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Nutrição

O que a avaliação das fezes pode realmente nos dizer

O que a avaliação das fezes pode realmente nos dizer

Mary Beth de Ondarza - Hoard’s Dairyman

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A máxima eficiência alimentar significa, em última análise, um rúmen saudável, bem como uma pequena perda de grãos e fibras nas fezes. Dessa forma, a avaliação das fezes pode nos dizer muito sobre o que está acontecendo no rúmen e nos intestinos.

As fezes de uma vaca de alta produção, saudável, deve ter o formato de um sorvete italiano quando sai da máquina, com 3 a 6 anéis, aproximadamente 5 a 7 cm de altura e uma depressão no centro.  Nas fezes normais observa-se pouca presença de grãos e fibras.

 

O que pode estar errado

Em um grupo de vacas com acidose, as fezes podem variar de firmes a diarréicas. Pode-se observar grandes pedaços de grãos (maiores que 0,5cm) e fibras com tamanho de partícula maior que 1,5cm.  O bolo fecal apresenta-se pouco firme e muito brilhante, com pequenas bolhas de ar.

Quando a dieta não contém fibra efetiva suficiente, ocorre redução da ruminação e ina-

dequada formação do “mat” (separação das partículas de acordo com a densidade) ruminal. Isso resulta em maior fermentação de grãos no intestino e maior presença de fibra e grãos nas fezes. 

Os ácidos orgânicos, resul-tantes da fermentação dos grãos,  provocam lesões na parede intestinal, que secreta muco para tentar se proteger. É esse muco que dá o aspecto brilhante às fezes dos animais com acidose.

Gases também são produzidos durante a fermentação intestinal dos grãos, e não podem ser expelidos como aqueles produzidos no rúmen. Assim, também podem ser vistos como pequenas bolhas nas fezes de animais em acidose.

Andando no meio de um lote de vacas é comum observar uma grande variabilidade no aspecto das fezes. Alguns bolos apresentam-se muito duros, outros normais,  e alguns de pastosos a amolecidos. Isso indica  que podem estar ocorrendo duas situações: as vacas estão selecionando ingredientes da TMR e, assim, ingerindo diferentes quantidades de fibra e grãos a cada dia, levando a um quadro de acidose subclínica. Outra possibilidade é que a ração não esteja adequa-damente balanceada ou misturada e, nesse caso, a acidose subclínica também ocorre em razão das flutuações na ingestão de ingredientes, mesmo na ausência de seleção.

Geralmente, produtores de leite e nutricionistas assumem que não existe acidose no reba-nho até que o consumo de alimentos apresente queda drástica, a porcentagem de gordura do leite seja reduzida, ou ocorram muitos quadros de laminite. Vacas de alta produção, bem manejadas, e produzindo leite com teores adequados de sólidos, podem apresentar fezes indicativas de acidose. Nesses casos, as vacas podem estar sendo afetadas pelo excesso de ácidos no rúmen por apenas poucas horas durante o dia.

Nos últimos anos, os nutricionistas têm utilizado o teste da peneira para fezes, como forma de avaliar a adequação do tamanho de partícula das dietas.  Utilizando a “Cargill Digestion Analyzer”, a meta é que se tenha menos de 10% das fezesretidas na primeira peneira (0,5cm), menos de 20% na peneira intermediária (0,24cm), e mais de 50% na última peneira (0,16cm).

Possíveis razões para uma retenção maior que a esperada nas duas primeiras peneiras incluem:

- Formação inadequada do “mat”ruminal , em função da deficiência de fibra efetiva, seleção da TMR, ou excesso de FDN altamente digestível (falta de FDN lentamente digestível)

- Problemas na fermentação ruminal, como aqueles causados por fornecimento inadequado de proteína degradável ou excesso de gordura insaturada

Existem quatro possíveis razões para a retenção excessiva de grãos nas duas primeiras peneiras:

1) Formação inadequada do “mat”ruminal, em função da deficiência de fibra efetiva, seleção da TMR, ou excesso de FDN altamente digestível (falta de FDN lentamente digestível)

2) Lenta digestão do amido causada por processamento ina-dequado dos grãos

3) Deficiência de carboidratos (energia) na dieta

4) Problemas na fermentação ruminal, como aqueles causados por fornecimento inadequado de proteína degradável, especialmente de proteína solúvel

O teste da peneira é uma boa ferramentas para os nutricionistas, evidenciando problemas na formação do “mat” ruminal e/ou no processamento dos grãos. Entretanto, isoladamente, não conta toda a verdade sobre a saúde do rúmen.

Quando peneiramos amostras compostas, provenientes de várias vacas, a avaliação pode ficar mascarada. Por exemplo, se ava-liarmos as fezes de duas vacas, recebendo a mesma dieta, uma delas apresentando 20% de retenção na primeira peneira, 10% na intermediária, e 70% na última; e a outra apresentando 40, 10 e 50% de retenção na primeira, segunda  e última peneira, respectivamente, a acidose do segundo animal ficaria mascarada. Esse efeito pode ser amplificado à medida que se misturam fezes de mais animais, tornando o teste inefetivo.

Além disso, fezes com aspecto fortemente indicativo de acidose (pastosas e com presença de bolhas) podem apresentar-se como “normais” no teste da peneira. Isso porque, a presença de grande quantidade de partículas nas fezes não é o único sinal indicativo de acidose. Fezes com pouca presença de fibras e grãos, mas pastosas e com bolhas, podem indicar acidose causada, por exemplo, por excesso de amido na dieta.

Nos últimos anos, um grande número de pesquisadores e nutricionistas tem avaliado a quantidade (porcentagem da matéria seca) de amido presente nas fezes. Um trabalho realizado na Universidade de Illinois mostrou que as fezes de 15 vacas recém-paridas (menos de 60 dias em lactação) apresentavam quantidades extremamente variáveis (de 2,3 a 22,4%) de amido. Jim Ferguson, da Universidade da Pensilvânia, estimou que 4,5% de amido nas fezes corresponde a uma digestibilidade total de aproximadamente 90%. Ainda segundo ele, cada 1% de queda na porcentagem de amido nas fezes representa aproximadamente 2,4 litros a mais de leite produzido.

É muito interessante ter novas ferramentas que nos auxiliem no entendimento do processo digestivo das vacas. Mas, nada substitui um bom nutricionistas, que saiba agrupar os resultados da observação visual, do desempenho e das ferramentas disponíveis. •

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