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As vozes das mulheres do agro

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, a RLI convidou algumas mulheres inseridas na atividade leiteira para falarem sobre como e o quanto contribuem para a evolução do agronegócio brasileiro

As vozes das mulheres do agro

O dia 8 de março representa um grito, daqueles bem altos. Foi nessa data que aconteceu, em 1908, um protesto feito por mulheres trabalhadoras em Nova York. A passeata contou com aproximadamente 15 mil mulheres que protestavam por melhores condições de trabalho, que na época eram ainda mais precárias e exploradoras. Esse movimento tomou conta dos quatro cantos do planeta, fazendo ecoar as vozes de mulheres que lutavam por condições igualitárias no mercado de trabalho, e a data entrou para o calendário em 1975, quando foi oficializada pela ONU. Muitas conquistas vieram e o tom da conversa mudou, embora ainda se possa ter bons motivos para falar alto, ainda hoje. 

Em todos os setores, a presença da mulher em cargos de liderança tem aumentado. No entanto, ainda há grande disparidade de gênero nesse aspecto. De acordo com o relatório Women in Business da Grant Thornton, em 2021, as mulheres ocuparam apenas 31% dos cargos de liderança em todo o mundo. Esse número é parecido com o encontrado no estudo “Perfil das Mulheres na Liderança do Agronegócio Brasileiro”, realizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) em parceria com a BM&F Bovespa, em 2020: 30% das empresas agropecuárias têm mulheres em cargos de liderança. 

Quando indagadas sobre as dificuldades frequentemente encontradas pelas mulheres na gestão dentro do setor, a mais citada nessa mesma pesquisa foi a de lidar com os funcionários, fazer com que eles levem em consideração o que está sendo dito e pedido. Em contrapartida, as mulheres sentem-se muito otimistas em relação ao futuro e têm a resiliência como a melhor característica

As mulheres possuem uma presença consolidada no mercado de trabalho relacionado ao agronegócio brasileiro. Apesar dos desafios de gênero, há uma clara tendência de crescimento na participação feminina no setor. 

Para preencher os espaços, achar o tom da voz, alinhar as expectativas, vencer os desafios, é preciso afiar o diálogo. E para que o diálogo aconteça, é preciso, em primeiro lugar, ouvir. Cada uma com seu tom e conteúdo, mas todas unidas pela força que carrega o ser mulher. 

No Dia Internacional da Mulher, a RLI convidou algumas mulheres que estão inseridas na pecuária leiteira no país para falarem sobre as dificuldades que encontram no mercado de trabalho e como e o quanto contribuem para a evolução do agronegócio brasileiro.

PARA PREENCHER OS ESPAÇOS, ACHAR O TOM DA VOZ, ALINHAR AS EXPECTATIVAS, VENCER OS DESAFIOS, É PRECISO AFIAR O DIÁLOGO

• A voz da maternidade

 
Viviana Maria Tamassia Roncoletta Gerente Geral da Laticínios Gióia – Atibaia/SP

“Temos muitas mulheres trabalhando em nossa equipe, tanto na fazenda quanto no Laticínios Gióia, ocupando as mais diversas posições. Elas são capazes de realizar múltiplas tarefas. Esta característica surgiu em mim quando me tornei mãe. Tenho um bebê de 8 meses e sinto, na minha pele, o que é a lactação e o que é amamentar. O aprendizado que veio com a maternidade é que realmente precisamos ter um cuidado muito grande com os animais, especialmente na produção de leite, uma tarefa desafiadora e maravilhosa. Pessoalmente, o que mudou muito foi aprender a equilibrar os papéis de mãe e profissional. É o que me fez valorizar ainda mais o bem-estar e dedicar especial atenção aos animais antes e durante a ordenha. Foi preciso sentir na pele para compreender e oferecer ainda mais bem-estar para os animais no dia a dia. Na ordenha da fazenda, a equipe é feminina porque é mais tranquila, elas falam com os animais com um tom mais baixo e têm carinho e consideração ao manusear os tetos. Valorizo muito o trabalho delas. Se há 18 anos, quando me formei como Médica Veterinária, tínhamos alguma dificuldade de inserção no mercado por sermos mulheres, percebo hoje o contrário: tanto em cargos operacionais quanto em cargos de liderança, imprimimos a visão multitarefa, atuando com mais carinho e empatia. Fico feliz por conviver com tantas mulheres capacitadas e maravilhosas neste meio.”

• A voz do conhecimento

 

Professora Polyana Pizzi Rotta - Coordenadora do Programa Família do Leite da Universidade Federal de Viçosa 

 “Tive um dos principais desafios da minha vida profissional quando passei no concurso para Professora Efetiva em Bovino de Leite na UFV – Universidade Federal de Viçosa. Embora a maior parte da minha formação ter sido em produção e nutrição de bovinos de corte, reconheci que precisava ter muita experiência antes de ser uma boa professora. Fui a campo, conversei com produtores e vivi esse mundo. Além disso, tive a oportunidade de cuidar da fazenda da universidade, que era a maior produtora de leite de Viçosa/MG. 

No começo, como mulher, enfrentei uma grande desconfiança, mas com dedicação e trabalho, consegui consolidar o Programa Família do Leite, que agora tem mais de cem pessoas envolvidas e tem como objetivo treinar estudantes, melhorar a cadeia leiteira e incentivar a tecnologia e inovação. Esse programa é um grande orgulho para mim e mostra que, mantendo a calma e trabalhando muito, somos capazes de superar desafios e fazer diferença”.

• A voz da empatia

 
Izabela Côrtes Cardoso Diretora da Agropecuária Riacho – Coromandel/MG 

“Ser profissional, esposa, mãe, dona de casa, cristã e amiga não é fácil. Nem sempre consigo equilibrar tudo, mas acredito na importância de ter tempo livre além do trabalho. Como gestora, cuido dos colaboradores para que tenham uma jornada de trabalho equilibrada e tenham tempo para outros aspectos de suas vidas. Promovo a ideia de cuidar da saúde, cuidar de si mesmo e servir aos outros com alegria, sem esperar recompensa, apenas por fazer o que precisa ser feito. Temos uma reunião semanal onde começamos com os “aprendizados da semana” e aqui entram tanto aprendizados pessoais quanto profissionais. É uma forma que encontrei de pararmos para refletir e compartilhar algo que nos marcou e não nos deixarmos viver no automático, sem prestar atenção ao que nos acontece. Em 2022, a Agropecuária Riacho teve resultados incríveis, dentre eles a tão sonhada média de 40 litros/vaca/ dia, duas vendas de genética e a colocação em 1º lugar nos “Melhores do Ano RúmiScore”, desenvolvido pela Rumina. Acredito que esses resultados foram frutos de uma gestão na qual a equipe participa das decisões, assume suas responsabilidades, apresenta seus resultados e entende que estamos ali para fazer o nosso melhor todos os dias. Todos nós nos sentimos mais entusiasmados e parte do negócio, pois sabemos da importância das nossas escolhas diante de cada fato que nos acontece. Como mulher, sinto que esta forma de gestão é resultado da necessidade de equilibrar vários papéis e otimizar o tempo precioso. Continuamos avançando, um pouco melhor a cada dia”.

• A voz da força

 
Anna Pinto Gestora da Fazenda Bom Retiro - Pouso Alto/MG

“Em uma conversa com cinco homens e eu, escutei uma “brincadeira” infeliz que culpava o cromossomo X pelos problemas do mundo. Isso aconteceu dentro do meu local de trabalho, na minha fazenda. Essa foi uma situação, mas que mulher nunca passou por isso? Foram vários acontecimentos e conquistas que deram voz às mulheres. Um pedido de “me escuta”. Mas essa chave não vira da noite para o dia. É uma mudança de ideias, conceitos que acontecerá, acredito, daqui a algumas gerações. Então, sim, ainda vamos ouvir muitas piadas e sentir o tratamento diferente, em especial, no trabalho, no meio rural, que é historicamente ocupado por homens. O meu compromisso comigo mesma é mostrar e me colocar como igual, não melhor, mas igual. Quem sabe o cromossomo X pode ser a solução para os problemas do mundo?”.


 
• A voz do exemplo 

 
Beatriz Vilela Pacheco - Gestora da Fazenda Barreiro - Ilicinea MG

“Fico encantada com a evolução do papel das mulheres no agronegócio. Há duas décadas, quando comecei a trabalhar na fazenda, havia pouco reconhecimento para as mulheres, e eu era uma das poucas mulheres no setor que até hoje é composto majoritariamente por homens. No entanto, atualmente, vejo muitas mulheres em posições de liderança, esposas ajudando seus maridos e filhas trabalhando ao lado de seus pais. Além disso, cada vez mais mulheres estão escolhendo trabalhar no agronegócio por sua própria vontade, reconhecendo as oportunidades que existem neste setor.
Em 2018, a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) criou o primeiro prêmio para mulheres no agronegócio, e em 2019 eu fiquei em segundo lugar. Desde então, tem surgido cada vez mais prêmios e formas de valorizar o trabalho das mulheres neste setor. Grupos de mulheres foram criados para compartilhar conhecimento, trocar experiências e estabelecer novas conexões, e essa iniciativa tem crescido dia a dia. Em feiras e exposições, as mulheres já têm seu próprio espaço e ações direcionadas ao público feminino. Na internet, também temos muitas influenciadoras do agronegócio, especialmente entre os mais jovens.
Na nossa fazenda, nós nos preocupamos com a gestão de resultados, usamos a agricultura de precisão, programas de certificação e boas práticas que respeitam animais e meio ambiente, e cuidamos de nossos colaboradores e da sociedade através de programas sociais e cursos de capacitação.
Chegar até aqui não foi fácil, mas as dificuldades existem em todos os setores, assim como as oportunidades. É preciso escolher sem medo, ter força e coragem diante dos problemas, trabalhar com humildade e acreditar em Deus”.

• A voz da inovação  

 
Adriana Mitterer Pernlochner Sócia-proprietária do Recanto da Felicidade - Treze Tilias/SC

“Estou casada há 22 anos e sou mãe de dois filhos, atuando ativamente na propriedade desde 2010. Apesar da minha formação acadêmica não estar relacionada ao agronegócio, ela me ajuda muito na gestão de pessoas, organização e processos da atividade. Acredito que meu ponto forte e o que me diferencia na atividade, na família e na equipe de trabalho é a constante busca por novos aprendizados e novas formas de melhorar os processos e envolver as pessoas.
Sempre que participo de um curso, seminário ou palestra, procuro repassar as novas informações para a equipe. Recentemente, participei de um curso de criação de bezerras da Alta Cria em Porto Alegre e, ao retornar, estava animada para revolucionar o setor, pois estávamos em um período de mudanças.
Reuni a equipe, repassei as novas informações e, juntos, estabelecemos melhorias e mudanças a serem adotadas.
Reorganizamos quadros informativos e o caderno de anotações com dados das bezerras, estabelecendo novos protocolos. Sempre motivando, envolvendo e mostrando os resultados. Em pouco tempo, essas pequenas atitudes de motivação e envolvimento da equipe e da família já trouxeram resultados positivos, com nossos índices melhorando muito.
São essas pequenas atitudes, envolvendo todos, família, equipe de trabalho e valorizando as pessoas que procuro fazer minha diferença como pessoa e como mulher”.

• A voz da fé

 
Weslliane Maria Roriz Neuls Agropecuária Palma – Luziânia/GO

“Minha gestão é baseada em um tripé sólido que me permite avançar com passos firmes e constantes na administração da fazenda. Em primeiro lugar, como uma mulher de fé, coloco todas as minhas ações e decisões sob as bênçãos de Deus. Em seguida, trabalho com metas definidas, após ouvir cada responsável de setor. Por fim, busco sempre ter um olhar crítico, mas construtivo, sobre todas as áreas, com ternura. Graças a isso, construímos uma equipe de mais de 150 colaboradores totalmente engajados em nosso projeto, o que é fundamental para o nosso avanço em diferentes setores na fazenda. Sem a atuação de cada líder e sua equipe, não seríamos capazes de alcançar o sucesso que temos hoje.”

 


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