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Fazendas, Gestão, Manejo

Simples e Sempre

Tradição da família Werlang confirma: o simples, executado de forma padronizada e regular, é o melhor caminho para prosperar cada vez mais na atividade leiteira.

Simples e Sempre

Numa bacia leiteira a oeste de Santa Catarina, o município de Cunha Porã abriga a Fazenda Werlang, cuja história começou em 1974. Nesse ano, vindos da também catarinense São Carlos, distante 40 km de Cunha Porã, Aloísio Werlang e sua esposa, Acácia, desbravavam novos caminhos. Na nova cidade, adquiriram um pedaço de terra e iniciaram uma trajetória tão próspera quanto duradoura.


Foto 1. Vista aérea do galpão de Free-Stall climatizado, projetado para alojar 350 vacas em lactação.


Calma e cautela


O começo foi regido pela simplicidade. Aloísio e a esposa possuíam uma vaca que fornecia leite para a modesta família. Aos poucos, a casa ganhou mais moradores e o estábulo ganhou mais animais. No primeiro sistema de extração do leite, as vacas eram contidas e ordenhadas manualmente. Passados dez anos, a segunda sala de ordenha, dessa vez  mecanizada, foi construída, enquanto os animais ainda eram manejados a pasto. A transição entre os sistemas de criação não foi apressada, mas considerada em paralelo à expansão familiar. Em 2010, quando as condições climáticas já não eram mais favoráveis para a permanência dos animais no sistema extensivo, a solução foi, finalmente, firmada: confinar o rebanho. Ergueu-se, então, o galpão de Free-Stall para alojar 160 vacas em lactação.


No rastro da eficiência


Com o plantel e a atividade em expansão, a instalação logo tornou-se insuficiente. Além de não proporcionar o conforto térmico indispensável ao bem-estar animal, já não permitia o avanço da produção de leite. Há três anos, a família Werlang apostou na estrutura que coloca a tecnologia a serviço do conforto dos animais. Os produtores visitaram propriedades país afora e inovaram no município de Cunha Porã, cuja população soma pouco mais de 11 mil habitantes. “Visitamos muitas fazendas em todo o Brasil e conhecemos o sistema climatizado, capaz de proporcionar conforto diferenciado aos animais e potencializar os resultados em reprodução e produção", relata o filho do Sr. Aloísio, Aleandro Werlang, sócio-proprietário e gestor da Fazenda Werlang.

Atualmente, as 350 vacas em lactação alocadas no Free-Stall climatizado apresentam expressiva eficiência reprodutiva. Em menos de três anos, o foco na reprodução do plantel foi responsável por duplicar o número de vacas em lactação. Os 210 hectares destinados à atividade leiteira compreendem território suficiente para a produção dos grãos e volumosos utilizados na alimentação do numeroso rebanho.

Zootecnista formado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), neto do Sr. Aloísio e gestor da Fazenda Werlang, Lucio Drehmer afirma que um dos focos na propriedade é a produção de alimentos de qualidade. “Na propriedade, trabalhamos há algum tempo com agricultura de precisão, cuja responsabilidade é de meu irmão, Raul Drehmer. Dessa forma, conseguimos aliar a qualidade do alimento à alta produtividade por hectare das lavouras. Acredito que isso é o que tem nos proporcionado boa rentabilidade no negócio e sucesso na atividade leiteira”, afirma. Além disso, a dieta de algumas categorias é composta por grão úmido produzido na propriedade, estratégia que contribui na redução do custo de produção. “As dietas são formuladas com ingredientes produzidos de forma padronizada ao longo do ano. Com menores variações no manejo alimentar, reduzimos a oscilação na produção leiteira”, observa Lucio.


O simples que funciona


Garantir práticas básicas, porém bem-feitas, sempre guiou o negócio da família Werlang. “O simples que funciona”: foi assim que Lucio descreveu as escolhas e os investimentos adotados na propriedade. Embora a atividade leiteira esteja sujeita à sazonalidade da produção, os Werlang trabalham para controlar variáveis que podem influenciar o resultado produtivo, seja fazendo ajustes pontuais nas dietas, seja considerando as interferências climáticas nas culturas agrícolas. Para tanto, a Fazenda conta com o apoio dos especialistas da Agroceres Multimix: Roberto Zabot, Consultor técnico-comercial da empresa, acompanha a propriedade bem de perto há quatro anos. Segundo ele, o objetivo é somar nos manejos realizados e nas decisões tomadas, focando no ciclo de produção como um todo e fornecendo base sólida, para a qual os produtores possam recorrer quando a assistência for necessária.


A AGRICULTURA DE PRECISÃO GARANTE ALTA PRODUTIVIDADE DA LAVOURA E QUALIDADE DO ALIMENTO PRODUZIDO PARA O REBANHO


Gestão de resultados


Os gestores da Fazenda Werlang constantemente identificam gargalos que podem ser corrigidos no sistema de produção. O investimento em infraestrutura impactou positivamente na reprodução: maiores taxas de serviço e concepção refletiram diretamente na taxa de prenhez de 29%. De acordo com Lucio, o progresso atingido é atribuído aos esforços aplicados para prover ambiente confortável às vacas em produção e à adoção dos sistemas mais específicos para a detecção dos cios. Os desafios reprodutivos e sanitários aparecem também no período pós-parto e durante a lactação (infecções uterinas e mastite), mas são contornados com medidas de controle, incluindo as vacinações periódicas dos animais.

O manejo no pré-parto inclui o acompanhamento do ganho de peso e o monitoramento do escore de condição corporal. No pós-parto, são mensurados os corpos cetônicos circulantes na corrente sanguínea, os quais podem indicar alta mobilização da reserva corporal para atender a demanda crescente de produção de leite no período inicial da lactação.


Foto 2. Plano nutricional bem definido e operado de forma padronizada, associado à estrutura climatizada de alojamento, permitiu progresso nos índices reprodutivos e produtivos do rebanho da Fazenda Werlang.


Os animais recém-nascidos recebem quatro a cinco litros de colostro, entre outros cuidados fundamentais à sobrevivência na fase de cria. O convívio coletivo é iniciado quando as bezerras são agrupadas em lotes de cinco contemporâneas e aleitadas conforme estratégia step-down (Gráfico 1), na qual o volume de leite é gradualmente reduzido. O desaleitamento ocorre aos 60 dias de vida, quando o peso corporal é cerca de 100 kg. Após essa etapa, elas seguem para o confinamento em Composto, onde são recriadas e inseminadas aos 14 meses – e cerca de 340 kg. Uma vez confirmada a prenhez, recebem a alimentação e os cuidados que fêmeas gestantes e em crescimento requerem.


Gráfico 1. Estratégia de aleitamento step-down adotada na Fazenda Werlang.


A ENERGIA PRODUZIDA NA BIODIGESTÃO DOS DEJETOS MANTÉM QUASE INTEGRALMENTE AS OPERAÇÕES DE ROTINA NA FAZENDA WERLANG


Ciclo completo


Aleandro Werlang, responsável pelo manejo de dejetos, conta que devido  ao cultivo de lavouras com ciclos de desenvolvimento mais longos, durante aproximadamente cinco meses do ano não havia destino adequado aos dejetos oriundos da atividade leiteira. Por esse motivo, os gestores adotaram um sistema que completou o ciclo de produção de leite na Fazenda Werlang: separação de dejetos, biodigestão e fertirrigação. 

Os dejetos separados nas frações sólida e líquida recebem diferentes destinos. Enquanto a fração sólida é armazenada em galpão, para posterior uso na lavoura, a líquida é direcionada ao biodigestor, que, por sua vez, produz gases que alimentam o gerador que torna a Werlang quase 100% autossufi ciente em energia. A fração líquida que deixa o biodigestor segue para uma lagoa de decantação. Ao final, esse substrato gerado é utilizado na fertirrigação de 15 hectares destinados à produção do Tifton que compõe a dieta dos animais.

O circuito planejado para o aproveitamento dos dejetos é admirável. Mas impressionante mesmo são a preocupação genuína com os recursos naturais e a consciência da importância da sustentabilidade socioambiental para o futuro do negócio, reveladas pelos que lideram a produção de leite na Fazenda Werlang. Quais prejuízos o destino incorreto dos dejetos poderia implicar? Assumir práticas que equacionam os impactos negativos e potencializam os impactos positivos da atividade significa compreender, na prática, que  “ganha quem se importa”. Isso é ESG. Esse é o conceito de desenvolvimento sustentável que desejamos na cadeia de produção de leite.


Foto 4. Bruno Werlang: da primeira à quarta geração, a família não nega o amor pela atividade leiteira.


O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PRATICADO NA FAZENDA WERLANG REPRESENTA O CONCEITO DE ESG QUE DESEJAMOS VER NA ATIVIDADE LEITEIRA

Marca e norte 

As metas estabelecidas pela família incluem expandir o rebanho até obter 500 vacas em lactação. Mas, para Lucio, o aumento do número de animais só é justificado se os processos bem-feitos forem perpetuados em paralelo ao incremento produtivo: “Queremos ampliar o rebanho e a produção, mantendo o padrão de qualidade nos alimentos fornecidos ao rebanho e no leite entregue ao laticínio”.

A história da Fazenda Werlang tem a valorização da simplicidade como marca e como norte. Os gestos, as decisões e as francas opiniões transbordam a inteligência de três gerações que entenderam que fazer simples é fazer sempre. O tempo segue seu curso e se encarrega da vida, natural e descomplicada, de mais uma geração. Que os jovens herdem a paixão, apostem na inovação e reconheçam a tradição que acompanha o sobrenome Werlang. 



FAZENDA WERLANG EM NÚMEROS

Total de animais: 760 

Vacas em lactação: 350

Produção total de leite: 12.500 L/dia

Produção média por vaca: 36 L/dia

Gordura no leite: 3,8%

Proteína no leite: 3,3%

CCS: 210 mil células/mL

CBT: 16 mil UFC/mL



Confira a produção audiovisual que revela o trabalho desenvolvido na Fazenda Werlang:



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