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Geral, Gestão, Manejo

COMPOST BARN: tudo o que você precisa saber!

O sistema Compost Barn é uma excelente opção de alojamento e, quando bem planejado, pode proporcionar melhorias na produtividade, saúde e reprodução dos animais.

COMPOST BARN: tudo o que você precisa saber!

O sistema Compost Barn consiste em uma instalação coberta com cama coletiva para os animais, onde os dejetos orgânicos (fezes e urina) são incorporados ao substrato, gerando o processo de compostagem em camadas mais profundas da cama. Esse sistema proporciona interação entre produtividade e meio ambiente.
A lucratividade da atividade leiteira depende de diversos fatores. Ao buscar formas de produzir com menor custo, o Compost Barn surge como excelente oportunidade. Quando operado de maneira adequada, esse sistema não apenas reduz os custos de produção, mas também melhora os índices zootécnicos, relacionados diretamente com o conforto e bem-estar dos animais, além de possibilitar o correto destino e tratamento dos dejetos.
Durante o processo de elaboração do projeto do Compost Barn, é fundamental realizar avaliação completa relacionada à genética dos animais. Isso se torna essencial para o sucesso do negócio, uma vez que animais geneticamente evoluídos se destacarão no sistema, pois estarão em ambiente que permitirá a expressão plena do seu potencial genético.

Etapas do projeto
Quando se planeja a construção do Compost Barn, existem etapas que devem ser seguidas e analisadas, a fim de que seja possível reduzir chances de insucesso. Diversos são os pontos a serem avaliados, dentre os quais estão compreender claramente o manejo desejado para a fazenda, a categoria animal que será trabalhada, além de prestar atenção à região onde a fazenda está localizada, ao clima, à instalação, à orientação, à estrutura de ventilação. Também é importante considerar as demais estruturas, como a sala de espera, a sala de ordenha e o centro de manejo de dejetos.
Existem diversas variações de instalações para o sistema Compost Barn, abrangendo desde estruturas em concreto e metal galvanizado até aquelas construídas em madeira. Algumas instalações são mais tecnológicas e envolvem maiores investimentos, enquanto outras são mais simples e requerem custos menores. No entanto, quando bem planejadas e gerenciadas, podem proporcionar ótimos resultados. Da mesma forma, o telhado pode ser construído com diferentes materiais, como telhas de zinco, barro e/ou concreto.
As diferenças em relação ao tipo de estrutura estão intimamente ligadas ao investimento que a fazenda está disposta a realizar, ao custo-benefício dos materiais escolhidos e até mesmo à velocidade de construção.

AS DIFERENÇAS EM RELAÇÃO AO TIPO DE ESTRUTURA ESTÃO INTIMAMENTE LIGADAS AO INVESTIMENTO QUE A FAZENDA ESTÁ DISPOSTA A REALIZAR, AO CUSTO-BENEFÍCIO DOS MATERIAIS ESCOLHIDOS E ATÉ MESMO À VELOCIDADE DE CONSTRUÇÃO


1. Como dimensionar a área de cama (m²/ animal)?
O dimensionamento da área da cama é algo de extrema importância no processo de elaboração do projeto, pois impactará diretamente na necessidade de manejos e no bem-estar dos animais alojados. Para calcular a área mínima para cada animal, é fundamental considerar a possibilidade de todos os animais permanecerem deitados ao mesmo tempo na cama.
Atualmente, existe um valor recomendado que leva em conta a qualidade da cama e o conforto do animal, baseado na quantidade de fezes e urina produzidas, de acordo com a categoria à qual o animal pertence. No caso de vacas em lactação, é necessário que a área de cama esteja entre 10 a 15m² por animal. Em lotes de vacas secas, onde a produção de excretas é menor, a área por animal pode ser reduzida, ficando em torno de 12m² por animal.
No caso das vacas que fazem parte dos grupos de animais de pré-parto e pós-parto, é recomendado que a área de cama por animal seja maior, ficando em torno de 15m² por animal. Essa ampliação da área de cama é embasada no período de transição pelo qual as vacas estão passando. Nesse momento, ocorrem várias mudanças fisiológicas, metabólicas e imunológicas que tornam os animais mais propensos a uma série de problemas. Portanto, é essencial proporcionar o máximo de conforto a esses grupos.
Em situações em que o sistema de Compost Barn será utilizado para alojar animais de recria, como novilhas com média de peso de 350 kg, é possível utilizar uma menor área de cama por animal. Isso se deve ao fato de que essa categoria é composta por animais menores e mais leves, o que resulta em uma produção diária menor de fezes e urina. A área de cama recomendada é de, no mínimo, 8m² por animal.

 
O conforto, a sanidade e a produção de leite dos animais estão diretamente relacionados ao tempo que eles permanecem em descanso
 

2. Como dimensionar a pista de alimentação, os comedouros e os bebedouros?
Quando se considera o tamanho do barracão do Compost Barn, além do espaço de cama, o dimensionamento da pista de alimentação é outro ponto chave para determinar efetivamente o tamanho da instalação. O comprimento do barracão é determinado a partir do comprimento da pista de alimentação (Tabela 1).

  



Para animais adultos em lactação, o espaço de cocho no projeto deve ser de, no mínimo, 0,7m lineares por animal, tanto para vacas secas quanto para vacas em lactação. Por outro lado, quando se trata de animais em lotes de pré e pós-parto, onde vacas e novilhas são mantidas separadas para reduzir interações negativas no grupo durante o período de transição, o espaçamento é estipulado em no mínimo 0,8m lineares por animal.
Em casos em que vacas e novilhas compartilham o mesmo lote nos períodos de pré e pós-parto, é essencial que o espaçamento seja maior, pois animais maiores e mais velhos são dominantes em relação aos menores e mais novos. Para essas situações, o espaçamento adequado é de no mínimo 1m linear por animal. Já em projetos destinados a animais em crescimento, recomenda-se o espaçamento mínimo de 0,4m por animal.
A pista de alimentação no projeto de Compost Barn deve ser concretada, pois cerca de 25% das fezes e urina serão retidos nesse local. Quanto à largura da pista de alimentação, é importante que seja sufi ciente para permitir que os animais comam e bebam água ao mesmo tempo, sendo recomendado, atualmente, espaçamento mínimo de 4,5m.
Quanto ao dimensionamento dos bebedouros, é obrigatório que estejam colocados fora da área de cama. O espaçamento recomendado para os bebedouros é de no mínimo 0,12m lineares por animal. É fundamental obedecer ao espaçamento dos bebedouros e manter uma rotina de limpeza, já que a ingestão de matéria seca pelo animal está diretamente relacionada com a ingestão de água.

3. Como deve ser o sistema de ventilação do Compost Barn?
Durante a elaboração do projeto de Compost Barn, é indispensável que o tema estresse térmico seja levado em consideração. Esse estresse ocorre quando os animais são expostos a condições ambientais que excedem sua faixa de conforto térmico, causando desequilíbrio entre a produção de calor do corpo e a capacidade de dissipá-lo.
No barracão do Compost Barn, o estresse térmico pode ser agravado em períodos de temperaturas mais elevadas, devido ao acúmulo de calor no ambiente. Isso pode resultar na redução do consumo de matéria seca, diminuição da eficiência de energia para a produção de leite e até mesmo redução na taxa de concepção quando o estresse térmico ocorre algumas horas após a inseminação artificial. Portanto, é importante elaborar um projeto que leve em consideração o resfriamento da instalação.
Dentro do Compost Barn, a forma de ventilação mais utilizada é por meio de ventiladores, que além de atuar no resfriamento dos animais, favorecem a secagem da cama. Para que o sistema de ventilação seja eficiente, é necessário que a velocidade do vento em todo o comprimento do barracão seja de aproximadamente 2m por segundo.

A adoção de sistemas de resfriamento, combinando ventiladores e aspersores, é considerada a mais eficiente para redução do estresse térmico e pode ser instalada na linha de cocho na sala de ordenha ou em ambas. Em momentos de resfriamento direto dos animais, recomenda-se que a velocidade do vento seja de, no mínimo, 6m por segundo, e quando a aspersão for utilizada, que a gota seja grossa e com alta vazão por bico. 

Manejos essenciais no Compost Barn
Na busca pelo sucesso do sistema após a implementação, existem alguns fatores que devem ser avaliados continuamente e demandam um manejo adequado. Entre eles, um dos mais relevantes está relacionado à cama do barracão, a qual passa por um processo de compostagem. Dependendo de sua condição, ela terá impacto no conforto dos animais e no tempo que eles permanecerão deitados.
No que diz respeito ao material utilizado na cama dos animais, a granulometria é um aspecto que deve ser analisado, pois é recomendado que esse material apresente granulometria diferentes, sendo elas pó, moída fina e moída grossa. Nesse contexto, os resíduos de madeira são atualmente os mais indicados, incluindo maravalha e serragem.
Ao usar somente material de granulometria fina na cama, pode ocorrer a compactação da mesma, levando a uma redução na taxa de fermentação e aeração. Isso resulta em um ambiente úmido e na formação de torrões. Por outro lado, ao empregar apenas granulometria grossa, o processo de compostagem se acelera devido à maior aeração da cama, aumentando a velocidade de decomposição do material.

DIARIAMENTE, O MANEJO DA CAMA CONSISTIRÁ EM REALIZAR O SEU REVOLVIMENTO, OU SEJA, A VIRAGEM DA CAMA PARA QUE O PROCESSO DE COMPOSTAGEM OCORRA DE FORMA HOMOGÊNEA

 
O estresse térmico animal não se restringe à temperatura do ar, mas também está relacionado à sua interação com os níveis de umidade relativa

O uso exclusivo de material de cama na granulometria fina causa compactação, resultando na redução da atividade microbiana, aeração, taxa fermentativa e evaporação da cama, podendo provocar umedecimento e a formação de torrões não compostáveis

Diariamente, o manejo da cama consistirá em realizar o seu revolvimento, ou seja, a viragem da cama para que o processo de compostagem ocorra de forma homogênea. Recomenda-se que a frequência desse manejo seja determinada pela condição da cama e pela umidade do ar. Em períodos de alta umidade da cama, é necessário aumentar a frequência do revolvimento para acelerar o processo de secagem.
A cama deve ser revolvida a uma profundidade máxima de 30 cm, com o auxílio de implementos acoplados a um trator. É importante que esses implementos proporcionem a aeração e descompactação da cama, uma vez que haverá momentos nos quais a ação de descompactação será necessária. Além disso, é essencial que eles possuam regulagem de profundidade. Isso é importante porque, quando a porção mais profunda da cama já tiver concluído o processo de compostagem, a profundidade do revolvimento deve ser ajustada para evitar a mistura desse material com a camada superficial.

 
O revolvimento diário da cama do Compost Barn permite a incorporação de oxigênio, favorecendo o desenvolvimento de bactérias aeróbicas essenciais ao processo de compostagem

Quanto à umidade da cama, é recomendado que esteja entre 40 a 60%. Vale ressaltar que, nesses casos, é crucial manter a ventilação, que não só auxilia no processo de secagem, mas também proporciona conforto térmico aos animais. O processo de compostagem é uma forma de estabilização dos resíduos, que exige condições ótimas para ocorrer adequadamente. É necessário garantir umidade adequada e aeração para alcançar a temperatura ideal e permitir que todo o processo ocorra corretamente. Recomenda-se que a temperatura da cama esteja em uma faixa entre 45 e 60°C a uma profundidade de 30 cm.
Outro aspecto crucial que sinaliza a saúde da cama e merece atenção é a proporção carbono:nitrogênio, que deve ser adequada para assegurar o êxito no processo de compostagem. É recomendável que essa proporção esteja entre 25:1 e 30:1.


NA PRÁTICA, DIVERSOS SINAIS INDICAM O DESEQUILÍBRIO NA RELAÇÃO CARBONO/ NITROGÊNIO NA COMPOSTAGEM. ESSES SINAIS INCLUEM A TEMPERATURA DA CAMA ABAIXO DO RECOMENDADO (ENTRE 45°C A 60°C), EXCESSO DE UMIDADE E DE MATÉRIA ORGÂNICA, ALÉM DA POSSIBILIDADE DE SURGIREM ODORES DESAGRADÁVEIS DEVIDO À FERMENTAÇÃO ANAERÓBIA QUE SE DESENVOLVE NESSAS CONDIÇÕES

Quando há um aumento excessivo de matéria orgânica na cama, a relação entre esses elementos é comprometida, pois ocorre um aumento na porção de nitrogênio e na umidade da cama, ao passo que a porção de carbono é reduzida. Gerenciar essa relação não é um procedimento facilmente realizado na rotina da fazenda, porém existem indícios que podem ser visualizados e que sinalizam que o processo de compostagem está comprometido.
Na prática, diversos sinais indicam o desequilíbrio na relação carbono/nitrogênio na compostagem. Esses sinais incluem a temperatura da cama abaixo do recomendado (entre 45°C a 60°C), excesso de umidade e de matéria orgânica, além da possibilidade de surgirem odores desagradáveis devido à fermentação anaeróbia que se desenvolve nessas condições.
Em relação ao momento de reposição da cama e à quantidade a ser reposta, a decisão é influenciada por alguns fatores, como o intervalo entre as substituições, as condições climáticas do ambiente, a ventilação no barracão e também a área de cama por animal que a fazenda possui.
Em situações com ventilação inadequada e condições climáticas de tempo chuvoso e alta umidade, a frequência de reposição da cama aumenta. Isso também ocorre em cenários onde a área de cama está fora da faixa de 10 a 15m² por animal, resultando em uma maior necessidade de reposição com intervalos mais curtos.

Para escolher bem
Sabe-se, então, o quanto o sistema de Compost Barn pode ser uma excelente opção de alojamento dos animais. Entretanto, é importante que um técnico capacitado esteja envolvido no processo, para que avaliações precisas sejam realizadas, a fim de se obter as melhores definições. Atualmente, fazendas com o sistema já implementado seguem apresentando boas evoluções em indicadores de produtividade, saúde e reprodução.



 

  LARYSSA MENDONÇA  - Consultora Técnica do Rehagro 


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