Xapetuba Agropecuária: Sempre em construção

Os adjetivos devem ser utilizados com parcimônia, dizem os entendidos no assunto. Peço licença às normas do bem escrever e digo logo que a Xapetuba Agropecuária é impecável. Desde o portão que se abre com a permissão das câmeras estrategicamente instaladas, passando pelas cercas milimetricamente posicionadas, verdadeiras molduras para as novilhas soltas no pasto, até os imensos galpões de composto. Tudo o que se vê foi idealizado pelo Sr. José Antônio da Silveira, um Engenheiro Civil apaixonado também pela pecuária leiteira.

Fundação Sólida

A Xapetuba Agropecuária existe graças à visão empreendedora do Sr. José Antônio da Silveira. Como Engenheiro Civil, Seu Zé se formou em meados dos anos de 1970, em Uberaba/MG, começou sua carreira na capital paulista e logo se mudou para o Pará, envolvido na construção da sua família e da hidrelétrica de Tucuruí. “Gustavo, Thiago e Bárbara nasceram lá, só Gabriela nasceu em Brasília, para onde nos mudamos quando fui transferido para a sede da empresa”, conta com alegria Seu Zé. 

A profissão que o realizou possibilitou que ele tivesse rendimentos financeiros que, posteriormente, se transformaram em investimentos na sua outra grande paixão: o agronegócio. “Minha esposa Magda e eu tínhamos o objetivo de comprar algumas terras, perto de onde meu pai tinha adquirido. Fui comprando pedaço por pedaço dessa propriedade, sem ainda saber ao certo em qual setor do agro iria investir”. 

A produção da Xapetuba Agropecuária começou, portanto, há mais de 30 anos com a produção de aves, suínos, e uma central de receptoras. Em 2008, decidiram investir na produção de leite, com a aquisição de 30 doadoras das raças Gir Leiteiro e Girolando, reconhecidas pela sua genética superior, encerraram as atividades da central de receptoras para criar o seu próprio rebanho por meio da fertilização in vitro (FIV) e, a partir de 2017, com Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). Já em 2009, nasciam as primeiras bezerras que hoje são referências na produção de leite e genética no Brasil.

“Depois da decisão de investirmos em pecuária leiteira, em 4 meses nasceram 450 bezerras. Hoje, temos um plantel de 1200 vacas em lactação”, conta Seu Zé, e completa, “há uma vocação da fazenda para a pecuária leiteira. Estamos bem localizados, próximos a grandes bacias leiteiras, produzimos o alimento dos animais, além de ter grande apreço pela atividade”. A propriedade destina 400 hectares ao setor de produção de leite, com 280 hectares destinados ao cultivo agrícola, 100 hectares aos pastos e 20 hectares para benfeitorias. Atualmente, Thiago e Gabriela Bianchi Silveira estão envolvidos na gestão da atividade leiteira do grupo, enquanto os outros dois filhos do Seu Zé, Gustavo e Bárbara, se dedicam aos outros negócios da família.  

Quando indagado se a organização da Xapetuba Agropecuária vinha da sua experiência e formação como Engenheiro, Seu Zé mostra toda sua modéstia: “desde o início do projeto da atividade leiteira, tivemos a assessoria da Applic Consultoria conosco. Thiago e Gabriela são responsáveis pela implementação dos sistemas, tal como o do Ideagri. Eles atuam junto aos funcionários para que os controles, de fato, aconteçam e que sejam utilizados para a melhoria do desempenho zootécnico do rebanho e do resultado econômico-financeiro. Isso deve ser levado muito a sério”. Gabriela interrompe e revela que o pai é muito perfeccionista e organizado, o que se reflete na gestão do negócio. “Tem muito seu aqui. É um conjunto de fatores, né pai”?

Gabriela lidera a gestão administrativa da Xapetuba Agropecuária com atenção constante aos dados inseridos no sistema Ideagri. Com confiança e controle rigoroso, desde o monitoramento de medicamentos até a precisão dos demais custos de produção, Gabriela planeja as compras de insumos de maneira estratégica para obter os melhores preços. Além disso, mantém um estoque bem organizado, auditado por um funcionário que faz parte do seu time de administração, garantindo a eficiência e a excelência na gestão. Gabriela confessa ser metódica e ter uma visão detalhista do negócio. “Nesse ponto, me pareço muito com meu pai, presto muita atenção aos aspectos micro do negócio, enquanto Thiago se ocupa mais com as questões macro”. O 2º lugar alcançado no RúmiScore é um dos resultados da gestão focada nos detalhes.

O 2º LUGAR ALCANÇADO NO RÚMISCORE É UM DOS RESULTADOS DA GESTÃO FOCADA NOS DETALHES 

Estrutura eficiente

Em 2010, foram iniciadas as obras para a construção das benfeitorias, e em 2011, deu-se início à produção de leite. Nos dias de hoje, três galpões de compost barn oferecem todas as condições para explorar o potencial genético das vacas e proporcionar bem-estar aos animais. “Cada galpão tem pista de alimentação central e os compostos se localizam nas laterais, com capacidade para acomodar 200 animais em cada lado. Cada módulo, portanto, acomoda 400 vacas, totalizando 1200 animais alojados. Mantemos os ventiladores ligados para garantir conforto aos animais e a cama mais seca. A cama do composto é virada a cada ordenha. Além disso, as vacas recebem resfriamento via aspersão de água.”, conta Wender Moreira Machado, Gerente do Leite da Xapetuba, há mais de duas décadas. Toda a gestão do patrimônio da Xapetuba é otimizada pelo Ideagri. O sistema oferece uma análise econômica completa e detalhada, permitindo, por exemplo, o cálculo da depreciação dos bens, o que resulta em uma avaliação precisa do Custo Operacional Total.

Rebanho recebe conforto nos galpões de compost barn.

 Assegurar o bem-estar animal em uma propriedade leiteira é fundamental para o alcance de uma produção de qualidade. Para isso, é necessário criar um ambiente que proporcione conforto e saúde aos animais, permitindo que eles possam expressar todo o seu potencial genético. Além desse compromisso, Wender explica que a nutrição é um fator decisivo para o sucesso da produção de leite e para o bem-estar das vacas leiteiras. “Uma dieta equilibrada é fundamental para garantir a saúde e a performance desses animais. Optamos pela dieta única por termos conseguido os melhores resultados com essa estratégia”.

 A preocupação com as vacas no pós-parto faz com que os animais estejam em vários lotes, bem divididos no início da lactação, ocupando os galpões de compost. “Temos um lote consulta, no máximo com 100 animais, que recebe visitas todos os dias, medicação quando necessária e são resolvidas questões relacionadas a retenção de placenta, metrite, problemas metabólicos, dentre outros. Quando sanados esses problemas, seguem para o lote pós-consulta, onde continuam em observação”, explica Wender. “Os demais lotes são divididos por tamanho, Del e CCS. A CCS de cada animal é avaliada individualmente para determinar sua adequação à linha de ordenha. Nos últimos lotes ficam as vacas com CCS mais alta e final de lactação". Todos os dados coletados alimentam o sistema Ideagri, que é também utilizado para otimizar o rigoroso controle da saúde do úbere. 

A Xapetuba está expandindo suas instalações para aumentar a capacidade de produção de leite. Já estão em andamento a construção de um novo galpão de compost barn com as mesmas dimensões dos já existentes, além de uma ordenha rotatória com capacidade para 50 animais. Com essas novas instalações, a capacidade total de produção de leite da Xapetuba irá aumentar para 2500 vacas.

 Seu Zé e Wender Machado, Gerente do Leite da Xapetuba.

ASSEGURAR O BEMESTAR ANIMAL EM UMA PROPRIEDADE LEITEIRA É FUNDAMENTAL PARA O ALCANCE DE UMA PRODUÇÃO DE QUALIDADE. PARA ISSO, É NECESSÁRIO CRIAR UM AMBIENTE QUE PROPORCIONE CONFORTO E SAÚDE AOS ANIMAIS, PERMITINDO QUE ELES POSSAM EXPRESSAR TODO O SEU POTENCIAL GENÉTICO.

Todos os dados coletados são incluídos nos sistema Ideagri.

A Xapetuba está expandindo suas instalações para aumentar a capacidade de produção de leite. Já estão em andamento a construção de um novo galpão de compost barn com as mesmas dimensões dos já existentes, além de uma ordenha rotatória com capacidade para 50 animais. Com essas novas instalações, a capacidade total de produção de leite da Xapetuba irá aumentar para 2500 vacas. 

Ordenha rotatória e galpão de composto em construção.

Resultados concretos

 Na Xapetuba, os cuidados com as vacas começam antes da ordenha, quando elas são levadas para a pista de alimentação e recebem o conforto do resfriamento. Em seguida, os animais são encaminhados para a sala de espera, onde recebem mais aspersão de água. Esses cuidados na pré-ordenha são essenciais para garantir o bem-estar das vacas e contribuir para o alcance dos melhores resultados em termos de média de produção por vaca por dia. 

A ordenha acontece três vezes ao dia e tem 24 conjuntos. Os três turnos mobilizam 15 pessoas trabalhando diretamente na função (5 pessoas por turno). Além disso, contam com a expertise da supervisora da qualidade do leite. “A identificação do patógeno presente no rebanho é fundamental para lidar eficazmente com a mastite”, comenta Wender, “é muito importante mapear, fazer as placas, para que a gente conheça os agentes que possam estar atingindo o rebanho”.

A cultura OnFarm é uma ferramenta amplamente utilizada na fazenda e permite identificar os principais agentes causadores da mastite em 24 horas na propriedade, possibilitando a definição da origem do problema e investimento em estratégias de controle da mastite clínica e subclínica.

“Nós não conseguiríamos fazer a gestão da Xapetuba sem esses protocolos e sem a gestão dos dados zootécnicos. Seria como andar no escuro”. Wender revela que acredita que os dados dão uma visão ampla, capaz de identificar as áreas que merecem mais atenção. Para que os dados funcionem como guias das melhores práticas e estratégias, os gestores da Xapetuba entendem a relevância de investir em genética, manejo, nutrição e tecnologia, mas também colocam em primeiro plano a importância do treinamento e motivação de seus colaboradores. Este comprometimento tem sido um exemplo inspirador e a percepção de que o sucesso na produção leiteira requer muito mais do que investimentos financeiros.

“A combinação de planejamento eficaz, funcionalidade das instalações e dedicação da equipe é crucial para atingir o sucesso na pecuária leiteira. Digo que meu maior desafio está na gestão das pessoas e está nela também, meu maior orgulho”, comenta Wender.

 Ordenha tipo espinha de peixe com capacidade para 24 vacas.

PARA QUE OS DADOS FUNCIONEM COMO GUIAS DAS MELHORES PRÁTICAS E ESTRATÉGIAS, OS GESTORES DA XAPETUBA ENTENDEM A RELEVÂNCIA DE INVESTIR EM GENÉTICA, MANEJO, NUTRIÇÃO E TECNOLOGIA, MAS TAMBÉM COLOCAM EM PRIMEIRO PLANO A IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO E MOTIVAÇÃO DE SEUS COLABORADORES

Qualidade vem da base 

O bem-estar dos animais precisa ser preservado em todas as fases da sua vida. E na Xapetuba esse compromisso é levado a sério. A começar pelo bezerreiro, cuja estrutura remonta a época da avicultura na fazenda. “Os antigos galpões da avicultura foram adaptados para abrigar o pré-parto e as bezerras e já temos um terceiro sendo construído”, explica Seu Zé.

SmartLab e aplicativo Onfarm.

 Amostras para análises de indicadores de ocorrência de mastite e qualidade sanitária do leite. 

 Bezerras no sistema coletivo.

 Bezerras em adaptação ao desaleitamento .

Mora um fazendeiro dentro do engenheiro Seu Zé imagina a Xapetuba Agropecuária sempre em movimento, sempre crescendo. No futuro, quer construir mais dois compostos e mais que dobrar o número de vacas em lactação, levando a produção de leite para 90 mil litros/dia. “O fator mais importante para tornar realidade esses objetivos é a área para produção de alimentos. Já temos áreas arredadas onde plantamos milho. Enquanto tiver espaço, vamos crescer”. Certamente, as construções não serão um problema.