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Fazendas, Gestão

Vale a pena arrendar?

O arrendamento de fazendas pode ser uma alternativa para tornar a produção de leite mais eficiente e alavancar o negócio, mas é importante realizar uma análise de viabilidade antes de tomar qualquer decisão.

Vale a pena arrendar?

Podemos dizer que o produtor rural é um empreendedor nato, exposto ao risco em um negócio completamente dependente de fatores climáticos e em um mercado soberano quando o assunto é preço. Estas condições, por si só, impõem um grande risco a qualquer empreendimento rural e, por isso, não é diferente na atividade leiteira, onde o produtor desempenha as funções de pecuarista e agricultor. 

Apesar dos desafios, existem meios para se tornar um produtor de leite eficiente e alavancar o negócio. O arrendamento de fazendas ociosas e com infraestrutura mínima adequada que viabiliza a produção, por exemplo, é uma alternativa. No entanto, será que essa prática é sempre uma boa opção? Antes da celebração de contrato para essa finalidade e tomada de qualquer decisão, é importante realizar uma análise de viabilidade.

Para o arrendador, a prática pode ser uma alternativa visando a manutenção da infraestrutura investida, já que é capaz de minimizar as perdas com possíveis depreciações. Além disso, também garante uma renda fixa sobre o imobilizado.

Já para o arrendatário, considerando uma propriedade que apresenta infraestrutura mínima, a prática pode ser uma mola propulsora para alavancagem do negócio, já que o capital e o tempo podem ser fatores decisivos na competitividade e crescimento do negócio.

 Seguindo esse raciocínio, segregamos um grupo de propriedades em duas faixas distintas: 

Grupo 1 - propriedades com área 100% próprias; 

Grupo 2 - propriedades com área arrendada superior a 50%. 

Neste cenário, é possível mensurar o impacto do estoque de capital de uma fazenda em terra, benfeitorias, máquinas e rebanho, e comparar a realidade das fazendas com arrendamento frente àquelas que não possuem arrendamento, principalmente em relação à terra. 

Como demostrado no Gráfico 1, fazendas 100% próprias (Grupo 1), a terra representa 57% de todo capital investido. Já no Grupo 2, em condições onde o arrendamento ultrapassa 50% das áreas da atividade, o fator terra representa apenas 34% do estoque de capital.

 Em outra análise, infere-se que as fazendas do Grupo 1, apresentam estoque médio de R$ 2.663,27 por litro de leite. Isso significa que para cada um litro de leite produzido por dia, a fazenda precisa ter mais de R$ 2.600,00 investidos em terra, máquina, benfeitorias e animais, sendo que somente no item terra as fazendas tiveram R$1.518,06 investidos por litro. Já as fazendas do Grupo 2, tiveram em média R$ 1.245,50 em estoque de capital investidos por litro de leite, sendo que em terra investiram R$423,47 por litro de leite. 

É importante considerar que, dentre todo o estoque de capital investido em uma propriedade leiteira, os animais são o componente que gera receita de forma direta. Isso se deve ao fato de que, do ponto de vista do capital, o empreendedor possui maior liquidez em seus animais. Ao avaliarmos essa proporção do patrimônio investido em animais nos dois grupos de fazendas, notamos que as fazendas com terras arrendadas (Grupo 2) possuem 34% do estoque de capital investido em animais, enquanto as fazendas sem área arrendada (Grupo 1) possuem apenas 22% do patrimônio em animais. 

Considerando este aspecto, as fazendas do Grupo 2 possuem maior poder de solvência em um momento de saída da atividade ou capitalização, já que a venda de benfeitorias, por exemplo, gera pouca renda além de ser um processo moroso. Portanto, a alocação de capital em animais pode ser uma estratégia eficaz para aumentar a liquidez e o poder de solvência de uma propriedade leiteira.

  Independente da proporção de área arrendada, a eficiência no uso da terra deve ser fator preponderante, pois neste item está a maior participação do patrimônio das propriedades leiteiras, ou seja, devemos aumentar a produtividade por área. Na pecuária leiteira consideramos litros de leite por hectare por ano, e quanto maior a produção por hectare por ano, mais eficiente é a propriedade, no uso deste recurso.

INDEPENDENTE DA PROPORÇÃO DE ÁREA ARRENDADA, A EFICIÊNCIA NO USO DA TERRA DEVE SER FATOR PREPONDERANTE, POIS NESTE ITEM ESTÁ A MAIOR PARTICIPAÇÃO DO PATRIMÔNIO DAS PROPRIEDADES LEITEIRAS

Com base no banco de dados trabalhado, os arrendamentos foram destinados para produção de volumoso do rebanho, por isso esse custo foi apropriado nas despesas com volumoso, como pode ser observado nos dados da Tabela 1. Observa-se que o aumento no comprometimento da renda com volumoso foi de 1,5 pontos percentuais, e quando avaliado esse custo por litro de leite, tem-se um aumento de 0,03 R$/ Litro, entretanto, a margem líquida por hectare para as fazendas do Grupo 1 foi de 2.453,64 R$/Hectare frente a R$ 4.585,51 das fazendas do Grupo 2. 

De modo geral, as fazendas do Grupo 2 conseguiram aprimorar sua estrutura de rebanho ao aumentar a proporção de vacas em lactação em relação ao total de animais. Isso significa que houve um aumento na quantidade de animais geradores de receita em comparação àqueles que geram apenas despesas. Ademais, essas fazendas também apresentaram uma capacidade de suporte 50% maior em relação às propriedades com 100% de áreas próprias. Ao longo do mesmo período, a capacidade de suporte passou de 0,8 para 1,2 vacas em lactação por hectare.

  As fazendas do Grupo 2 apresentaram uma diferença de 28% na produtividade por animal em relação ao Grupo 1, com uma média de 23,3 litros por vaca por dia, enquanto o Grupo 1 teve uma média de 18,2 litros por vaca por dia. Esse aumento na produtividade resultou em uma diferença de 90% na produtividade da terra, subindo de 5.308 litros por hectare por ano para 10.098 litros por hectare por ano. Sendo assim, o arrendamento pode ser uma boa alternativa para produtores que desejam expandir seus negócios ou para aqueles que desejam ingressar na atividade, mas ainda não possuem recursos financeiros para adquirir terras. Quando se opta por arrendar uma propriedade, é importante considerar alguns pontos. O primeiro passo é definir o objetivo do arrendamento, se é para pecuária ou lavoura. Em seguida, é preciso responder algumas perguntas, como por exemplo, qual o valor do arrendamento e se a atividade escolhida gera retorno suficiente para cobrir os custos do arrendamento. 

 O ARRENDAMENTO PODE SER UMA BOA ALTERNATIVA PARA PRODUTORES QUE DESEJAM EXPANDIR SEUS NEGÓCIOS OU PARA AQUELES QUE DESEJAM INGRESSAR NA ATIVIDADE, MAS AINDA NÃO POSSUEM RECURSOS FINANCEIROS PARA ADQUIRIR TERRAS 

Além disso, é importante considerar se a propriedade possui água em quantidade sufi ciente para a atividade e se sua localização oferece uma boa logística para o escoamento do produto. Será necessário investir em estrutura para iniciar a atividade? Lembre-se de que, ao arrendar uma propriedade, você está investindo em terra de terceiros e é fundamental avaliar cuidadosamente todos esses aspectos. Será que a propriedade possui uma topografia favorável e solo fértil para a cultura que será implantada? Caso seja possível, é recomendado fazer uma análise de solo para ter certeza. Também é importante avaliar a declividade do terreno e verificar se será necessário investir em curvas de nível, estradas e cercas. 

Para o arrendamento de terra, é de extrema importância que os prazos e contratos sejam bem definidos, visando reduzir o risco do arrendamento. Investir em terra de terceiros é um risco que deve ser medido. O arrendamento como opção de negócio implica em um aumento do risco da atividade, sendo necessário uma eficiência econômica ainda maior. O empreendedor precisa desembolsar um valor para utilizar os recursos do arrendamento, tornando importante a alavancagem do negócio e o aumento da produtividade de forma eficiente. Essa é a chave para o sucesso do arrendamento. Independentemente de ser proprietário ou arrendatário, é obrigação de todo empreendedor se destacar em sua atividade. O sucesso no agronegócio dependerá da capacidade de gerir o negócio de maneira eficiente, produzindo mais e melhor com menos recursos.



HUGO LOPES TEIXEIRA GOMES Médico Veterinário e consultor da Labor Rural
PAULO HENRIQUE SILVA E PAIVA Médico Veterinário e consultor da Labor Rural


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