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Manejo

Sistema a pasto e robôs podem se misturar?

Sistema a pasto e robôs podem se misturar?

 

Texto: Paul Queck

Para ordenhar as 320 vacas em lactação, mantidas a pasto, o produtor neozelandês John Fisher utiliza quatro robôs. O que o levou a usar esta tecnologia em um sistema de produção tão simples?

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As vacas sairiam de seus piquetes e andariam mais de 1 quilômetro, por vontade própria, para serem ordenhadas por robôs? Esta era a dúvida que o produtor John Fisher tinha quando considerou a instalação da ordenha robótica em seu sistema totalmente a pasto, com 320 vacas, próximo a Hamilton, na Ilha Norte da Nova Zelândia.

“Todos sabemos que as vacas caminham sozinhas 100 metros até robôs de ordenha em sistemas de free stalls, diz Fisher. “Mas sendo animais de rebanho, elas sairiam das pastagens e caminhariam até a ordenha, por vontade própria, até mesmo encontrando vacas retornando pelo mesmo caminho?”

 

Fazendo o longo trajeto

Ele descobriu que as vacas fariam o trajeto. Mas ele também percebeu que a disposição de cercas era importante nesta tarefa. “Eu me interessei pelo sistema robotizado de ordenha quando a Dairy NZ configurou uma fazenda modelo, em 2001, com sistema a pasto utilizando robôs de ordenha”, conta Fisher. O produtor viu essa opção como uma forma de manejar melhor o trabalho na fazenda e o rebanho.

Fisher também quis manter seu tradicional sistema a pasto e obter a maior utilização possível das pastagens. É um sistema de baixo custo, no qual as vacas rotacionam piquetes sempre com grama verde, em que seu ponto ótimo de pastejo, com alta disponibilidade de alimento. Os tipos de gramas utilizados são, predominantemente, ryegrass e trevo branco.

Numa reformulação de sua fazenda, Fisher reposicionou as cercas de modo a forçar as vacas a passarem rotineiramente por um portão “inteligente” para mudarem de piquete. “As vacas aprenderam sozinhas, rapidamente, quando é a hora de mudarem de piquete”, diz.

“Elas também aprenderam rápido quando o acesso à área de ordenha é recusado e, então, movem-se através do portão para outro piquete”, conta Fisher.

 

Importam os sólidos, não o volume

Na essência, Fisher usa seu portão inteligente pata manejar a frequência com que cada vaca é ordenhada. “Se uma vaca está no final de lactação, nós podemos cortar sua frequência de ordenha para 1 a 1,5 vez ao dia”, diz Fisher. “Nós também reduziremos a frequência de ordenha de uma vaca com baixa condição, ou quando a pastagem não estiver se desenvolvendo bem, devido à seca”, explica.

Fisher não está preocupado se as vacas estão sendo ordenhadas menos que duas vezes ao dia em um sistema a pasto. “Eu acho que é mais saudável para as vacas não serem ordenhadas tão frequentemente. E na minha situação aqui na Nova Zelândia, alta frequência de ordenha não significa, necessariamente, maior rentabilidade”.

Considerando que 90% do leite na Nova Zelândia é processado em leite em pó para exportação, os produtores são pagos por sólidos do leite, e não por volume. “Nós sabemos que vacas ordenhadas menos que duas vezes por dia normalmente produzem quase a mesma quantidade de sólidos do leite do que vacas ordenhadas duas ou três vezes ao dia”, diz Fisher.

Para aumentar o teor de sólidos do leite, ele cruza as raças Frísio Neozelandês (Holandês) e Jersey, criando o que comumente chamam de Kiwi Cross. O rebanho de Fisher é 40% Frísio, 45% Jersey-Frísio, e o restante Jersey, com alguns exemplares Ayrshire.

Fisher gosta das vacas mestiças. “Elas são mais leves, têm menor custo de manutenção e são mais eficientes para nosso sistema do que as Holandesas. Por serem mais leves, as Jersey e as Kiwi Cross não compactam as pastagens como as Holandesas - mais pesadas - fazem, além de conseguirem tolerar períodos mais longo entre ordenhas”. As vacas do Fisher estão sendo ordenhadas entre 1,5 a 2,8 vezes ao dia – 1,8 ao dia, em média.

“Quatro robôs de ordenha não seriam suficientes para 320 vacas em um sistema de free stall, e até no nosso sistema está sendo apertado”, ele admite. “Mas robôs são caros, e para que eles se paguem, preciso que a todo momento tenham vacas sendo ordenhadas”, diz Fisher. Seus robôs de ordenha estão disponíveis para as vacas 24 horas por dia. “O período entre as 2 e 5 horas da manhã é o de menor frequência de ordenha, mas a todo momento há vacas sendo ordenhadas”, diz.

 

Menor custo, menor produção

Atualmente, Fisher usa o manejo reprodutivo tradicional da Nova Zelândia, de emprenhar todas as vacas no mesmo mês. O que significa que todas serão secas ao mesmo tempo – durante o inverno neozelandês, quando as pastagens crescem muito pouco.

Então, todas as vacas irão parir no final de julho e em agosto, de forma que a fazenda terá vacas recém-paridas na primavera, quando as pastagens começam a crescer. É um sistema de baixo custo encontrado pelos neozelandeses, utilizando ao máximo as pastagens e requerendo muito poucos insumos adicionais.

Os custos são baixos neste sistema da Nova Zelândia. Os custos com alimentação são, basicamente, os custos com a manutenção das pastagens. Há pouca necessidade de estocagem de alimentos – ou de máquinas para colheita de lavoura ou manejo de dejetos. Mas da mesma forma que o custo é baixo, a produção também é. As vacas do rebanho de Fisher produzem entre 5.650 quilos a 6.200 quilos de leite por vaca por ano.

Ele percebe que ficar com este sistema tradicional de pastagem e manejo reprodutivo significa que seus caros robôs de ordenha não estão ordenhando vacas por várias semanas todos os anos. Este fato, aliado a alguns verões secos, com fraca produção de pastagem, convenceram Fisher a começar a mudar para um sistema de maior investimento. Ele está em transição para dividir os partos entre o outono e a primavera – desde que ele consiga contratos para seu leite de “inverno”.

E ele já vem comprando alguns insumos que são servidos nos robôs, como grãos secos de destilaria e pellets de farelo de trigo. As vacas consomem cerca de 1 quilo de concentrado a cada ordenha. Fisher também começou a plantar uma pequena área de milho para silagem.

 

* Republicação autorizada da edição de 25 de Fevereiro de 2016 da Hoard’s Dairyman. Copyright by the W.D. Hoard and Sons Company, Fort Atkinson, Wisconsin, USA.

 

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