Este site utiliza cookies

Salvamos dados da sua visita para melhorar nossos serviços e personalizar sua experiência. Ao continuar, você concorda com nossa Política de Privacidade, incluindo a política de cookie.

Novo RLI
x
ExitBanner
Pastagens

Por que utilizar silagem de milho na alimentação de vacas leiteiras?

É fundamental incluir alimentos volumosos de alta qualidade, como a silagem de milho, na dieta dos animais

Por que utilizar silagem de milho na alimentação de vacas leiteiras?

Devido ao aumento dos custos de produção nos últimos anos, a valorização do preço da terra e a dificuldade de mão de obra, é imprescindível que os produtores intensifiquem a produção de leite em busca de maiores taxas de retorno do capital investido e da terra, visando assim maior eficiência na atividade. Nesse contexto, a alimentação desempenha papel fundamental, uma vez que o custo alimentar representa até 50% da renda bruta da atividade. Portanto, é necessário utilizar alimentos volumosos de alta qualidade, como a silagem de milho, para alimentar as vacas leiteiras de média a alta produtividade.

 A importância do milho híbrido
Quando se trata da conservação de forrageiras úmidas, o milho se destaca por apresentar características ideais para a ensilagem. É possível colher o milho com teor de matéria seca (MS) entre 30% e 35%, possui mais de 3% de carboidratos solúveis na matéria natural e possui baixo poder tampão (CRUZ et al., 2013). 

Se liga: O milho é uma excelente opção para a produção de silagem devido ao seu alto rendimento de matéria verde, excelente qualidade, boa aceitação pelos animais e custo operacional reduzido O milho híbrido é um produto resultante do cruzamento entre linhagens. Essas linhagens são selecionadas por suas características desejáveis, como resistência a pragas, alta produtividade, qualidade dos grãos e adaptabilidade a diferentes condições climáticas. O objetivo desse cruzamento é a obtenção de sementes com vigor híbrido, resultando em plantas mais produtivas e adaptadas ao ambiente de cultivo.

Existem diversos híbridos de milho disponíveis no mercado, direcionados para a produção de silagem com características específicas, como altitude, pluviosidade, tolerância a pragas e doenças, exigências de fertilidade do solo, nível tecnológico, entre outros fatores. Por isso, é importante escolher o híbrido adequado levando em consideração as particularidades de cada propriedade leiteira. Além disso, sabe-se que o custo das sementes representa cerca de 8,24% do custo total de produção da silagem (RODRIGUES, 2023).



Se liga: O poder tampão, também conhecido como capacidade tamponante, refere-se à capacidade da forragem de resistir a alterações de pH durante o processo de ensilagem. Quanto maior o poder tampão, maior será a quantidade de ácido necessária para reduzir o pH da silagem. Isso resulta em um processo fermentativo mais prolongado, aumento do consumo de carboidratos solúveis e maiores perdas. 

Como escolher o milho ideal para o processo de ensilagem?
Mas afinal, como avaliar se um híbrido de milho é o adequado? A avaliação deve considerar inicialmente as características agronômicas do híbrido e, em seguida, focar nas questões de qualidade da planta, como quantidade e qualidade da fibra (fibra em detergente neutro (FDN) e digestibilidade (DIG) da FDN) e quantidade e qualidade de carboidratos de rápida degradação (amido e DIG do amido).
Na XVI Vitrine do Milho do Programa de Desenvolvimento da Pecuária (PDPL), foram obtidos resultados variados de 21 híbridos analisados sob as mesmas condições, conforme pode ser observado no Gráfico 1.

  

Se liga: A Vitrine do Milho é um evento promovido pelo PDPL, um projeto de extensão da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Trata-se de importante iniciativa que reúne produtores, pesquisadores, empresas do setor e demais interessados para compartilhar conhecimentos, apresentar novidades e discutir temas relevantes para a cultura do milho na produção de silagem.

1. O Quadrante 1 representa o grupo de híbridos com alta qualidade e alta produtividade, que alcançaram produção de MS superior a 21 Ton de MS/ha e produção de leite por tonelada de MS acima de 1,625 Ton de Leite/Ton de MS;
2. O Quadrante 2 corresponde aos híbridos com alta produtividade e qualidade média, também obtendo mais de 21 Ton de MS/ha, porém com produção de leite por tonelada de MS inferior a 1,625 Ton de Leite/Ton de MS;
3. O Quadrante 3 engloba o grupo de híbridos com menor produtividade, porém de boa qualidade, que não atingiram a marca de 21 Ton de MS/ha, mas possuem boa conversão de MS em leite, alcançando produção de leite por tonelada de MS superior a 1,625 Ton de Leite/Ton de MS;
4. O Quadrante 4 inclui os híbridos com menor produtividade e qualidade inferior, que não atingiram os valores de 21 Ton de MS/ha e 1,625 Ton de Leite/Ton de MS. Vale ressaltar que os híbridos avaliados são provenientes das principais empresas de sementes do setor, e mesmo os cultivares do Quadrante 4 apresentam qualidade significativa.

Impacto na produtividade
Com o objetivo de alcançar o equilíbrio entre a produção de MS e o valor nutritivo, o ponto ideal de colheita do milho para a ensilagem situa-se entre 32% e 38% de MS. Nesse estágio, a produtividade é influenciada não apenas por fatores agronômicos, mas também pela escolha do híbrido. Observa-se alta correlação entre a produtividade dos híbridos e a conversão em leite por hectare, conforme ilustrado no Gráfico 2.


A PRODUTIVIDADE É INFLUENCIADA NÃO APENAS POR FATORES AGRONÔMICOS, MAS TAMBÉM PELA ESCOLHA DO HÍBRIDO 

A qualidade da silagem desempenha papel crucial na conversão em leite por hectare, o que significa que nem sempre as maiores produtividades resultam na maior produção de leite por hectare. Essa relação é ilustrada na Tabela 1.

 

Qualidade da fibra do alimento volumoso
Nas dietas das vacas leiteiras, o alimento volumoso representa aproximadamente 50% da MS total e a fração fibrosa corresponde, em média, a 50% da MS da planta. Isso significa que cerca de 25% da dieta dos animais é composta por fibra. A qualidade da FDN exerce impacto significativo no desempenho dos animais. Segundo Oba e Allen (2005), uma unidade de alteração da DIG da FDN equivale a 0,12 kg de ingestão de MS, correspondendo a 0,21 kg de leite corrigido para gordura.
Um híbrido de milho adequado para a produção de silagem deve apresentar as seguintes características: teor de FDN entre 45% e 50%, valores de Fibra em Detergente Ácido (FDA) inferiores a 30%, teor de lignina entre 3% e 4%, DIG da FDN em 30 horas superior a 45% e uFDN (fração não digestível da FDN) inferior a 15%. A uFDN é a fração da FDN que não possui valor nutricional e tem impacto significativo no consumo por enchimento, afetando diretamente a produção de leite. Portanto, ao escolher um híbrido para a produção de silagem, é desejável selecionar aqueles com valores mais baixos de uFDN. Essas características são apresentadas na Tabela 2.


Na avaliação prática, é possível observar a capacidade da planta de milho em manter o Stay Green, que corresponde à preservação da espiga madura enquanto a planta continua verde. 

Energia do milho
Aproximadamente 70 a 75% da dieta das vacas leiteiras é composta por energia, tornando silagens de alto teor energético essenciais para reduzir os gastos com alimento concentrado, que representa o maior custo na atividade leiteira. Uma boa silagem de milho deve ter teor de nutrientes digestíveis totais superior a 65% e teor de amido de 28 a 30%.
Conforme destacado na Tabela 2, a DIG do amido tem influência na conversão de litros de leite por hectare, ressaltando a importância de realizar análise bromatológica precisa da silagem. De acordo com Cardoso e Estanislau (2023), estudos realizados por pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Lavras/MG, e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu/SP, demonstraram que a textura do grão (semidentado ou semiduro) não é relevante, uma vez que a matriz proteica que envolve o amido nos grãos semiduros e duros, reduzindo sua DIG, se forma apenas próximo à maturidade fisiológica, fora do ponto adequado para a ensilagem.
O extrato etéreo (EE) é componente importante da silagem de milho, uma vez que seu conteúdo energético é 2,25 vezes mais concentrado (em Mcal/grama) em comparação aos carboidratos e as fontes de proteína. A Tabela 3 apresenta o impacto das frações energéticas no potencial de produção de leite por hectare.


APROXIMADAMENTE 70 A 75% DA DIETA DAS VACAS LEITEIRAS É COMPOSTA POR ENERGIA, TORNANDO SILAGENS DE ALTO TEOR ENERGÉTICO ESSENCIAIS PARA REDUZIR OS GASTOS COM ALIMENTO CONCENTRADO



Em resumo
A escolha do híbrido de milho para a produção de silagem é de extrema importância. É necessário, também, considerar a nutrição mineral adequada do solo, a implementação de tratos culturais apropriados e o nível tecnológico das lavouras, pois todos esses fatores exercem grande influência na produtividade de MS por hectare, mantendo o custo de produção equilibrado. Além disso, a qualidade bromatológica da forragem depende das práticas de ensilagem, incluindo o momento da colheita, o processamento de partículas, o processamento dos grãos e o armazenamento adequado. Por fim, é essencial realizar o balanceamento das dietas com o objetivo de alcançar maior eficiência técnica e econômica na alimentação dos animais.

É ESSENCIAL REALIZAR O BALANCEAMENTO DAS DIETAS COM O OBJETIVO DE ALCANÇAR MAIOR EFICIÊNCIA TÉCNICA E ECONÔMICA NA ALIMENTAÇÃO DOS ANIMAIS





PAULO HENRIQUE PINHEIRO EVANGELISTA - Zootecnista, Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira - PDPL
THIAGO CAMACHO RODRIGUES - Engenheiro Agrônomo, Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira - PDPL

 

REFERÊNCIAS
CARDOSO, D.A.D.B.; ESTANISLAU, W.T. Manual de Silagem. KWS Sementes. Disponível em: . Acessado em 12 de novembro de 2022.
CRUZ, J. C., PEREIRA FILHO, I. A., GONTIJO NETO, M. M. Milho para silagem. Agência Embrapa de Informação Tecnológica. EMBRAPA, 2013. Disponível em:http://www.agencia.cnptia. embrapa.br/gestor/milho/arvore/CONT000fy779fnk02wx5ok0p vo4k3j537ooi.html. Acessado em 3 de junho de 2023.
OBA, M. ALLEN, M. Digestibilidade in vitro de forragens. Na Tri-State Dairy Nutrition Conference. Universidade Estadual de Ohio. Columbus, OH, EUA. pp. 81-91, 2005. RODRIGUES, T.C.; OLIVEIRA, L.F.; VIEIRA, J.L. Relatório Técnico Agronômico – Balanço da Safra 2022/2023. Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira - PDPL.

















Tags

Compartilhar:


Comentários

Enviar comentário


Artigos Relacionados