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Manejo, Sanidade

CRYPTOSPORIDIUM PARVUM: O INIMIGO NÚMERO 1

A criptosporidiose é um desafio significativo na criação de bezerras, exigindo a adoção de medidas preventivas, como a limpeza rigorosa e a hidratação adequada, para reduzir os impactos da doença.

CRYPTOSPORIDIUM PARVUM: O INIMIGO NÚMERO 1

Mesmo com muitos esforços dentro das propriedades leiteiras, a diarreia continua sendo a doença mais frequente em bezerras com até 30 dias de idade. E esse é um dos principais motivos do baixo ganho de peso no primeiro mês de vida, além das complicações que a diarreia acarreta, como acidose metabólica, desidratação, diminuição do reflexo de sucção, imunossupressão e até mesmo a morte. Pesquisas têm demonstrado que a cada 100 gramas de ganho de peso até o desaleitamento, proporciona um ganho de 100 Kg de leite na primeira lactação, o que torna a diarreia o grande inimigo no primeiro mês de vida dos animais. Logo, todo esforço para garantir a saúde das bezerras e diminuir o impacto da diarreia, irá gerar ganho em produção nesses animais.

A diarreia nas bezerras 

A diarreia é uma doença multifatorial que resulta da combinação entre exposição aos agentes patogênicos, status imune do animal e ambiente. Os agentes mais comuns que acarretam a diarreia em neonatos são Cryptosporidium parvum, rotavírus, coronavírus, patotipos de E. coli e Salmonella, sendo comum encontrar associação desses agentes em um mesmo animal. O C. parvum é um protozoário e, atualmente, apontado como um dos patógenos mais frequentes na diarreia em neonatos, com frequência entre 50 a 100% das bezerras com até 30 dias de vida (TrotzWilliams et al., 2007).
Bezerras que eliminam oocistos de C. parvum têm 5,3 vezes mais chance de diarreia do que bezerras que não eliminam. Existem alguns fatores que estão relacionados ao maior risco de diarreia como: bezerras que ficam mais de uma hora com a mãe após o parto e bezerras que nascem no verão em relação às bezerras que nascem no inverno (Trotz-Williams et al., 2007). Possivelmente isso está relacionado com maior excreção de oocistos pela vaca no periparto e com a contaminação da maternidade e do bezerreiro.
A infecção pelo C. parvum acontece através da ingestão de oocistos infectantes eliminados nas fezes dos animais contaminados que podem estar presentes na água, nas instalações ou mesmo no contato direto com as fezes (Figura 1). Esses oocistos possuem uma parede espessa e rígida que protege os esporozoítos que irão invadir as células do intestino. Após a ingestão desses oocistos, a exposição à acidez do abomaso e em seguida aos sais biliares, ocorre a liberação dos esporozoítos que irão se diferenciar e multiplicar nas células do intestino e finalmente, formarão dois tipos de oocistos: oocistos de parede fina e oocistos de parede espessa. Os oocistos de parede fina irão romper no lúmen intestinal e promover a autoinfecção e de parede espessa de infectar outro animal. As bezerras neonatas se infectam logo após o nascimento e geralmente eliminam em maior quantidade os oocistos a partir da segunda semana de vida, sendo que a eliminação dos oocistos é muito mais intensa no período de diarreia, isto é, de 5 a 15 dias de vida.

 

Características da criptosporidiose 

A criptosporidiose causa diarreia intensa e isso pode ser justificado devido a dois mecanismos: má absorção e aumento da secreção. O C. parvum causa intensa atrofia de vilosidades intestinais, fato que diminui a digestão e absorção, além do aumento de mediadores inflamatórios, alterando o transporte de eletrólitos no intestino.

A DIARREIA É UMA DOENÇA MULTIFATORIAL QUE RESULTA DA COMBINAÇÃO ENTRE EXPOSIÇÃO AOS AGENTES PATOGÊNICOS, STATUS IMUNE DO ANIMAL E AMBIENTE 

Após o início da eliminação de oocistos, a cada dia que passa vai aumentando a excreção até atingir o pico, quando passa a diminuir gradualmente. Um método de diagnóstico eficaz e de baixo custo para avaliar a excreção de oocistos de Cryptosporidium sp. é feito a partir da avaliação das fezes com coloração modificada de Ziehl- Neelsen. É uma técnica simples, que pode ser realizada a campo, exige uma centrífuga, microscópio, formol, éter, álcool metílico, kit de coloração e treinamento do técnico para identificação dos oocistos na lâmina. O mais interessante dessa técnica é que ela é capaz de detectar oocistos nas fezes quando, de fato, o Cryptosporidium sp. é um dos causadores da diarreia, ou seja, o protozoário está multiplicando ativamente e levando adoecimento.

O Cryptosporidium parvum apresenta quatro fatores que o torna grande desafio na criação de bezerras:
1. grande número de oocistos são excretados no ambiente por bezerras infectadas;
2. os oocistos são resistentes e podem sobreviver por muitos meses no ambiente;
3. a dose de oocistos capaz de infectar 50% das bezerras (DI 50%) é cerca de 6-17 oocistos, um número reduzido e discrepante em relação ao encontrado no ambiente;
4. a eliminação de oocistos em bezerras com diarreia por Cryptosporidium é de grande magnitude, sendo superior a 30 bilhões de oocistos em 6 dias de excreção, realidade comumente encontrada nas fazendas.

 

Estudos experimentais mostraram que bezerras infectadas com número menor de oocistos eliminam os oocistos mais tarde e têm menos dias de diarreia. Por isso, é válido fazer todo o esforço possível para reduzir a contaminação do ambiente nas propriedades leiteiras. 

O combate ao Cryptosporidium 

Embora a luta contra o Cryptosporidium pareça interminável, existem formas de diminuir o impacto da diarreia causada por ele e melhorar o ambiente para reduzir a contaminação, os dias de diarreia e suas consequências.
O uso de hipoclorito de sódio não é completamente eficiente na eliminação da infectividade causada pelo C. parvum. Para promover a eliminação do C. parvum, o desinfetante mais eficaz é o dióxido de cloro (ClO2). Para a desinfecção ambiental, sem a presença dos animais, recomenda-se o uso de dióxido de cloro a 250 ppm, deixando agir por 5 a 10 minutos em ambientes como baias de maternidade e bezerreiros.

Se liga:  Vassoura de fogo é uma técnica que consiste na utilização de um maçarico lança-chamas acoplado a um botijão de gás. É utilizada como forma de limpeza e desinfecção de superfícies.

 

Como as fezes de bezerras neonatas são ricas em gordura devido ao consumo de leite, a gordura acaba protegendo os oocistos. Portanto, antes de usar o dióxido de cloro, é necessário remover as fezes, seguida de limpeza com sabão alcalino (pH 11 a 12) e sabão ácido (pH 3 a 4), deixando cada produto agir no ambiente por 10 a 15 minutos para eliminar resíduos e expor os oocistos à ação do dióxido de cloro.
Além disso, pesquisas têm demonstrado que altas temperaturas impedem a infecção por oocistos de Cryptosporidium sp. Oocistos suspensos em água quando expostos a temperatura de 67,5°C por 1 minuto reduziram a infectividade do Cryptosporidium sp., e quando expostos a temperatura de 72,4°C, nenhuma infectividade foi detectada em ratos (Fayer, 1994). Portanto, o calor pode ser uma ferramenta no controle da criptosporidiose, utilizando-se a vassoura de fogo nos bezerreiros após o processo de desinfecção.
Em bezerreiro tropical, a limpeza com agentes desinfetantes efetivos ou até mesmo o uso da vassoura de fogo se tornam inviáveis. Logo, é importante garantir a retirada de fezes, manter a gramínea mais baixa para ocorrer maior exposição ao sol na saída das bezerras e disponibilidade de espaço para assegurar um período de vazio sanitário sufi cientemente longo para minimizar a carga parasitária do local que irá abrigar novas bezerras recém-nascidas.
Embora a transferência de anticorpo materno, associada à ingestão de colostro, proporcione às bezerras recém-nascidas proteção a curto prazo contra vasta gama de patógenos que causam diarreia, isso não ocorre na criptoposporidiose. Os trabalhos têm demonstrado que a boa colostragem não garante proteção contra o C. parvum. Bezerras com altos níveis de anticorpos IgG anti- C. parvum no sangue, se contaminam com os oocistos e desenvolvem diarreia. Por isso, apesar da colostragem em diversas fazendas estar adequada, a diarreia ainda é frequente chegando a 100% das bezerras no primeiro mês de vida, demonstrando que a imunidade humoral não é sufi ciente para combater a infecção. No entanto, pesquisas demonstraram resultados promissores em bezerras com criptosporidiose ao utilizar colostro hiperimune (colostro de vacas com vacina experimental para C. parvum) ou gema hiperimune purificada obtida a partir de ovos de galinhas imunizadas para C. parvum. Isso porque o uso oral e diário desses hiperimunes durante as duas primeiras semanas de vida, garantem imunidade local, onde o anticorpo ingerido irá atuar no lúmen intestinal nos diferentes estágios de multiplicação do C. parvum no momento que o patógeno sai das células intestinais, podendo futuramente serem utilizados como aditivo alimentar preventivo e terapêutico para diarreia em bezerras neonatas.
Atualmente ainda há não opções de medicamentos específicos e completamente eficazes contra a criptosporidiose. Dessa forma, a principal indicação terapêutica é oferecimento de suporte durante a fase aguda da diarreia. Isso quer dizer oferecer ao animal enfermo condições de conforto, higiene, leite, mesmo que o apetite esteja reduzido, porém nunca utilizando sonda para fornecimento do mesmo, contribuem positivamente para a recuperação e a chance de sobrevivência. Além disso, é importantíssimo ressaltar que a fluidoterapia oral deve ser iniciada o mais precocemente possível após a observação do início de um quadro de diarreia. Isso é o básico e se aplica ao tratamento das diarreias causadas por qualquer agente infeccioso.  

 Se liga:  A fluidoterapia é o método recomendado para tratar diarreias em bezerras até as quatro primeiras semanas de vida, utilizando soluções orais que contêm sais minerais como sódio, potássio, cloreto e agentes alcalinizantes, como bicarbonato de sódio ou acetato de sódio, além de glicose para repor as perdas e restaurar o equilíbrio hidroeletrolítico do organismo.

Quanto ao uso de medicações antibióticas durante as diarreias, é importante ressaltar que na maioria das vezes não se faz necessário a aplicação. Isso porque os dois patógenos causadores de diarreia mais comuns em bezerras neonatas são C. parvum e rotavirus e para ambos não há nenhum antimicrobiano que tenha efeito. Dessa forma, o uso de antimicrobianos de forma intensiva e abusiva em bezerras com quadro de diarreia, além de não ser eficiente, representa prejuízos pelo custo do medicamento e da mão de obra. Além disso, o uso de antimicrobianos de forma desnecessária é um fator de risco para a resistência à droga e também leva a diminuição em quantidade e diversidade do microbioma intestinal, o que pode prolongar a diarreia e expor o animal a agentes mais patogênicos, como patotipos de E. coli e Salmonella.
É fundamental que as fazendas realizem o monitoramento da diarreia em relação ao seu início, duração e presença de febre (temperatura superior a 39,3°C). Esse acompanhamento proporciona uma forma indireta de avaliar se os animais estão enfrentando desafios ambientais mais intensos ou se agentes patogênicos mais agressivos, como Salmonella ou diferentes patotipos de E. coli, estão envolvidos. Ambos os agentes têm grande capacidade de invasão e podem levar à sepse. Nesses casos, a diarreia geralmente é acompanhada de febre.
O monitoramento da temperatura nos primeiros meses de vida é essencial para identificar quais animais necessitarão de antibioticoterapia. Estudo realizado em uma fazenda comercial nos Estados Unidos comparou bezerras que receberam tratamento dirigido, ou seja, antimicrobianos foram utilizados apenas nas bezerras com febre durante a diarreia, com um grupo convencional em que antimicrobianos foram administrados em todas as bezerras com diarreia. O grupo submetido à terapia dirigida apresentou 70% de dias de diarreia a menos em comparação ao grupo convencional. Isso pode ser explicado pela supressão da formação do microbioma normal, que aumenta a síntese de mucina e a produção de peptídeos antimicrobianos naturalmente encontrados no intestino. Os antimicrobianos são ferramentas essenciais para a sobrevivência das bezerras, porém devem ser utilizados de maneira consciente e estratégica, direcionados apenas aos animais que realmente necessitam.
Atualmente, a estratégia mais utilizada contra a criptosporidiose é o uso de halofuginona. Esse fármaco parece reduzir a diarreia e o número de oocistos eliminados nas fezes de bezerras infectadas. Contudo, ainda não existe medicamento que elimine por completo a infecção no animal e em humanos, nem a excreção de oocistos nas fezes que continuam contaminando o ambiente. O que mais tem sido relatado é que o uso profilático de halofuginona em bezerras adia a fase mais aguda da infecção e a eliminação de oocistos no ambiente. Dessa forma, sua aplicação pode beneficiar a saúde do animal por atrasar a infecção mais grave para uma faixa etária mais resistente à enfermidade.


O USO DE ANTIMICROBIANOS DE FORMA INTENSIVA E ABUSIVA EM BEZERRAS COM QUADRO DE DIARREIA, ALÉM DE NÃO SER EFICIENTE, REPRESENTA PREJUÍZOS PELO CUSTO DO MEDICAMENTO E DA MÃO DE OBRA

Estratégias alternativas 

Uma alternativa não convencional para amenizar os prejuízos da criptosporidiose na saúde das bezerras foi estudada na Escola de Veterinária da UFMG (Mendonça et al., 2021). Nesse estudo, foi avaliado o uso de um aditivo alimentar, o Sangrovit CS ®, fornecido no leite de 0 a 21 dias de idade, período mais crítico para criptosporidiose, em bezerras com indução da doença. O Sangrovit CS ® é um extrato vegetal padronizado e contém alcaloides derivados de plantas com propriedades anti-inflamatória, imunomoduladora e antibacteriana. Bezerras que ingeriram ou não o suplemento excretaram na mesma frequência nas fezes diarreicas outros potenciais enteropatógenos como coronavírus, Salmonella spp., Escherichia coli (ETEC) e Giardia spp. Os princípios ativos também não atuaram sobre C. parvum, mas sim sobre os efeitos causados no organismo do animal, minimizando danos e acelerando a recuperação.

Bezerras que ingeriram o produto tiveram aproximadamente 5 dias a menos de duração de diarreia (6,3 dias) em relação ao grupo não tratado (11,5 dias). Além disso, as bezerras que ingeriram o produto excretaram oocistos de C. parvum por menos tempo e em menor quantidade nos últimos dois dias da curva de excreção em comparação às bezerras que não ingeriram. Outro achado que demonstrou um quadro clínico melhor dos animais tratados com Sangrovit CS ® foi o melhor escore fecal e maior matéria seca das fezes em relação aos não tratados. Quanto aos índices produtivos, foi observado que em média as bezerras que ingeriram o produto não tiveram perda de peso durante o período de diarreia, enquanto os animais que ingeriam o leite sem aditivo perderam peso na primeira semana e nas semanas seguintes tiveram ganhos de peso inferior às bezerras tratadas. Esse trabalho teve um diferencial: as bezerras eram acompanhadas em tempo integral e somente foram hidratadas quando atingiram o limite crítico de acidose metabólica para sua sobrevivência. Com isso, foi possível observar que os animais que receberam o aditivo no leite sofreram menos com os distúrbios metabólicos causados pela diarreia e, consequentemente, um menor número de animais necessitou de fluidoterapia (15,38%) e não houve mortalidade. Isso implica em uma maior taxa de sobrevivência nesse período de risco para a criação de bezerras, além de reduzir os danos causados pela diarreia. Isso porque entre os animais não tratados houve necessidade de hidratação em 69,23% e mortalidade de 15,38%. Dessa forma, a suplementação profilática com Sangrovit CS ®, é eficaz na atenuação dos efeitos negativos associados à diarreia causada por C. parvum. Estratégias como essa representam o futuro devido ao cada vez mais debatido uso racional de medicamentos antimicrobianos e a preocupação com a saúde única.

INDEPENDENTEMENTE DOS AGENTES CAUSADORES ENVOLVIDOS NA DIARREIA, A FLUIDOTERAPIA DEVE SER O TRATAMENTO PRINCIPAL


Independentemente dos agentes causadores envolvidos na diarreia, a fluidoterapia deve ser o tratamento principal. No processo de diarreia ocorre grande perda de eletrólitos e água, resultando em distúrbio eletrolítico, com consequente aumento da produção de D-lactato no organismo levando também a um distúrbio de carácter ácido-base. A reidratação de bezerras diarreicas deve ser iniciada o quanto antes após a observação do primeiro episódio de diarreia, pois os animais com até 4-5% de desidratação apresentam alterações clínicas muito sutis, imperceptíveis na inspeção ou exame físico. Se ocorrer demora na intervenção, a desidratação tende a aumentar e os sinais clínicos se manifestarem, porém quanto maior o grau de desidratação, maiores complicações a bezerra irá apresentar e maior quantidade de fluido deverá ser administrada para recuperação. Isso significa maior custo do tratamento, mais tempo da mão de obra e maior taxa de mortalidade para o animal. Além disso, em bezerras desidratadas, o aumento do D-lactato pode levar a sintomas como depressão e diminuição do reflexo de sucção. Essa condição clínica pode predispor a um problema adicional conhecido como beber ruminal, que ocorre devido à falha do reflexo da goteira esofágica. Em vez do leite ser direcionado ao abomaso para digestão, ele cairá no rúmen e será fermentado, resultando em uma maior produção de D-lactato.
Sendo assim, ao realizar a hidratação logo no primeiro dia de diarreia, a bezerra necessitará de um volume de fluido correspondente a cerca de 10% do seu peso. Por exemplo, uma bezerra de 40 quilos precisará de 4 litros de fluido nas próximas 24 horas, podendo dividir esse volume em dois períodos ao longo do dia. 

MESMO ADMINISTRANDO A FLUIDOTERAPIA, É IMPORTANTE MANTER O FORNECIMENTO DE LEITE E GARANTIR QUE A BEZERRA O CONSUMA VOLUNTARIAMENTE NAS REFEIÇÕES, COMO DE COSTUME 

Atualmente, um dos erros mais comuns nas fazendas está relacionado ao manejo de hidratação. É importante não apenas oferecer a fluidoterapia durante o período de diarreia, mas também garantir que a bezerra a ingira. Duas dicas podem ajudar nesse sentido: oferecer a fluidoterapia morna e utilizar baldes com bicos, pois isso estimula o consumo e reduz a necessidade de uso de sonda, facilitando o manejo. Outro ponto a ser lembrado é que, mesmo administrando a fluidoterapia, é importante manter o fornecimento de leite e garantir que a bezerra o consuma voluntariamente nas refeições, como de costume. Portanto, o volume de fluido não substitui o leite e o leite não causa diarreia em bezerras. Pelo contrário, o leite durante a diarreia é importante fonte de água, nutrientes e energia para auxiliar a bezerra em sua recuperação. 

Por fim 

Em conclusão, a alta frequência da criptosporidiose durante o primeiro episódio de diarreia em neonatos destaca a importância desse agente nas fazendas. Ao focar na limpeza da maternidade e do bezerreiro visando a eliminação dos oocistos de C. parvum, há um benefício geral na redução de outros agentes virais e bacterianos, que são mais sensíveis no ambiente em comparação ao protozoário. Além disso, a hidratação deve ser sempre a prioridade no tratamento, uma vez que o principal sinal clínico é a desidratação, levando à acidose metabólica. Co-infecções durante o período de diarreia são frequentes, portanto, o monitoramento clínico por meio da aferição da temperatura retal será crucial para determinar a real necessidade do uso de antimicrobianos. Por fim, é importante estimular estratégias alternativas e sustentáveis, desde que sejam cientificamente comprovadas, e ficar atentos a novidades relacionadas à criptosporidiose, devido ao seu impacto na criação de bezerras.  

 

    



JÚLIA GOMES DE CARVALHO -  PHD EM CIÊNCIA ANIMAL E CEO DA ZOOAGRO BRASIL
FILIPE LUCAS DE MELO MENDONÇA - PHD EM CIÊNCIA ANIMAL E MÉDICO VETERINÁRIO DA EV-UFMG
SARAH CRISTINA PINHEIRO BARBOSA SOARES - GRADUANDA DE MEDICINA VETERINÁRIA DA UFMG


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