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Gestão, Manejo

Criação artificial

As escolhas do produtor podem neutralizar as tendências genéticas do rebanho.

Criação artificial

Muitas vezes destacamos o progresso genético quando fazemos um ajuste de base a cada cinco anos. Embora seja importante relatar as taxas de progresso genético, é essencial validar que o desempenho está aumentando na taxa prevista pela mudança genética, a fim de construir as metas de seleção e fornecer confiança no sistema de avaliação genética.

Como estamos avançando?


O método de validação ideal do progresso genético é o estabelecimento de experimentos de seleção em longo prazoPor exemplo, a Universidade de Minnesota (EUA) investiu no estabelecimento da linha de controle dos animais cruzados com touros nascidos nas décadas de 1950 e 1960, alojados no mesmo ambiente e alimentados da mesma forma que as vacas cruzadas com touros modernos de alta produção de leite e rendimento de sólidos. O experimento demonstrou que o desempenho estava, de fato, subindo na taxa esperada pelas estimativas de progresso genético. Mas, há grande desvantagem nesses tipos de experimentos: são muito caros de manter, principalmente porque o desempenho das vacas com genética mais antiga é muito menor do que o de suas contrapartes modernas. A linha de controle de Minnesota ainda existe, mas é menor do que era historicamente, e a ênfase mudou para a compreensão de como a fisiologia da vaca mudou. Outra maneira de avaliar se os programas de seleção genética estão gerando o efeito esperado é simplesmente comparar as taxas de mudança de desempenho com as taxas de mudança genética. No Gráfico 1, foi traçada a tendência genética e fenotípica para a produção de leite de vacas Holandês. A mudança genética na produção de leite de vacas nascidas entre 1980 a 2019 foi de 7.469 libras (3.387,88 kg), enquanto a tendência fenotípica excedeu a genética e cresceu 10.686 libras (4.847,08 kg). Com base nesses números, é possível estimar que a mudança genética foi responsável por 70% da mudança na produção de leite desde 1980.

NA COMPARAÇÃO ENTRE GENÉTICA E FENÓTIPO, A MUDANÇA GENÉTICA FOI RESPONSÁVEL POR 70% DA EVOLUÇÃO NA PRODUÇÃO DE LEITE DESDE 1980  

O mesmo gráfico demonstra, ainda, que a mudança genética tende a ser constante, enquanto os níveis reais de desempenho passam por períodos de melhoria acelerada e estagnação. Por exemplo, vemos um grande salto no desempenho iniciado nas vacas nascidas em meados da década de 1990, o que eu cogito ser amplamente atribuído ao uso de rBST. De 1993 a 2000, a mudança fenotípica foi de 3.302 libras (2.198,60 kg), em comparação às 1.297 libras (588,3 kg) de mudança genética. A situação foi bem diferente de 2003 a 2008, quando os níveis de desempenho quase não mudaram, embora o mérito genético tenha aumentado em 608 libras (275,78 kg). A estase relativa pode ter ocorrido, parcialmente, devido ao declínio do uso de rBST, embora seja difícil ter certeza. Nos últimos cinco anos, o mérito genético para a produção de leite aumentou 1.337 libras (606,45 kg), enquanto os níveis fenotípicos aumentaram menos (573 libras; 259,90 kg). Dado que há períodos em que o mérito genético melhorou enquanto o desempenho era mais estático no passado, não fico muito preocupado com a tendência atual, mas é algo que precisamos ficar de olho. 


Desconexão da vida produtiva 

Vimos que as tendências de produção refletem as expectativas apresentadas nos valores relativos de progresso genético, mas o mesmo não é evidente quando consideramos a vida produtiva (Gráfico 2). Estima-se que o potencial genético para a vida produtiva melhorou em mais de 13 meses desde a década de 1980. Ao contrário da tendência genética, as vacas não permanecem no rebanho lactante por tanto tempo quanto antes.

Essa desconexão merece alguma consideração. Uma possibilidade é que a tendência genética superestimou a verdadeira mudança na longevidade (ou que esteja simplesmente incorreta). A segunda possibilidade é que a tendência ambiental ou gerencial para a longevidade ocorreu na direção oposta. Quando olho atentamente para os dados dos rebanhos individuais, observo que vacas com maiores vidas produtivas permanecem no rebanho por mais tempo do que aquelas com menores vidas produtivas. Isso sugere que nossas avaliações de vida produtiva classificam os animais com precisão razoável dentro de determinada geração. É ainda mais difícil determinar se nossas classificações de vida produtiva são precisas entre as gerações. Derivar números precisos para a vida útil do rebanho é um desafio, porque há muitas dinâmicas que determinam quanto tempo as vacas permanecem no rebanho – e esses fatores variam entre os rebanhos.

Quando a oferta de novilhas é grande, os rebanhos mudam mais rapidamente. Isso reduz a vida produtiva, independentemente do potencial genético para a vida do rebanho. É possível notar aumento na vida produtiva nos últimos anos, o que provavelmente reflete o uso estratégico de sêmen bovino e a redução do tamanho do rebanho de reposição em muitas fazendas. O crescimento do rebanho e as mudanças regionais na população de vacas também influenciam quanto tempo as vacas vivem. Independentemente do motivo pelo qual a vida do rebanho não aumentou conforme previsto pela tendência genética, há uma consequência importante. Os índices de mérito econômico atribuem valores sob a suposição de que as vacas serão capazes de expressar seu potencial genético para a vida do rebanho. Se isso não for verdade, os índices superestimam o valor da vida produtiva e as diferenças de mérito econômico entre os animais. 


Fertilidade muda o roteiro

 Quando se trata de fertilidade, vemos uma relação diferente entre tendências genéticas e fenotípicas. À medida que o mérito genético para a fertilidade caiu nas décadas de 1980 e 1990, os níveis de fertilidade diminuíram na mesma proporção. Depois, aprimoramos muito as ferramentas de manejo reprodutivo, de modo que as taxas de fertilidade aumentaram, enquanto a tendência genética estabilizou em nível baixo. As taxas de prenhez do Gráfico 3 são maiores que as taxas médias de prenhez do rebanho. Isso ocorre porque o gráfico considerou vacas individuais, e não o rebanho – vacas menos férteis contribuem com mais ciclos para a taxa de prenhez de 21 dias do rebanho, então tendem a reduzir a média.


As tendências na produção de leite demonstram o que acontece quando seleção genética, nutrição, mudanças de alojamento e outros fatores de manejo apontam, todos, na mesma direção. A seleção genética é a lenta corrente de mudança, com as tendências fenotípicas indo na mesma direção, mas com saltos no desempenho misturados com períodos de, relativamente, pouca mudança. A vida produtiva e a fertilidade demonstraram o que pode acontecer quando os fatores genéticos e de manejo não estão completamente alinhados. A mudança no mérito genético para a vida produtiva pode ter ultrapassado a demanda pela vida mais longa do rebanho, enquanto o melhor manejo compensou a direção desfavorável da mudança genética para a fertilidade. Monitorar se os níveis de desempenho correspondem às previsões genéticas pode ajudar a moldar índices de seleção e identificar características que podem não responder conforme o esperado.




CHAD DECHOW

Professor Associado de Genética em

Bovinocultura de Leite na Universidade

de Penn State (EUA)

ADAPTAÇÃO: EQUIPE REVISTA LEITE INTEGRAL ADAPTADO DE “FARM CHOICES CAN COUNTERACT GENETIC TRENDS”, DA EDIÇÃO DE 13 DE DEZEMBRO DE 2023, DA HOARD’S DAIRYMAN REPUBLICAÇÃO AUTORIZADA DA EDIÇÃO DE 13 DE DEZEMBRO DE 2023, DA HOARD’S DAIRYMAN. COPYRIGHT 2021 BY W.D. HOARD & SONS COMPANY, FORT ATKINSON, WISCONSIN.



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