CHACARÁ ORQUÍDEA/ Miriam Penner/Colônia Witmarsum/PR
Miriam Penner, com sua liderança moderna e respeito pelas tradições, transformou a Chácara Orquídea em exemplo de excelência na produção leiteira ao unir tecnologia e bem-estar animal.
O rebanho Holandês da Chácara Orquídea, localizada na Colônia Witmarsum, na cidade de Palmeira/PR, responde aos chamados alegres de Miriam Penner. Um detalhe chama atenção: o alemão é a língua eleita por ela para se comunicar com os animais, embora pudesse escolher entre o português, o espanhol, o inglês ou até mesmo o dialeto da cidade alemã de origem de sua família. Miriam assumiu a liderança do negócio familiar, mas poderia estar em qualquer lugar do mundo. Por misturar o melhor das culturas que experimentou ao longo de sua vida, a administração da fazenda leiteira se destaca por ser organizada, moderna e sempre iluminada pelo seu sorriso.
A travessia
A Colônia Witmarsum transporta qualquer visitante diretamente para o interior da Alemanha. Trata-se de uma viagem a outra dimensão temporal, indo além do estilo arquitetônico das edificações, assim como das fronteiras entre o passado e o presente. Permite o encontro com algo intangível: o ritmo singular que permeia a comunidade.
Criada em 1951 por um grupo de menonitas alemães-russos que havia se estabelecido primeiramente na região serrana de Santa Catarina, a Colônia Witmarsum guarda em si a trajetória de muitas gerações de imigrantes.
A história da família Penner se entrelaça com a do próprio lugar. Miriam Penner compartilha: “Meus quatro avós são filhos de alemães que migraram para a Rússia. Na década de 1930, se instalaram no Brasil. Inicialmente, foram assentados nas serras de Santa Catarina pelo governo brasileiro. Contudo, enfrentaram dificuldades significativas para se adaptarem na região montanhosa, uma vez que eram acostumados a viver nas planícies. Com o apoio do Comitê Menonita Mundial, conseguiram adquirir terras na Colônia Witmarsum. Foi aqui que meus avós cresceram e construíram suas próprias famílias”.
O estilo de vida simples e coletivo, dedicado à agropecuária sustentável e enraizado na identidade cultural alemã, deixou sua marca na gestão dos negócios. “Quando os fundadores chegaram aqui, uniram-se em uma cooperativa que planejou e supervisionou toda a atividade avícola na Chácara Orquídea ao longo de duas décadas. Após o fechamento da cooperativa, optamos por encerrar as operações da granja de aves e abraçar a vocação predominante da região: a pecuária leiteira”, explica Miriam.
Assim como seus antepassados, Miriam cruzou fronteiras. Médica Veterinária formada pela Universidade Federal do Paraná, trabalhou no Paraguai em um frigorífico de exportação por 12 anos. Seu retorno ao Brasil, há quatro anos, marcou o reencontro com suas origens e o desejo de inovar. Miriam conta com o apoio, especialmente de seu pai, o Sr. Friedrich Penner, na rotina diária da fazenda. Enquanto um dos irmãos vive na Alemanha, o outro trabalha na produção agrícola e é responsável pelo fornecimento de alimentos volumosos para os animais da fazenda.
“Assumi o negócio da minha família pelo cuidado com meus pais na fase da vida em que se encontram e também pelo afeto à pecuária leiteira.” Miriam demonstra diariamente, em cada atividade que realiza na Chácara Orquídea, amor, determinação, visão de futuro e respeito às suas raízes, tudo isso misturado com seu sorriso contagiante.
ASSIM COMO SEUS ANTEPASSADOS, MIRIAM CRUZOU FRONTEIRAS. MÉDICA VETERINÁRIA FORMADA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ, TRABALHOU NO PARAGUAI EM UM FRIGORÍFICO DE EXPORTAÇÃO POR 12 ANOS. SEU RETORNO AO BRASIL, HÁ QUATRO ANOS, MARCOU O REENCONTRO COM SUAS ORIGENS E O DESEJO DE INOVAR
Miriam Penner demonstra conexão profunda com seus animais, sendo o bem-estar animal prioridade inegociável na Chácara Orquídea
O novo se mistura à tradição
A realidade que Miriam encontrou ao retornar para a Chácara Orquídea incluía a sala de ordenha convencional, onde 50 animais eram ordenhados com a ajuda de seu pai e um funcionário. Todo o rebanho era mantido em sistema de pastejo, tornando os manejos gerais desafiadores, especialmente durante o período das chuvas. Com essa configuração, a fazenda tinha produção média de 1.500 litros de leite por dia.
O primeiro grande investimento ocorreu há três anos, quando o antigo galpão destinado às aves foi transformado em Free Stall, com capacidade para 70 animais, composto por camas individuais de serragem que oferecem a cada animal seu espaço de descanso.
“Para aprimorar a infraestrutura, realizamos diversas adaptações, como a criação de espaço adicional para a alimentação do rebanho e a instalação de ventiladores e aspersores de água”, explica Miriam. Durante um ano, as vacas, agora em confinamento, continuaram a ser ordenhadas no sistema convencional, resultando em produtividade que variava entre 25 a 29 litros de leite por dia.
“Estávamos determinados a aumentar nossa produção, então optamos por investir no sistema robotizado de ordenha”, explica Miriam. A nova etapa da fazenda que combinou o confinamento dos animais com o novo sistema de ordenha gerou resultados rápidos e positivos. “Com um ano de funcionamento alcançamos produtividade média de mais de 40 litros por vaca”. Miriam conclui que o investimento na ordenha robotizada está se mostrando rentável devido ao notável aumento na produção de leite.
Os investimentos em tecnologia não afastaram Miriam das tradições que envolvem a propriedade. Continua a tomar chimarrão e a chamar todas as vacas pelo nome, porém agora o faz diante das telas que exibem os indicadores da fazenda.
O sistema robotizado de ordenha DeLaval VMS™
Grandes transformações ocorreram tanto no bem-estar dos animais, quanto no cotidiano de Miriam e sua família após a maturação dos investimentos. Miriam compartilha: “As vacas agora desfrutam de maior tranquilidade e se tornaram mais dóceis, tendo a liberdade necessária para se alimentar, descansar e se movimentar sem intervenções constantes.”
No sistema robotizado de ordenha, os animais se dirigem voluntariamente ao equipamento de ordenha conforme suas necessidades, quantas vezes for necessário. Com o objetivo de aprimorar o manejo dos animais e simplificar o acesso ao robô, foram incorporados ao planejamento de fluxo contínuo os portões inteligentes. Esse dispositivo permite que os animais tenham liberdade de buscar água, alimento e cama. Quando passam pelo portão inteligente, os animais autorizados são direcionados para a sala de espera. Após a ordenha, são liberados de volta à pista de alimentação, com base na seleção efetuada pelo sistema, considerando o intervalo entre as ordenhas de cada animal.
Os brincos identificam os animais, permitindo a coleta de dados que alimentam o software DelPro™ e proporcionam maior precisão na gestão das atividades. Assim, o sistema monitora dados produtivos e reprodutivos definidos pelo produtor, buscando otimizar a capacidade produtiva dos animais e reduzir o trabalho com animais considerados atrasados para a ordenha. Miriam afirma: “Visualmente, os gráficos auxiliam na tomada de decisão e ampliam a visão geral do negócio.”
Essa independência facilita os outros manejos e se consolida após o período de adaptação. Miriam explica: “Na segunda lactação, as vacas já estão mais familiarizadas e se adaptam melhor ao novo sistema. As novilhas, em geral, passam por três ordenhas diárias, o que contribui para o aumento da produção. Tenho novilhas que chegam a produzir 50 litros de leite por dia.”
Todos os resultados alcançados na Chácara Orquídea estão perfeitamente alinhados com os objetivos das inovações adotadas, sendo um dos principais o expressivo aumento da produção e da produtividade: atualmente, as 64 vacas em lactação produzem aproximadamente 2.700 litros de leite por dia.
Alexandre Toloi, Gerente de Sistemas de Ordenha Voluntária da DeLaval, destaca: “A DeLaval concentra seus esforços no desenvolvimento de sistemas de ordenha que buscam aprimorar a eficiência das operações na fazenda, resultando em melhorias na qualidade de vida dos produtores e no bem-estar dos animais. Isso é especialmente significativo para as fazendas que adotam o sistema de ordenha voluntária.”
Esse foco tem relevância nos resultados da fazenda, pois contribui para o aumento da eficiência na conversão alimentar, melhoria na saúde da glândula mamária, a possibilidade de implementar uma terceira ordenha e o aumento da produção de leite. “Tudo isso é alcançado com rastreabilidade e riqueza de informações que permite o gerenciamento eficaz da saúde e do bem-estar dos animais”.
Miriam opera a ordenha robotizada e insere tecnologia na rotina da Chácara Orquídea
Miriam Penner e Alexandre Toloi, Gerente de Sistemas de Ordenha Voluntária da DeLaval: parceria que gera excelência na produção de leite
A dimensão produtiva agregada ao trabalho na fazenda, juntamente com as informações que auxiliam na tomada de decisões, são os ganhos da adoção da tecnologia. Toloi acrescenta: “Além dos benefícios econômicos, é fundamental que a tecnologia também contribua para a qualidade de vida dos produtores.”
É importante notar que o sistema robotizado de ordenha é apenas parte do sistema produtivo. Nesse sentido, Toloi enfatiza que “criar animais mais adaptados a esse sistema de ordenha, sempre priorizando o bem-estar, amplia a possibilidade de alcançar melhores resultados, mas o robô apenas coleta o leite.”
Nesse contexto, o trabalho de Miriam e de todos os envolvidos na fazenda adquire importância ainda maior, pois engloba aspectos que vão desde a nutrição, a genética e a saúde dos animais até a constante vigilância dos diversos fatores relacionados ao bem-estar.
A DIMENSÃO PRODUTIVA AGREGADA AO TRABALHO NA FAZENDA, JUNTAMENTE COM AS INFORMAÇÕES QUE AUXILIAM NA TOMADA DE DECISÕES, SÃO OS GANHOS DA ADOÇÃO DA TECNOLOGIA
Generoso cuidado
A reprodução na Chácara Orquídea é cuidadosamente incorporada ao planejamento das atividades. Miriam monitora de forma meticulosa e constante e avalia o progresso por meio de índices reprodutivos específicos, visando assegurar alto desempenho. “Atualmente, realizamos cerca de 90 partos por ano, o que representa trabalho considerável. O cuidado com as nossas 36 bezerras nos primeiros três meses de vida é um processo que requer atenção especial.”
As bezerras são acomodadas em baias suspensas por um período que varia de 40 a 50 dias, dependendo da demanda e da quantidade de animais. Durante esse intervalo, recebem alimentação composta por leite misturado com leite em pó, além de ração e pré-secado.
Após esse período, são transferidas para alojamentos individuais, onde permanecem até completarem 90 dias, momento em que ocorre o processo de desaleitamento. Quando as bezerras são desaleitadas, geralmente atingem cerca de 120 kg e são, então, alojadas em baias coletivas, onde permanecem até atingirem 7 meses de idade.
Bezerras que desfrutam de boa saúde, conforto e excelentes condições de bem-estar durante seus primeiros meses de vida se tornarão vacas mais dóceis e com resultados produtivos superiores
Cultivar o futuro
O jardim da casa da família Penner é envolto por orquídeas, que não apenas dão nome à Chácara, mas também simbolizam o cuidado da mãe de Miriam, e deixam sua marca na produção leiteira. Miriam parece ter herdado não apenas a força, determinação e coragem de seus antepassados, mas também o olhar atencioso para as pessoas e os animais. Sua visão de futuro abrange o desejo de proporcionar aos pais uma vida ainda mais confortável, de modo que possam participar da produção apenas porque desejam. A tecnologia, como o sistema robotizado de ordenha, se torna sua aliada nesse objetivo, sendo a ferramenta que permite que o trabalho diário na atividade leiteira seja mais independente e baseado em indicadores acessíveis.
Miriam planeja investir na genética dos animais, primeiro por meio da seleção, escolhendo os reprodutores com maior valor genético para influenciar a próxima geração. O melhoramento genético do rebanho na produção de leite impacta diretamente na produtividade dos animais. Quando o rebanho é aprimorado geneticamente, torna-se mais eficiente, produzindo mais com os mesmos custos, resultando em aumento na quantidade de leite e, consequentemente, mais lucro.
“Para que esses investimentos alcancem resultados satisfatórios, é fundamental que o manejo e a alimentação do rebanho sejam cuidados de forma adequada", enfatiza Miriam. Os animais criados sob condições ideais na Chácara Orquídea, aliados à excelência genética, cada vez mais apurada, conseguem expressar plenamente seu potencial no sistema de ordenha voluntária.
OS ANIMAIS CRIADOS SOB CONDIÇÕES IDEAIS NA CHÁCARA ORQUÍDEA, ALIADOS À EXCELÊNCIA GENÉTICA, CADA VEZ MAIS APURADA, CONSEGUEM EXPRESSAR PLENAMENTE SEU POTENCIAL NO SISTEMA DE ORDENHA VOLUNTÁRIA
O compromisso de Miriam com o bem-estar dos animais e das pessoas, assim como sua incessante busca pela excelência na produção leiteira, constituem pilares fundamentais da atividade que, sem dúvida, pavimentarão o caminho para um futuro repleto de grandes conquistas.
Confira o vídeo que revela a história e os detalhes do trabalho na Chácara Orquídea:
Autor: Adriana Vieira Ferreira – Equipe Revista Leite Integral
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