Como aumentar a produção de leite de forma estruturada?

A busca pelo aumento da produção na pecuária leiteira é incessante. Para que a conquista seja possível, é necessário unir a gestão assertiva à boa produtividade, de forma a aumentar o sucesso e o lucro do produtor. Mas, como conseguir esse aumento eficiente na atividade leiteira?
É possível citar duas formas principais: fornecer condições para o rebanho produzir mais leite e/ou incluir mais vacas em lactação no rebanho. Qualquer uma das possibilidades é válida para aumentar a produção diária de leite, no entanto, deve ser feita de forma estruturada e planejada.

Mais leite nas vacas
Umas das formas de elevar a produtividade na pecuária leiteira é possibilitando melhorias, principalmente em genética, reprodução, nutrição, conforto e saúde dos animais. Adotar um programa de melhoramento genético na propriedade é essencial, no entanto é preciso sempre ter em mente que os ganhos genéticos para aumentar a produção de leite são vistos somente em longo prazo, devido à necessidade de esperar a próxima geração nascer e iniciar o ciclo produtivo. De forma otimista, os resultados aparecerão em torno de 2 anos e 10 meses após a concepção das vacas com a genética superior, já que será preciso esperar 9 meses de gestação mais o tempo de desenvolvimento até a concepção e o parto da cria – 24 meses representam bom indicador de idade ao primeiro parto. Ainda assim, a genética é ferramenta indispensável para qualquer produtor que deseja aumentar sua produtividade, uma vez que está atrelada às premissas discutidas na sequência. A reprodução também merece destaque no aumento da produção de leite, afinal é um dos alicerces do sistema produtivo. Rebanhos que alcançam eficiência reprodutiva atingem maior produção de leite, tanto na média por vaca quanto no volume do tanque. O fato de bons indicadores reprodutivos contribuírem na produção de leite está relacionado à redução do intervalo entre partos e, consequentemente, à redução dos dias em lactação (DEL) médio do rebanho. O DEL médio de cerca de 160 dias, por exemplo, significa que grande parte das vacas encontra-se em fase próxima ao pico de lactação, quando produzem mais leite. Além disso, a eficiência alimentar é otimizada – em outras palavras, as vacas são mais eficientes em converter o alimento ingerido em leite, e isso contribui para reduzir o custo alimentar por litro de leite.

  REBANHOS DE ALTA EFICIÊNCIA REPRODUTIVA ATINGEM MAIOR PRODUÇÃO DE LEITE, TANTO NA MÉDIA POR VACA QUANTO NO VOLUME DO TANQUE

O efeito da nutrição na produção de leite é bem claro. Dietas bem formuladas conforme a exigência de cada categoria e os manejos nutricionais alinhados fazem toda a diferença. Mas, se engana quem pensa que esses pontos devem ser tratados com cuidado e atenção somente para as vacas em lactação. Não é raro encontrarmos propriedades nas quais é fornecida comida de baixa qualidade para as vacas secas, somente por não estarem produzindo leite no momento.
O fornecimento da dieta inadequada para as vacas secas e as vacas em pré-parto interfere diretamente no desempenho da lactação seguinte. Logo, a produtividade será comprometida. O conforto é outro gargalo relacionado à produtividade das vacas. Quando nos referimos ao conforto, não estamos falando apenas do térmico, o qual, por via de regra, é crucial. O conforto deve ser abordado de forma mais ampla, tanto nas instalações (espaço de cocho, qualidade da cama, qualidade de piso, entre outros) quanto nos manejos (condução das vacas, preparação tranquila para a ordenha, estímulos adequados para a ejeção do leite, entre outros).
A saúde do rebanho também é determinante para a alta produtividade dos animais. A vaca doente produz menos leite, independentemente da doença, seja ela de origem infecciosa, metabólica ou traumática. Visto isso, planejar programas de saúde e calendário sanitário para o rebanho, conforme as características e indicadores da fazenda, deve ser algo inegociável. A sanidade do rebanho contribui para a reprodução, a qualidade do leite e, principalmente, a produtividade dos animais.

Mais vacas no leite
Aumentar a capacidade para as vacas em lactação da fazenda é outra forma de elevar a produtividade na pecuária leiteira. Se há mais vacas em lactação, a produção final de leite será maior. No entanto, é necessário realizar estudo de diagnóstico prévio na propriedade, para entender se há viabilidade e condições de aumentar a categoria de vacas em lactação.
O diagnóstico deve contemplar vários itens e setores do sistema produtivo. A fazenda terá espaço físico para comportar mais vacas? Se sim, qual o contingente máximo de animais que será possível abrigar? Será necessária a construção de novas instalações? Alguma estrutura precisará ser ajustada ou adaptada? A fazenda possui área agricultável disponível para produzir comida para os animais adicionais? A mão de obra da propriedade conseguirá conduzir as operações com o rebanho ou será necessário contratar mais colaboradores? Será necessário comprar algum maquinário?
O planejamento está nos bastidores dessas questões, de forma que as decisões não podem ser tomadas do dia para a noite – até porque tudo que é feito às pressas corre grande risco de não gerar sucesso.

Mais produtividade!
As possibilidades apresentadas nesse artigo são possíveis e viáveis, mas não são simples. É necessário planejamento, esforço e disciplina para executá-las com êxito. Conhecer a realidade da fazenda e trilhar o caminho a ser seguido são passos que podem ser facilitados com uma consultoria que oferece conhecimentos e serviços suficientes para transformar a realidade do negócio leiteiro. Desejamos sucesso na atividade conduzida na sua fazenda!

BRUNO GUIMARÃES - Médico Veterinário e Técnico Equipe Leite no Grupo Rehagro