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Gestão

No controle com os indicadores

Os indicadores-chave para mensurar a eficiência econômica na atividade leiteira são ferramentas essenciais para uma gestão eficiente e produtiva.

No controle com os indicadores

Imagine você pisando no acelerador do seu carro, mas o carro não sai do lugar. Quando observa no painel, há uma luz amarela acesa indicando que falta combustível. Mesmo que o seu pé esteja pressionando o acelerador, você não sabe que o tanque de combustível está vazio. No entanto, o painel do carro possui um indicador que auxilia na tomada de decisão. 

Da mesma forma, na atividade leiteira é fundamental ter indicadores que você deve seguir para gerenciar com excelência e mensurar a eficiência econômica. Você sabe quais são eles? 

A importância dos indicadores 

Um dos indicadores-chave utilizados para mensurar a eficiência econômica da atividade leiteira é a taxa de retorno do capital com terra. Essa taxa é o resultado do produto da lucratividade e da taxa de giro. Vamos entender melhor a origem deste indicador? 

A lucratividade é o resultado da divisão da margem líquida pela renda bruta obtida com a atividade. Ou seja, ela representa o percentual de ganho obtido em relação as vendas realizadas no período analisado. Quanto maior for a lucratividade, menor tende a ser o risco do empreendimento. A taxa de giro, por sua vez, é o resultado da divisão da renda bruta da atividade pelo estoque de capital empatado em máquinas, benfeitorias, animais, forrageiras não anuais e terra. Ou seja, ela revela o percentual de renda gerada pela empresa representa em relação ao capital empatado na atividade leiteira. Quanto maior for a taxa de giro mais eficiente será a geração de caixa da empresa. Vale ressaltar que avaliar a taxa de giro isoladamente não permite afirmar que a propriedade está sendo eficiente economicamente, uma vez que ela não utiliza em sua composição nenhum índice que evidencie os ganhos econômicos do produtor após saldar os seus custos. 

Dessa forma, rentabilidade possui influência direta de índices como a renda bruta, margem líquida e estoque de capital empatado para a atividade leiteira. Sendo assim, para obter bons retornos econômicos com a atividade leiteira, é preciso prestar atenção a fatores dentro da porteira da fazenda, tais como a escala de produção, o equilíbrio dos custos, uma estrutura de rebanho equilibrada e a eficiência na utilização dos recursos disponíveis.

 PARA OBTER BONS RETORNOS ECONÔMICOS COM A ATIVIDADE LEITEIRA, É PRECISO PRESTAR ATENÇÃO A FATORES DENTRO DA PORTEIRA DA FAZENDA, TAIS COMO A ESCALA DE PRODUÇÃO, O EQUILÍBRIO DOS CUSTOS, UMA ESTRUTURA DE REBANHO EQUILIBRADA E A EFICIÊNCIA NA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DISPONÍVEIS

Bom retorno 

Conhecendo os índices atrelados a eficiência econômica de propriedades leiteiras você deve estar se questionando: qual é o diferencial das propriedades que obtém altos retornos com a atividade leiteira? 

Para ajudar a responder este questionamento, o Departamento de Inteligência da Labor Rural, que acompanha os resultados técnicos e econômicos de propriedades leiteiras localizadas em todo o Brasil, executou uma análise de quadrantes. As propriedades foram alocadas em um gráfico, onde no eixo x (horizontal) se encontra a taxa de giro e no eixo y (vertical) a lucratividade dessas propriedades. Após isso, as propriedades foram divididas em 4 quadrantes de acordo com a mediana dos resultados para a taxa de giro e lucratividade (Gráfico 1). 

A análise de quadrantes segmentou as propriedades em quatro grupos, sendo eles: 

Q1: Propriedades que obtiveram alta taxa de giro e alta lucratividade e, consequentemente, alto retorno econômico com a atividade leiteira. 

Q2: Cenário de baixa taxa de giro e alta lucratividade. 

Q3: Propriedades com baixa taxa de giro e baixa lucratividade, consequentemente, baixas ou nenhuma taxa de retorno do capital com terra. 

Q4: Cenário de baixa lucratividade e alta taxa de giro.

 O quadrante Q1 é composto pelas propriedades que apresentam alta eficiência econômica com a atividade leiteira, sendo composto, em sua maioria, pelas propriedades que serão consideradas como referência para as demais. 

As propriedades presentes no quadrante Q2, apresentam boa lucratividade operacional, mas em contrapartida uma taxa de giro abaixo da mediana da amostra. Tal comportamento indica que esses empresários rurais devem estar atentos ao aumento da renda bruta da atividade e eficiência na utilização dos recursos empatados na atividade. Para aumentar a renda bruta da atividade leiteira, existem dois caminhos possíveis: o aumento de produção ou o aumento do preço do leite. Como o preço do leite recebido não está no controle absoluto do produtor, o melhor caminho é olhar para “dentro da porteira” e focar no incremento de produtividade das vacas em lactação. Ou seja, para que as propriedades alocadas no quadrante Q2 possam se tornar eficientes é preciso focar no ganho em escala de produção, isto é, aumentar a produção de leite com os custos de produção equilibrados. 

O quadrante Q3 é onde estão alocadas as propriedades com baixa eficiência econômica e, consequentemente, baixo ou nenhum retorno econômico com a atividade leiteira. Para que essas propriedades possam obter resultados satisfatórios é preciso que o produtor trabalhe tanto no equilíbrio de custo quanto no aumento de escala de produção. 

As propriedades presentes no quadrante Q4 apresentam boa taxa de giro, mas a lucratividade operacional está abaixo da mediana da amostra. As propriedades neste cenário necessitam aumentar a margem líquida. Por isso, o foco desses produtores deve estar em otimizar os custos de produção. Vale ressaltar que otimizar não significa cortar gastos sem nenhuma estratégia, uma vez que o custo mínimo não reflete no máximo ganho econômico com a atividade. 

Para saber o que as propriedades que alcançam altos retornos econômicos com a atividade leiteira realizam de diferente das propriedades que alcançam retornos menores ou nenhum retorno econômico com a atividade leiteira, vamos avaliar os resultados das fazendas de maior eficiência econômica, presentes no quadrante Q1, e compará-los com as de menor eficiência, presentes no quadrante Q3.

COMO O PREÇO DO LEITE RECEBIDO NÃO ESTÁ NO CONTROLE ABSOLUTO DO PRODUTOR, O MELHOR CAMINHO É OLHAR PARA “DENTRO DA PORTEIRA” E FOCAR NO INCREMENTO DE PRODUTIVIDADE

O grupo de propriedades com maior retorno econômico na atividade leiteira (Q1) apresenta uma escala de produção superior em relação ao grupo de menor retorno econômico (Q3). A maior eficiência na escala de produção do grupo Q1 se justifica devido a maior produtividade das vacas em lactação, sendo 64% superior em relação ao grupo Q3. Associado a isso, as propriedades eficientes economicamente (Q1) possuem estrutura de rebanho mais equilibrada, o que pode ser observado pelo maior percentual de vacas em lactação em relação ao total de animais que compõem o rebanho, indicando mais animais em produção e gerando renda para este grupo. 

Além da escala de produção eficiente, o alto retorno econômico obtido pelas propriedades eficientes também pode ser justificado pelos custos equilibrados. As propriedades mais eficientes conseguiram equilibrar a renda bruta obtida com a atividade com os principais gastos (concentrado, volumoso e mão de obra) e, consequentemente, para cada litro de leite produzido as propriedades mais eficientes tiveram um custo operacional total do leite de R$0,48 centavos menor em relação as propriedades menos eficientes. Um valor considerável. 

Como retrato dos benchmarks, melhores fazendas em rentabilidade apresentam indicadores técnicos e econômicos que fazem a diferença no sucesso das mesmas. A busca por uma boa estrutura de rebanho, boa produtividade por vaca, eficiência no uso do patrimônio em terra, dos insumos e da mão de obra, norteiam as ações de quem almeja obter bons retornos econômicos e sustentabilidade com a atividade leiteira. Consequentemente, as fazendas superiores apresentam parâmetros econômicos baseados nos reflexos das suas atitudes diárias e competência dos seus gestores.

 Gestão eficiente 

Portanto, como se pode observar, uma gestão eficiente e a busca por bons resultados não são possíveis sem indicadores. O primeiro passo para uma gestão eficiente na atividade leiteira é olhar para dentro da propriedade, identificar as origens dos problemas, compreender os gargalos e alinhá-los com a equipe, estabelecendo metas alcançáveis. É fundamental mensurar os resultados para alcançar a eficiência desejada e buscar soluções para melhorá-los. 

Para isso, é necessário obter conhecimento e transformá-lo em inteligência para o agronegócio. A gestão eficiente é aquela que utiliza indicadores-chave para mensurar a eficiência econômica e produtiva da atividade leiteira, permitindo tomar decisões mais assertivas e alcançar resultados satisfatórios.





GABRIEL VICTOR PEREIRA DE FREITAS - Zootecnista e Consultor Técnico da Labor Rural

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