque específico. Os tanques são levados em uma sequência específica para a fábrica de queijos todos os dias, e o processo de fabricação acontece internamente, sem a necessidade de utilizar leite de terceiros. “Atualmente, nossa produção de leite está entre 45 a 47 mil litros, e nosso objetivo é aumentá-la para 60 mil litros. Para alcançar essa meta, estamos focados em manter a alta qualidade do nosso leite, com sólidos e proteínas elevados. Além disso, nosso queijo é produzido a partir de leite não pasteurizado, o que exige um alto padrão de qualidade”. De acordo com Ângelo, a produção de leite é altamente dependente das pessoas envolvidas no processo, que têm um impacto significativo no resultado final, seja positivo ou negativo. “Como o setor opera 24 horas por dia, 365 dias por ano, é essencial que as pessoas envolvidas estejam altamente comprometidas e motivadas. Para garantir isso, é necessário que essas pessoas sejam bem remuneradas e se sintam valorizadas pelo trabalho que realizam”.

O rebanho recebe alimentação especial, sem clorofila ativa

 O bem-estar animal é fundamental para garantir a produção de leite de qualidade

Atualmente, a estrutura hierárquica da fazenda é composta pelos diretores e o CEO, o gerente e todo o time da fazenda, composto por um coordenador e um agrônomo. Além disso, há um facilitador para cada setor da fazenda. “Por exemplo, há um facilitador administrativo que lida com as questões de RH, controladoria e lançamentos. Existe um facilitador da ordenha que gerencia os três turnos de ordenha e é liderado por Rosa, uma profi ssional com mais de 20 anos de experiência na fazenda, que começou como ordenhadora e agora é responsável pelos três turnos de ordenha. Cada facilitador recebe um salário diferenciado e tem possibilidades de crescimento diferentes, mas todos possuem conhecimentos práticos sobre a operação da fazenda”, explica Ângelo. 

Futuro do leite 

Ângelo entende que a produção de leite é uma atividade feita de desafios e oportunidades. Segundo ele, o maior desafio está relacionado à gestão dos custos: “Nós atuamos como um vendedor externo para a fábrica, que é nosso único cliente e nos paga o preço de mercado. Além disso, o crescimento é outro desafio que demanda estabilidade. Não é fácil fazer crescer organicamente um rebanho Holandês”. Apesar desses desafi os, Ângelo tem uma visão de futuro positiva. Ele acredita que o crescimento é fundamental para o sucesso da produção e afi rma que não vão parar com a capacidade atual da infraestrutura, e prevê mais investimentos. Como diria Seu Raul “o céu é o limite”.

  As equipes de funcionários são extremamente importantes para a produção de leite de qualidade


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